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UMA CIDADE CHAMADA SOLIDÃO

(11 de julho de 2000)

José Rezende Jr.

Solidão (PE) - É uma cidade pequenininha que só, sem emprego para o povo, sujeita à má vontade das nuvens, como tantas outras deste seco sertão afora. A diferença é o nome. Tem gente que acha triste, tem gente que acha engraçado: a cidade se chama Solidão. Mas não se pode dizer que Solidão está sozinha no mundo. Não. Solidão tem seu lugar no mundo, ou é o mundo que tem seu lugar em Solidão, por obra e graça das antenas parabólicas espetadas em grande parte dos telhados e terreiros dessas casinhas que quase nunca têm geladeira apesar do calor do cão.

Aí é que a coisa se complica: como a parabólica chupa direto do satélite a imagem embarcada lá em São Paulo ou no Rio de Janeiro, Solidão vê na tevê o que se passa em São Paulo, no Rio de Janeiro e nesse mundão de meu Deus. Mas não vê o que se passa em Solidão, nem no Recife, que fica logo ali a uns 300 km, nem mesmo em Afogados da Ingazeira, Albuquerque Né, Sertânia, Cruzeiro do Nordeste e outras tantas vizinhas de infortúnio do sertão do Pajeú

Miguel Arraes, Jarbas Vasconcelos? Nada disso: na tela de Solidão o que se vê é um povo distante: Covas, Maluf, Garotinho, Brizola... Já corre até propaganda duma galega de olho azul, a Marta Suplicy, que quer ser prefeita lá de São Paulo, a uns 3 mil km de lonjura. Os pernambucanos Alceu Valença, Lenine, Cascabulho, Mestre Ambrósio, Chico Science? Só se aparecerem no Faustão ou no Gugu, coisa da mais difícil, ainda mais para o Chico, que até já morreu.

Deve ser por isso que em Solidão todo mundo torce pelo Palmeiras, Santos, Corinthians, São Paulo, Flamengo, Vasco... Tem até cruzeirense. O que não tem é torcedor do Sport, nem do Santa Cruz, nem do Náutico.

Quer dizer: ter, tem. Mas é tão raro que vira até notícia. O agricultor e sanfoneiro Reginaldo Pereira da Silva, o Naldo do Acordeom, torce pelo Sport. Antes, Naldo, que não tinha geladeira, despossuía também parabólica e a imagem da televisão era uma porcaria, devido ao sinal fraquinho que a Globo manda lá de Caruaru e chega a Solidão cansado demais para subir e descer a serra. Naldo comprou parabólica. Pagou, sem ter, R$ 275,00 em cinco vezes.

“A gente compra é de teimoso, condição não tem. Geladeira é coisa muito ótima, mas parabólica é mais importante. Não tem nada mais triste que ficar isolado do mundo, sem comunicação”, filosofa. Para conectar-se ao mundo, Naldo vendeu um porco por R$ 60,00 e um bezerro por R$ 120,00. Restou-lhe a vaquinha que garante o leite das seis crianças e a junta de boi que, bem ou mal, é fonte de renda quando não chove no chão, vez em quando carregando coisa dos outros para lá e para cá.

O ruim é a falta que faz o Sport na tela da televisãozinha em preto-e-branco. Campeonato pernambucano e noticiário sobre o futebol da terra, nada da parabólica trazer. Jogo do Sport, só quando o Leão da Ilha enfrenta os grandes lá do Sul. Pois para ver seu time ganhar o pentacampeonato estadual em cima do Santa Cruz, Naldo teve que ir na casa de Ademar Pereira, primo e parceiro de forró. Ademar tem antena só da comum. Parabólica ele já possuiu, mas foi obrigado a vender, para desgosto da família. “Faz falta, moço, dá dó. Mas na crise do dinheiro, o cabra se vale do que tem”, conforma-se.

A crise do dinheiro que obrigou Ademar a se desfazer do patrimônio mais valioso (comprado por R$ 300,00 e vendido pela metade do preço) é culpa da seca. Quer dizer: chover, até choveu. Agora mesmo, Solidão é verde. Dá gosto de ver. O ruim é que choveu e o povo se animou e plantou, mas a chuva deu de faltar justo na época do milho bonecar (virar espiga, no idioma do sertão) e bem na hora de florar o feijão de arranca (esse mesmo que o povo das bandas do Sul conhece; não confundir com o outro feijão, o de corda, que é sertanejo e gostoso que só, mas não dá preço).

Ademar lamenta a ingratidão da chuva, mas não esquece o dia em que ela caiu, depois de três anos de inverno ruim (inverno não é quando faz frio, é quando chove). “Foi no dia 28 de dezembro do ano passado. Era de 3 horas da tarde. Antes, a gente viu relampear lá para o Norte, primeiro sinal que o inverno vem descendo. Depois a gente ficou olhando a preparação das nuvens, aquele nevoeiro meio embolado que foi engrossando, engrossando, formando uma barra no nascente. Aí choveu.”

Mas aí o inverno afracou quando mais devia ser forte, e Ademar perdeu uns 60% da safra. Podia ter sido pior. Podia nem ter chovido hora nenhuma. “Se não chovesse”, Ademar se benze, “ia ser de novo aquela calamidade que passa todo ano na televisão”. E nem precisa o sertanejo possuir parabólica para ver na tela a calamidade que vê ao vivo da janela: notícia ruim chega até com antena comum.

Se bem que tem uma coisa: quando é tempo de seca feroz, o governo cria a tal frente de emergência e é só desse jeito que o povo arruma emprego (foram 905 alistados no ano passado). É pouco: R$ 60,0O por mês. Mas é muito, para uma cidade assolada pelo flagelo do desemprego, meio-irmão da desgraceira da seca. Solidão tem 5.3O0 moradores. O principal patrão é a prefeitura, que dá emprego a nada menos que 400 pessoas, sabe Deus onde e como. “Com uns 150 funcionários eu resolvia o problema”, admite a prefeita Jacinete Vieira, a Neta, do PMDB. “Mas se eu mandar embora hoje, amanhã vem esse povo todinho bater na porta pedindo esmola.”

O problema é que a folha de pagamento da prefeitura come R$ 60 mil por mês. E o orçamento que vem do Fundo de Participação dos Municípios, calculado com base no número de habitantes, não passa dos R$ 100 mil - culpa, pode até ser, da televisão, que diminui a taxa de natalidade e aumenta o sonho de ir embora para São Paulo, em busca do mundo mais bonito que aparece nas novelas. (Em 1970, Solidão tinha uma população de 8 mil moradores, 50% maior que essa de hoje.)

EMERGÊNCIAS

Além dos 400 funcionários públicos, Solidão tem 750 velhinhos e velhinhas que ganham R$ 150,00 de aposentadoria (quase um salário decente, para um lugar onde quase nada se tem) e ajudam a aquecer a economia local (quatro padarias, meia dúzia de botequins, um mercadinho e, claro, uma loja de antenas parabólicas). Somados, os aposentados ganham R$ 113 mil por mês, R$ 13 mil a mais que o orçamento da prefeitura.

Em Solidão, envelhecer não é de todo ruim: até os 64 anos o trabalhador rural tem que rezar para chover e a terra dar o de comer; se agüentar até os 65, se aposenta e tem pelo menos a comida garantida pelo pouco de vida que lhe resta (quando resta: a expectativa de vida da do nordestino é de 65 anos).

“Se não fosse a aposentadoria? Óxe! Nem sei o que ia ser de nós”, reconhece o plantador de milho Luís Elias dos Santos. Aos 73 anos, seu Elias é uma das tantas vítimas do tempo seco e da lógica fria da lei de oferta e procura. “No sertão, moço, acontece assim: quando o milho tem preço, não há; quando há, não tem preço”, explica ele, que, de teimoso, insiste em plantar também algodão, apesar do bicudo, o besouro que comeu e ainda come o que resta da produção algodoeira pernambucana. Em 1954, seu Elias colheu 100 arrobas de algodão (o equivalente a mil quilos). “Construí casa, fiz futuro com algodão”, lembra. O futuro acabou: no ano passado, seu Elias não colheu nem uma arroba.

Caiu a população de algodão, caiu a lavoura de algodão, caiu também a produção de rapadura: há 20 anos, Solidão tinha 49 engenhos; hoje, restam três. Um dos sobreviventes é o de José dos Santos, que já produziu 15 milheiros de rapadura por ano. Este ano, se produzir um milheiro é muito. “0 inverno foi ficando pouco, o cabra ficou desguarnecido de plantar a cana. Antes a seca era espaçosa, agora é quase todo ano. Mas 2004 vai ser bom, porque as eras procuram sempre o número 4, todo ano acabado em 4 dá inverno bom”, planeja, com quatro anos de antecedência.

Numa economia tão assim sujeita ao sortilégio das eras, qualquer ajuda, mesmo o dinheiro pouco das frentes de emergência é mais do que bem-vinda. Que o diga o corintiano Cícero Mendes, dono da loja Padre Cícero, que vende antena parabólica. A chuva fez mal o negócio. “Enquanto durou a frente de emergência e o povo teve dinheiro, pouco mas tinha, eu vendia umas 12 parabólicas por mês. Hoje, vendo uma ou nenhuma”, contabiliza.

Cícero não tem esperança de ver o comércio melhorar tão cedo. A loja vende também geladeira, mas se o povo não está comprando nem parabólica, geladeira, então... Ademar, por exemplo, aquele que se desfez da parabólica por causa da seca, não sabe de quantos invernos bons precisa para comprar outra. Não sabe sequer quando vai poder consertar a sanfona de quarta mão e mais de 20 anos de uso, que tem o fole furado, os registros que já não registram e muitos dos 120 baixos emperrados.

Mesmo assim, é com essa sanfoninha desmantelada que Ademar, o irmão Edgar e o primo Naldo (aquele que torce pelo Sport) engordam o orçamento, tocando forró de pé-de-serra (o tradicional, feito de sanfona, zabumba e triângulo) nos sítios pelos arredores de Solidão. Dá muito pouco, R$ 15,00, R$ 20,00 por batizado ou casamento na roça. Quando dá. “Hoje, se a gente toca Luiz Gonzaga, o povo reclama, principalmente os mais jovens”, suspira Naldo. “Eles querem é esse forró de guitarra e teclado misturado com brega e sertanejo, que aparece na televisão. Mas se Deus quiser, a gente compra pelo menos um equipamentozinho de som, para aumentar nosso forró.”

Por falar de Luiz Gonzaga, em Solidão existe um, mas que nunca tocou baião. Luiz Gonzaga Ribeiro tem 60 anos, cinco filhos, uma roça de feijão, milho e algodão e uma antena parabólica, esta a contragosto. “O meu filho Agamenon insistiu, disse que eu tinha que ter e botou aí no terreiro.”

Agamenon foi-se para São Paulo há dez anos, e só voltou duas vezes. “Pai, emprego não tem. Vou mergulhar na lapa do mundo e lá arranjo meu meio”, disse Agamenon, na véspera do mergulho na lapa do mundo. “Foi embora. Sumiu. Eu pensava: ‘Será que Agamenon ainda existe?’ Cinco anos sem notícia. Um dia, um automóvel parou aqui na porta, eu esperei a nuvem de poeira baixar, era ele.”

Agamenon arrumou seu meio. Dirige guincho numa firma lá de São Paulo. Manda dinheiro de vez em quando, comprou para o pai televisão colorida e antena para-bélica. “Eu, por mim, continuava vivendo sem, mas ele disse: ‘Pai, o senhor tá muito triste desde que mãe morreu, precisa da televisão pra esquecer da vida’”, lembra seu Gonzaga. “Antes de existir televisão, o povo conversava mais com os amigos; os jovens ouviam palestra dos velhos e ia todo mundo dormir cedo, pra pegar enxada bem cedo no outro dia. Hoje, as moças só querem ver novela e andar na toronga.” Andar o quê, seu Gonzaga? “Na toronga: de roupa curta.”

Seu Gonzaga lembra da vida antes da televisão. Lembra da vida antes de muita coisa. “Antes não existia rádio, aí o compadre Gardino comprou e ia o povo todo assistir na casa dele. Até que todo mundo possuiu rádio. Aí veio o relógio: apareceu o primeiro, era novidade, depois empestou: todo mundo tem relógio, até eu. Inventaram televisão e foi a mesma coisa, agora chegou essa tal antena. Antes todo mundo vivia sem rádio, sem relógio e sem televisão. Hoje todo mundo precisa de ter.”

Não é que seu Gonzaga seja terminantemente contra a televisão. Ele até assiste aos telejornais, desde que antes das sete da noite, quando vai dormir para levantar no dia seguinte às quatro da madrugada, para preparar a terra, para esperar a chuva. “Jornal da televisão explica muita coisa importante, dá notícia dos acontecimentos, do governo, do presidente... Eu só não sei é botar na cabeça isso que eles falam tanto, esqueço tudinho no dia seguinte”, lamenta.

Seu Gonzaga não é indiferente à velocidade de informação que deixa arretado o mundo moderno. Ele se preocupa com ela, sim, mas de um jeito diferente: “O que eu mais queria era ter estudo, poder ler carta de meu filho Agamenon sem pedir que alguém estudado leia pra mim: já pensou, moço, abrir o envelope e ficar sabendo, na mesma hora, o que tem lá dentro? Deve ser a coisa mais linda”.

Receber a informação assim, nessa espécie de tempo real sertanejo, talvez fosse uma forma de amenizar a solidão de seu Gonzaga, desde que foi embora o único filho homem e morreu a mulher com que ele se casou quando tinha só 13 anos de idade e ela andava já pelos 26 e meio. “O padre diz que só me casava se eu jurasse nunca largar de gostar dela. E eu nunca larguei de gostar dela.”

MILAGRE

Mas por que, afinal, Solidão se chama Solidão? Tudo começou quando a cidade era ainda menor do que hoje. Aliás, estava longe de ser cidade, era só a fazenda de um certo Jesuino Pereira, com meia dúzia de casas. Corria o ano de 1910 e seu Jesuino resolveu chamar o vigário de Afogados da Ingazeira, o padre Carlos Cottart, para rezar missa. O padre chegou ao entardecer, apeou do cavalo, olhou em volta e traduziu o que tinha diante dos olhos: “Que solidão!”

Francês da cidade de Lourdes, local de uma das aparições da Virgem, padre Carlos resolveu que aquela solidão era a morada ideal para uma imagem de Nossa Senhora, mas morreu sem realizar o sonho. Até que, em 1947, outro vigário, o padre Osvaldo Prince, encomendou uma imagem no Rio de Janeiro e mandou construir uma gruta de cimento para abrigar a santa. Aí começou a minar água, e com a água de Nossa Senhora de Lourdes - ou “o milagre”, como prefere o povo - um cego da Paraíba enxergou, duas mudas de Arcoverde falaram, um bexiguento vindo de algum lugar sarou o corpo em carne viva, e danou de chegar romeiro de tudo quanto é canto. O milagre líquido secou há mais de 20 anos, dizem que por castigo devido ao povo que começou a engarrafar e vender aos desesperados, mas os romeiros continuam vindo, todo mês de outubro, em busca de cura ou chuva.

“Vou contar uma história / da gruta de Solidão / do ano 48 foi a maior devoção / a cura de um menino / se arrastando pelo chão”. Os versos, escritos e cantados por José Vicente Barbosa, falam de um miagre que o autor não apenas viu ou ouviu contar: José é o próprio personagem principal da cantoria, o menino se arrastando pelo chão.

Zé de Quintino, como é conhecido esse José filho de seu Quintino (o finado construtor da gruta de cimento da santa), foi o primeiro beneficiário do milagre de Nossa Senhora de Lourdes de Solidão. “Eu nasci perfeito, mas com um ano e oito meses de nascido, paralisei. Aí minha irmã jogou três canecas de milagre da santa em cima de mim e eu levantei e andei”, conta Zé de Quintino, hoje com 53 anos.

Zé de Quintino tem a perna atrofiada e o pé torto, que não o impedem de subir os 58 degraus da escadaria da santa para rezar. E lá vem Valdisnei, o filho mais novo, de 9 anos, também subindo a escada, mas para raspar com uma faca enferrujada o que sobrou da cera das velas deixadas pelos devotos: com os restos da fé alheia, a família fabrica uma vela seminova, para as noites em que não há luz porque não há dinheiro para pagar a conta.

Zé de Quintino, que já foi eletricista, já foi pedreiro, já labutou na roça, já não trabalha: tem febre reumática, problema de coluna, dor de estômago, não dorme à noite. Tentou a aposentadoria por invalidez. Nem isso. “Não faço nada de futuro. Vivo a pulso”, resume. Como se fossem poucas as dores do menino que a santa curou para depois largar assim no mundo, dói-lhe também a dor da solidão: há dois meses, a mulher foi embora. Levou o que pôde. Deixou a parabólica, cujo fio jaz dependurado no meio da sala, sem nenhuma serventia: por conta das prestações atrasadas, a loja tomou de volta a televisão.

DESMANTELO

Há solidões maiores. Quem enfrentar os 12 km da estrada - de poeira ou barro, de acordo com a estação - que liga o asfalto da PE-320 a Solidão há de ver do lado esquerdo de quem chega uma casinha sertaneja como tantas, só que sem parabólica. Não tem televisão. Nem rádio. Nem água encanada. Uma única lâmpada pendurada no teto dá à casa um toque de solitária modernidade. Como toda casa sertaneja, a porta é dividida em duas, a metade de baixo fechada, a de cima quase sempre aberta para deixar entrar a rua, sobre a qual se debruçam duas velhinhas, que passam os dias a olhar a estrada.

As duas compartilham a solidão. Nunca se casaram, nunca tiveram filhos.A mais velha, Rosa Luiza dos Santos, é tia da mais nova, Maria Luiza, cuida dela desde mocinha. Hoje, já não se sabe quem cuida de quem. Duas mesinhas, dois banquinhos, dois pratos esmaltados, duas colheres. Na parede, suja da mesma fuligem do fogão à lenha que preteia os cabelos brancos das donas da casa, imagens de santo e retratos coloridos à mão de parentes mortos. Duas malas, grandes e antigas, não lembram em nada a bagagem dos viajantes: são antes uma espécie de âncora de vidas para sempre estacionadas.

“Olhando o nosso desmantelo, meus filhos?”, pergunta a mais velha aos dois visitantes inesperados, um que tudo olha e tudo escreve, outro que tira retrato de graça.

As duas velhinhas não comeram nada de manhã. Os pratos esmaltados ainda guardam restos do almoço: arroz e feijão e só, que agora alimentam as moscas. A mais nova já viu televisão. A mais velha, que tem um olho comido pela catarata, nem sabe do que se trata, mas tem saudade do rádio que possuiu um dia, um mês antes ou décadas atrás, não se sabe ao certo: o tempo já não conta (a não ser, talvez, o tempo que ainda falta).

Os visitantes vão embora. No caminho antes do asfalto tem uma casa com antena parabólica e na fachada um desejo escrito à mão em letras bem grandes: “Feliz Ano Novo”.

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