ࡱ> gifIsbjbj)^ ]@D0ttt8$4,,"NNNNNN$~ZtNNNNN ttNN, NtNtNttttN  & NttN % ii0A revista NOVA/Cosmopolitan na histria da mdia impressa brasileira LAMOUNIER, Carolina Becker Graduada em Publicidade e Propaganda e Mestranda em Comunicao da UNIMAR Universidade de Marlia, SP Orientadora: GONZALES, Lucilene dos Santos Professora do mestrado em Comunicao da UNIMAR e da graduao da FAAC da UNESP/Bauru Universidade de Marlia, SP Resumo: Este trabalho tem por principal objetivo discutir e analisar a trajetria da revista feminina NOVA, integrante da rede internacional Cosmopolitan, no contexto histrico da mdia impressa no Brasil, utilizando pesquisadores que discursam sobre a a produo e recepo de elementos que constituem a identidade da mulher brasileira contempornea. A partir de dados fornecidos pela prpria editora Abril, apresentamos tambm o perfil da leitora dessa revista, com o objetivo de provocar algumas reflexes sobre o contedo editorial e das mensagens publicitrias nela veiculadas, sobre a representao da mulher brasileira, principal target dessa mdia, e a solidificao de conceitos e esteretipos que buscam enraizar padres estticos e comportamentais idealizados no pblico feminino. Palavras-chave: mdia impressa, histria, revista feminina, publicidade, mulher brasileira. Introduo No fim do sculo XIX, as mulheres chegaram aos bancos das universidades. Na dcada de 30, foi-lhes permitido o voto. Saram de seus lares e se lanaram no mercado de trabalho devido II Guerra Mundial. Todas essas transformaes sociais ocorreram paralelamente ao desenvolvimento dos meios de comunicao de massa, que refletem o universo feminino e, ao mesmo tempo, influenciam as mulheres. As revistas femininas, em especial, tm papel decisivo nessa integrao entre os desejos e as necessidades das mulheres e as imagens retratadas nessa mdia, norteando normas e padres socioculturais. Segundo Vestergaard e Schroder (1998), todos os meios de comunicao de massa dependem dos leitores para ter xito: com a simples aquisio de uma revista desempenhamos o papel ativo na comunicao de massa, dirigindo para aquele veculo as necessidades individuais criadas em ns pela sociedade. Assim, o mercado da mdia impressa percebeu no sexo feminino o desejo por produtos e servios que lhes proporcionassem respostas a questes ligadas a relaes amorosas, sexo, beleza e sade moda. Financiada pela publicidade, as revistas femininas, com sua linha editorial e suas mensagens publicitrias, fazem com que determinados esteretipos sejam reafirmados e vendidos, muitas vezes, como verdades absolutas s mulheres. Este artigo, ao relatar especificamente a histria da revista NOVA/Cosmopolitan, da Editora Abril, com dados e informaes atualizadas, fornecidos pela prpria editora, procura apresentar tambm o perfil da sua leitora para algumas reflexes sobre o contedo editorila e das mensagens publicitrias dessa revista quanto representao dessa mulher na busca pelo companheiro, corpo, famlia, profisso. A histria da mdia feminina e a Revista Nova/Cosmoplitan A partir de 1450, da poca da inveno de Gutenberg, a imprensa feminina e as publicaes que a precederam acabaram se tornando produtos de uma demanda social e de um contexto histrico que vieram a definir os rumos de publicaes variadas, sendo elas jornais, revistas e outras mdias. O primeiro registro de uma publicao voltada s mulheres datada do ano de 1554: Il libro della bella donna, de F. Luigi circulava em Veneza. A partir da, a revista feminina se tornou um fenmeno desde seus primrdios e, de maneira crescente, continuou a conquistar seu espao em uma sociedade cujo mercado movimenta negcios lucrativos, estimulando parcerias e concorrncias no panorama da economia brasileira. O fenmeno da revista feminina nasceu e cresceu na Europa, em meados do sculo XVIII. Chegou ao Brasil em 1827, tendo aumentado expressivamente. Atualmente, detm a posio de segundo lugar no ranking de revistas, ficando atrs somente das tiragens de revistas de informao semanais. A primeira publicao para mulheres com circulao regular surgiu na Inglaterra no ano de 1693, chamada Ladies Mercury. A revista trazia em suas primeiras edies uma seo de aconselhamento sentimental, com respostas a cartas que relatavam desiluses amorosas das leitoras. Naquela poca, j era possvel identificar o carter tutorial desse segmento, que sedimenta um modelo de conselheira da mulher. Essa caracterstica permanece identificada na imprensa feminina contempornea. Na segunda metade do sculo seguinte, na Alemanha, Itlia e ustria j circulavam vrios peridicos femininos que tratavam de assuntos como literatura, aconselhamento sentimental e previses astrais. Somente a partir de 1800, o setor de moda obteve publicaes exclusivas. Foi na Europa, mais especificamente na Frana, que a imprensa feminina mostrou maior desenvolvimento. Desde meados do sculo XVIII, jornais franceses conhecidos em todo o continente se dedicavam a publicar poemas, crnicas, alm de falar sobre teatro e moda. A publicidade surgia aos poucos em anncios de fbricas e lojas do ramo. Com o advento da Revoluo Francesa, vrios jornais mostraram traos de motivao poltica em suas linhas editoriais, embora a maioria ainda preservasse em suas pginas os contos literrios, trabalhos manuais e fofocas. Logo, a nomenclatura magazine e o formato de revista ganharam fora nos Estados Unidos. A Ladies Magazine, fundada em 1828, trazia entretenimento, aconselhamento e servio, alcanando grande sucesso. At ento, os peridicos dependiam do servio dos correios. Porm, j na segunda metade do sculo XIX, em funo do crescimento industrial, a imprensa feminina aumentou seu alcance: as revistas comearam a ser vendidas nas livrarias a partir de 1869. Nessa poca, surgiram os moldes de roupa de papel encartados nos peridicos; isso provocou uma exploso nas vendas. Assim, a revista feminina, que em princpio era luxo para poucas mulheres, ou seja, apenas para aquelas que sabiam ler e escrever, expandiu-se por toda Europa e pelos Estados Unidos. Na Frana, as revistas surgiram logo aps a Revoluo; na Itlia, junto com a luta pela independncia do pas. Tambm surgiram na Alemanha os primeiros peridicos femininos com contedo poltico, cujos discursos revolucionrios clamavam pelos direitos das mulheres, defendendo causas como: proteo da mulher trabalhadora, direitos civis das mulheres, restabelecimento do divrcio, ao de investigao de paternidade, direito de exercer determinadas profisses e direito ao voto feminino. No incio do sculo XX, as publicaes femininas ultrapassaram a marca de um milho de exemplares. Em 1919 na Inglaterra, o Ladies Home Journal foi o primeiro a introduzir temas como arquitetura e decorao em suas pginas, obteve recorde mundial de tiragem. J no Brasil, foi no incio do sculo XIX que a imprensa feminina comeou a ter maior expresso no mercado. Segundo Buitoni (1990), a primeira publicao para mulheres chamava-se O Espelho Diamantino, datada de 1827 (ano em que lanou-se o servio regular de vapores entre as cidade de Rio de Janeiro e Santos, acontecimento que contribuiu com a imprensa que surgia). Outros estudos listam o tambm carioca A Fluminense Exaltada, de 1832, como o primeiro jornal brasileiro feminino. Contemplando esse pblico, vrias publicaes se seguiram nas cidades de So Paulo, Rio de Janeiro e Recife. O tema literatura era constante nos peridicos at o final do sculo, e dividia espao com assuntos como moda, artes e variedades. No Rio de Janeiro, o jornal A Marmota Fluminense, grande sucesso de 1849 a 1864, publicou as primeiras litografias impressas no papel no Brasil em forma de figurinos. O folhetim foi um recurso amplamente utilizado nos jornais brasileiros em meados do sculo XIX. Originalmente, era um espao destacado no rodap dos jornais que trazia variedades. Porm, o romance seriado apropriou-se desse espao e, assim, o folhetim passou a designar esse gnero de fico (e no mais o espao de variedades do jornal). No final do sculo XIX, as revistas femininas ofereciam um espao considervel para a literatura. Vrios romances de autores de renome foram publicados pela primeira vez em suas pginas. Muitos ttulos surgiram exclusivamente em funo da literatura e, conseqentemente, abriram espao para a produo literria feminina da poca. A moda e a literatura compunham as bases principais que sustentavam as publicaes femininas brasileiras. O carter noticioso dos jornais somente surgiu no incio do sculo XX; com o advento da fotografia e com as mudanas sociais da poca os jornais se reconfiguraram. J no segmento das publicaes para mulheres, a Revista da Semana, lanada em 1901 no Rio de Janeiro, inaugurou a novidade da utilizao da fotografia. A revista publicava edies que tratavam de assuntos variados e traziam diversas ilustraes. Lanada em 1914 por Virgnia de Souza Salles, a Revista Feminina foi a maior revista brasileira at ento. Contava comercialmente com um esquema que associava assinaturas da revista com a venda de produtos femininos, fabricados pela mesma empresa que publicava a revista. Essa publicao circulou at 1936 com uma tiragem de aproximadamente 15 mil exemplares de 90 pginas (nmeros significativos para a poca). A revista O Cruzeiro foi lanada em 1928 e, em 1940, a publicao j havia alcanado grande popularidade. Era semanal, ilustrada e acompanhava os acontecimentos, adotando assim, um teor mais jornalstico. Outros ttulos tratavam da agenda cultural da cidade e de literatura quando surgiu a fotonovela. O estilo surgiu na Frana em 1938, com xito, s chegando anos mais tarde ao Brasil, ainda na forma de quadrinhos. NOVA/Cosmopolitan a revista feminina mais vendida no mundo O mercado de revistas aumentou 6% em 1999, de acordo com o Instituto Verificador de Circulao (IVC) e a Distribuidora Nacional de Publicaes (Dinap). Naquele ano, as revistas venderam 350 milhes de exemplares, contra 330 milhes do ano anterior. Houve tambm um aumento nos investimentos publicitrios. Nos quatro primeiros meses de 2000, dos 2,9 bilhes de reais gastos em anncios no pas, 8,09% foram para as revistas. No pas h 299 editoras, que publicam mais de 1.600 ttulos, vendidos em bancas. Mesmo com tantas opes de leitura, o brasileiro compra em mdia duas revistas ao ano. O Grupo Abril o lder no ranking de distribuio das revistas filiadas ao IVC, com 65,7% de participao. A Abril tambm a editora com o maior nmero de ttulos regulares nas bancas, sendo as revistas semanais de informao e atualidades as mais procuradas. NOVA foi lanada nas bancas em setembro de 1973. Naquela poca, a mulher na faixa de 20 a 30 anos no contava com nenhuma publicao voltada para assuntos relacionados sua evoluo, tanto pessoal quanto emocional, sexual e profissional. As revistas Nova e Carcia surgiram na Editora Abril como resultado de uma demanda social de informao sobre sexo. Afinal, j eram os anos 1970 e o assunto comeava a deixar de ser tabu. A Editora Abril percebeu essa lacuna no mercado e decidiu lanar NOVA, que faz parte da Rede Cosmopolitan. Esse grupo publica quarenta e sete edies diferentes, em vinte e trs idiomas, que circulam em mais de 100 pases (h uma edio, por exemplo, que circula em toda a Amrica Latina). De acordo com a Editora Abril, NOVA a revista feminina mais vendida no mundo, vendendo, no total, 6 milhes de cpias mensais para cerca de 36 milhes de mulheres todos os meses. Aqui no Brasil, NOVA tem uma tiragem mensal de aproximadamente 400 mil exemplares. Na poca de seu lanamento, a Editora Abril fez uma pesquisa e percebeu que havia maior aceitao por um nome brasileiro, assim batizou a revista de NOVA/Cosmopolitan. Pioneira, a revista exerceu um papel decisivo na poca, ao quebrar tabus sexuais - na dcada de 70, nenhuma revista abordava o tema do sexo da maneira direta como ela fez e ainda faz. A temtica do sexo freqente nos peridicos femininos desde ento. A revista Nova um exemplo dos ttulos que privilegiam esse assunto, ressaltando, assim, o fenmeno da hiper-segmentao, uma caracterstica interessante das revistas especializadas. A hiper-segmentao contempornea da imprensa feminina surge como conseqncia de demandas provenientes de diversos setores da sociedade. Fazem com que essa mdia se divida de acordo com recortes de classe social, faixa etria, estilo de vida, prioridades de cunho pessoal e/ou profissional, e mesmo de etnias. Dessa forma, no faz sentido pensar na categoria revista feminina como um todo, na medida em que cada revista se volta especificamente para as mulheres adolescentes, maduras, pobres, de elite, emergentes, que cozinham, que costuram, que assistem a novelas, que desejam emagrecer, negras, orientais, esportistas. Compem, no seu somatrio, um surpreendente mosaico do universo feminino na sociedade de hoje. A revista NOVA de periodicidade mensal, com circulao mdia de 284.910 exemplares, num total de 1.990.000 leitores. O contedo editorial de todas as edies composto pelos seguintes temas: Amor/Sexo, Vida/Trabalho, Gente Famosa, Beleza/Sade, Moda/Estilo. uma publicao dirigida mulher dinmica, curiosa, independente economicamente, com alto nvel cultural e que gosta de vida social. A misso da NOVA incentivar e apoiar a mulher na busca do auto-conhecimento, no desenvolvimento pessoal, na ousadia e coragem para enfrentar seus desafios, assim como na construo da auto-estima e da autoconfiana feminina, de acordo com a prpria editora Abril. O perfil da leitora de NOVA o de uma mulher jovem, que trabalha fora e tem entre 18 e 49 anos, das classes ABC. Mulher de atitude, cheia de energia, ousada, independente, frente do seu tempo, positiva, busca equilbrio emocional e procura sempre superar os seus prprios limites como mulher e profissional; nas reportagens, quer saber mais sobre sexo, carreira, beleza e amor. As leitoras somam aproximadamente 1.168.783 leitoras. grande a porcentagem das que colecionam a revista desde o primeiro nmero: so mulheres que comearam a ler a revista quando estavam com 18 anos de idade e, hoje, aos 45 anos, ainda a acompanham. J que a maior parte das leitoras tem menos de 30 anos, a NOVA prioriza artigos e reportagens de interesse especfico dessas mulheres. Exemplificando, em relao s reportagens de sexo, h vasto nmero de reportagens sobre sexo no primeiro encontro, etiqueta sexual no primeiro encontro, etiqueta sexual para recm-namorados, idias para apimentar a relao. Em resumo, as reportagens so centradas na maioria das questes pelas quais as mulheres solteiras se interessam. O critrio adotado para reportagens sobre relacionamento afetivo, pois so publicados um alto nmero de artigos sobre paquera, j que uma parte significante das leitoras ainda no casada. Porm, sempre se encontram matrias que visam complementar a pauta com temas sobre casamento ou traio, por exemplo, para satisfazer aquela parcela de leitoras casadas. As assinantes de NOVA levam aproximadamente 5 dias para ler a revista. Um exemplar lido por 3,5 pessoas, em mdia. Pesquisas indicam que 86% das leitoras acham que a revista informa, 61% dizem que a revista diverte, 69% lem a revista no quarto e 78% prestam ateno aos anncios publicados e os lem. O tema Beleza/Esttica de interesse de 794.772 leitoras de NOVA, e Moda/Vesturio despertam a ateno de 701.269 leitoras. Sabe-se tambm que 1.016.841 das leitoras da revista costumam fazer compras em supermercados.  A revista mudou medida em que a sociedade foi se transformando. Na poca de seu lanamento, assuntos relacionados a sexo eram tabus sociais. Com sua linha editorial, NOVA incorporou o papel de desmistific-los e traz-los tona, pois a leitora via a sua prpria sexualidade como um assunto proibido. Hoje a leitora no possui mais alguns desses preconceitos, conseguindo se expressar abertamente sobre esse assunto com a famlia, as amigas, o namorado. A revista procura sempre informar sua leitora sobre os caminhos que podem lev-la a realizao de sua sexualidade, sem tabus. O sucesso de NOVA originou outra publicao: NOVA Beleza, a revista da mulher que quer ficar bonita, jovem e saudvel por mais tempo. Os nmeros de circulao dessa revista, 115.500 exemplares bimestrais, demonstram a autonomia conquistada pelo suplemento. Para veicular um anncio de seu produto na NOVA, preciso que o anunciante desembolse quantias entre R$ 118.300 (2 capa + pg. 3) e R$ 47.300 (1 pgina indeterminada). H variaes de preo dependendo do tamanho e formato do anncio, da pgina, setor e regio escolhidos pelo anunciante (pgina indeterminada, vertical, horizontal, setor de moda, setor de varejo, regio de So Paulo ou outras regies). As edies so compostas de 180 pginas em mdia e 38,9% das pginas so anncios publicitrios. Alguns ocupam duas, trs e at quatro pginas, porm a maioria de somente uma pgina. sobre os contedos de NOVA e suas leitoras que trataremos a seguir. A mulher leitora e consumidora da NOVA/Cosmopolitan A figura da mulher vem sendo construda culturalmente e a sociedade de consumo refora o papel da mulher como protetora do lar e da famlia. A grande maioria das mensagens dirigida mulher consumidora, responsvel pelo consumo de toda a famlia. Segundo Carvalho (1996: 23), a sociedade de consumo identifica e refora o papel feminino que vem se desenvolvendo historicamente a partir da organizao patriarcal da sociedade, o de sustentculo interno da estrutura familiar. Nas publicidades de NOVA, so anunciados perfumes, roupas, calados e acessrios, aparelhos celulares, cremes anti-rugas, tinturas de cabelo, remdios e vitaminas, shampoos e absorventes ntimos, divulgando repetidamente padres de comportamento de consumo, alterando a viso de mundo do receptor. Os ideais femininos propostos por Vestergaard e Schroder (1998) permanecem. O ideal de domesticidade sustentado por anncios que a exibem apenas como me e esposa, embora com menos freqncia. O valor emocional enfatizado por meio de conotaes em ilustraes e textos. Se a vida da mulher no da forma como prega a publicidade, somente ela possui a culpa, por ser incapaz de realizar as funes de me/esposa dela esperada pela sociedade. Com a inteno de corrigir as falhas, a mulher recorre ao consumo como uma soluo. Anncios que expem s mulheres suas obrigaes das donas-de-casa, pregando que aquela que no trabalha fora no tem o direito de estar cansada, j no surtem o mesmo efeito de anteriormente; em certas situaes, gera at rejeio. Atualmente, em vez de enfatizar a imagem da dona-de-casa, as publicidades da NOVA se concentram no principal problema que a mulher enfrenta hoje: trabalhar dentro e fora de casa. As mensagens publicitrias admitem que a mulher tem dupla jornada, utilizando a estratgia de solidariedade para com a mulher, como forma de persuaso. Mas mesmo aceitas no mercado de trabalho, os anncios ainda refletem a sua responsabilidade pelos afazeres domsticos.Quanto idia de que a soluo dos problemas criados por essa dupla funo est no consumo de mercadorias, ela de uma consistncia total com o papel da propaganda (CARVALHO,1996: 83). Atualmente, a feminilidade da mulher dominante nas publicidades da NOVA, tornando-se a nova camisa-de-fora do universo feminino. A competitividade entre elas se acirrou pela ateno de todo e qualquer homem. Mesmo que hoje em dia a mulher seja ativa, o ideal passivo controlado pelo Olho Masculino, ou seja, sua atividade consiste em se tornar passiva espera do homem. Refletir a imagem certa requer o uso incessante de cosmticos e at cirurgias estticas, prega a publicidade. A beleza conseguida com o uso de artifcios para alcanar modelos inquestionveis de beleza o ponto de partida para diversos anncios, no oferecendo mulher a chance de decidir se ela deseja seguir o modelo; apenas a ensina como ser uma verso perfeita de si mesma. Propositalmente, a publicidade instiga a mulher a sentir inveja. A imagem, ento, torna-o invejoso de si mesmo, daquilo que ele poderia ser. Mas que que o torna pretensamente invejvel: a inveja dos outros (Berger, 1972:133). As prprias mulheres se impem ideais de beleza, sugerindo que certos traos fsicos (muitas vezes naturais) femininos so alvo de chacotas, visto que a publicidade vitima aquelas que os possuem. J a mulher trabalhadora somente aparece nos anncios sendo mostrada como ocupante de cargos de alto prestgio. Ao retratar o mundo corporativo, a publicidade no menciona a tica emotiva e cooperativa, caracterstica do sexo feminino. Consideraes finais A trajetria da revista NOVA/Cosmopolitan mostra como a insero da mulher no mercado de trabalho e sua participao como consumidora proporcionou a publicao e sucesso dessa mdia. Ao apresentar reportagens e mensagens publicitrias sobre as novas conquistas e anseios dessas mulheres, projeta, em seu contedo, a mulher atual, dividida entre valores modernos e tradicionais, ou seja, uma nova mulher com antigas questes. Tanto a linha editorial como os anncios refletem uma verso singular da realidade, moldada de acordo com presumveis atitudes e valores do pblico-alvo. Os esteretipos detectados na representao da mulher na revista NOVA/Cosmopolitan expressam a conduta adequada, o perfil psicolgico, o status social e o padro esttico aceitvel, nos quais toda mulher precisa se encaixar. preciso modelar o corpo, domestic-lo, mostrar que a natureza pode e deve ser contornada, para satisfazer o olhar do homem a ser seduzido, ou da outra mulher, considerada a concorrente. Enfim, no s a publicidade, mas todo o contedo de NOVA mostra que toda mulher tem a beleza ao seu alcance, se consumir os produtos disponveis, pois s assim achar o caminho para a aceitao pessoal e profissional, o amor e, conseqentemente, a felicidade. Referncias bibliogrficas BAUDRILLARD, J. Da seduo. Trad. Tnia Pellegrini. 3. ed. Campinas: Papirus, 2000. BOURDIEU, P. A economia das trocas simblicas. So Paulo: Perspectiva, 1982. BUITONI, D. H. 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Em 1960, num empreendimento inovador e ousado, Victor Civita resolveu publicar obras de referncia em fascculos. Foi um fenmeno editorial. O conhecimento antes restrito s bibliotecas e livrarias chegava s bancas. Ao mesmo tempo, o crescimento da famlia Disney e o lanamento de Z Carioca, em 1961, estimularam os quadrinhos nacionais. Recreio, lanada em 1969, levou mais adiante a proposta de educar divertindo com suas histrias e atividades. Circulou por 12 anos e em 2000 foi relanada com uma proposta editorial atualizada. A Abril publica 31 ttulos infanto-juvenis e 21 especiais. A Abril esteve presente nas principais transformaes da sociedade brasileira. O crescimento do turismo e da indstria automobilstica, por exemplo, fez nascer Quatro Rodas. Futebol e sexo ganharam revistas sobre o assunto com Placar e Playboy. E Veja, hoje a maior revista do pas, foi responsvel por algumas das melhores reportagens publicadas na imprensa nacional. A Abril tambm acompanhou de perto a mulher brasileira nas ltimas cinco dcadas com o lanamento de revistas femininas. Capricho comeou com fotonovelas e em 1981 foi reformulada para falar com as adolescentes. Manequim, a primeira revista de moda da Abril, hoje uma das mais vendidas no Brasil. Claudia, que nasceu em 1961, focalizava inicialmente a dona-de-casa. Ao longo dos anos, para manter a liderana no setor, recebeu sucessivas adaptaes e tratou de temas polmicos, como o feminismo. Nas dcadas seguintes, surgiriam inmeros ttulos, entre eles Nova e Elle, e, recentemente, Estilo. Para continuar na liderana, a Abril diversificou sua atuao. Investiu em televiso e internet. Colocou no ar a TVA e a MTV, esta ltima com programao musical dirigida ao jovem. Na internet, a primeira iniciativa foi o Brasil OnLine, lanado em 1996. Hoje a Abril possui mais de 50 sites. A Abril continua em plena transformao e, com o habitual pioneirismo, em julho de 2004 anunciou a entrada de um novo scio: a Capital International, Inc.A liderana que exerce no mercado e os impressionantes nmeros comprovam que o sonho de Victor Civita era um grande negcio. Hoje a Editora publica mais de 340 ttulos, que chegam a 26 milhes de leitores. A Grfica utiliza processos digitais e imprime cerca 350 milhes de revistas por ano. Com todos os seus sites, atinge cerca de 200 milhes de pageviews ao ms, e os jovens espectadores da MTV chegam a 7,9 milhes ao ms.  http://www.portalbrasil.net/brasil_economia.htm  Fonte: IVC fevereiro 2003 a fevereiro 2004 (circulao paga + gratuita)  Fonte: Projeo Brasil de Leitores Ed. Abril com base no ano Marplan/IVC Consolidado 2003  Fonte: Projeo Brasil de Leitores Ed. Abril com base no ano Marplan/IVC Consolidado 2003.  Fonte: Research International (SP e RJ) novembro de 2002  Fonte: Projeo Brasil de Leitores Ed. Abril com base no ano Marplan/IVC Consolidado 2002.  http://www.elle.abril.com.br/midia_kit/nova/precos_i.html  Berger apud Vestergaard e Schroder (1998: 83) Os homens agem e as mulheres aparecem. Os homens olham para as mulheres. As mulheres percebem que esto sendo olhadas. Isso no s determina a maioria das relaes entre homens e mulheres, mas ainda a relao delas entre si. O observador da mulher em si mesma masculino: a observada, feminina. Assim ela prpria se transforma num objeto mais particularmente, num objeto de percepo visual: numa viso. 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