ࡱ> 9;89 3bjbj.>-lFFFFFFFZ Z nQ S S S S S S $p  w EFw BFF BBBFFQ BQ BJB FFQ  𛵁Zt Q 0 % ,<j<Q BZZFFFFCensura na televiso brasileira: um olhar sobre o passado para que se transforme o futuro Por Beatriz Lopes Buarque Decidir que opinies devem ser permitidas ou proibidas significa escolher opinies para as pessoas. Quem escolhe opinies para o povo possui controle absoluto sobre suas aes e pode manipul-las em benefcio prprio com perfeita segurana. John Stuart Mill A televiso, por atingir pessoas de todas as idades, raas, classes sociais e religies, o meio de comunicao mais afetado pela censura atualmente. Essa mdia sofre influncia de grupos religiosos, cvicos e sociais alm de ser afetada por outros tipos de censura como: a ditada pela prpria emissora, a ditada pelo prprio jornalista autocensura -, a ditada pelas agncias publicitrias, a ditada pelo Estado e a exercida diariamente pelos telespectadores. Em entrevista revista Veja (11 de maro de 1973), Jos Bonifcio de Oliveira Sobrinho o Boni afirmou que a TV submetida a quatro tipos de censura: a de diverses pblicas, a poltica, a autocensura e a censura indireta. Isso uma constante desde que essa mdia chegou ao Brasil, sendo que o tipo de censura predominante varia conforme o momento histrico, como veremos adiante. Olhando a histria da televiso brasileira podemos divid-la em trs partes, as quais possuem particularidades no tocante aos tipos de controle do contedo veiculado. Primeira fase A primeira fase vai de 1950 (chegada da TV no Brasil) a 1964. Nela verificamos a censura exercida pelos patrocinadores como a de maior peso, j que aqui eles determinavam o que devia ser produzido e veiculado. No entanto, j pode ser notada uma influncia censria por parte do Estado em dois mbitos: 1. A televiso foi submetida legislao de 1946 (que abrangia tambm o cinema, o teatro, o rdio e as diverses pblicas), segundo a qual corte e interdies de programas eram dispositivos legais que entrariam em vigor se a moral brasileira fosse ferida. Essa legislao sofreu forte influncia do Cdigo Hays elaborado nos EUA (ns seguimos os parmetros morais estabelecidos pelos norte-americanos), o qual estipulava o que podia e o que no podia ser exibido conforme os seguintes itens: delitos e crimes; brutalidades; relaes entre ambos os sexos; vulgaridade; obscenidade; blasfmia e linguagem vulgar; costumes; religio; temas especiais; nacionalidade; ttulos; e crueldade com os animais. 2.Em outubro de 1959, o ento ministro da Justia, Armando Falco, assinou a primeira legislao regulamentando a censura na TV brasileira, proibindo qualquer declarao do deputado Tenrio Cavalcanti sobre o caso Sacop. Como se v, o Estado j percebia a fora de manipulao imbuda na nova mdia devido a sua penetrao e poder de persuaso pela imagem  a imagem era tida como espelho da verdade, logo, exercia grande influncia sobre a populao. Quanto censura por parte dos telespectadores, podemos dizer que ela ainda era incipiente porque poucas pessoas tinham o aparelho. medida que a televiso se torna popular, o que ocorre durante o governo de Juscelino Kubistchek, a ateno dos governantes se volta cada vez mais para esse veculo e mais programas so interditados principalmente os programas mais populares como os de auditrio. Segunda fase A segunda fase vai de 1964 at a extino do AI-5 em 1979. caracterizada por maior influncia do Estado, principalmente aps o Ato Institucional nmero 5 quando o governo passou a ter plenos poderes para censurar, evitando qualquer publicao ou transmisso que achasse inconveniente ao regime militar. Nesse momento, dada nfase ao noticirio internacional, j que muitos assuntos nacionais estavam na lista negra dos militares. O Estado passou a exercer controle sobre a televiso atravs de normas de concesso (as permisses para administrar um canal s eram concedidas aos grupos que apoiavam o governo) e atravs da censura, a qual recrudesceu ao longo dos anos, atingindo seu auge em 1968 com o AI-5. O regime utilizou vrios argumentos para justificar a censura TV: Preservao da famlia de mensagens que contrariam os contedos ticos do Estado. O poder de sugesto do aparelho e sua penetrao. A tendncia do veculo de substituir a escola na educao da sociedade. O povo era tratado como criana, logo, o governo no podia deixar que programas dessem uma m educao fossem veiculados. Com o AI-5, vrios programas populares de auditrio foram silenciados, j que eram tidos como programao de baixo nvel o governo no deixava o povo escolher nada, absolutamente nada; na verdade, pensava por ele, ditando sempre o que era melhor e o que deveria ser banido da mdia. O regime militar foi marcado por um paradoxo pregava a integrao nacional e, ao mesmo tempo, enchia a nao com enlatados americanos: a partir do Golpe de 64, a TV invadida por seriados americanos como A Feiticeira, Perdidos no Espao, entre outros. A censura do governo foi sentida pela programao como um todo, visto que sua primeira lei numa democracia, quanto mais popular for uma forma de arte, mais demandada a censura sobre ela *: jornais saram do ar ( Jornal de Vanguarda da TV Excelsior, em 1968); novelas tiveram seus roteiros alterados ou no puderam ser exibidas ( Fogo sobre Terra em 1974 e Roque Santeiro em 1976, ambas da Rede Globo); e por a vai. Reiterando a ambiguidade do governo vemos que enquanto proiba a transmisso de certos assuntos dando nfase s notcias internacionais -, fazia sua propaganda baseando-se no patriotismo. Exemplo clssico dessa dicotomia foi o episdio no qual o presidente Castelo Branco fechou o inqurito sobre o acordo Globo-Time Life em troca da veiculao da maior propaganda estatal: um Jornal Nacional que integraria o pas. A televiso se tornou o instrumento pelo qual o Estado se comunicava com a populao, fazendo com que o discurso televisivo se confundisse com o discurso institucional. Enquanto o mundo vivia um perodo de turbulncia: baixas da bolsa americana; Jimmy Carter e os direitos humanos; revoluo de 1968, entre outros; os brasileiros s assistiam a coisas belas na televiso como as obras feitas pelo governo, a chegada de novas indstrias tudo para fazer a propaganda governamental de que o pas estava progredindo a passos largos. O pior de tudo, na minha opinio, no foi nem a censura em si, mas suas consequncias que alienam o nosso povo at hoje. A televiso aprendeu a falar atravs de metforas e o povo se habituou a assistir imagens lindas no est habituado a ver misria, violncia... E quando v, aquele escndalo... Segundo Armando Nogueira, chefe do Departamento de Jornalismo da TV Globo: Quem espera contedo, opinio no jornalismo da TV brasileira, pode desistir que no vai ter to cedo... O Jornal Nacional desde 1969 est imprensado entre novelas, no momento em que a famlia vai mesa. Ele precisa ser digestivo. Em sua embalagem no cabem emoes fortes, misria, gente desdentada dando entrevistas. Esse depoimento foi dado Folha de So Paulo em 1976 e no perdeu sua atualidade compare com o depoimento de William Bonner: O pblico que assiste ao Jornal Nacional muito heterogneo: tem muitas crianas que nos assistem, logo, como posso colocar uma pessoa voando porque acabou de ser explodida por uma bomba? No posso. Todo dia vemos as imagens que temos e selecionamos aquelas que informam sem passar pelo sensacionalismo. (depoimento dado Escola de Comunicao da UFRJ em 2003) No estou defendendo a exibio de absolutamente todas as imagens, apenas estou contestando essa idia de que o povo brasileiro burro e que ele ficaria chocado com certas imagens. Essa generalizao fruto da censura adotada pelos militares em nosso pas e, assim como o patriarcalismo, parece estar imbuda nas veias dos responsveis por esse influente veculo de comunicao (os mecanismos de censura ainda continuam presentes, aliados presso de grupos influentes e aos interesses das empresas que financiam a publicidade televisiva). Terceira fase A terceira fase vai de 1979 at hoje, caracterizando-se por influncia menor do Estado mas no inexistente e por maior presso exercida pelos espectadores, alm, claro, de possuir a censura interna (feita pelos editores, diretores e prprios jornalistas). No dia 3 de fevereiro de 1980 a censura do telejornalismo teve seu fim decretado e em 1982 foi suspensa a censura prvia aos noticirios e programao de TV. No entanto, a televiso brasileira manteve-se conservadora, tanto na ideologia como na programao, comeando a dcada de 80 com os programas de sucesso do passado e sendo instrumento de reforo da armao social atendendo aos interesses da classe hegemnica. Por outro lado, atualmente, atribui-se ao pblico o papel de censores majoritrios por dois motivos principais: devido ao IBOPE, j que se um programa no tem audincia satisfatria isso um indicativo de que o pblico no o aprovou, ou seja, como a audincia determina a programao, em ltima instncia, o pblico detm parte desse poder de definir a veiculao ou no de determinado programa; o segundo motivo reside no fato de que, atualmente, as pessoas podem se comunicar mais facilmente com as emissoras (basta enviar um email ou at mesmo lanar um protesto pela Internet contra determinado programa). No entanto, no devemos ser ingnuos e achar que dentro da atual mquina de fabricar sonhos (grifo meu) no h censura. Hoje, o pblico atua como o maior censor, mas dentro das emissoras a censura continua existindo e nunca vai deixar de existir porque parece ser algo intrnseco a ela a TV j nasceu censurada, pois nem tudo podia ser veiculado - os programas precisavam atrair patrocinadores. Parece-me que a relao povo-televiso foi to bem estruturada no Brasil que, hoje, a mdia no precisa ser to controlada como antes porque o povo pede aqueles mesmos programas de sucesso do passado. Mais uma vez voltamos questo das consequncias da censura na poca ditatorial: o governo militar acostumou o pblico a assistir determinado tipo de programa - seriados americanos, noticirios que no retratam exatamente a realidade, e sim, um recorte dela, o qual editado a seu bel-prazer -; e, hoje, esse pblico est to acostumado com isso que no pede algo diferente. O pior de tudo que quando algo extraordinrio exibido, possui baixos ndices de audincia, logo, descartado da programao (poder de censura da populao). Portanto, o que parecia ser um avano o poder censrio estar nas mos do povo no passa de uma iluso, j que as pessoas pedem exatamente o que a classe dominante quer que elas peam. Concluso Enfim, a questo da censura televisiva ainda muito presente atualmente, embora poucas pessoas percebam isso. preciso atentar para esse tema a fim de curar certos males que remontam segunda fase da TV no Brasil, dentre os quais o principal quanto linguagem televisiva. Hoje, essa linguagem est mutilada e para que seja dado um passo no futuro preciso olhar para trs e decobrir a raiz do problema. Esse o intuito desse estudo: aprofundar esse tema a fim de que sejam elaboradas hipteses e solues para no s melhorar o contedo transmitido pela televiso, mas tambm elevar o nvel intelecto-cultural do povo brasileiro. Bibliografia *referncia ao livro: SCHUMANN, Murray. The FACE on the cutting room floor. Da Capo Press. New York, 1974. AMARAL, Hlio Soares do. Censura Televiso. Orientador: Emmanuel Carneiro Leo. Rio de Janeiro: UFRJ/ECO, 1980. Dissertao de Mestrado. MATTOS, Srgio. O Controle dos Meios de Comunicao. Edufba. Salvador, 1996. www.tudosobretv.com.br 2:Z`b|py )*!E"$$/0222222223%3333mH sH 6 6mHsH55\mHsH56\]mHsH6]mHsHmHsH5>*mHsH 5mHsH*;ab|p[ i IJ $ & Fda$$da$ $d`a$ $0^`0a$@ d^@ d3J|a !"$$&Z(*R,S,9//01122 $d^a$ $d`a$$da$$`a$ $ & Fda$22333$da$,1h/ =!"#$%  i<@< NormalCJ_HaJmH nHsH tH6A@6 Fonte parg. padroDB@D Corpo de textod6]mHsHXC@X Recuo de corpo de textohd`hmHsH->i a I J|aV!Z"$R&S&9))*++,,,---00000000000 0 0 000000000000000000000000003J233  ,,,,,,--- ----------;by )*,,-----1030C:\Beatriz Lopes Buarque.docB~+/h ^`OJQJo(h ^`OJQJo(oh pp^p`OJQJo(h @ @ ^@ `OJQJo(h ^`OJQJo(oh ^`OJQJo(h ^`OJQJo(h ^`OJQJo(oh PP^P`OJQJo(B~@B@ !"-P@PP @P&PP@UnknownGz Times New Roman5Symbol3& z Arial;SimSun[SO?5 z Courier New;Wingdings"1hK K %P&R!0d|.-3QHP:Censura na televisao brasileira: muito pouco foi estudado,eri1030Oh+'0  ,8 T ` lx;Censura na televisao brasileira: muito pouco foi estudado,enseriririNormal 1030l 230Microsoft Word 9.0o@F#@@%՜.+,0$ hp|  rP|. ;Censura na televisao brasileira: muito pouco foi estudado, Ttulo !"#$%&')*+,-./1234567:Root Entry FWÁ<1Table WordDocument.>SummaryInformation((DocumentSummaryInformation80CompObjoObjectPoolWÁWÁ  FDocumento do Microsoft Word MSWordDocWord.Document.89q