ࡱ> @J=>?uIbjbjhx]:,88lD;lD^"k"F"";;;;;;;$V=J?;"!k""";4x x D444"x L;Z, x x ";445>:OLT;\ v|4;" Universidade Federal da Bahia Faculdade de Comunicao  Corao Suburbano. O Pulsar da Cidade que a Cidade no Conhece Projeto Experimental para obteno do ttulo de Bacharel em Comunicao Social, com habilitao em Jornalismo, na Faculdade de Comunicao da Universidade Federal da Bahia. Por: Gladys Santos Pimentel Orientador: Messias G. Bandeira Salvador Dezembro de 1999 Esta srie de reportagens dedicada populao do Subrbio Ferrovirio, para que conhea um pouco sobre a regio onde mora e possa contribuir para a melhoria de sua qualidade de vida. Agradecimentos A minha famlia, que est sempre comigo onde quer que eu esteja; A Messias, mestre querido; A Ben, pelo precioso apoio; A Jorge, o Suburbano; A Ana, Rege, Slvio e todos aqueles que me abraaram na produo desta srie de reportagens. Uma pessoa que no sabe sobre a histria do lugar em que vive, no tem integrao com sua comunidade, com sua cidade, com seu pas. Silvio Ribeiro (presidente da Associao Amigos do Parque So Bartolomeu) ndice PARTE I .... 6 Resumo ..............7 Apresentao ..... 8 PARTE II ... 19 O recndito que virou periferia ................ 20 O Subrbio no aniversrio da cidade ........ 23 PARTE III ... 25 Parto da emoo ..... 26 PARTE IV ... 32 Mudana de Ares ...................................... 33 Relquias do Passado ................................. 41 Caminho de Ferro ...................................... 48 Lobato. Bero do Petrleo ......................... 61 Parque Piraj/ So Bartolomeu .................. 65 Paraso Perdido .......................................... 71 Memria do Subrbio ................................ 74 Um projeto para Novos Alagados .............. 77 Bugiganga tem valor na Feira do Rolo ...... 81 O futuro est no ar ..................................... 85 Anexo .......................................... 89 Referncias Bibliogrficas .......... 90 PARTE I  Apresentao Resumo Corao Suburbano. O pulsar da cidade que a cidade no conhece um livro com uma srie de reportagens sobre o Subrbio Ferrovirio de Salvador. Como Projeto Experimental de concluso do curso de Jornalismo da UFBa, utiliza o jornalismo enquanto prtica a servio da sociedade para falar dos aspectos histricos, naturais e tursticos de uma regio, cujo potencial pouco valorizado na cidade de Salvador. As reportagens resgatam a memria do local, fazendo, ao mesmo tempo, um vo entre o passado e o presente e um mergulho no corao de quem se reconhece na histria do Subrbio. Passo a Passo O jornalismo tem um importante papel social. Como mediador entre o fato e os diversos setores da sociedade, o jornalista , antes de tudo, prestador de um servio pblico. Diante dessa caracterstica, intrnseca a todo fazer jornalstico, ocorreu-me a desafiadora idia de conceber uma srie de reportagens sobre o Subrbio Ferrovirio como projeto experimental para obteno do ttulo de Bacharel em Comunicao Social, com habilitao em Jornalismo, na Faculdade de Comunicao da Universidade Federal da Bahia. Sei, desde j, os riscos de tal empreitada por escolher a regio onde moro como objeto de reportagem. Como diz a professora Rosngela Vieira Rocha, o perigo de cair na pieguice est sempre espreita, quando se escreve sobre a cidade natal. Apesar de no se tratar de uma cidade propriamente dita, o Subrbio Ferrovirio tem peculiaridades de um municpio da Bahia, a comear pelo nmero de habitantes: cerca de 360 mil segundo o Diagnstico Ambiental do Centro de Estudos Scio Ambientais (Pangea), de 1997. Mas, como disse antes, uma empreitada com delicioso sabor de percorrer os limites, esquadrinhar o impasse sempre presente na vida do jornalista, esse bricoleur que monta e desmonta histrias com o sofrido esforo da imparcialidade A escolha do tema A idia inicial para a concepo dessa srie surgiu por ocasio da freqncia na disciplina Elaborao de Projetos em Comunicao com o professor e hoje vice-reitor, Othon Jambeiro. Como o tema mostrava-se muito amplo para ser trabalhado em to pouco tempo, Jambeiro aconselhou que escolhesse apenas um aspecto do Subrbio para a pequena monografia. Assim, comecei a explorar os encantos do Parque So Bartolomeu, levantar sua importncia histrica, religiosa e turstica para a cidade e os principais problemas da reserva florestal. Realizada a pesquisa, passei a amadurecer a idia de abordar o Subrbio Ferrovirio no projeto final de concluso do curso. Alm de morar, desde que nasci, num dos bairros da regio, o Alto do Cabrito, queria contribuir, de alguma forma, com a melhoria da imagem pblica do Subrbio. Havia crescido vendo meus vizinhos comentarem sobre assaltos a nibus, o perigo de sair de casa noite ou de trazer visitantes ao bairro. Nos noticirios da TV ou nas pginas locais dos jornais, observava que o Subrbio era sempre assunto quando se tratava de deslizamento de terras, escassez de infra-estrutura, pobreza e violncia. Somado a esses fatores sentia o deboche de colegas secundaristas referindo-se ao bairro onde moro como Alto dos Bodes ou perguntando se havia muitas cabras por l. Minha consternao cresceu ao fazer currculos para amigas que, em funo das circunstncias, eram condicionadas a utilizar o endereo de colegas do centro para conseguir um emprego. Estas observaes despertaram em mim a necessidade de colocar a servio do Subrbio o que aprendi durante a trajetria acadmica e os estgios. Uma espcie de feedback, tendo como gancho a funo social do jornalismo e suas implicaes. Passei ento a refletir sobre os vrios aspectos que deveriam fazer do Subrbio Ferrovirio motivo de orgulho para sua populao: as igrejas dos sculos passados; o primeiro poo de petrleo do Brasil, explorado no Lobato; a estrada de ferro; o Parque So Bartolomeu, a belssima vista da Baa de Todos os Santos, enfim, preciosas informaes suficientes para acender uma chama de orgulho no corao dos moradores e levantar sua auto-estima. O livro Dar ao projeto o formato de um produto foi a forma encontrada para tornar mais acessvel s pessoas, em especial os moradores da regio, o resultado da pesquisa. A comodidade oferecida pelo livro, a possibilidade de coloc-lo nas escolas pblicas e particulares, em bibliotecas, instituies de bairros e comunidades religiosas tornaram-no o melhor recurso para alcanar os resultados pretendidos. Alm disso, o suporte oferece tambm possibilidades criativas de trabalhar o contedo das reportagens, de modo a incitar a leitura dos provveis leitores que se identificaro com a pesquisa. o que Umberto Eco define como leitor-modelo, uma espcie de tipo ideal que o texto no s prev como colaborador, mas ainda procura criar. Ao executar o projeto, delineava sempre o leitor alvo das reportagens, pessoas as quais a pesquisa pudesse servir como fonte de informao, a exemplo dos moradores do Subrbio e todos os interessados na histria da cidade, em especial, na memria de uma das reas mais carentes de Salvador. A opo pelo formato deriva tambm das possibilidades oferecidas pelo livro, dentro da tendncia atual de se tomar a literatura como referente das realizaes criativas no jornalismo. Isso deu maior liberdade na redao das matrias desta srie, uma vez que o enfoque dos temas abordados est diretamente vinculado ao passado nostlgico do Subrbio Ferrovirio, fugindo, de certo modo, de uma das leis que regem a profisso: a atualidade. Os 450 anos de Salvador foi a ponte perfeita para trazer os temas tona. O livro o suporte ideal para mesclar elementos da literatura no texto jornalstico. Ele permitiu que utilizasse, por exemplo, trechos de livros de Jorge Amado, composies musicais, poemas e introduzir algumas matrias na forma de pequenos relatos, esquivando-me da camisa de fora das tcnicas tradicionais. O novo jornalismo que se descortina permite ao reprter ir alm das pautas estanques, em busca de um dilogo maior com as fontes de informao. Foge das tcnicas tradicionais de produo de mensagens: pirmide invertida, lead, e nariz de cra e se aproxima das conquistas artsticas para poder renovar o estilo e, em ltima instncia, o grau de eficincia dos textos quanto comunicao propriamente dita, expe Cremilda Medina. A mdio prazo pretendo captar apoio, visitando instituies como a Fundao Cultural, a Entursa ou mesmo o Projeto Fazcultura, por exemplo, a fim de captar recursos para a publicao deste trabalho. Sem essa ao maior o projeto perde sentido, uma vez que foi pensado e executado para, ao menos, chegar s mos da populao suburbana, a fim de que conhea um pouco melhor a regio onde mora e muna-se de subsdios para lutar por seu desenvolvimento como um todo. Nas etapas para a publicao provvel que a srie de reportagens sofra algumas alteraes como introduo de novas matrias. A produo As matrias foram produzidas tendo como suporte perfis de personagens do Subrbio. O relato de velhos moradores da rea, a histria da gente simples que viu o Subrbio expandir-se e desordenar-se, em detrimento de suas belezas naturais e da qualidade de vida da populao. Personalidades que viveram ou que ainda vivem no local e que hoje tm a visibilidade conferida pelos veculos de comunicao, a exemplo do apresentador Raimundo Varela, do vice-prefeito Marcos Medrado e do historiador Cid Teixeira foram tambm entrevistadas. O resultado so 46 entrevistas e 10 fitas utilizadas no trabalho de campo. As dificuldades encontradas para execuo deste projeto envolvem desde a produo da pauta, no momento em que se tenta marcar um horrio com o possvel entrevistado, ao recorte, dentro do mar de informaes recolhidas. O famoso gegrafo, Milton Santos, que na dcada de 60 realizou, junto a seus alunos, uma pesquisa sobre alguns bairros da regio foi excludo da pauta do projeto, depois de vrias tentativas de contact-lo. No Instituto de Geocincias da Faculdade de Geografia da UFBa cheguei at Maria Auxiliadora da Silva, professora e amiga do gegrafo. Ma Auxiliadora trabalhou com Milton na produo de uma pesquisa sobre o Subrbio para o Boletim Baiano de Geografia. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) no possui dados especficos sobre o Subrbio Ferrovirio, dificultando por exemplo encontrar informaes concretas sobre episdios do Dois de Julho. At mesmo os livros de histria do Brasil no entram em detalhes sobre o episdio da batalha contra os invasores holandeses ocorridos em Piraj e Cabrito, informao importante na matria sobre o Parque So Bartolomeu e a regio ao seu lado, Piraj A seleo dos temas para as reportagens obedeceu a critrios como importncia histrica, natural, religiosa e turstica para o Subrbio Ferrovirio. Procurei fugir dos dados estatsticos caractersticos da cobertura local sobre a regio, como ndice de evaso escolar, nmero de pessoas que concluem o primeiro e o segundo graus, ndice de assaltos a nibus, taxas de natalidade e mortalidade infantil. Esta srie se prope a mostrar o outro lado do subrbio, os encantos de uma regio que a cidade quase nada conhece. Por isso, a opo em dissecar os temas atravs do relato da histria de vida de alguns moradores. Sobre isso, Cremilda Medina, em entrevista para Jucineide Machado, afirma que hoje h uma tendncia muito perversa de desumanizao da informao jornalstica: Eu vejo isso pela distoro que se faz de deslocar o centro da pauta, homem, para nmeros. Ento, toda vez que se faz uma pauta, se desenvolve uma cobertura de uma tendncia contempornea (seja de sade, de habitao, de emprego ou qualquer tema, seja o que for) o papel de destaque o grfico numrico, a estatstica e no a histria de vida, o humano. Eu acho que esse um sintoma alarmante, porque, quando se deixa de fazer histrias de vida, de garimpar na realidade contempornea, esse sujeito annimo que est a, sofrendo e fazendo a histria, em funo dos nmeros ou dele ser representado por nmeros, ou em funo de personagens oficiais, que so normalmente as vedetes da cobertura, ns estamos sendo pouco dignos com nossos companheiros de viagem. A contemporneidade narrada, narrativa viva na medida em que ela recupera as histrias humanas que esto a no cotidiano. Na organizao da srie, os temas foram dispostos, em primeiro lugar, de acordo com sua sucesso na histria do subrbio, por isso enfoquei primeiramente as igrejas, a estrada de ferro e o Petrleo; em segundo lugar em funo do significado do ponto de vista natural/religioso, explorando, no caso, o Parque So Bartolomeu e as praias. E em terceiro, optei pelos temas de peso social como a Fbrica de Tecidos So Brs, os Novos Alagados e a Feira do Rolo. A abertura da srie uma matria sobre a regio de modo geral e a de concluso versa sobre as perspectivas para a melhoria do local. Os resultados Em primeira instncia, o suporte me permitiu aglutinar os conhecimentos adquiridos durante o curso e lanar mo dos textos jornalsticos, colocando em prtica disciplinas que so pilares da habilitao. Assim, a imagem da professora Rosngela Vieira Rocha, nas disciplinas Comunicao Jornalstica e Teorias do Jornalismo, esteve sempre presente quando encontrava-me, por exemplo, diante de matrias da grande imprensa versando sobre a regio e quando procurava o enfoque a ser dado nas matrias que eu iria escrever. Pude perceber ento, o quanto a imprensa baiana superficial, precria no que diz respeito a apurao dos fatos e, sobretudo, tendenciosa. A morte de Cuia, um surfista do trem suburbano, teve uma cobertura que deixou muito a desejar. O jornal A Tarde, por exemplo, no identificou quem foi o jovem que morreu um dia antes do dia das crianas. Tratou-o como indigente, cuja vida pouco importava sociedade. Na cobertura de Sbado no Parque, no dia 6 de novembro, um dos eventos da Aliana para o Parque, entidade que rene associao de moradores, terreiros de candombl etc., na Reserva Florestal do So Bartolomeu, a TV noticiou uma cerimnia fechada do candombl como parte integrante do evento . Depois que chegou, a imprensa foi para dentro da mata filmar uma cerimnia reservada de matana para o caboclo. Eles noticiaram o fato como se fizesse parte do Sbado no Parque, o que no foi verdade. A cerimnia era reservada e no poderia ser filmada, disse Slvio Ribeiro presidente da Associao Amigos do Parque So Bartolomeu e um dos coordenadores do evento. A religio foi, dessa forma, utilizada para folclorizar o tema e a cobertura jornalstica resultou num trabalho completamente deturpado. J que a populao no tem conscincia do que a religio do candombl, a mdia piora a situao ao expor isso para o pblico, passando uma imagem de que aquilo uma cerimnia do satans, desabafou Slvio. Das oficinas de jornalismo, pude aplicar os processos de produo de pauta, e redao das matrias. Uma das grandes experincias de vida profissional descobertas na realizao deste projeto refere-se ao primeiro passo antes do incio do trabalho. Ao invs de come-lo pelas pesquisas e entrevistas de campo, comecei recolhendo, nos arquivos pblico e municipal, todas as informaes sobre a regio. Isso consumiu um certo tempo, uma vez que, no trabalho de campo descobri que muitas fontes j tm material sobre o assunto. claro que uma das caractersticas principais de todo bom reprter estar bem informado e fazer uma espcie de pr-venda, antes de comear a entrevista. O desafio por no ter inicialmente referncias de fontes para entrevistar foi superado nas atividades de campo quando percebi que uma fonte de informao, normalmente, leva a outra. As descobertas conceituais sobre o Subrbio foram tambm muito interessantes. Dos dois principais meios de transporte da regio derivou a expresso que caracteriza a rea: Subrbio Ferrovirio e Avenida Suburbana. O primeiro mais abrangente e traz no significado a histria do local, diretamente influenciada pela implantao da estrada de ferro, no incio deste sculo. O ltimo, no entanto, remete Rodovia Afrnio Peixoto, cuja implantao, na dcada de 70, determinou profundas mudanas no desenvolvimento ocupacional do Subrbio. A realizao deste projeto foi de fundamental importncia para meu crescimento pessoal e profissional. Pesquisando sobre cada patrimnio do Subrbio Ferrovirio, regio onde moro desde que nasci, descobri um pouco mais sobre mim mesma. Somado aos patrimnios histricos, naturais e religiosos, o Subrbio guarda uma srie de bens simblicos, como a belssima vista da Baia de Todos os Santos; o exemplo da fora dos Alagados e gente simples como Seo Lindu, memria viva da antiga fbrica de Tecidos de Plataforma. Este projeto uma pequena forma de dividir minhas descobertas com os vizinhos e visitantes a fim de que, fazendo um passeio pelos bosques dessa leitura, possam tambm ver um pouco de si mesmo nas estrelinhas da narrativa. PARTE II Breve contextualizao do Subrbio Ferrovirio com a cidade de Salvador e seus 450 anos O recndito que virou periferia Desde 1972, quando foi criada a Regio Metropolitana de Salvador, o Subrbio definiu-se decisivamente como periferia da capital, deixando no passado os perodos ureos do distante local de veraneio da classe mdia baiana, como Jorge Amado descreveu em seus livros Os Velhos Marinheiros e Bahia de Todos os Santos. Nos dias atuais, a rea suburbana est intrinsecamente articulada ao contexto urbano de Salvador. Com a expanso urbana, a capital tornou-se marcada, principalmente, por uma rea central, onde esto concentrados os servios de administrao, comrcio e finanas e, nos seus arredores, lugar de moradia para a elite local. A valorizao do preo do solo, no centro, no permitiu a aquisio por parte da classe trabalhadora, expulsando as camadas mais pobres da populao para reas suburbanas, onde era menor o preo dos terrenos e havia um importante meio de transporte. Isso resultou na segregao da elite junto ao centro e da classe operria no Subrbio Ferrovirio, inclusive em Paripe e Periperi. Perante a pesquisa oportuno destacar algumas concluses apreendidas. Em primeiro lugar, percebe-se que a gnese do espao suburbano coincide com a insero da economia baiana no contexto das modernizaes industriais, tendo em vista que aumentaram as ligaes de Salvador com outras regies atravs do fluxo de mercadorias, de capitais e de idias. Essa rede de ligaes foi viabilizada atravs da via frrea e pelos transportes martimos. Com as modernizaes, a indstria txtil se instala nas reas suburbanas e se articula com outros elementos j existentes no local, provocando o surgimento dos atuais bairros. Esses bairros eram definidos como aglomerado dormitrio, conceito muito utilizado na dcada de 60, visto que parcela da populao passava o dia fora trabalhando, seja na estrada de ferro, na Base de Aratu ou no centro, s retornando noite. Apesar das deficincias, o Subrbio j oferece, nos dias atuais, pequenos empregos e servios para a populao local, uma vez que esta tinha que recorrer as ofertas de trabalho no centro da cidade. Os bairros do subrbio, apesar de manterem uma funo industrial, eram sobretudo residenciais, j que as reas urbanas eram controladas pela classe dominante. O que gerou a segregao residencial impulsionada por essa classe nas reas nobres e imposta por ela sobre os grupos sociais do Subrbio, destitudos de infra-estrutura bsica e de servios. Nesta perspectiva, o conceito de periferia, que segundo Caldeira alm de indicar distncia aponta para aquilo que precrio, carente, desprivilegiado em termos de servios pblicos e infra-estrutura tornou-se mais adequado para qualificar a regio nos dias atuais. O Subrbio no aniversrio da cidade No ano em que Salvador completa quatro sculos e meio, a cidade comea a despontar com cenrio renovado a partir do ensejo da prefeitura em criar uma nova poltica urbanstica de valorizao das praias e reas do centro da cidade, de resgate dos espaos pblicos, aliados a novas possibilidades de desenvolvimento. A recuperao do Centro Histrico, a ampliao do Aeroporto Internacional Lus Eduardo Magalhes, a execuo do programa de despoluio da Baa de Todos os Santos - BAHIA AZUL - e a implantao de grandes parques como o Metropolitano de Pituau, Abaete, Costa Azul e Dique do Toror, so partes integrantes do conjunto de aes que vm sendo desenvolvidas na Regio Metropolitana de Salvador, visando a implantao do modelo turstico desejado. Em paralelo a essa poltica, a Prefeitura Municipal pretende executar e implantar o programa de recuperao ambiental e reestruturao urbana da regio do Subrbio Ferrovirio, a exemplo do Projeto Novos Alagados. A pertinncia do tema escolhido para o trabalho final de concluso do curso de Comunicao encaixa-se nesse quadro: aniversrio de Salvador/Poltica Urbanstica X periferia. Por que o Subrbio Ferrovirio, no se constitui hoje como uma das reas importantes da cidade? Relegado face o discurso que se pretende hegemnico de reas "nobres", ele muito pouco explorado em relao ao potencial natural, turstico e histrico que oferece. Nesse sentido, para tornar Salvador, alm de turstica e bonita, uma cidade mais funcional, confortvel e menos injusta preciso que o embelezamento arquitetnico e urbanstico empreendido pela Prefeitura Municipal contemple tambm o lado social. PARTE III Breve reflexo sobre o gnero. O novo jornalismo e suas relaes com a literatura. Parto da emoo O parto da emoo ter de ser substantivo; a emoo deve passar por meio da atmosfera narrativa, da penetrao sutil nas entrelinhas do dilogo, nos silncios, no ritmo de cada pessoa. Todos os artifcios da experimentao que a linguagem artstica acumula e reinventa: essa, a fonte inesgotvel de aprendizado para o comunicador social. (Cremilda Medina) Pensar hoje os laos que unem os dois campos, jornalismo e literatura, j no mais significa reduzir um ao outro. Significa, principalmente, mostrar-se aberto para as diferenciaes que eles mantm entre si. A obra literria possui mtodos prprios, nem sempre possveis ao jornalismo e vice-versa. Contudo, no se pode negar as ligaes entre a linguagem literria e a jornalstica. Assim que, pelo fato de se tratarem ambas literatura e jornal de linguagens impressas, nada mais natural que se tome a literatura como referente do jornalismo. Existe apropriao de recursos literrios transportados para a escrita jornalstica, assim tambm como a literatura tm recorrido ao jornalismo para enriquecer suas tcnicas, ou melhor, sua estrutura narrativa. A evocao de uma obra pela outra, na literatura, demonstra uma relao ntima com o texto, a intertextualidade adquire importncia que vai muito alm do uso de um mero recurso textual. Quanto mais o texto revisitado, mas ele se consagra enquanto texto literrio. J no jornalismo, a intertextualidade pode ser detectada atravs de outros fragmentos da fala, organizado pelas tcnicas jornalsticas, sobretudo no jornalismo declaratrio. Sobre a relao jornalismo e literatura, Alceu Amoroso Lima, em O Jornalismo como gnero Literrio, proclama que o primeiro tende, cada vez mais, a tornar-se gnero do segundo. Ele considera assim, o jornalismo como literatura de apreciao dos acontecimentos. Assertiva que, de certa forma, nega a tentativa do jornalismo de trilhar um campo relativamente autnomo dos outros processos comunicacionias. Como ele mesmo reconhece, a literatura arte, criao. O jornalismo, embora possa se utilizar do talento artstico, uma modalidade social de conhecimento cristalizada no singular, segundo Adelmo Genro Filho. A tcnica da entrevista apoiada na literatura tem encontrado resistncia por parte de adeptos do jornalismo tradicional, centrado na objetividade e fiel seguidor da pirmide invertida. Essa frmula ilustra que a notcia caminha da informao mais importante para a menos importante, criando uma tendncia a uniformizar os primeiros pargrafos. A hiperutilizao do lead, introduzido no Brasil por Pompeu de Souza, desestimula a criatividade dos reprteres na medida que padroniza a redao das matrias e impede que o jornalista seja tambm um decodificador dos fatos, ao invs de apenas um mero redator. As clssicas perguntas do Lead (o qu, quem, quando, onde, como e por qu) e pirmide invertida no foram inventadas para chamar o leitor reflexo, mas apenas para inform-lo de maneira mais fcil, rpida e superficial tornando-o indiferente e evitando que pense. A adoo do lead, introduzida por Pompeu de Souza, refora a consonncia entre os diversos artigos em mdias distintas, favorecendo a repetio, aproximando as abordagens e fazendo crer que a mdia a transcrio objetiva do real. O novo jornalismo, que eclodiu nos Estados Unidos na dcada de 60, tenta oferecer ao jornalismo uma nova forma de apreenso e percepo dos fatos. Algo que vai muito mais alm do que o simples relato jornalstico pautado numa falsa objetividade. Ele recorre as formas literrias para obter um reforo da reportagem, para dizer algo que seria impossvel dizer na forma do jornalismo tradicional. Apropria-se das tcnicas literrias a ponto de empregar nos textos as tcnicas de cena-a-cena, o dilogo e o ponto de vista do fluxo da conscincia, recurso at ento usado na literatura. No entanto, de grande relevncia ressaltar que no se deve retirar o carter jornalstico das reportagens dos novos jornalistas pois marcado pela existncia forte de fatos reais, verificveis, embora a subjetividade do narrador-jornalista seja mais visvel em relao aos textos tradicionais. Alm do mais, a reportagem no simples ampliao da notcia, at por que recairia no sensacionalismo. Para Cremilda Medina, jornalistas e comunicadores devem se aproximar das conquistas artsticas para poderem renovar seu estilo e, em ltima instncia, o grau de eficincia de seus textos quanto comunicao propriamente dita. O novo jornalismo reclama mais investigao, interpretao e mais liberdade no trato com os fatos. Ao mesmo tempo que estimula o talento artstico do reprter, explora os recursos oferecidos por essa modalidade de conhecimento como a recorrncia prpria literatura. De qualquer forma, as inovaes trazidas da literatura foram enriquecedoras para o jornalismo, mas no significa que tenha sido aceitveis. No se pode classificar como literatura tudo o que aparece no jornal, e que, muitas vezes, se caracteriza pelo mau uso da expresso, pela precipitao e superficialidade. Empreender tcnicas do novo jornalismo requer, antes de tudo, talento artstico. Tudo o que tomado emprestado da realidade no convm forosamente a uma obra literria. Assim tambm, no se v na natureza do fato, de ter por matria o atual, portanto efmero, um impedimento para que possa constituir-se como obra literria. Tudo depender da maneira de tratar a matria, combinando a correo e a beleza da expresso verbal com o elemento julgamento, exerccio da inteligncia, do discernimento, da anlise que deve entrar em jogo. Pois, o jornalista no apenas aquele que informa. Vivendo no meio dos acontecimentos, em pleno fluxo vital, informa para formar, cria e orienta a opinio pblica. E quanto mais o fizer com idias claras, sustentadas por uma indispensvel cultura geral, manejando com estilo vivo e preciso, tanto mais o jornalismo se aproximar da obra literria. PARTE IV Srie de reportagens sobre o Subrbio Ferrovirio Inserir foto Por do sol Mudana de Ares Da vida buclica do passado ao crescimento populacional desordenado. O Subrbio Ferrovirio deixou de ser uma pacata regio de veraneio da classe mdia baiana expandindo-se como periferia de Salvador. Ao longo dos seus 4,2 mil hectares, aproximados, sobrevive um grande patrimnio histrico, natural e turstico, cujo potencial no constitui-se foco de interesse da capital baiana.Com 360 mil habitantes, cerca de 15% da populao de Salvador, o Subrbio tem peculiaridades de um municpio da Bahia. mais populoso do que a capital do Esprito Santo, Vitria (266 mil/hab.) e de Santa Catarina, Florianpolis (271 mil/hab.). Junto ao crescimento populacional da rea, a regio passou a ser sinnimo de pobreza, violncia e periculosidade se comparada aos outros locais da cidade. Uma realidade distante da paisagem nostlgica relembrada por antigos moradores. Banhado pela Baa de Todos os Santos, o Subrbio est localizado numa regio privilegiada de Salvador. limitado ao Leste pelo Parque So Bartolomeu, ao Norte pela Base Naval de Aratu e ao Sul pelo antigo Bairro da Calada. O nome, Subrbio Ferrovirio, vem de uma madrinha influente na regio: a Estrada de Ferro Bahia a So Francisco construda na segunda metade do sculo XIX. A essa ferrovia deveu-se o incio do processo de ocupao do Subrbio, que pouco se diferenciava das outras localidades de engenhos aucareiros do Recncavo. At a dcada de 70, o acesso ao local s era possvel atravs da antiga Estrada das Boiadas, que compreendia um trecho da atual BR-324, de canoas pelas guas da Baa ou de trem. Hoje, pode-se chegar na regio principalmente pela BR-324 e pela Avenida Afrnio Peixoto, uma rodovia que percorre boa parte da rea em paralelo via frrea. Gildete Batinga de Farias trabalhou 20 anos na ferrovia e relembra, com nostalgia, a poca em que viajar de trem era um agradvel passeio medida que a paisagem descortinava-se velocidade dos trilhos. Segundo Gildete e seus colegas de trabalho, ela foi a primeira mulher a exercer a profisso de engenheira na Bahia. Costumava levar meu filho para passear. A paisagem era linda. O lado do mar era uma beleza, diz a engenheira, hoje com 80 anos. Com a implantao da Avenida Afrnio Peixoto, a ferrovia deixou de ser o principal meio de transporte dos moradores. A criao da rodovia, tambm chamada Avenida Suburbana, e do Centro Industrial de Aratu, na dcada de 70, foram fortes impulsos para o desenvolvimento ocupacional do Subrbio. Com terrenos mais baratos em relao ao centro, a regio vinha sendo ocupada por imigrantes do campo, atrados pela fase urbano-industrial da cidade nos anos 50. Segundo Raimundo Varela, a falta de um servio de migrao ligado ao governo contribuiu para o crescimento desordenado do Subrbio: A pessoa veio do interior, no sabe nem plantar direito, o que veio fazer numa rea como Salvador? Morar numa favela? No h polticas pblicas voltada para o setor rural. Temos uma exploso demogrfica descontrolada no Brasil e o Subrbio, por ser uma rea mais acessvel para habitao, pagou caro por isso, afirma. Paraso beira mar Entre os atrativos do Subrbio Ferrovirio est a Base Naval de Aratu com a convidativa praia de Inema: um privilgio desfrutado por poucos como o presidente da Repblica, Fernando Henrique Cardoso, a primeira dama, Ruth Cardoso, e outros convidados da Marinha. Prximo Base, pode-se chegar a uma pequena ilha da costa baiana, a Ilha de Mar, pegando-se uma lancha na praia Base Naval. Um passeio de 20 minutos para apreciar a tranqilidade de um lugar quase inabitado. revelia da imagem externa do Subrbio, pulsa - em meio ao caos da periferia urbana - um raro ecossistema de beleza natural e religiosa. O Parque Metropolitano So Bartolomeu/ Piraj o grande orgulho da regio. Objeto hoje de interesse governamental, o parque possui trs cultuadas cachoeiras, Nan, Oxum e Oxumar, a Bacia do Cobre e parte dos ltimos resqucios da Mata Atlntica na Bahia, constituindo-se como uma importante rea para o turismo no local. no mangue do parque que os Novos Alagados construram suas palafitas. Sobrevivendo em condies extremamente inspitas e insalubres, estas famlias so expresses de uma parcela do povo suburbano. O Subrbio Ferrovirio abriga, ainda, quatro relquias dos sculos passados: as igrejas de So Brs, em Plataforma; Nossa Senhora de Escada, em Escada, Nossa Senhora do , em Paripe e Nossa Senhora das Neves, em Ilha de Mar. Outro edifcio de grande significado histrico para a regio resiste ao tempo mesmo face ao abandono. Fundada em 1886, em Plataforma, a antiga Fbrica de Tecelagem So Brs empregou uma parte expressiva da populao de Plataforma, Periperi e Paripe, primeiros bairros do Subrbio. Fatos histricos, decisivos na histria do estado, aconteceram tambm prximos regio. Localizado entre a Suburbana e a BR-324, o bairro de Piraj foi palco das lutas pela Independncia da Bahia, travadas em 8 de novembro de 1822, culminando no triunfal Dois de Julho de 1823 e na consolidao da Independncia do Brasil. O "viveiro de peixes", Piraj, no idioma tupi, sediou tambm a Sabinada no processo republicano na Provncia da Bahia e abrigou diversos quilombos que reuniam centenas de negros rebeldes contra o sistema escravista. Foi na periferia da cidade tambm que o ouro negro brasileiro jorrou pela primeira vez. Em 1939, no bairro do Lobato, as pesquisas do baiano Oscar Cordeiro comprovaram existncia do petrleo no pas. Outra caracterstica peculiar do Subrbio Ferrovirio reside nas criativas maneiras encontradas pela populao para esquivar-se do desemprego de cada dia. A domingueira Feira do Rolo traz de volta antigos costumes como o Escambo, e inova com ousadia ao possibilitar o comrcio de objetos inusitados e at mesmo roubados. Filhos da Terra Quando Tom de Souza construiu Salvador fez uma fortaleza para defender a cidade dos ataques dos invasores. Por isso, ele preferiu a cidade do lado mais alto, que o centro de Salvador. Se com ele tivesse vindo um arquiteto, um paisagista, algum que tivesse dimenso de beleza, com certeza, a construo se daria pelo litoral suburbano, que j foi o mais bonito da cidade. A afirmao do vice-prefeito de Salvador e secretrio dos Transportes, Marcos Medrado. Ele chegou ao Subrbio com nove anos. Aos 50, diz que o lugar lhe trouxe muita sorte na vida e, que por isso, no pretende sair da regio. Alm de estar mais perto dos seus provveis eleitores, Marcos tem o local como sua segunda terra, j que nasceu em Mucug, interior da Bahia. O Subrbio Ferrovirio foi um dos locais preferidos de personalidades pblicas e culturais, como o mdico Joo Batista Caryb, o ex-governador Roberto Santos, a cantora Sarajane, e o historiador Cid Teixeira. Todos eles residiram muitos anos no Subrbio. H quem diga que Chacrinha veraneava na regio. Cid Teixeira conta que ao casar, em 1950, escolheu morar em Itacaranha com sua esposa. Os grupos sociais aos quais eu pertencia estranharam, pois podendo morar em bairros do centro preferi o Subrbio Ferrovirio. Na dcada de 50, era muito bom morar em Itacaranha. O Subrbio era um dos lugares mais belos da cidade, lembra. Quem tambm j registrou sua passagem pelo local o escritor Jorge Amado. Foi em Periperi que o autor assinou o guia Bahia de Todos os Santos, em 1944. Em 8 de maro de 1979 surgia na regio o grupo Araketu, hoje sucesso nacional. Aos trs anos, o apresentador Raimundo Varela fixou-se na regio com sua famlia. Nasci em Itabuna. Morei primeiro em Periperi e depois em Paripe, diz o apresentador. Varela Chegou ao Subrbio em 1950, l estudou e trabalhou durante 29 anos. Segundo ele, o motivo que o fez sair do local foi um convite de trabalho do amigo Frana Teixeira para que fosse trabalhar na Rdio Clube de Salvador, em Nazar, e na TV Itapo, na Federao. O Frana me pediu para morar no Jardim Baiano por que era mais perto do trabalho e eu tinha que fazer resenha de manh, meio dia e de noite, explica. H cinco anos o apresentador mora no Horto Florestal de Salvador. As pessoas simples e antigos moradores do Subrbio Ferrovirio contam muitas histrias sobre temporrios visitantes que se renderam aos encantos da rea. Soube, atravs de um colega de faculdade, que Gregrio de Matos morou em Praia Grande. Antnio Carlos Magalhes teve em Itacaranha quando jovem, dizendo amar o local e que ia mud-lo um dia. As famlias Mendona, Peixoto e Magalhes, de classe mdia, vinham para as festas de veraneio e a gente ficava na janela observando, relata Slvio Ribeiro, 31 anos, morador do Subrbio desde os quatro anos. Passado de Glria S de raro em raro um fato inesperado rompe a monotonia dessa vida suburbana. Isso de maro a novembro, porque nos trs meses de frias, dezembro, janeiro, fevereiro, todos esses arrabaldes da Leste Brasileiro, dos quais Periperi o maior, o mais populoso e o mais belo, enchem-se de veranistas. Muitas das melhores residncias ficam fechadas durante quase todo o ano, pertencem a famlias da cidade, abrem-se apenas no vero. A ento anima-se Periperi, invadido de repente por uma juventude lacre: rapazes a jogar futebol na praia, moas de mai estendidas ao sol na areia, barcos a cruzar as guas, passeios, piqueniques, festinhas, namoros sob as rvores da praa ou na sombra dos rochedos. Assim o escritor Jorge Amado descreve a vida no Subrbio Ferrovirio nas primeiras dcadas do sculo. Amante de todos os cantos de sua terra natal, a Bahia, o escritor escolheu o Bairro de Periperi para ambiente fsico do romance Os Velhos Marinheiros, em 1961. No livro, Jorge Amado discute as aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Arago, que ao chegar no Subrbio de Periperi muda a pacata rotina dos moradores. Ao mesmo tempo em que o leitor se delicia com a saga do personagem fictcio, ele visualiza, em certos momentos da leitura, um panorama descritivo da populao, do modo de vida e dos costumes do bairro, na poca, considerado a capital do Subrbio Ferrovirio: A populao estvel (se excetuarmos pescadores e uns poucos comerciantes donos da nica padaria, de uns dois bares, de outros tantos armazns de secos e molhados, da farmcia -, alguns funcionrios da Leste Brasileiro nas casas ao lado da Estao) formada de aposentados e retirados dos negcios com suas respectivas famlias, quase sempre apenas a esposa e, por vezes, uma irm solteirona. Alguns desses idosos personagens afirmam preferir Periperi no seu pacato quotidiano de antes e depois do vero, mas, em verdade, todos eles terminam por envolver-se, de uma ou de outra maneira, na turbulenta agitao do veraneio. Quando no seja, para espiar, com olhos compridos e cobiosos, os corpos femininos seminus na praia cada pedao de mulher ou para comentar acidamente os casais de namorados nos cantos escuros. Tempos de luta- Um visitante que veraneou nos velhos tempos no Subrbio surpreender-se-ia, de imediato, se voltasse hoje ao local. A populao de classe mdia foi substituda pela de baixa renda, as residncias expandiram-se para alm do litoral, ocupando os morros e as reas da mata. O ar buclico cedeu espao ao caos urbano, na formao de favelas e no crescimento desordenado das famlias. As praias, poludas, atraem apenas a populao local, sem maiores recursos financeiros. Sem trabalho, parte da populao suburbana encontrou no comrcio informal uma alternativa para tirar o sustento da famlia. As varandas, janelas, salas, garagens, ou simplesmente todo o compartimento trreo das residncias servem como ponto comercial. So inmeras mercearias, quitandas, bares, mercadinhos, armarinhos, barbearias, lanchonetes, sales de beleza, borracharias e oficinas mecnicas e eletrnicas. A renda mdia da populao varia de meio a dois salrios mnimos. Inserir foto: Igrejas Relquias do passado Foi no alto de uma colina voltada para a Baa de Todos os Santos, dentro da ermida (pequena igreja) de Nossa Senhora de Escada, no Subrbio Ferrovirio, que o padre Jos de Anchieta abrigou-se, em 1566, para curar-se de malria. A paz e a beleza do local ofereceram condies ideais para o restabelecimento da sade do jesuta espanhol que veio catequizar o indgena no Brasil. Primeira capela de pedra construda na Bahia, a Igreja Nossa Senhora de Escada um dos mais antigos patrimnios histricos do Estado esquecidos no Subrbio. Junto arquitetura colonial, o edifcio de grande significado para a cidade por inserir-se no processo de sua fundao. A igreja de Escada uma das raras edificaes de Salvador que data do sculo XVI. Independente de sua importncia arquitetnica, de grande significado como marco de um processo social, explica o historiador Cid Teixeira. Construda em 1536 pelo portugus Lzaro Arvolo, em terras de sua propriedade, a igreja foi local de desembarque das tropas do prncipe holands Maurcio de Nassau, em 1638, na invaso capital. Outro fato marcante na histria da edificao que nele exercitou-se o direito de asilo, pela primeira vez que se tem notcia no mundo, diz Cid Teixeira (veja boxe). Mais antigas que a Igreja de Escada s existem em Salvador a Capela da Graa, fundada em 1525, a Igreja Matriz da Vitria, em 1531 e a Igreja da Ajuda que, se no tivesse sido demolida pela Companhia Circular, seria a mais velha da cidade. A Igreja de Escada apresenta grande semelhana com capelas rurais da Bahia, como a de So Jos do Genipapo, em Castro Alves; Nossa Senhora da Ajuda, em Cachoeira; e Santo Antnio dos Velasques, em Itaparica. O templo de Nossa Senhora de Escada foi tombado pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (ISPLAN), em 1962, que refez a fachada tentando restabelecer a concepo original. Novas obras de conservao voltaram a ser realizadas em 1974, incluindo pintura, troca de telhado, conserto da parede e do piso. A igreja tem sido alvo tambm de pequenos servios, graas mobilizao dos leigos e do dicono alemo Janusz Sojka, que est hoje na Rssia. Males da boa inteno Marceneiro, Janusk lapidou na madeira um ambo, a mesa do altar e uma grande cruz dentro do templo. Tambm foi ele o responsvel pela substituio das pedras do piso no rol e dentro da igreja e pela construo de um muro em torno dela, impedindo assim que casas da vizinhana ocupassem o terreno. As boas intenes de Janusk, contudo, nem sempre agradaram alguns membros da comunidade e, principalmente, a Prefeitura. Para Slvio Ribeiro, 31 anos, morador de Itacaranha, a interveno de religiosos de outros pases ou regies, que quase nada conhecem sobre a histria do lugar, pode ser prejudicial comunidade. A igreja vai, aos poucos, perdendo a referncia original, avalia. H 30 anos membro ativa da comunidade de Escada, Dona Silvina Cerqueira Maia, 70 anos, queixa-se da falta de ateno com o patrimnio religioso do local. A gente no tem ajuda de ningum. O prdio est se acabando. E a comunidade no pode fazer nada. Quando uma professora mandou pintar as paredes e passamos cimento no piso desgastado deu o maior problema com a prefeitura, diz. Composta de alpendre, capela-mor, nave, sacristia e sineira em arco, a igreja teve boa parte de seus bens perdidos nos perodos de reforma. Todo os dias, D. Silvina sobe a pequena colina para, no horrio mariano, fazer soar o sino convidando os fiis para a reza do tero, prtica que repete nas manhs de domingo, dia de missa. O sino que D. Silvina toca no o original, ele est entre as peas que foram roubadas, como o rgo e os bancos antigos. Nem a imagem de Nossa Senhora da Conceio de Escada escapou das aes inconseqentes. A coroa verdadeira e o anel, ambos de ouro, tambm sumiram. Seo Lus, um senhor que tinha muita devoo por Nossa Senhora da Escada, foi quem doou outra coroa de metal para a santa, conta D. Silvina. Igual destino teve a escada verdadeira que se fixava ao longo da imagem. Para no perder sua principal referncia, a escultura ganhou da comunidade uma escada simples, feita de madeira ao invs do ouro. De origem portuguesa e esculpida no sculo XVIII, a imagem tem 95cm e chama ateno pela beleza e olhar sublime. Os olhos so muito bonitos. Parecem reais, observa a senhora que tambm uma das zeladoras da igreja. Apontando para o globo azul sobre o qual se apoia a imagem, ela revela que um dos dois querubins que existiam aos ps da santa caiu no cho e quebrou, numa das limpezas. Existem duas verses para a origem do nome Nossa Senhora da Escada, uma local e outra de Lisboa. Cludio Silva de Jesus, 23 anos, morador de Plataforma explica o que ouviu de velhos moradores do Subrbio e foi passado a cada gerao. Nossa Senhora de Escada tem esse nome por causa das escadarias que haviam na colina para chegar da beira da praia at a capela. Na construo da estrada de ferro, cortou-se a parte da colina com as escadarias. Segundo a tradio portuguesa, a devoo santa anterior conquista de Lisboa. Junto velha ermita de Santa Maria da Escada, os pescadores amarravam seus barcos e, de mos erguidas, pediam virgem que protegesse suas redes. Outras Igrejas Mais quatro igrejas enriquecem a histria do Subrbio Ferrovirio. A Igreja de So Brs, em Plataforma; Nossa Senhora do , em Paripe, Nossa Senhora das Neves, em Ilha de Mar e a Igreja de So Bartolomeu, em Piraj. Todas construdas no sculo XVII e igualmente subvalorizadas pela cidade de Salvador. As igrejas de Nossa Senhora das Neves e Nossa Senhora do foram construdas pelos jesutas em terras de propriedade de fazendeiros da regio. Ilha de Mar pertencia famlia Dias DAvila e Paripe era propriedade de Joo Martim, primeiro fazendeiro do local. A capela Nossa Senhora do , em Paripe, foi construda em 1614 constituindo-se local de catequese dos ndios Aratus. Cid Teixeira diz que a origem do nome vem do verso da Salve Rainha, dedicada Maria. clemente, piedosa, doce e sempre virgem Maria, explica. J a Igreja de So Bartolomeu data de 1638 e est localizada numa colina de Piraj, s margens do Rio do Cobre. Tem esse nome por que os jesutas chegaram ao local em 24 de agosto, dia de So Bartolomeu no calendrio catlico. Construda pelos jesutas para catequizar os ndios da rea, a exemplo das tribos Itacaranha e Pirajs, a capela de So Brs, em Plataforma, era feita de taipa e coberta com palha de palmeiras. Da mesma forma que a Igreja de Escada, ela serviu como local de desembarque das tropas holandesas na terceira tentativa de invaso cidade, em 16 de abril de 1638. Os moradores de Plataforma festejam sempre a data, por ser de significativa importncia para o lugar. lgico que os interesses dos holandeses eram contra os da colnia portuguesa, mas o que ns comemoramos a data como marco de um processo social, diz Cludio Silva de Jesus. Joo Francisco Almeida Brando foi o primeiro fazendeiro de Plataforma. Sua propriedade estendia-se at a regio de Piraj. Responsvel pela ampliao da capela, procurou manter os detalhes originais colocados pelos jesutas. Conta-se que lvaro Catharino, filho de Bernardo Catharino, dono da fbrica de tecidos da regio, levou para Portugal a imagem de So Brs em estilo barroco para restaur-la, em 1955, mas at hoje a escultura original no foi devolvida, explica. A imagem de So Brs que est hoje no altar da igreja no a verdadeira deixada pelos catequizadores. Para a igreja no ficar sem a imagem de seu padroeiro, a Fbrica de Tecidos So Brs doou uma outra do mesmo santo, que mantinha numa capela no interior da companhia. A escultura original pode estar numa das outras igrejas de So Brs do Brasil. Nas reformas pelas quais passou, a capela teve seu altar modificado. Ele era todo pintado em ouro. As tribunas de madeiras e as duas imagens de querubins foram retiradas, dando mais simplicidade ao local. notvel a descaracterizao que os edifcios antigos do Subrbio Ferrovirio vm sofrendo. Na Capela de So Brs, que hoje est reformada, muito alterada da fisionomia original, havia festas ruidosssimas, que se realizavam a cada ano no dia 03 de janeiro, dia consagrado pela Igreja Catlica a So Brs. As pessoas faziam romarias para benzerem a garganta e ficar com voz bonita, recorda Cid Teixeira. Exposto ao do tempo e falta de projetos adequados de recuperao, o patrimnio religioso do Subrbio corre o risco de extinguir-se, perdendo-se parte da histria da Bahia. A Ferro e Brasa O curioso fato aconteceu em 1576, quando Sebastio da Ponte, um rico senhor de engenho refugiou-se na Igreja Nossa Senhora de Escada. Cruel nos castigos aplicados nos seus servos, ele ferrou o ombro de um homem branco como se crava no animal a marca do seu dono. O ofendido viajou para Lisboa e, perante o rei, deixou cair a capa que levava sobre os ombros, em lgrimas, mostrou-lhe o ferrete pedindo justia. Diante da agresso sofrida pelo homem, o rei escreveu uma carta ao governador ordenando a priso de Sebastio. Ao tomar conhecimento do mandado, Sebastio utilizou-se de uma inteligente artimanha: comeou a andar com hbito e refugiou-se dentro da igreja. Como no era casado, alegou que tinha ordens religiosas e que, sendo clrigo, estava num local de extra-territorialidade. Razes que levaram o bispo D. Antnio Barreiros a interceder para que o agressor no fosse preso. O fato gerou um grave conflito com o Governador Geral do Brasil, Lus de Brito, como narra o baiano Piraj da Silva nos comentrios referentes obra, Notcia do Brasil, de Gabriel Soares de Souza: Comeou logo a preceder a censuras e, finalmente, chegou o negcio a tanto que houveram de vir s armas, correndo com ela o povo nscio e inconstante, j o bispo com o temor das censuras, j o governador com pena do temor capital que, ao som da caixa, se publicava. Depois de um ano criando problemas de ordem jurdica, religiosa e administrativa na cidade, Sebastio foi preso, levado para Lisboa e recolhido priso onde morreu. Inserir foto Caminho de ferro Caminho de Ferro Bons tempos aqueles em que viajar no trem suburbano era um romntico passeio pela Baa de Todos os Santos, como canta Caetano, vendo As casas to verde e rosa/ Que vo passando ao nos ver passar/ Os dois lados da janela/ E aquela num tom de azul/ Quase inexistente azul que no h/ Azul que pura memria de algum lugar. O trecho da msica Trem das Cores do cantor e compositor traduz a lembrana dos passageiros que acompanharam a melhor fase do trem no Subrbio. Difcil esquecer a velha Marta Rocha, o trem Motriz, o Mochila, o Corujo e a Andorinha. Coloridas recordaes da poca em que cada locomotiva era um ente querido, com nomes carinhosamente escolhidos pelos usurios. As pessoas mais velhas do Subrbio Ferrovirio lembram muito bem do Cabrito de Z Penteado, que era um maquinista com muito sucesso na rea, e da curva de Joo Fininho. Coisas que ficaram na memria dos moradores daquela regio, recorda o historiador Cid Teixeira. Muitos maquinistas, operrios e engenheiros da ferrovia moravam no Subrbio em casas alugadas da Leste Brasileiro. Isso facilitava a proximidade entre os funcionrios da companhia e os moradores e veranistas que utilizavam seus servios. At por que, naquela poca, Salvador tinha 200 mil habitantes e o Subrbio no era to populoso, comenta o apresentador Raimundo Varela referindo-se s dcadas anteriores a 1950. Calada Paripe o mais antigo trecho da extinta Estrada de Ferro Bahia a So Francisco, primeira ferrovia construda na Bahia e terceira do Brasil. Partindo da Calada, o trem de passageiros percorre nove estaes: Lobato, Almeida Brando, Itacaranha, Escada, Praia Grande, Periperi e Coutos, desembocando 13,5km depois em Paripe. Na trajetria, o trem passa por baixo de dois viadutos, um na Baixa do Fiscal e outro no Lobato, e corre a regio ora avanando no sentido do mar ora fazendo fronteira com ele. Antes o caminho de ferro servia tambm para o transporte de cargas, mercadorias, bagagens, encomendas e animais. Hoje o nico trecho da malha ferroviria da Bahia que opera com transporte de passageiros. Durante a viagem possvel vislumbrar as runas de antigas oficinas e fbricas da Leste, ao mesmo tempo que se tenta reconstituir a histria da ferrovia e, desse modo, do local onde est inserida. Raimundo Varela decepciona-se com a situao das locomotivas. Os trens tinham poltronas acolchoadas, reclinveis e ar-condicionado, no era essa sujeira que est a hoje, critica. O choque entre os vestgios do passado e a dura face do presente inevitvel. O Subrbio cresceu, tornou-se periferia da grande Salvador, e o transporte ferrovirio, que j foi o preferido, tornou-se obsoleto, incapaz de concorrer com a moderna avenida construda ao seu lado, a rodovia Afrnio Peixoto. Servio Precrio Com precrios e escassos servios de manuteno e infra-estrutura, o primeiro trecho inaugurado da antiga Estrada de Ferro Bahia a So Francisco, CaladaParipe, atende hoje apenas pequena demanda de passageiros que moram prximo s estaes e que, mesmo assim, nem sempre pagam passagem. Boa parte do caminho de ferro aberto, dificultando o controle pela Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU) dos usurios que utilizam o servio sem pagar por ele. O percurso Calada-Paripe feito em 30 min, variando o intervalo entre um trem e outro de 20 em 20 min nos dias teis, e de 30 em 30 nos feriados. O transporte ferrovirio de passageiros no funciona nos domingos. Os horrios de funcionamento so de segunda a sexta das 6h s 21hrs, sbado das 6h20 s 18h30 e feriados de 7h30 s 18hrs. A tarifa cobrada de R$0,36, o que representa uma economia de 60% em cada passagem de trem se comparada com a do transporte rodovirio. O valor da passagem sofreu dois reajustes antes de completar um ano. At 5 de outubro pagava-se R$ 0,32, preo fixado em novembro do ano passado. Mesmo com o baixo custo da tarifa, apenas 5.500 passageiros passam pelo guich de um fluxo dirio estimado em 10 mil, explica o superintendente Al Melo. Isso acontece por que nosso efetivo de empregado est muito aqum da necessidade. Ns concentramos todo nosso pessoal no horrio de maior volume de passageiros, diz o superintendente. Desde 1988, a CBTU controla, explora, ocupa e gerencia o transporte de passageiros no Subrbio. Atualmente, trs velhas composies eltricas, com dois carros motor e uma classe, cada, esto em operao. A vida til de uma locomotiva de 30 anos; contudo, os trens que operam no Subrbio possuem 39 anos. Apesar da aparncia antiga, o superintendente da CBTU, Al Melo, garante que a estrutura das composies no oferece perigo aos usurios. Tendo em vista os novos materiais rodantes existentes, cria-se uma certa ansiedade para que haja a troca dos materiais. O que o trem precisa, na realidade, substituio de chaparia e pintura, afirma. A falta de segurana dentro dos trens e o estado de conservao das mquinas causam revolta aos usurios. Prefiro andar de nibus, s pego o trem quando no tem jeito, diz Wagner Angelin da Silva, 28 anos. O transporte ferrovirio uma negao, alm de insuficiente, sujo, imundo, denuncia o passageiro apontando para o cho e laterais da locomotiva. Com muitas portas e grades das janelas arrancadas, o trem suburbano expe o passageiro ao alvo fcil das pedradas de moradores ao longo da linha. Segurana deixou de ser uma qualidade do transporte ferrovirio, no Subrbio. Alguns passageiros temem o rompimento da Ponte que liga o bairro de So Joo a Plataforma, aps constatarem a presena de algumas fissuras. Al Melo garante que a empresa Tecnosolo realizou um estudo das condies da ponte, afastando qualquer possibilidade de que haja risco de colapso ou ruptura. Eu posso garantir que o dimensionamento daquela ponte foi feito para veculos ferrovirios de carga, com capacidade de 100 toneladas, afirma o superintendente. Principalmente, se houvesse risco ns teramos o cuidado com os funcionrios da CBTU, diz Al Melo. Segundo ele, a ponte precisa apenas da troca de pequenas peas enferrujadas Trem de Superfcie Antes do mais antigo trecho da estrada de ferro da Bahia se transformar em runa, face ao abandono em que se encontra, a Prefeitura Municipal promete recuper-lo. A integrao do trem de passageiro do Subrbio Ferrovirio ao Projeto Metr de Salvador esperada com grande expectativa pelos moradores da regio. Segundo Marcos Medrado, s no trecho Calada-Paripe sero investidos recursos da ordem de 20 milhes para restaurao dos trilhos e substituio das antigas locomotivas. Da estao da Calada, o percurso vai se estender at o Terminal da Frana e uma frota de nibus alimentadores integrar o trecho ao sistema metrovirio. Ao contrrio do que pensam muitos usurios, os 13,5 Km da ferrovia do Subrbio no sero servidos por metr e sim por trens mais modernos. Segundo Geraldo Teixeira, diretor da Companhia de Transporte de Salvador (CTS), a limitada demanda de passageiros no Subrbio no justifica a implantao de um sistema de alta capacidade como o metr, que chega a transportar 1250 pessoas em cada viagem. O nmero de usurios da regio que prefere andar de trem indica que se pode chegar a transportar algo em torno de 6 mil passageiros/dia, num veculo menor, afirma. Geraldo Teixeira coloca tambm que o metr, por ser de alta velocidade, exige uma linha exclusiva, sem qualquer tipo de interferncia no percurso, o que torna invivel sua implementao no Subrbio. Boa parte do trecho Calada-Paripe aberto pois existem residncias dos dois lados da linha frrea. O incio do processo de revitalizao do transporte ferrovirio de passageiros est previsto para dois anos, tempo necessrio para a transferncia de gesto da CBTU para a Prefeitura de Salvador. um presente de grego, diz referindo-se degradao da estrada de ferro. Depois de receber da CBTU a administrao do trem de passageiros no Subrbio, a prefeitura vai abrir concorrncia pblica e privatizar o sistema. Ganha a empresa que oferecer as melhores taxas para os usurios e locomotivas modernas, informa Geraldo Teixeira. Ele foi especialmente a duas cidades francesas para estudar o que h de melhor no transporte ferrovirio no mundo. O Projeto do metr desenvolvido pela Prefeitura de Salvador atravs da Secretaria Municipal da Promoo de Investimentos (SEMPI), a CTS e os governos Federal e do Estado. A primeira etapa, Lapa Piraj, comea a ser desenvolvida em janeiro de 2000, com investimentos de cerca de US$ 302 milhes, sendo US$ 150 milhes provenientes do Banco Mundial (BIRD). A vantagem da adoo de um sistema de transporte como o metr em cidades grandes seu custo/benefcio, informa o superintendente da CBTU, Al Melo. Para implantar 1Km de rodovia gastaria-se hoje US$ de 1 a 2 milhes. Para implantar 1Km de via frrea para trem de superfcie seriam necessrios de US$ 12 a 15 milhes, ao passo que para a mesma distncia de linha de metr o custo ficaria em torno de US$ 50 a 60 milhes, compara. . Da Bahia ao Velho Chico A Estrada de Ferro Bahia ao So Francisco foi a primeira ferrovia construda na Bahia e a terceira do Brasil. O primeiro trecho, Calada Paripe, comeou a ser construdo em 1853 e foi inaugurado em 23 de junho de 1860, com 15 Km de extenso. Segundo a engenheira Gildete Batinga, 80 anos, essa estrada foi tambm a primeira a chegar at o Rio So Francisco, objetivo de toda estrada de ferro construda na poca. Julgava-se que quem chegasse at o rio ia enriquecer e desenvolver o vale, afirma. O projeto foi executado em Londres pela empresa Bahia and So Francisco Railway Company. Em 1911, a ferrovia baiana passou a ser administrada por uma empresa francesa, a Companhia Este Brasileiro e, em 1 de junho de 1934, passou para o governo federal mudando sua razo social para Viao Frrea Federal Leste Brasileiro (VFFLB). A partir de 1957 foi includa entre as 18 ferrovias que integravam a Rede Ferroviria Federal S/A (RFFSA). Antes a RFFSA operava com o transporte de passageiros e carga. O trem de passageiros era de dois tipos: o do Subrbio, que ia de Salvador at Paripe, e o do interior, explica o chefe da Diviso de Patrimnio da Rede, Rider Alves de Matos. O transporte ferrovirio de passageiros no interior do estado foi extinto e a RFFSA, em setembro de 1996, arrendou o transporte de carga no interior para o Consrcio Ferrovirio Atlntico. Em 1988, o Governo Federal descentralizou a administrao das ferrovias e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) passou a explorar e gerenciar o transporte de passageiros nos Subrbios. Segundo Al Melo, dentro de dois anos a CBTU ser descentralizada e a prefeitura vai assumir a explorao do trem suburbano. O Novo Subrbio Pouca gente sabe, mas a Avenida Suburbana chama-se, na verdade, Avenida Afrnio Peixoto. Inaugurada em 1971, no governo de Lus Viana Filho, a rodovia tem 14 Km e corta o Subrbio paralela estrada de ferro. Engana-se quem pensa que o escritor baiano tenha algum vnculo com o Subrbio por ter merecido a homenagem. Segundo Cid Teixeira, o governador Lus Viana Filho sempre foi amigo e admirador do escritor, da o motivo de presente-lo. A homenagem merecidssima, Afrnio Peixoto tem todo respeito pelo seu importante papel social na cultura baiana, embora pessoalmente no esteja vinculado ao Subrbio. A Avenida estende-se do bairro comercial da Calada at Paripe, sendo articulada com a BR-324 atravs da Ba-528. a artria central que permite a ligao entre o centro da cidade e os bairros do Subrbio. Como a estrada de ferro, a rodovia tambm serve como denominao do Subrbio de uma forma geral, embora a expresso Avenida Suburbana esteja muito mais relacionada fase posterior mudana funcional da regio: de local de veraneio para ocupao fixa. A implantao da avenida facilitou o deslocamento de pessoas e de mercadorias, possibilitando o surgimento de novos servios nos bairros. Em contrapartida, ocasionou a valorizao de terras e dificultou sua aquisio por parte da classe de baixa renda. Acesso importante ao Centro Industrial de Aratu e Base Naval, a rodovia Afrnio Peixoto uma das mais extensas de Salvador. Sua implantao no Subrbio Ferrovirio e a conseqente evoluo demogrfica da rea determinaram significativa reduo do fluxo de passageiros da estrada de ferro. Segundo Al Melo, com a estagnao de locais para moradia prximos a linha do trem, a populao do Subrbio expandiu-se ocupando reas dos morros. O transporte rodovirio deu maior comodidade a essa populao, evitando que precisasse descer para andar de trem, apesar de ser mais barato. A engenheira Gildete Batinga diz que faltou planejamento, pois a funo principal da rodovia no Subrbio seria coletar a populao dos morros e transport-las at as estaes de trem. Pode-se alimentar a ferrovia com um bom transporte rodovirio, afirma. Mas, como lembra Rider Alves de Matos, chefe da Diviso de Patrimnio da Rede Ferroviria federal, o transporte rodovirio muito mais lucrativo. a construo de uma estrada de ferro muito mais cara do que a de uma estrada de rodagem, na qual o governo arrecada com os impostos e pedgios cobrados, o que no possvel com a ferrovia, pois o dinheiro da manuteno vem da empresa concessionada. Surf sobre trilhos* A bermuda de surfista mal pendia em sua cintura. Esqulido, magro e pequeno, aproximou-se dos colegas encostados no que sobrou de uma antiga porta do trem. P, Cuia morreu vi. Cuia morreu Lamentou num tom sentido e manso, gesticulando as mos no ar, enquanto o trem seguia seus trilhos aps parar em mais uma estao do Subrbio Ferrovirio. Quem? - Perguntou um deles. Cuuuia! Aquele doido de Plataforma. Cuia, o pintor. Fiquei surpresa de imediato com aquela situao. Em p, ao lado deles, ouvi atenta a conversa que parecia tratar-se de um surfista vtima de um acidente de trem fazia trs dias. Caiu da Ponte de So Joo, sbado, bateu a cabea no fio. O enterro foi hoje. Tirou um pequeno mao de dinheiro do bolso de trs da bermudona e mostrou para os colegas dizendo: T com esse dinheiro aqui e vou l em Paripe fumar na inteno dele. O cara merece. Guardou o dinheiro embolado e, diante do silncio dos colegas, continuou consternado: Novinho, meu. S tinha 22 anos... E os filhos? Deixou dois e a esposa ainda t gestante. Hoje dia das criana, olha o presente que ele deu pros filhos? Curiosa, no percebi que observava demais a situao. Quando dei por mim o neguinho me encarava com uma sombra de dvida no olhar. Havia dias buscado, em vo, informaes sobre os surfistas. De estao em estao, mudava da ltima classe para a primeira ou ficava no vago do meio, caando, perguntando e observando propensos surfistas. Foi grande minha alegria ao perceber que o que tanto busquei chegou at mim de forma inesperada. Para disfarar meu constrangimento, perguntei: Era seu colega? - ele assentiu. Sinto muito. Ele mudou de assunto balbuciando palavras como seu nego, mas minha mente estava muito longe para emitir qualquer raciocnio lgico sobre outro assunto que no surf sob trilhos. Lembrava-me da cena do dia anterior quando vi, pela primeira vez, um garoto surfando. Como nas outras vezes, fiquei junto porta na expectativa de v-los subir para o teto do trem. Enquanto tomava nota de uns dois acidentes presenciados por um usurio, vi, perplexa, a sombra dos vages em movimento projetada no solo e, sobre um deles, a figura de um rapaz equilibrando-se. Os braos estendidos, o tronco curvado, ora agachado sob os fios de alta-tenso, ora em p cambiante. Ele estava to perto de mim e ao mesmo tempo inacessvel. Eufrica, aguardei a prxima estao e gritei quando ele j estava em terra firme. Quero entrevistar voc. Cerca de 1,5 m era a altura que me separava do local em que ele estava e poucos segundos o tempo que dispunha para me aproximar. Entrevistar? Respondeu-me entre inseguro e zombativo e sumiu, deixando porta do trem, que j saa da estao, uma frustrada candidata reprter. O pssaro se foi da mesma forma que surgiu. Tentei vrias vezes falar com os jovens surfistas. Deixei papel e caneta em casa ao notar que fugiam de mim com medo da fiscalizao da CBTU. Os que sabiam um pouco sobre o assunto calavam-se, diziam no conhecer nenhum maluco desses. Quem falar aqui morre, alertou um deles arrependendo-se em seguida: J falei demais. *** Carncia de Sonhos difcil encontrar um costumeiro passageiro de trem que nunca tenha presenciado um acidente na malha ferroviria do Subrbio. Cuia foi mais um de uma srie de jovens e adolescentes que, no surf sob trilhos, supera a carncia de altas ondas nas guas tranqilas da orla perifrica. Aps bater a cabea num dos fios de alta-tenso, de 3 000 V, da rede ferroviria, Cuia caiu, no dia 9 de outubro, entre duas colunas da Ponte So Joo, que liga os Subrbios de Lobato a Plataforma. Os acidentes sucedem-se, mas no intimidam os surfistas. Manoel de Frana, 24 anos, vendedor de jujubas e amendoins no interior dos trens, diz que, antes de se lanarem em to arriscado esporte, os surfistas cheiram uma boa dose de entorpecentes para criar coragem e viver o perigo. Manoel tem um colega que j sofreu um srio acidente nos trilhos da ferrovia, teve hemorragia interna e perdeu peso, ficando com uma parte do corpo deformada. Mesmo com tudo que passou, ele no desiste do surf, conta. Surfar em cima do trem no a nica modalidade do esporte praticado por alguns jovens suburbanos. At mesmo as crianas j se habituaram a saltar com o trem ainda em movimento. Assustados, os passageiros mais velhos balanam a cabea em sinal de reprovao. Mas as peripcias no se resumem a isso: muitos surfistas gostam de ficar pendurados no fundo do trem ou entre um vago e outro, pegando morcego, na gria dos aventureiros. H tambm os que se equilibram nas laterais como aranhas. Erivaldo de Souza Pontes, 16 anos, pega morcego h um ano e j viu um colega morrer carbonizado. Para ele, a sensao de ficar destilando, como tentou traduzir a experincia. Com idades entre 10 a 18 anos, os surfistas pouco se importam com o perigo a que se expem. Diferente da malha ferroviria do Rio de Janeiro, na qual outros jovens desenvolvem a mesma prtica, a ferrovia de Salvador mais arriscada. Os fios de alta-tenso ficam mais baixos e pequena a distncia entre uma linha de trem e a outra. O escuro e ftido tnel entre as estaes e o trepidar dos vages na Ponte So Joo j causaram muitas mortes, mas no intimidam os jovens, ao contrrio, aumentam sua adrenalina e o desejo de serem mais espertos do que os que fracassaram. Inserir foto: Lobato. Bero do Petrleo Lobato. Bero do Petrleo O betume da construo dos clebres Jardins Suspensos da Babilnia de Nabucodonosor; o impermeabilizador da Arca de No; os egpcios o usaram para embalsamar os mortos e na construo de pirmides, enquanto gregos e romanos dele lanaram mo para fins blicos. O petrleo, o ouro negro capaz de erguer e destruir imprios, jorrou pela primeira vez no Brasil no Subrbio Ferrovirio. H 60 anos, o baiano Oscar Cordeiro via concretizado, no campo do Lobato, o resultado do exaustivo trabalho empreendido sem o apoio do governo do Estado Novo. Segundo o escritor Monteiro Lobato, no livro O Escndalo do Petrleo e Ferro, o programa do Ministrio da Agricultura da poca sempre foi no tirar petrleo e nem deixar que outrem tire. Monteiro encampou uma verdadeira batalha para que o governo explorasse suas riquezas petrolferas, mas a polcia da ditadura mobilizava-se para garantir a verdade dos americanos de Standard Oil, que diziam no haver petrleo no pas a fim de garantir mercado consumidor para seus poos, e, posteriormente, adquirir as jazidas brasileiras. Monteiro Lobato chegou a ser preso por afirmar a existncia do petrleo no pas, mas o nome do bairro onde foi comprovado que o escritor dizia a verdade no guarda nenhuma relao histrica com a regio. O nome Lobato muito anterior ao nascimento talvez do bisav de Monteiro Lobato. Coincidentemente, o petrleo na Bahia foi pela primeira vez extrado na rea do Lobato e o escritor paulista estava vinculado ao assunto, mas uma coisa no tem nada a ver com a outra, explica o historiador Cid Teixeira. O professor Piraj da Silva, nas notas biogrficas de Notcia do Brasil, de Gabriel Soares de Souza, diz que Francisco Rodrigues Lobato foi um senhor de engenho, dono da regio onde existiu uma pedreira de nome Lobato e onde foram perfurados os poos petrolferos. A histria do petrleo no Lobato remonta ao ano de 1859, poca da construo da Estrada de Ferro Bahia a So Francisco. Durante as obras, o ingls Samuel Allport observou o gotejamento de leo, a 8m da ferrovia. Setenta anos depois, o engenheiro agrnomo, Manoel Incio Bastos, tomou conhecimento de que os moradores do Lobato usavam uma lama preta oleosa para iluminar suas residncias. A partir de ento, retornou vrias vezes ao local para pesquisas e coletas de amostras para levar a pessoas influentes. Em 1932, o agrnomo entregou um relatrio ao presidente Getlio Vargas, no Rio de Janeiro. Um ano depois, o engenheiro Bastos conseguiu empolgar o Presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, Oscar Cordeiro, que passou a explorar a regio em bases comerciais. Com a criao do Conselho Nacional de Petrleo CNP, em 1938, o poo passou a ser perfurado com uma sonda que, em 21 de janeiro de 1939, revelou o petrleo no Lobato. No dia 22, domingo, fui cedssimo para o Lobato e tive a mais formidvel sensao de minha vida. O petrleo manava da boca do poo e corria pelo cho rumo ao leito da estrada de ferro!... Narrou Oscar Cordeiro no relatrio que enviou para Monteiro Lobato, aps a constatao de suas pesquisas. No tendo como ignorar a existncia do leo, o ento presidente do Brasil, Getlio Vargas, visitou o Subrbio Ferrovirio acompanhado de altas autoridades, no dia 22 de outubro de 1940, inaugurando um marco, smbolo da riqueza brasileira, no local que hoje circundado por humildes residncias. Primeiro registro A existncia de leo no Estado j havia sido observada desde o sculo XIX. Em 1858, um decreto assinado pelo Marqus de Olinda concedeu ao cidado Jos de Barros Pimentel a permisso para extrair o mineral betuminoso para a fabricao de gs de iluminao nos terrenos situados s margens do rio Mara, na Provncia da Bahia. Inserir foto Rio do Cobre Parque Piraj/So Bartolomeu Pulmo do Subrbio Ferrovirio Santurio ecolgico da cidade e santurio dos orixs, maior parque urbano da Amrica do Sul e maior reserva da Mata Atlntica urbana do Brasil, so inmeros os aspectos que caracterizam a importncia do Parque Metropolitano Piraj/So Bartolomeu para Salvador. Vrias tambm so as razes para o Subrbio Ferrovirio orgulhar-se por abrigar 1550 hectares de rea, onde histria, religio e natureza esto integrados num s local. Depois de muito tempo entregue prpria sorte, o parque reclama medidas urgentes de proteo e recuperao, a exemplo da luta pelo seu reconhecimento pela Unesco como Patrimnio Cultural da Humanidade. Antigo Baixo Urubu, em virtude da grande quantidade de urubus que se alimentavam do mangue da regio, o parque representa uma das ltimas reas verdes de Salvador. Possui a Barragem do Cobre, a mais importante reserva de gua potvel do Subrbio; o mangue, onde os Novos Alagados ergueram sua palafitas, trs cascatas e duas rochas de grande significado religioso. Sua flora contm plantas medicinais utilizadas nos cultos do candombl e pelas comunidades das redondezas para o cura de certos males. Foi nesses trs ecossistemas, o manguezal, o rio e a mata que a populao indgena se estabeleceu, nomeando o local no passado como Baixo Urubu, diz Slvio Ribeiro, 31 anos, coordenador da Associao Amigos do Parque So Bartolomeu. O local reuniu negros rebeldes contra o sistema escravista, no sculo XIX, que formaram o Quilombo do Urubu. O quilombo estendia-se da mata do So Bartolomeu at o Cabula. Diversas lutas do processo civilizatrio brasileiro aconteceram no local. Localizado entre a Avenida Suburbana e a BR 324, o bairro de Piraj foi palco das lutas pela independncia da Bahia, travadas no dia 8 de novembro de 1822, culminando no triunfal Dois de Julho de 1823 e na consolidao da Independncia da Bahia. O "viveiro de peixes", Piraj, no idioma tupi, sediou tambm a Sabinada, em 1837, no processo republicano da Provncia. Antes disso, a regio j havia servido para o levante de negros das naes Nag e Hauss, em 1826, e a insurreio dos Mals, em 1835. Mangue em extino A falta de segurana, a poluio e o desmatamento so os trs maiores problemas do Parque So Bartolomeu/ Piraj. O mdulo da Polcia Florestal da rea est desocupado e as guaritas de observao ainda no foram construdas. Quando precisa levar um grupo de visitantes para conhecer o parque, Silvio tem que fazer um ofcio pedindo escolta dos policiais. Falta tambm uma poltica de integrao entre as duas guarnies que vigiam o parque, uma da entrada do So Bartolomeu at a primeira praa, a de Oxum, e outra desta at Piraj. O mangue formado pela interrupo do encontro da gua doce do Rio do Cobre com a gua salgada da mar corre o risco de ser extinto. Quando a populao se instalou nos manguezais tirou toda a fauna e hoje degrada a flora, relata Joo Reis, ogan do Terreiro Onzo de Angoro (Casa de Angoro). Na parte de cima do parque, onde est localizada a barragem do Rio do Cobre, o desmatamento, as queimadas e a retirada de madeira para construo de palafitas, comprometem a reserva. Sem qualquer tipo de portal, o parque vai sendo ocupado desordenadamente pela populao. Inmeras pessoas residem h mais de 20 anos na rea do manguezal. No ano passado, perto da nascente do rio do Cobre, a Embasa retirou uma srie de famlias que ocupava cerca de 100m2 da rea. Construda em 1936, a Barragem do Rio do Cobre fornece gua potvel para vrios bairros do Subrbio e fiscalizada precariamente. Ecologia da F A Bahia tornou-se o ponto de convergncia da cultura Yorub (origem sudanesa, pelos negros nags). O Olorum, como divindade suprema, a quem se cultua atravs de intermedirios, os Orixs. Dentre estes esto o Abatol, o maior de todos; Xang, deus do trovo; Ex, encarnao do desafio, da vontade e da irreverncia; Ogum, das lutas e das guerras; Yemanj, Yansan, Nanam, Oxum, Oxumar, divindade das guas; Oxssi, deus caador; Omol, Orix da varola; Ibeji, os gmeos e outros. Santurio religioso do candombl, o Parque So Bartolomeu representa a maior referncia dos cultos afro-brasileiros na cidade e no e no Estado. A floresta, as nascentes, as cascatas (Nan, Oxum e Oxumar) e as rochas (Pedra do Tempo e Omol), so reas sagradas, objetos de culto e peregrinao desde a metade do sculo XIX. No catolicismo Deus se faz homem para que o homem entendesse Deus, na cultura iorubana Deus se faz natureza, explica Joo Reis, ogan do Terreiro Onzo de Angoro (Casa de Angoro). Por ser uma religio extremamente ambientalista, o Candombl necessita do contato direto com a natureza, por isso cada elemento do meio ambiente constitui-se um orix. O Parque oferece uma grande variedade de ervas sagradas e folhas medicinais indispensveis aos ritos, cerimnias, oferendas e trabalhos para uso individual e coletivo. A Associao Amigos do parque So Bartolomeu realizou uma pesquisa de plantas medicinais com a comunidade do parque e recolheu mais de 50 tipos diferentes de ervas na rea. As mais comuns so Murici, Capianga, So Gonalinho, Aroeira, Espada de Oxum, Espada de Oxossi, Espada de Elefante, Caiara, Arruda, Corona. Muitas dessas ervas milagrosas so comercializadas na Feira de So Joaquim. Outras como Abre-caminho, Tira-teima, Tira-quizanga e Rompe-gibo no existem mais no Parque. S no Subrbio Ferrovirio existem mais de 100 terreiros de Candombl, destes, 20 esto diretamente ligados Aliana para o Parque, associao que estabelece parcerias com escolas, associaes de bairro, terreiros e outras entidades envolvidas na defesa do Parque So Bartolomeu. A falta de segurana no local e a conseqente violncia fez com que muitos terreiros deixassem de freqentar o local. Outro problema enfrentado pela religio no Parque So Bartolomeu o preconceito da populao com o candombl. O povo que conhece sua histria tem uma ligao espiritual com a religio afro, diz Slvio ressaltando a necessidade de um trabalho de conscientizao com os moradores do subrbio e, mais especificamente, do parque. Segundo o Ogan Joo Reis todas as oferendas, cultos e ritos realizados no Parque So Bartolomeu so formas de fazer a energia da natureza habitar no homem. Ao contrrio do que muitos pensam, as oferendas no so para os Orixs realizarem o servio, nem so oferecidas natureza, so, sim, formas egostas de fazer com que seu corpo perceba e entenda melhor a natureza. O Significado das Cachoeiras Oxumar* Antigamente era um adivinho (babala). Fazia adivinhaes para o rei Oni, do reino iorub. Foi chamado pela rainha Olokum para jogar o if para curar uma doena de seu filho. Olokum o recompensou oferecendo-lhe uma roupa azul feita de um rico tecido. De volta ao reino do rei Oni, recebeu uma roupa do mais belo vermelho. Oxumarar no era amigo de chuva. Quando chuva reuniu as nuvens, Oxumar agitava sua faca de bronze e apontava em direo ao cu, como se riscasse de um lado a outro. O arco-iris aparecia e chuva fugia. Oxum* Muito bonita, dengosa e vaidosa. Lavava suas jias antes mesmo de lavar suas crianas, como so geralmente as belas mulheres. Gostava de panos vistosos, marrafas de tartaruga e tinha, sobretudo, uma grande paixo pelas jias de cobre na terra dos iorubs. *(Pierre Fatumbi Verg Lendas Africanas dos Orixs, Editora Corrupio, RJ.) Nan* So os manguezais. todo o princpio da vida e morte que se renova a cada momento. So os carangueijos, a lama que fertiliza, que d origem, atravs dos mitos, a toda concepo de vida e de morte do povo santo. *(Flvio Pessoa decano da Universidade Federal do Rio de Janeiro) Foto: Itacaranha Paraso Perdido Porm dentro habitada/ E muito bela, muito desejada,/ E como a concha tosca e delustrosa,/ Que dentro cria a prola formosa. Assim cantou o poeta baiano Manuel Botelho de Oliveira sobre a Ilha de Mar, um pequeno paraso integrante do Subrbio Ferrovirio. Para chegar at a ilha faz-se um passeio de lancha ao custo de R$ 1,00 em dias teis e R$ 1,50 aos domingos enquanto se aprecia a beleza de Inema, uma praia de propriedade da Base Naval de Aratu. Foi em Inema, nesse escondido cantinho da marinha, que o presidente da Repblica, Fernando Henrique Cardoso, preferiu passar alguns dias de descanso em 1997 e outubro de 1998. O historiador Cid Teixeira rendeu-se aos encantos do local e hoje ainda possui a casa onde tambm morou muitos anos. Meus netos passam mais tempo l do que em Salvador, conta. Outra praia famosa do Subrbio So Tom de Paripe, batizada como Praia do Oi! pela populao por ser o ponto de encontro de vizinhos e amigos nos feriados e finais de semana. Por causa de sua beleza natural, So Tom de Paripe serviu de rea de locao para o filme Dona Flor e Seus Dois Maridos, na dcada de 70. Nesse bairro morou o ex-governador Roberto Santos e onde Marcos Medrado reside h 26 anos, depois de ter morado em Periperi, Paripe e Plataforma, nicos bairros do Subrbio at os anos 30. Mesmo poludas, as praias de Itacaranha, Escada, Tubaro e Periperi so ainda bastante freqentadas nos dias de sol, oferecendo uma bonita vista para quem passa de trem. As guas tranqilas so convites para as crianas e mais sossego para os adultos que as acompanha. Na dcada de 40, foi atravs das guas da Baa de Todos os Santos, no litoral suburbano, que o presidente Getlio Vargas conheceu o Subrbio, recepcionado por uma regata, esporte comum na poca. O perfil dos freqentadores, hoje, difere muito da poca em que o Subrbio Ferrovirio era um aprazvel local de veraneio. Com o crescimento populacional desordenado da regio, e a expanso de casas no sentido litoral-morro, as praias passaram a ser depsitos de lixos e redes de esgoto. uma pena, pois a tranqilidade do mar no Subrbio era timo para o banho, e ainda podia-se desfrutar da bonita paisagem da Ribeira, lembra Seo Jlio Costa da Silva, 65 anos, morador de Paripe desde 1955 . Um dos efeitos mais danosos do tipo de ocupao da costa suburbana a anulao do efeito paisagstico. Com o surgimento da ferrovia, o transporte hdrico tornou-se secundrio no contexto urbano e os pequenos cais e ancoradouros desapareceram. Dentro da lgica atual de atrao de visitantes e promoo de centros de lazer, a prefeitura est realizando o programa Baa Azul para limpar as praias da Baa e acabar com o esgoto a cu aberto. Foto: Fbrica e Lindu Memria do Subrbio O sorriso sempre nos lbios , sem dvida, o que mais chama ateno naquele senhor franzino que trabalhou 55 anos na Fbrica de Tecidos So Brs (FATIBRS). Carinhosamente conhecido como Seo Lindu no Bairro de Plataforma, Ormindo Souza, 91 anos, daquelas preciosidades escondidas onde menos se procura. Ex-funcionrio da indstria que pertenceu Companhia Progresso e Unio Fabril da Bahia S/A, Seo Lindu memria viva de Plataforma, tanto quanto a fbrica que determinou o desenvolvimento do bairro. Abandonadas, as runas da FATIBRS so mais do que reflexo do descaso ao patrimnio histrico do Subrbio Ferrovirio. A indstria txtil desempenhou uma funo social de grande importncia em Plataforma. Ao mesmo tempo que empregou cerca de 1500 moradores do Subrbio, 80% destes residentes no prprio bairro, criou uma vila operria para os funcionrios da estao. A casa onde Seo Lindu mora at hoje continua sendo de propriedade da famlia Martins Catharino, antiga dona da fbrica. Fundada em 1886, a FATIBRS era conhecida como Rainha da Bahia, pois, segundo Seo Lindu era a primeira do estado. Depois vinha a Emprio, na Boa Viagem, diz. Quase toda produo de tecido destinava-se aos Estados do Sul, sendo 90% dela adquirida em So Paulo, Guanabara, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e, em menor quantidade pelos Estados de Minas Gerais e Paran. A matria prima usada era o algodo, contudo, o tipo de tecido confeccionado no interessava ao comrcio baiano, uma vez que a largura era maior do que a utilizada na Bahia. Em 1942, como no havia energia eltrica no Subrbio, a FATIBRS forneceu energia para as casas de alguns de seus funcionrios, aps ter inaugurado uma usina geradora, com capacidade de 2000 HP para sanar as deficincias da companhia. A fbrica foi construda num local estratgico de Plataforma, beira do mar, em frente pennsula de Itapagipe. Na poca, Plataforma era parte de uma grande fazenda de Almeida Brando, cujo nome ficou conhecido tambm como o da regio. No local da companhia existia antes uma antiga plataforma de canhes, criada pelos holandeses para defender a terra invadida. Os moradores antigos contam que Almeida Brando destruiu a plataforma, aterrou o local e, em cima, construiu a fbrica. Bernardo Catharino registrou, em cartrio, o local como Fazenda Plataforma fazendo memria base de artilharia ali criada. Cludio Silva de Jesus, 23 anos, morador, realizou uma extensa pesquisa sobre o bairro e descobriu que Bernardo Catharino foi um imigrante portugus que tornou-se empregado da fbrica de Almeida Brando. Aos poucos, Bernardo adquiriu aes da companhia, enriqueceu e fez sociedade com o fazendeiro. Acabou comprando por completo a FATIBRS, explica. Segundo os moradores de Plataforma, Seo Lindu o nico operrio da fbrica vivo na regio. Eu fico pensando nas pessoas que trabalharam comigo. No tem mais ningum do meu tempo, comenta batendo uma mo na outra. Para trabalhar na fbrica, Seo Lindu teve que mentir sobre sua idade j que tinha menos de 16 anos, a idade mnima exigida para o emprego. Esforado e inteligente, no foi difcil chegar a contramestre, cargo que ocupou at aposentar-se em 1979. A fbrica se acabou por que os Catharinos venderam para uma pessoa que levou todo o maquinrio para o ferro velho. O novo dono agora est limpando dentro para fazer um depsito de sisal, segundo ouvi falar, diz, consternado, o antigo contramestre. Foto Alagados Um projeto para Novos Alagados Hoje eles somam 17.134 habitantes, residem em palafitas construdas sob o mangue em pontes de madeira; ocupam 3Km s margens da Enseada do Cabrito e do manguezal do Esturio do Rio do Cobre. Chamam-se Novos Alagados, por que as primeiras invases ocuparam s margens da Enseada dos Tainheiros, na Baixa do Fiscal. So biscateiros, pescadores, marisqueiros, vigilantes, feirantes lavadeiras e faxineiras. Este o quadro da situao de vida das famlias da Invaso Novos Alagados. Expresso do Subrbio Ferrovirio, a invaso objeto de interesse e estudo em vrios pases do mundo. Visando a recuperao Ambiental e Promoo Social da regio, a CONDER, em parceria com a AVISI, uma ONG italiana, vem desenvolvendo, desde 1991, um trabalho de reassentamento das famlias. O Projeto Novos Alagados envolve reconstituio do manguezal, quase represado com entulho e esgoto, e construo de novos embries habitacionais. O projeto entra em sua segunda fase, sem estar com a primeira completamente concluda, faltando ainda 200 metros de recuperao e infra-estrutura da avenida litornea. Fizemos manifestao com a comunidade para que o projeto no pare, j que ficamos sabendo que o escritrio, em So Paulo, foi fechado, diz o presidente da Sociedade 1 de Maio, Idelson Moura de Oliveira. A 1 de Maio uma entidade que trabalha com programas de apoio s crianas e adolescentes da invaso. Segundo Silvana Oliviere, arquiteta que est trabalhando na segunda fase do projeto, houve muitos erros na primeira etapa, pois foi feito aterramento das palafitas, com instalaes sanitrias e hidrulicas, ao invs de tir-las do local. A segunda etapa ser executada com verbas de R$ 2 milhes, financiadas pelo Banco Mundial. Cerca de 630 casas, com 22m2, sero passadas para 2200 famlias. Elas pagaro 10% do salrio mnimo pela moradia. Esse dinheiro ser revertido para uma cooperativa dos moradores de Novos Alagados, a Comunal e poder ser readquirido depois para a ampliao das casas, que podem chegar at 44m2. O objetivo envolver as pessoas no projeto para a construo do seu espao. Queremos que elas sejam pessoas ativas na luta pelos seus interesses e no fiquem esperando pelos polticos, diz a arquiteta. Reproduzindo a identidade criada nas palafitas, as casas ficaro juntas de duas em duas no lote. O projeto envolve ainda recuperao e construo de novos equipamentos comunitrios, criao de duas creches, postos de sade, ciclovia, play ground, praas e ptios. A Sociedade 1 de Maio H um ano, Joseane Alcntara dos Santos, 15 anos, passa s tardes de teras e quintas-feiras aprendendo a fazer artesanato nas Oficinas Culturais do Araketu, em Periperi. Nas manhs de segunda a sexta recebe aulas de reforo escolar na Sociedade 1 de Maio, no Subrbio Ferrovirio, e noite estuda numa escola estadual na Fazenda Grande do Retiro, bairro onde mora com a av, um tio e um primo. Joseane um exemplo das crianas e adolescentes que, em situao de risco, conseguiram recompor sua vida com a ajuda de entidades assistenciais. Constantemente castigada por sua me, em Camac, no interior do Estado, ela deixou a me e os cinco irmos para morar em Salvador com sua av, a qual no mantm um relacionamento agradvel. Vim para a 1 de Maio ocupar o tempo, brigo muito com minha av, diz. Depois de viver entre as ruas e a casa da av, em situao de risco, Joseane foi amparada pela Fundao da Criana e do Adolescente (FUNDAC), rgo do governo do Estado. E, h dois meses, uma das 80 crianas que recebem reforo escolar no Cluber, uma escola da Sociedade 1 de Maio. Como Joseane, milhares de crianas e adolescentes que vivem em Novos Alagados, na Enseada do Cabrito, no Subrbio, passam por situao de risco. H 22 anos, a Sociedade 1 de Maio vem desenvolvendo projetos para tirar as crianas e adolescentes da comunidade das ruas, das drogas, do trabalho infantil e da prostituio. Inicialmente as famlias resistiam por que ia mudar totalmente a vida desses meninos. Eles iriam passar a ter compromisso e responsabilidade com a entidade, alm de horrio fixo, mas quando falvamos que ia ter uma bolsa de benefcio, os pais concordavam em deixar os filhos participarem, afirma Gilmara Cruz, assistente social da 1 de Maio. A Sociedade atende a 1216 crianas e adolescentes atravs do Cluber; do Centro Profissional 1 de Maio (CEPRIMA), alm de trs escolas de educao regular de 1 a 4 sries, com um total de 850 alunos: Escola Comunitria 1 de Novembro, em So Bartolomeu; Escola Comunitria do Boiadeiro, no Boiadeiro; e Escola Popular Novos Alagados, no ncleo sede em Novos Alagados. O Cluber, em Novos Alagados, atende a crianas de 8 a 12 anos, com aulas de reforo escolar duas ou trs vezes por semana. Para que os filhos possam participar da Cluber, os pais assumem um compromisso de mant-los na escola. Alm de reforo escolar, profissionalizao e lazer, as crianas recebem uma bolsa de estudos para continuar a contribuir com a renda familiar. Em 1997, o valor da bolsa passou de R$ 20,00 para R$ 30,00 mensais, quando o Governo do Estado, atravs da FUNDAC, passou a assumir o projeto. Desde 93, o Cluber era financiado pela Critas, uma ONG Sua. Em contrapartida ao apoio da FUNDAC, a 1 de Maio atenderia a 120 crianas vindas de outros bairros e 80 da comunidade. S que ns no concordamos com isso e fazemos o contrrio, coloca o presidente da Sociedade Idelson Moura de Oliveira, Eles esto pressionando para que a gente cumpra o convnio, completa. No CEPRIMA, o ncleo me, as crianas entre 8 e 12 anos freqentam as oficinas de tecelagem, croch ou sestaria; os adolescentes entre 14 e 18 anos fazem cursos profissionalizantes de encadernao, grfica, eletricidade ou marcenaria. Paralelo a um desses cursos, as crianas fazem datilografia e os adolescentes aprendem informtica. A Sociedade 1 de Maio foi criada, em 1977, por dois agentes pastorais, o italiano Antnio Lazzarotto e a pedagoga brasileira Vera Machado. O Casal fixou residncia nos Novos Alagados, na poca conhecido como Beira-Mangue, e iniciou o trabalho de organizao popular com a comunidade. Lazarroto foi um dos jovens do grupo da Irmandade Charles de Foucauld que faziam trabalhos voluntrios, dentro do Projeto de Comunidades Eclesiais de Base, da Igreja Catlica. Bugiganga tem valor na Feira do Rolo A Feira do Rolo comeou perto estrada de ferro, na Baixa do Fiscal. J funcionou no Largo do Tanque e no So Joaquim. Em meio a muitos acertos e desacertos com a prefeitura, por mais incrvel que possa parecer, funciona h uns dez anos na frente da Delegacia de Furtos e Roubos, na Avenida Suburbana. Todo tipo de produto comercializado, sob qualquer condio. No importa de onde venha, Paraguai, Japo, primeira mo ou quinta categoria. Tem vendedores e compradores de muitos e poucos afazeres, mas tambm sem nenhum. At aquele ditado vale: "Ladro que rouba ladro tem cem anos de perdo". Seu nome Edvaldo (ele, como os outros, prefere no dizer o sobrenome), h 20 anos vende reatores para lmpadas fluorescentes e diz contrafeito com o juzo que fazem do local. "Esse comrcio tem a fama de ser fruto de roubos, mas no bem isso. Tem muita gente honesta que trabalha a semana toda e sempre aos domingos vem para c". Seu Antnio um deles. H mais tempo comercializando na rea, ele mantm a tradio desde 1949. "Isso aqui um gosto", comenta satisfeito com o que faz. Ele lembra que, certa vez, quando trabalhava numa oficina de ferragens, pediu ao encarregado que no o colocasse para trabalhar nos domingos, pois a atividade sagrada para ele. um dos poucos que acompanhou o processo de expanso da Feira do Rolo. Diferente das feiras comuns, a rotatividade l algo normal. Os vendedores nunca so os mesmos e a variao de produtos vendidos ocorre freqentemente. A conversa certa resulta, muitas vezes, num bom acordo de troca. O escambo est de volta! A ausncia de Nota Fiscal evidencia o carter autnomo do comrcio . "Aqui o jogo a vista, 'toma l d c', porque eu no te conheo, nem voc me conhece. No tem como voc saber onde eu moro, nem eu saber onde voc mora", explica Renato. Encostado num poste, ele tenta fazer um rolo de R$ 80,00 numa bicicleta que diz ser sua e ter apenas oito meses, apesar da aparncia enferrujada. Cristina e Cristiane, duas irms que vendem legumes h cinco anos prximo entrada da Rgis Pacheco, observam: "Alguns produtos como aparelhos de TV e rdios velhos at que funcionam mas, depois de trs, quatro dias, o cliente volta para reclamar e a no acha o vendedor. Todo domingo ele muda de lugar". A feira no atrai apenas consumidores pauprrimos. Pessoas de classe mdia costumam freqentar tambm o local. Jos Carlos de Castro Jnior, estudante de comunicao da Universidade Federal da Bahia (UFBa), exemplo de um tpico colecionador que esquadrinha onde quer que seja em busca de mais um objeto para sua coleo. Seu hobby so os discos de vinil e a Feira do Rolo j , h quase dois anos, parada obrigatria. "Aqui encontro discos de Jackson do Pandeiro a Lus Gonzaga", afirma, lembrando que qualquer tentativa de venda vlida. "Aqui d pra arranjar algum trocado por uma bugiganga". Afinal, toda bugiganga tem seu valor e seu pblico. Grande, vendedor h vinte anos, que o diga. Mesmo com uma pequena resistncia a perguntas: medo dos fiscais da prefeitura, ele conta que faz em mdia R$ 50,00 R$ 60,00 por domingo, comprando e vendendo vaso sanitrio, porta sabonete e porta papel higinico de loua usado: "A mercadoria daqui sai pela metade do preo ou abaixo dele", diz, taxativo. "Eu bebo a semana inteira, quando chego em casa domingo de madrugada e vou 'bater' um banho pra sair, minha me diz que j vou pagar a promessa. Se eu no vir para essa feira eu fico doente", declara Edvaldo com entusiasmo. Ele garante que a feira acaba se transformando num vcio na vida das pessoas. "Se voc trouxer duas blusas suas pra vender, voc vai gostar e querer vir pra c todo domingo", afirma convicto, alertando aos possveis desavisados ou vendedores de primeira viagem que a moda pega. Duas vezes por ms, o Ibama faz visitas de rotina na Feira do Rolo. O objetivo recolher os animais silvestres comercializados no local e indiciar seus vendedores. Os pssaros engrossam a lista das apreenses j realizadas. Mas no incomum encontrar uma raposa sendo vendida como cachorro de raa. Edvaldo afirma que, certa vez, uma senhora comprou em sua mo um bicho preguia pensando que estava levando para casa uma tartaruga. De acordo com o coordenador de Fiscalizao do Ibama, Alberto Gonalves, as multas para esse tipo de comrcio variam de R$ 49,00 4.900,00 e, a depender do caso, o a pessoa pode pegar de dois a cinco anos de priso Incluindo a feira de legumes, que existe h apenas cinco anos, pode-se dizer que a Feira do Rolo vai da entrada da Rua Rgis Pacheco, passa por debaixo do viaduto dos motoristas (tem este nome por ser local de encontro para troca de turno de motoristas e cobradores dos nibus que circulam na Suburbana) e termina no chamado Curtume, em frente delegacia referida. Com todas as mudanas, a feira chega a ter mais de meio sculo de existncia. Ela funciona todos os domingos das 5:30h s 15h ou 16h, mas no sbado os comerciantes j comeam a montar seu ponto de venda. Inserir foto: Calada1 O Futuro est no ar Pesquisas, debates, palestras e projetos tendo a regio do Subrbio Ferrovirio como tema no faltam na cidade. O mais recente foi o Concurso Desenho Urbano de Macro-reas, promovido em janeiro deste ano pela Prefeitura Municipal de Salvador, em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), seo Bahia, a Fundao Mrio Leal Ferreira e a Secretaria de Planejamento Municipal. A prefeitura estimulou que vrios arquitetos apresentassem propostas de intervenes em cinco macro-reas: Plataforma, orlas de Itacaranha/Escada e Praia Grande/Periperi, Vale do Paraguari e Ncleo de Paripe. Segundo o arquiteto Roberto Cortizo, coordenador do concurso h interesses coletivos, pblicos e preocupao social, com a regio. A implantao dos projetos vencedores deve comear a ocorrer dentro de um ano e meio, conforme anuncia Cortizo, com recursos da ordem de US$ 200 milhes oriundos do Banco Mundial (BID). A insero do trem de superfcie no Subrbio um dos mais significativos projetos a serem implementados. Muito mais do que a urbanizao da rea proposta pela prefeitura, como oferta de gua encanada, rede de esgoto e pavimentao, os arquitetos vencedores propem a requalificao do espao, orientando-se o uso e a ocupao do solo suburbano. Os projetos selecionados aliam o desenho urbanstico ao sentimento de comunidade entre os moradores a partir da criao de logradouros, praas pblicas e reas de lazer. A adeso e a participao da comunidade no processo de urbanizao fundamental do ponto de vista da cidadania e para a conservao das melhorias, diz Cortizo. Marcos Medrado diz que os projetos so ousados, bonitos e carssimos e que serviram de base para as possibilidades de intervenes da prefeitura dentro dos limites dos recursos disponveis. Estamos encaminhando os projetos vencedores para os governo do Estado e Federal, mas muito difcil de realizar. Aquilo custaria muito, seria a transformao do Subrbio de uma hora para a outra, mas falta dinheiro. Todo o trabalho avaliado est em torno de 360 milhes de dlares, diz. A dificuldade observada pelo vice-prefeito execuo a curto prazo dos trabalhos diverge da opinio de Cid Teixeira. Para o historiador, o que falta interesse poltico pelo desenvolvimento do local. Desejo que no seja um projeto que morra nas gavetas, nas palestras e nas exposies. Que ele acontea no cho para que o trator trabalhe, a rua se faa e a rede de esgoto seja instalada. Para que no fique na promessa e nem to pouco na dissertao. O presidente da Associao Amigos do Parque So Bartolomeu, Slvio Ribeiro, mais entusiasta. O Subrbio est em ebulio, afirma referindo-se ateno maior que a regio vem recebendo no contexto da cidade. Junto a pequenas e espordicas obras de infra-estrutura e reestruturao urbana do Subrbio Ferrovirio, os programas desenvolvidos at agora na rea compreendem o Bahia Azul, segundo Raimundo Varela, maior obra de saneamento da Amrica Latina e o projeto Novos Alagados, para recuperao do ambiente e promoo social das famlias que vivem em palafitas sobre o mangue. Para a gegrafa e professora Maria Auxiliadora da Silva, chefe do Departamento de Geografia da UFBa, a prefeitura est de olho na regio pelo potencial que existe nela. Orientada pelo gegrafo Milton Santos, Maria Auxiliadora desenvolveu uma pesquisa sobre os bairros de Escada e Santa Terezinha, h 24 anos. De acordo com a gegrafa, o Subrbio no tem mais como se expandir e com a nova poltica urbanstica de valorizao e resgate dos espaos pblicos, desenvolvida pelo governo do Estado, a rea s tem a ganhar. A implantao na cidade do modelo turstico desejado, por outro lado, pode tambm ser prejudicial populao pobre do Subrbio. Se vier a ser feito l, o que se fez em locais como o Parque de Pituau, a Lagoa do Abaete, o Pelourinho e na rea do novo Aeroclube, a populao ter que sair do local, diz Auxiliadora. Como a gegrafa, Slvio se entristece com a transformao de praas verdes da cidade em selvas de pedra. No cabem no Subrbio modelos como o adotado na Praa da Inglaterra e da S, por exemplo. Planos para o Subrbio So as seguintes, as atividades econmicas que se encontram em estudo para serem implantadas no Subrbio Ferrovirio, atravs da ao conjunta da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado: Marina Porto do Cais Prevista para ser localizada em Periperi, na Ponta da Sapoca. O projeto prev alm da hangaragem, um centro comercial, restaurantes e servios de apoio; Aratu Iate Clube Ampliao da rea de ancoragem; Marina na Baa de Aratu prximo ao Aratu Iate Clube; Recuperao das instalaes fsicas da antiga Fbrica de Tecidos So Brs para fins de hotelaria e apoio ao turismo nutico com implantao de uma marina adjacente. Criao de mirantes e atividades de apoio ao turismo nos pontos altos do relevo; Implantao de ancoradouros para fins de transportes para as ilhas ou entre vrios pontos na prpria costa do Subrbio; Criao de estruturas de suporte para esportes nuticos e competies internacionais; Transformao das praias em reas balnearias com espaos para esporte e lazer; Estabelecimento de Concesses de uso na orla para restaurantes e atividades afins, priorizando a comercializao do pescado local a ser explorado por cooperativas; Criao de um centro de referncia com exposio permanente do histrico no Subrbio, sua insero na dinmica scio econmica da cidade e informaes sobre os aspectos biolgicos e marinhos da baia neste trecho; Criao de circuitos tursticos ferrovirios e nuticos para pontos de valor histrico (Capela de Nossa Senhora da Escada tombada em 1958 e Matriz N. Sr. das Neves tombada em 1962; Igrejas de So Tom de Paripe e de So Bartolomeu de Piraj), ecolgico (manguezais, fragmentos de mata atlntica), esttico e paisagstico (povoados, Baa de Aratu e etc). Implantao do trem de superfcie Paripe/Terminal da Frana e integrao do Subsistema Ferrovirio/Rodovirio. O Subrbio agora um caso sem jeito, diz o apresentador Raimundo Varela, mas enquanto depender da boa memria do povo, o velho ditado popular a esperana a ltima que morre vai permanecer no corao do suburbano. *** Inserir Mapa do Subrbio Referncias Bibliogrficas A FINAL, que se fez pelos Alagados? Jornal ATARDE, Salvador, 06 jun.1963. P.8, C. 01. AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos: Guia de Ruas e Mistrios; 30 Ed. Rio de Janeiro, Record, 1981. AMADO, Jorge. Os velhos marinheiros: ou a completa verdade sobre a discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Arago, Capito de longo curso: romance. 48 ed. Rio de Janeiro: Record, 1982. 243p. AMORIM, Luciana. 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