ࡱ> _0ebjbj,E,E =N/N/B[X8HtK8h~N7777777$9<D778E,E,E,7E,7E,E,V2@03ݏa %l2 780K82T<y)<0303F<v5@E,77U*K8< :O assassinato de Marielle Franco e os algoritmos racistas: dimenses aplicadas da teoria crtica da organizao do conhecimento Gustavo Silva Saldanha 1, Francile Carneiro Garcs da Silva 2, Graziela Santos Lima 3, Dirnle Carneiro Garcs 4, Nathlia Lima Romeiro 5 1 0000-0002-7679-8552 + IBICT ; UNIRIO, Rio de Janeiro, Brasil. gustavosaldanha@ibict.br. 2 0000-0002-2828-416X + PPGCI IBICT UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. HYPERLINK "mailto:francigarces@yahoo.com.br" \t "_blank" francigarces@yahoo.com.br. 3 0000-0003-3861-2937 + PPGCI UNESP, So Paulo, Brasil.graziela.dsl@gmail.com. 4 0000-0002-3061-9352 + UFSC, PPGCIN Florianpolis, Brasil. dirnele.garcez@yahoo.com.br. 5 0000-0002-6274-4836 + PPGCI IBICT UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. ntromeiro91@gmail.com. Tipo de trabalho: comunicao Palavras-chave: Teoria crtica Organizao do Conhecimento; Marielle Franco; Algoritmo racista; Cidadania global digital. 1 Introduo: algoritmos, racismo e a teoria crtica da organizao do conhecimento Conforme o pesquisador francs Ertzcheid (2018), a construo do movimento social Les Giletes Jaunes na Frana, a partir de 2018, tem uma relao fortssima com o Facebook. O olhar sobre essa produo digital paralela atuao do movimento nas ruas demonstra que o vocabulrio utilizado nas pginas da rede social aponta para a presena de distintos dilemas sociais. Em outros termos, para se posicionar contra o movimento, um grupo social se utiliza da barbrie do racismo de classe como argumento. O pesquisador aponta especificamente para o estudo preliminar dos colegas franceses Brigitte Sebbah, Natacha Souillard, Laurent Thiong-Kay, Nikos Smyrnaios (2018). A pesquisa partiu de uma reviso da produo de comentrios e de redes sociais sobre o movimento social. Com foco em uma teoria crtica da organizao do conhecimento em construo, desdobrando os estudos como os de Martnez-vila, Daniel; Semidao, R.; Ferreira, M. (2016) e Olson (2006), o foco emprico da pesquisa est ligado aos comentrios produzidos aps o assassinado da vereadora do municpio do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, em maro de 2018. Nesse decurso, sob a via do que temos trabalhado sob a noo de organizao ordinria dos saberes socialmente oprimidos (OSO), procuramos aprofundar os estudos j realizados (Saldanha, Silva, Lima, Garcs, Romeiro, 2018) no territrio do corpus metainformacional produzido sobre o crime, com foco na presena poltica feminina de Marielle. A pesquisa dialoga com o questionamento do poder da linguagem e do papel da organizao do conhecimento na produo contempornea dos vocabulrios do mal. Assim como Capurro (2019), a aproximao ao pensamento da filsofa Hannah Arendt (1999, 2007), no tocante reflexo sobre o mal em expanso na sociedade e suas formas (no nosso caso, estruturalmente oriundas da e orientadas para a linguagem) de banalizao. Para essa etapa atual da pesquisa, discutimos a condio da cidadania na globalidade mundial digital e o dilema (tambm ele essencialmente lingustico) dos algoritmos, bem como o poder de um ethos robtico que interessa sobremaneira a reflexo crtica da organizao do conhecimento. 2 Os algoritmos racistas e tica dos robs La fonction du chercheur est alors de dvoiler les mcanismes dinvisibilisation de ces contraintes dont lexemple principal est la rhtorique de lalgorithme . (Casilli, 2017) Como lembra Capurro (2017), em sua discusso sobre a cidadania global digital, o mundo da web, mesmo atravessando fronteiras nacionais, no um isolado do mundo social amplo, mas parte dele. Diante disso, a cidadania global digital inverte as ideias do Iluminismo sobre a condio cidad. O perigo da homogeneizao da populao mundial no est apenas em seu controle e manipulao, mas na excluso de diferentes grupos e no desrespeito s diferenas culturais, histrias individuais e contingncias que so a base da singularidade e da riqueza dos indivduos e sociedades humanas. A distopia oposta a tal o mtuo isolamento poltico, econmico ou cultural de indivduos e sociedades, bem como seu desrespeito a qualquer tipo de responsabilidade pelo bem-estar comum e pela sustentabilidade do mundo fsico e digital. Essa homogeneizao dada cada vez mais pela ao e pelo poder em expanso dos algoritmos. A vida social cada vez mais governada por algoritmos. Mas o que um algoritmo?, indaga Capurro (2019). Trata-se na viso do filsofo de uma ferramenta digital para ajudar a encontrar solues para problemas. As empresas de tecnologia da informao criaram poderosos algoritmos que permitem pesquisas personalizadas, criando perfis individuais e sociais que so uma base no apenas para a economia digital, mas tambm para processos polticos e sociais, local e globalmente. Os algoritmos, lembra Capurro (2019), esto no centro de todos os tipos de processos sociais, tcnicas industriais e rotinas cotidianas. nesse contexto que nos perguntamos sobre o papel dos algoritmos e do mal, elemento que ser verificado pelas lentes da organizao do conhecimento em corpora disponveis na web, como o caso Marielle Franco e dos Gilets Jeunes. No plano da banalizao do mal apontada por Arendt (1999), podemos identificar a relevncia dos questionamentos de Ertzcheid (2017). Ao se perguntar se so os algoritmos racistas, o pesquisador francs no tem dvidas: os motores de busca online apresentam os piores e mais cruis esteretipos racistas e de incitao ao dio. O autor nos lembra que em 2016 a empresa Google completou seus 18 anos, o que inspirou uma reflexo sobre a maturidade da instituio, dado seu poder no mundo. Estaria uma empresa com tamanha influncia moral no contexto internacional capaz de responder pelos seus atos? O contexto tico em crise na web e os riscos de uma moral robtica (ressuscitando os mitos da neutralidade das ferramentas lgicas) esto em cena. Ertzcheid (2017) d como exemplo, agora no cerne dos questionamentos arendtiano, uma busca como o holocausto realmente existiu? na plataforma Google. O resultado apresenta inmeros resultados, fundados, no entanto, em um discurso oriundo de pginas neonazistas. Esta uma resposta lgica, que parte de uma mnima condio de compreenso poltica. Porm o sistema no capaz de afirmar isso, dado que seu compromisso (e sua pretensa imaturidade) tem como foco o lucro, e no a discusso. A questo para o autor est ligada a um princpio de vis cognitivo (bias cognitive) transposto para o vis algortmico (bias algorithmiques). Quando formulamos uma pergunta ao Google, estamos j em um territrio mental projetando uma resposta que desejaramos confirmar (atravs de um sim ou no, e no de uma busca por compreenso). O estudo emprico de Ertzcheid (2017) demonstra que entre Google e Wikipdia avanamos para o abismo da barbrie atravs da linguagem. O poder dos algoritmos influenciado, pois, pela ambio das plataformas, independentemente do mal que circula no contedo. A concluso do autor que estamos desamparados diante dos desvios dos algoritmos. Sabemos que os algoritmos no so racistas enquanto formas autnomas; racistas so seus criadores e usurios; e , pois, por essa razo, que racistas se constituem os algoritmos, sendo a web um territrio de conhecimento tomado por contextos de manipulao, via linguagem, de estruturas de poder e de formas de propagao do mal. 3 Marielle Franco: da luta de uma mulher barbrie Lugar de mulher onde ela quiser. (Franco, 2016) Marielle Francisco da Silva (mais conhecida como Marielle Franco) aponta, no pargrafo final dos agradecimentos de sua dissertao, sobre o fato de ser uma mulher negra oriunda da favela da Mar, localizada no Rio de Janeiro. Intitulada UPP A Reduo da Favela a Trs Letras: uma Anlise da Poltica de Segurana Pblica do Estado do Rio de Janeiro, a dissertao de Marielle Franco, defendida em 2014, no Programa de Ps-Graduao em Administrao da Faculdade de Administrao, Cincias Contbeis e Turismo da Universidade Federal Fluminense, busca demonstrar as Unidades de Polcia Pacificadora (UPP), enquanto poltica de segurana pblica adotada no estado do Rio de Janeiro, reforam o modelo de Estado Penal (FRANCO, 2014, p. 11). Marielle Franco trabalhou dez anos como assessora parlamentar, e no ano de 2016, foi eleita como vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), pela coligao Mudar possvel. Ela foi eleita com 46.502 votos, sendo a quinta mais votada na cidade do Rio de Janeiro. A vereadora conquistou no s votos de pessoas oriundas das classes menos privilegiadas, mas tambm obteve mais de 250 votos de acadmicos e professores (SARAIVA, 2018). No dia 14 de maro de 2018, aos 38 anos Marielle Franco foi executada! Seu veculo foi atingido por 13 tiros. Ela e o motorista, Anderson Pedro Gomes, morreram no local dos disparos. Em entrevista a um telejornal, a companheira de Marielle, Monica Tereza Bencio, contou sobre os doze anos de relacionamento, incluindo o preconceito em relao vivncia homoafetiva, bem como da carreira da vereadora e de seu ativismo por diversas causas, entre elas, a defesa dos direitos LGBTQI+ (Saldanha, Silva, Lima, Garcs, Romeiro, 2018). A morte de Marielle Franco tem um vis poltico, um projeto de nao que transcendeu o Brasil por meio da colonizao como uma prtica de controle de corpos negros com o propsito de enaltecer o capitalismo. Projeto este que possui um cunho ideolgico de exterminao da populao negra que ora serviu somente no passado para angariar, por meio da explorao, recursos para os colonizadores e que no decorrer dos tempos foram sendo invizibilizados/as por apagamento, fisico, epistemolgico e geogrfico pautado no racismo estrutural (ALMEIDA, 2018). A morte de Marielle, se deu pela denncia, ou seja, quebra de um bio poder que se alojava na favela do Acari, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, em torno de uma necropoltica fixada no Brasil. Com as inmeras denncias relacionadas a mortes de jovens pretos, alm de crticas constante violncia polcial, disvulgadas em sua rede social pela vereadora, algo que comprometeu a sua vida. 4 O assassinato de Marielle Franco e o vocabulrio do dio em marcha acelerada An ethics of algorithms deals with making this difference theoretically and practically between who and what we are by resisting the tendency to confuse or even to identify ourselves (our selves) with masks that we give to ourselves or others give to us. (Capurro, 2019) A partir do contexto do assassinato, direcionamos nosso olhar cientfico para a produo discursiva sobre Marielle Franco. A coleta de dados cumpriu as seguintes etapas: a) busca da Pgina do Portal G1 - O Portal de Notcias das Organizaes Globo no Facebook; b) procura de Notcias de Marielle Franco; c) seleo de notcia do Domingo, aps apresentao da reportagem sobre Marielle e familiares no jornal dominical; d) seleo a notcia do dia 18 de maro de 2018, publicada s 22:03 minutos (aps a reportagem ter sido apresentada no Jornal). Ao total, esta notcia obteve mais 11 mil reaes e 809 compartilhamentos at o dia 23/03/2018, s 23 horas e 54 minutos. A partir dela, foram selecionados os comentrios mais relevantes (critrios de relevncia do algoritmo do Facebook no perodo de coleta a partir de perfil pessoal), segundo o prprio Facebook. Por fim, foram mapeados 406 (quatrocentos e seis) comentrios. (Saldanha, Silva, Lima, Garcez, Romeiro, 2018) O percurso nos permitiu demonstrar o panorama crtico das abordagens folk e a necessidade de construo de um olhar fundado na reviso constantes dos posicionamentos ticos de construo de linguagens e de sua reproduo na e para web. Trata-se de perceber como se efetiva um vocabulrio que, dentro de um discurso de natureza transparente da cincia, seria tomado como alheio e inofensivo, mas que se estabelece justamente na contramo das construes sociais e do papel democrtico das lutas polticas. (Saldanha, Silva, Lima, Garcez, Romeiro, 2018) Para o desenvolvimento da pesquisa, as categorias crtico-discursivas adotadas como lentes para reconhecer e problematizar o desenvolvimento do discurso do mal no caso do assassinato do crime, com nfase do carter poltico do fato, sendo este o motivo da centralidade da mesma na pesquisa. So elas: a metfora, a ordinariedade, a desclassificao, a luta das classes. O conceito de metfora se torna a centralidade de uma perspectiva sociocultural para a compreenso dos saberes que transversalizam a sociedade, a partir dos estudos sobre significantes e significados da teoria barroca de Emanuele Tesauro (1670), atendando-se para, na atualidade, os estudos metodolgicos e tericos, por exemplo, em Evelyn Orrico (2001) e Fbio Pinho (2014). A ordinariedade: pelo lxico wittgensteiniano - o segundo Wittgenstein (1979) - a via de uma lngua ordinria responde pelo reconhecimento da construo social da realidade pela linguagem tecida em cada comunidade falante, em dilogo com os trabalhos iniciais de Bernd Frohmann (1990) sobre a indexao o potencial de percepo de concepes de mundo distintas sendo tecidas a partir da linguagem ordinria. A desclassificao: sob o desenvolvimento de um olhar desconstrucionista de Garca Gutirrez (2011), encontramos a dinmica de problematizao crtica dos atos classificatrios; retomando uma teoria logolgica (que toma o discurso como centralidade), com foco nos tropos, na percepo as condies dramticas de constituio das classificaes nas extremidades das fraturas sociais. A luta das classes: sob uma configurao dialtica da anlise crtica do desenvolvimento da OC, a luta das classes remonta um marxismo de fundo lingustico, que encontra Bakhtin sob a via da filosofia da linguagem, Pierre Bourdieu (2008) sob a via sociolgica, e Robert Estivals (1978, 1990), sob a perspectiva do marxismo esquematista. Essa luta reconhecida como o conjunto de foras que interagem, na linguagem, para a manuteno das prticas de opresso e a anulao das diferenas, representadas como anomalias da vida social. Essas condicionantes materiais da existncia so multiplicadas na linguagem ou seja, nas classes que isolam e extinguem nomes, coisas e pessoas nas classificaes -, constituindo muralhas simblicas mais eficazes do que a prpria demarcao das fronteiras entre classes. A arbitrariedade: que consiste na escolha natural de todo sistema de organizao do conhecimento, ou seja, todo sistema arbitrrio na medida que estabelece uma estrutura hierarquizada que reproduz a vida social em suas distines e as refora. No caso da teoria dos tesauros, tal condio aparece, por exemplo, tanto na escolha e excluso de termos, como nas modalidades de estruturao dos termos gerais e termos especficos. (Saldanha et al, 2018, Enancib) A produo dos comentrios no corpus coletado revela a intensa construo do discurso de dio, a produo de notcias falsas sobre a trajetria de vida e a atuao poltica de Marielle Franco, o ataque s diferenas polticas, a profuso de injrias contras diferentes classes e movimentos sociais (a luta do movimento negro, dos movimentos de descriminalizao das drogas, a luta pela perspectiva social de desenvolvimento governamental), sintetizados na tentativa de desconstruo da pauta da Declarao dos Direitos Humanos (ONU, 1949). A corpus demonstra ainda o papel de robs na reproduo massiva de desinformao, junto da desconstruo de quaisquer preceitos da cidadania (dentro ou fora da web). Os efeitos discutidos do corpus levam-nos ao posicionamento de trs categorias fundacionais do papel poltico da OC via abordagem de uma leitura da ordinariedade da organizao dos saberes oprimidos: crtica, denncia e memria. (Saldanha, Silva, Lima, Garcs, Romeiro, 2018). No entanto, igualmente, para alm dessas categorias, o foco do desenvolvimento das teorias crticas em OC recai aqui sobre o dilema de uma cidadania global digital e o mal representado por e para os algoritmos, mquinas de reproduo dos caminhos que nos distanciam das condies mnimas da dignidade humana. 5 Consideraes crticas: o longo e contnuo assassinato de Marielle Franco Algorithms know nothing about hesitation. In fact, they know nothing at all and they do not learn. They are heteronomous. They are not played by the world, but by human designers and users. Thequestionabout who we are is about thebeingof thewho.(Capurro, 2019) Ela desatinou / Desatou ns (Strassacapa, 2016) A pesquisa, sob a construo terica aberta de uma organizao ordinria dos saberes socialmente oprimidos colocou em nfase o papel de denncia que a organizao do conhecimento, atravs de suas teorias e mtodos, pode desenvolver. Atravs do estudo qualitativo da produo do discurso de dio sobre a vereadora assassinada Marielle Franco, percebemos o risco de um vocabulrio do mal a caminho passvel de influenciar e alterar linguagens documentrias, sob o vis da barbrie. Junto ao pensamento capurriano (Capurro, 2017), procuramos ferramentas crticas, como a organizao do conhecimento, para, na era digital, lutar por um ethos transcultural com componentes democrticos que promova ativamente a experincia intercultural e um tratado internacional para o mundo ciberntico no qual, seguindo a proposta de Kant, as diferentes partes interessadas concordam livremente. As ferramentas da OC permitem a anlise e a promoo de diferenas culturais que subjazem implcita ou explicitamente as regras alfandegrias e comportamentais no pas fsico e no mundo digital. O caso Marielle emblemtico neste sentido, dado que no bastasse a crueldade envolvida em todo o processo, percebe-se que seu assassinato longo e contnuo, influenciado por uma robtica do mal e pela contnua manipulao algortmica. O caso revela justamente a dinmica trgica dos modos de produo, organizao, representao do conhecimento na web e o papel da constituio das teorias crticas da organizao do conhecimento. 6 Referncias Arendt, Hannah. (1999). Eichmann em Jerusalm: um relato sobre a banalidade do mal. So Paulo: Cia das Letras. Almeida, Silva Luiz de. (2018). O que racismo estrutural?. Belo Horizonte: Letramento. Arendt, Hannah. (2007). A condio Humana. Rio de Janeiro: Forense universitria. Bakhtin, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. So Paulo: Hucitec, 2006. Bourdieu, Pierre. A Economia das trocas lingusticas: o que falar quer dizer. 2. ed. So Paulo: Edusp, 2008. Butler, Judith. Performatividad, precariedad y polticas sexuales. AIBR. 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ISKO Espanha-Portugal) Barcelona, 10-11 de julho de 2019 PAGE1 `c  ǼxlaalhshtCJaJhsh GCJH*aJhsh,JCJH*aJhsh+FuCJaJhsh GCJaJhshp CJaJhshp CJH*aJhshsCJaJhsh,JCJaJhsh+"YCJaJhsh+"Y5CJ(aJ(hF5CJ(aJ(hsh G5CJ(aJ(hshP5CJ(aJ($  h c^gd G2$$d%d&d'd(dNOPQRa$gd G2$$d%d&d'd(dNOPQRa$gdh}6$$d%d&d'd(dNOPQR`a$gdh}  # g h i j }      O P Q ϼ~ooog\Pg~gEhsh GCJaJhsh,JCJH*aJhsh+"YCJaJhCJaJjh+FuhCJUaJhshCJaJh+FuhCJaJhCJH*aJhshp CJH*aJ%h}hAB*CJaJmHphsH%hshAB*CJaJmH phsH 6h}hAB*CJaJfHmHphq sH(h}hp B*CJH*aJmHphsHh  Q   " # _2$$d%d&d'd(dNOPQRa$gd|K^2$$d%d&d'd(dNOPQRa$gdh} -DM gdt/$d%d&d'd(dNOPQRgd G Q R S f i o v       ! # 2 3 迴迴Ҩ|qiZh%<h|K^B*CJaJphhDCJaJhsh|K^CJaJhshdCJaJhsh+"YCJaJhsh,JCJaJhshp CJaJhshp 5CJaJhshtCJaJhthtCJaJhSCiCJaJhsh+FuCJaJh+Fuh+FuCJaJhsh GCJaJhsh GCJH*aJ  " # G Y 0 F c ппvkv_vkWLALkWkLWh(Wh|K^CJaJh(WhECJaJhz$CJaJh(Wh:L56CJaJh(Wh CJaJh(Wh:L5CJaJh(Wh B*CJaJphh(Wh:L5B*CJaJphh(Wh+"YB*CJaJph h(Wh+"Y5B*CJaJph h(Wh G5B*CJaJphh5B*CJaJph h(Wh,J5B*CJaJph h(Whp 5B*CJaJph ]6$$d%d&d'd(dNOPQR`a$gd%a6$$d%d&d'd(dNOPQR`a$gd 6$$d%d&d'd(dNOPQR`a$gdh}5Cgt&R+1ǼױǗwfUD h(Wh}5B*CJaJph h(Wh-5B*CJaJph h(Wh G5B*CJaJph h(Whm5B*CJaJphh(Wh+"YB*CJaJph *h#h%aCJPJaJh(Wh6CJaJh(WhCJaJh#h%aCJaJh%aCJaJh!sCJaJh(Wh|K^CJaJhSCJaJh(WhtCJaJh(Wh CJaJmne6$$d%d&d'd(dNOPQR^a$gd`h2$$d%d&d'd(dNOPQRa$gd`h2$$d%d&d'd(dNOPQRa$gd ^[\n9BHS6JLMNFQjҽҪvnvnvnvcvXvXvXvXh(Wh^0CJaJh(WhCJaJh=fCJaJh(Wh*3CJaJh(Wh`hCJaJh(Wh@G;CJaJ%h(Wh@G;CJaJfHq %h(Wh*3CJaJfHq (h(Wh6CJaJfHq %h(WhCJaJfHq h%h`haJh%h|WaJh%haJ"nMN<=!!##]]]]]]]6$$d%d&d'd(dNOPQR`a$gd,@6$$d%d&d'd(dNOPQR`a$gd@G;6$$d%d&d'd(dNOPQR`a$gd*3 j,;=KL]s!!!!!!"""####$$$#%$%%%'%Y%ȱӛӏӛ|kZ h(WhZp5B*CJaJph h(Wh}5B*CJaJph%h(Wh8HACJaJfHq h(WhE6CJaJh(WhMCJaJh(Wh~RCJaJh(Wh,@CJaJh(Wh6CJaJh(WhKCJaJh(WhECJaJh(Wh*36CJaJh(Wh*3CJaJh(WhCJaJ"#$%%%Y%Z%h62$$d%d&d'd(dNOPQRa$gd%/$$d%d&d'd(dNOPQRa$2$$d%d&d'd(dNOPQRa$gdL6$$d%d&d'd(dNOPQR`a$gd,@Y%[%|%%%%%%%%%w(x(5*7*,,,H,I,J,K,|,,,,,,-#-(-ۺۭzzlz[Mzh8"B*CJPJaJph!h?h_fB*CJPJaJphh( {B*CJPJaJphh.B*CJPJaJph!h?h}B*CJPJaJphh.CJPJaJh CJPJaJh%ah CJPJaJh}CJPJaJh=fCJPJaJh(WhwJCJPJaJh(WhMCJPJaJh%h ^aJ h%aJh%h%aJZ%%%w(x(6*7*J,K,// $`a$gdZp $`a$gd=f $`a$gdwJ $`a$gd8V$a$gdZp6$$d%d&d'd(dNOPQR^a$gd% (-,-3-F-S-V-W-X--------_.`.a.h.j.n.o.s.v...//$/%/,/6/7/`/|///////㳥㳥tfthB*CJPJaJph(jhoc0J*B*CJPJUaJphhocB*CJPJaJphhZB*CJPJaJphhBWB*CJPJaJphh( {B*CJPJaJph!h?hDB*CJPJaJph!h?h_fB*CJPJaJphh.B*CJPJaJphh8"B*CJPJaJph(/////L0M0L1[1\1]11X2`2d4l444445ynaSaSaSaI<h%ah%aCJPJaJh%aCJPJaJh(WhM6CJPJaJh(WhMCJPJaJh(WhmCJaJ!h(Wheh(WhZpCJ\aJ *h=fhZp6CJPJaJ *h(WhZp6CJPJaJ *h(WhZpCJPJaJh=fh=fCJaJh=f6CJaJh=fCJaJhECJaJhCJaJh(WhE6CJaJh(WhECJaJ *h(Whm6CJPJaJ *h(WhmCJPJaJh(WhCJaJh(WhCJPJaJh(Wh6CJPJaJb@cAcBccddddddddddgd+"Y(/$d%d&d'd(dNOPQRgdh}2$$d%d&d'd(dNOPQRa$gdE(gdZp@cAcBcCcccccccc"d#ddddddddddddd#e$e(e)e*e+e-e.e/e0eܿ{hp h+"YB*phhB*mHnHphujh,B*Uphjh+"YB*Uphhp B*phjh`%KUh`%K hoc0JjhocU hochochRhocjhoc0J*UhZphVCJaJh]XhZpCJaJ"d,e-e.e/e0e/$d%d&d'd(dNOPQRgdh}1 8!$d%d&d'd(dNOPQR;0P:p+"Y. 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