ࡱ> AC@5bjbj 40hh544444HHHH T<H30kkk$cR4kkkkk44k44k.z$:"H"F03N,WXWzW4z$kkkkkkkkkk3kkkkWkkkkkkkkk :Autobiografia de Mia Couto "Nasci na Beira em 1955, sou filho de uma famlia de emigrantes portugueses que chegaram a Moambique no princpio dessa dcada de 50. O meu pai era jornalista e era poeta. Ele publicou cinco ou seis ttulos em Moambique, uma poesia pouco ntima, mas tambm dois dos livros foram livros que tentaram ser livros de preocupao social, em relao ao conflito da situao existente em Moambique. Mas eram livros em que a conscincia poltica era mais antifascista, liberal, democrtica, mas no questionando ainda a questo colonial. A famlia do meu pai gente que enriqueceu um pouco no perodo da guerra, com garagens, e tinham portanto negcios ligados a automveis. Eram do Porto. O meu pai foi para frica porque acho que ele queria seguir a carreira jornalstica e no havia muita hiptese de emprego nessa altura em Portugal, penso que foi por isso. Mas havia tambm uma sensao de que eles precisavam de mais espao, precisavam de comear uma coisa nova. A minha me vem duma aldeia de Trs-os-Montes, no tem histria porque ela no conheceu a me nem o pai. A me morreu no parto duma prxima irm. Ela ficou rf, abandonada, depois foi acolhida por um padre que se apresentou como sendo tio delas. Ento at o nome dela foi rescrito, foi inventado para ela no ter uma ligao com a sua me - uma "senhora do pecado". Penso que ela queria muito sair dali quando era nova, o meu pai passou... "distrado", ela agarrou-o e foram para o Porto. Depois foram de Portugal para Moambique e nascemos ns, trs irmos, eu sou o do meio. Fernando Amado, dois anos mais velho, e o mais novo, que tem uma diferena de sete anos de mim, chama-se Armando Jorge. [...] O meu pai, com um grupo de alguns portugueses que tinham sido deportados de Portugal por motivos polticos, formaram associaes do tipo cineclubes, centros culturais onde se faziam debates de certas coisas. O meu pai trabalhava em trs jornais, o Notcias da Beira, o Dirio de Moambique e o Notcias, de Loureno Marques. [...] A Beira era uma cidade muito conflituosa porque a fronteira entre os brancos e os negros era uma fronteira muito misturada, muito "atravessada". E eu recordo-me - toda a minha infncia uma infncia de viver no meio de negros, brincar, com eles, os meus amigos, as pessoas que eu posso referenciar da minha infncia, com a excepo dos meus irmos e mais alguns, todo o resto uma infncia toda vivida ali. [...] Vivemos em quase todas as partes da Beira. O meu pai mudava constantemente de bairro. Mas era constante essa mistura. Porque a Beira uma cidade conquistada ao pntano. Ento, medida que era possvel secar uma regio e construir casa de cimento isso fazia-se. Mas estavam l as casas dos negros locais. Ento, sempre do outro lado da rua havia africanos com casa de canio. No tanto esta arquitectura arrumada, de urbanizao feita com plano, como aconteceu em Loureno Marques. Vivi muito nessas zonas suburbanas, perifricas. [...] Os brancos da Beira eram profundamente racistas. Quando eu sa da Beira para Loureno Marques, em 1971, parecia-me que estava noutro pas, porque na Beira havia quase apartheid em certas coisas. No podiam entrar negros nos autocarros, s no banco de trs... Enfim, era muito agressivo. No Carnaval os filhos dos brancos vinham com paus e correntes bater nos negros... Recordo-me duma histria: eu tinha um senhor que me dava explicaes de matemtica, privadas, e ele era pai dum coronel que tinha feito um massacre em que tinham sido mortos 125 ou 130 camponeses. E ele tinha fotografias do massacre dentro de casa, como uma glria! Eu s andei uma semana naquelas explicaes. Ns chamvamos-lhe o "Bengalo", porque ele tinha uma bengala grande, e quando comeava a sesso de estudo ele mandava sair as mulheres - as meninas - e ficava s com rapazes, e dizia: "Cuidado, porque o pretinho est-nos a ouvir, preciso impedir isso. Na escola eu tenho que baixar as notas dos negros para eles nunca ficarem vossa frente, vocs tm que me ajudar nesta luta..." - e aquilo era uma coisa que para mim soava horrvel. [...] Eu guardo na minha infncia, assim, uma coisa muito esbatida, um ponto de referncia, as histrias que me eram contadas, dos velhos que moravam perto, vizinhos do outro lado da rua, de um outro mundo, e eu recordo esse mundo encantado at algumas histrias, sobretudo como eles me deixaram uma marca. Os meus dois irmos tambm escreviam, com 16, 17 anos, e o meu irmo Carlos mais cedo, at. O meu pai tinha muito esta coisa que eu era o filho que lhe ia continuar a veia. [...] em 83, publiquei o meu primeiro livro. Como uma espcie de contestao contra o domnio absoluto da poesia militante, panfletria. Para se ser revolucionrio era preciso falar de marxismo, nos operrios, e eu resolvi fazer um livro de poesia ntima, intimista, lrico. E o Orlando Mendes, que faleceu agora, fez-me um prefcio bonito, explicando que era uma coisa "nova", no sentido de que se pode fazer uma poesia de vanguarda sem se falar muito em poltica. O livro esgotou-se rapidamente, no o mrito daquele livro, quase todos eles se esgotavam. Influncias? Do Craveirinha, sim, um pouco do Craveirinha. Mas eu apaixonei-me mais pela linha dos brasileiros, pelo Joo Cabral de Melo Neto, pelo Carlos Drummond de Andrade. Quando comecei a descobrir o mundo da poesia pensava que os brasileiros tinham valores maiores. Talvez fosse uma resistncia minha. Achava que havia uma certa injustia praticada no relevo que se dava aos poetas portugueses em relao aos brasileiros, quando estes tinham superado os prprios portugueses. Sim, mas tambm tive a influncia de alguns poetas portugueses, como Sofia de Mello Breyner, o Eugnio de Andrade, o Fernando Pessoa." Aps ter lido a autobiografia de Mia Couto, preencha o esquema seguinte: Cronologia Percurso pessoal Estudos Profisso Experincias recordadas Projectos   y45ž h>%sh5>ih-&h5>i56CJOJQJ\]^JaJh5>iCJOJQJ^JaJh5>i h5>i5CJOJQJ\^JaJ zd$If^gd>%sl  & Fgd5>i$dh[$\$a$gd5>i$a$gd5>i{{{{{{d$If^gd>%sl hkd$$IfF'' t0644 lalyt>%s{{{{{d$If^gd>%sl hkd$$IfF'' t0644 lalyt>%s{{{{{d$If^gd>%sl hkd$$IfF'' t0644 lalyt>%s !"{{{{{d$If^gd>%sl hkd$$IfF'' t0644 lalyt>%s"#-./0123{{{{{{{d$If^gd>%sl hkd$$IfF'' t0644 lalyt>%s345gd5>ihkd$$IfF'' t0644 lalyt>%s21h:p5>i. A!S"S#S$S% $$IfF!vh5'#v':V F t065'alyt>%s$$IfF!vh5'#v':V F t065'alyt>%s$$IfF!vh5'#v':V F t065'alyt>%s$$IfF!vh5'#v':V F t065'alyt>%s$$IfF!vh5'#v':V F t065'alyt>%s$$IfF!vh5'#v':V F t065'alyt>%sj 666666666vvvvvvvvv666666>6666666666666666666666666666666666666666666666666hH6666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666662 0@P`p2( 0@P`p 0@P`p 0@P`p 0@P`p 0@P`p 0@P`p8XV~ OJPJQJ_HmHnHsHtHJ`J -Normal dCJ_HaJmHsHtH dA d &Tipo de letra predefinido do pargrafoTi@T 0 Tabela normal4 l4a ,k , 0 Sem lista d^`d 5>i0 Normal (Web)ddd[$\$CJOJPJQJ^JaJtHL@L 5>i Pargrafo da Lista ^m$` 5>iTabela com grelha7:V0 dPK![Content_Types].xmlj0Eжr(΢Iw},-j4 wP-t#bΙ{UTU^hd}㨫)*1P' ^W0)T9<l#$yi};~@(Hu* Dנz/0ǰ $ X3aZ,D0j~3߶b~i>3\`?/[G\!-Rk.sԻ..a濭?PK!֧6 _rels/.relsj0 }Q%v/C/}(h"O = C?hv=Ʌ%[xp{۵_Pѣ<1H0ORBdJE4b$q_6LR7`0̞O,En7Lib/SeеPK!kytheme/theme/themeManager.xml M @}w7c(EbˮCAǠҟ7՛K Y, e.|,H,lxɴIsQ}#Ր ֵ+!,^$j=GW)E+& 8PK!Dx~aRtheme/theme/theme1.xmlYMoE#F{oc'vGuرHF[xw;jf7q7J\ʯ AxgfwIFPA}H1^3tH6r=2%@3'M 5BNe tYI?C K/^|Kx=#bjmo>]F,"BFVzn^3`ե̳_wr%:ϻ[k.eNVi2],S_sjcs7f W+Ն7`g ȘJj|l(KD-ʵ dXiJ؇kZov[fDNc@M!͐,a'4Y_wp >*D8i&X\,Wxҕ=6.^ۄ Z *lJ~auԙՍj9 !bM@-U8kp0vbp!H#m|&HyȝC)^+Ikio ,A*k,GMg,JnO#KtZ妇|1ikBԥ0 jW¦l|Vn[u~3j ȦyK$rzQL -V 5-nhxL|UviE>fO(8B#6¯S ܣioWnsΊ|{epv4Y%W:.t0O%Jݍq7ŔRN)z?@G\׶Dž8t4~_`zd kH*N69mYiHE=hK&NaV.˒eLFԕU{D vEꦛdmNU(CNޜR콶3a3/TU-!޲!ljUJ[A++T[Xs/7s b1p߃eBoC  d%;x 'hIF'|I{Z.3WSÎBWCdO(, Q݃@o)i ~SFρ(~+ѐnPK! ѐ'theme/theme/_rels/themeManager.xml.relsM 0wooӺ&݈Э5 6?$Q ,.aic21h:qm@RN;d`o7gK(M&$R(.1r'JЊT8V"AȻHu}|$b{P8g/]QAsم(#L[PK-![Content_Types].xmlPK-!֧6 +_rels/.relsPK-!kytheme/theme/themeManager.xmlPK-!Dx~aRtheme/theme/theme1.xmlPK-! ѐ' theme/theme/_rels/themeManager.xml.relsPK] 5 05"358@0(  B S  ?77#-76L\N^`o(. ^`hH. pL^p`LhH. @ ^@ `hH. ^`hH. 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