Prof. Renata Valente



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MATERIAL DE APOIO

LÍNGUA PORTUGUESA I

“Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,

vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”

Luís Fernando Veríssimo

CURSO: DIREITO

PROFESSORA: Renata Valente F. Vilela

e-mail: renata.valente@uninove.br

Material organizado pelas professoras de Língua Portuguesa e Leitura e Produção Textual

DEFININDO ALGUNS CONCEITOS:

1) LÍNGUA : A Língua é um código de que se serve o homem para elaborar mensagens, para se comunicar e interagir com outras pessoas. Assim, quanto maior o domínio que temos da língua, maiores são as possibilidades de termos um desempenho lingüístico/comunicativo eficiente.

língua pertence a todos os membros de uma comunidade. Como ela é um código aceito convencionalmente, um único indivíduo não é capaz de criá-la ou modificá-la. A fala, entretanto, é sempre individual e seu uso depende da vontade do falante.Nem a língua nem a fala são imutáveis. A língua evolui, transformando-se historicamente.

2) ) LINGUAGEM:

Linguagem é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a comunicação e a interação entre as pessoas.

Existem muitos tipos de linguagem. A fala, os gestos, o desenho, a pintura, a música, a dança, o código Morse, o código de trânsito, tudo isso podemos classificar como sendo linguagem. As linguagens podem ser organizadas em dois grupos: a linguagem verbal, modelo de todas as outras, e as linguagens não verbais. A linguagem verbal é aquela que tem por unidade a palavra; as linguagens não verbais têm outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento, a imagem, etc. Existem também as linguagens mistas, que combinam unidades próprias de diferentes linguagens. Nas histórias em quadrinhos, por exemplo, a linguagem geralmente é mista, pois elas contêm imagens e palavras.

3) DISCURSO: toda produção verbal inserida em determinado contexto interativo. Para depreender seu sentido, é fundamental que o ouvinte/leitor associe o texto produzido com a situação interlocutiva em que ele está inserido

4)VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA

Uma língua nunca é falada de maneira uniforme pelos seus usuários: ela está sujeita a muitas variações as quais, sinteticamente, podem ser:

• de época para época: o português de nossos antepassados é diferente do que falamos hoje. Repare que em algumas obras literárias encontramos palavras como “cousa”, “pharmácia” etc.

• de uma região para região: o carioca, o baiano, o paulista e o gaúcho falam de maneiras nitidamente distintas observadas pelo emprego de palavras para dar nomes a alguns objetos, plantas, situações e também pela articulação fonética.

• de grupo social para grupo social: pessoas com um nível de escolaridade maior conseqüentemente empregam a língua de uma forma considerada mais “culta” em relação àqueles que nunca freqüentaram uma escola. Aqui também encontramos a fala muito peculiar dos grupos de pessoas que compartilham os mesmos gostos, lugares, idéias, como a fala dos surfistas, dos roqueiros, dos que apreciam o funk; aqui entramos em contato com as gírias que, em determinadas situações, devem ser usadas com mais cuidado independentemente do grupo do qual fazemos parte.

• de situação para situação: cada uma das variantes pode ser falada com mais cuidado e vigilância ( a fala formal ) e de modo mais espontâneo e menos controlado ( a fala informal). Um executivo, por exemplo, pode fazer uso da linguagem formal em seu ambiente de trabalho tendo em vista as pessoas com quem se relaciona, mas esse mesmo executivo pode fazer uso da linguagem informal se estiver com amigos numa conversa despreocupada e divertida.

Diante de tantas variantes lingüísticas, é possível que alguém pergunte qual delas é a correta. A resposta para esta pergunta é que não existe a mais correta em termos absolutos, mas sim, a mais adequada para cada contexto em que nos encontramos. Dessa maneira, fala bem aquele que se mostra capaz de escolher a variante adequada a cada situação e consegue o máximo de eficiência dentro da variante escolhida.

Usar o português rígido, próprio da língua escrita formal, numa situação descontraída da comunicação oral é falar de modo inadequado. Soa como pretensioso, pedante, artificial. Por outro lado, é inadequado em situação formal usar gírias, termos chulos, desrespeitosos. Usar a língua é parecido com vestir-se: assim como existe uma roupa adequada para cada situação, também existe uma variedade lingüística adequada a cada situação.

Níveis de linguagem

Gíria: o termo gíria vem da palavra sinônima denominada geringonça, do espanhol jeringonza, ou ainda, jerga. Etimologistas acreditam que, por onomatopéia, jerga tenha nascido do verbo latino garrive que significa tagarelar:( falar sem conhecimento das regras da língua, falar sem parar, falar muito, bisbilhotar, barulho).

Para Deonísio da Silva, professor de Literatura Brasileira da Universidade São Carlos, o termo gíria viria do termo grego hiéros que significa aquilo que é oculto, sagrado, pois a gíria só é compreendida pelos membros pertencentes ao grupo falante. A gíria vem de grupos restritos – dos presos, dos malandros, dos surfistas, dos estudantes..

Muitas vezes, a gíria é assimilada pela língua oficial e acaba no dicionário ou permanece em grupos herméticos, outras desaparecem por um tempo, mas nunca morrem.

Texto para análise quanto ao uso da linguagem

COMO UM ADVOGADO TERMINA UM NAMORO!!!!!

Prezada "NOME DA FULANA"

Face aos acontecimentos de nosso relacionamento, venho, por  meio desta, na qualidade de homem que sou apesar de V Sa.  não me deixar demonstrar, uma vez que não me foi permitido  devassar vossa lascívia retratar-me formalmente, de todos os  termos até então empregados à sua pessoa, o que faço com  sucedâneo no que segue: 

A) DA INICIAL: MÁ-FÉ DE VOSSA SENHORIA 

1. CONSIDERANDO QUE nos conhecemos na balada e que nem  precisei perguntar seu nome direito, para logo chegar te  beijando-a; 

1.2. CONSIDERANDO seu olhar de tarada enquanto dançava na pista  esperando eu me aproximar; 

1.3. CONSIDERANDO QUE com os beijos nervosos que trocamos  naquela noite, V.Sa. me induziu a crer que logo estaríamos  explorando nossos corpos, em incessante e incansável  atividade sexual.

 Passei então, a me encontrar com Vossa  Senhoria. 

B) DOS PREJUÍZOS 

1. CONSIDERANDO QUE fomos ao cinema e fui eu quem pagou as  entradas e também o jantar após o filme; 

2. CONSIDERANDO QUE já levei V. Sa. em boates das mais  badaladas e caras,sendo certo que fui eu, de igual sorte,  quem bancou os gastos; 

3. CONSIDERANDO QUE até à praia já fomos juntos, sem que  Vossa Senhoria gastasse um centavo sequer, eis que todos os  gastos eram por mim experimentados, e que V.Sa. não quis nem  colocar biquíni alegando que estava ventando muito. 

C) DAS RAZÕES DE SER DA PRESENTE 

1. CONSIDERANDO AINDA QUE até a presente data, após o  longínquo prazo de duas semanas, V.Sa. não me deixou tocar,  sequer sua panturrilha; 

2. CONSIDERANDO QUE Vossa Senhoria ainda não me deixa  encostar a mão nem na sua cintura com a alegação barata de  que sente cócegas; 

DECIDO SOBRE NOSSO RELACIONAMENTO O SEGUINTE: 

1. Vá até a mulher de vida airada que também é sua progenitora, pois eu não sou mais  um ser humano do sexo masculino que usa calças curtas e a atividade sexual não é para mim um lazer, mas sim uma necessidade premente;

2. Não me venha com colóquios flácidos para acalentar bovinos de que pensava que eu era diferente;

3. Saiba que vou te processar por me iludir aparentando ser a  mulher dos meus sonhos,quando, , na verdade, só me fez perder tempo, dinheiro, e jogar  elogios fora, além de me abalar emocionalmente. 

Sinceramente, sem mais para o momento, fique com meu cordial "VAI TOMAR NO ORIFÍCIO RUGOSO LOCALIZADO NA REGIÃO INFERO-LOMBA DE SUA ANATOMIA", porque esse relacionamento já inflou o volume da minha bolsa escrotal!

Dou assim por encerrado o nosso relacionamento, nada mais subsistindo entre nós, salvo o dever de indenização pelos prejuízos causados

 

Sem mais para o momento, 

P. Deferimento. 

Data e assinatura

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Pré-requisitos para entender as regras de acentuação da Língua Portuguesa:

FALA x ESCRITA: Na fala, diferentemente da escrita, todas as palavras com mais de duas sílabas são acentuadas:

Que não seja imortal posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure. (Vinicius de Moraes)

Todas as palavras de duas ou mais sílabas têm o acento da fala, que é o acento prosódico. Só algumas possuem o acento gráfico, que marca, na escrita, a sílaba tônica das palavras.

Sílaba tônica: é aquela pronunciada com maior intensidade, pois sobre ela recai o acento tônico.

Sílaba átona: é aquela pronunciada com menor intensidade que a sílaba tônica.

Classificação das palavras quanto à posição da sílaba tônica

Na Língua Portuguesa, o acento tônico pode recair na antepenúltima, penúltima ou na última sílaba:

Oxítona: acento na última sílaba: café, racional, feroz.

Paroxítona: penúltima sílaba tônica: gostoso, lápis, acham, otorrinolaringologista, asterisco (*).

Proparoxítona: antepenúltima sílaba: benéfico, cântaro, vítima.

Classificação quanto ao número de sílabas

Dissílabas: até, ontem, está.

Trissílaba: janela, âmago, parabéns.

Polissílaba: incompetência, aplicação.

Monossílabos: pé, até, há (Tônicas) de, me, lhe (átonas)

Monossílabo átono: é aquele que não tem acento próprio e, por isso, se apoia na palavra que vem antes ou depois dele.

Ex A área de distribuição do lobo-guará já chegou até o Ceará.

Monossílabo tônico: é aquele que tem acento próprio.

Reescreva os vocábulos dividindo-os em sílabas:

Exercícios de fixação: Separe as sílabas das palavras abaixo.

Ex.: descendêsseis des-cen-dês-seis , saía, interurbano, acompanhávamos, exceções, transamazônica, ritmo, averiguou, designação, feiíssimos, abstratos, paisinho, subestimasse, paizinho, fricção, empreendimento, apoio, paraguaio, saia, eclipse

Regras de acentuação (conforme o Novo Acordo Ortográfico)

QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA

1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas ou não de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas de “LO(s)” ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas em ditongos abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”, e as oxítonas terminadas em -EM e no plural –ENS:

Ex.

|Chá |Mês |Nós |

|Gás |Sapé |Cipó |

|Dará |Café |Avós |

|Pará |Vocês |Compos |

|Vatapá |pontapés |Só |

|Aliás |português |Robô |

|dá-lo |vê-lo |Avó |

|recuperá-los |Conhecê-los |pô-los |

|guardá-la |Fé |compô-los |

|réis (moeda) |Véu |Dói |

|Méis |céu |Mói |

|Pastéis |Chapéus |Anzóis |

|Ninguém |parabéns |Jerusalém |

Obs.

Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-lo” são acentuadas porque as semivogais “i” e “u” estão tônicas nestas palavras.

2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em: DICA:

• L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível. L: amável

• N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen. I – s: (míni, lápis)

• R – câncer, caráter, néctar, repórter. N: hífen

• X – tórax, látex, ônix. Us: bônus

• PS – fórceps, Quéops, bíceps. R: ímpar

• Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs. X: fênix

• ÃO(S) – bênção, sótão, órfão. ÃO-s: órgão, órgãos

• I(S) – júri, táxi, grátis, oásis.

• ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.

• UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.

• US – ânus, bônus, vírus, Vênus.

Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes (semivogal+vogal):

Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio.

3. Todas as proparoxítonas são acentuadas.

Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisântemo, público, pároco, proparoxítona.

QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS

4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:

• Formarem sílabas sozinhos ou com “S”

Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.

IMPORTANTE

Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, se todos são “i” e “u” tônicas, isto é, hiatos?

Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tônicos de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectivamente. Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando naturalmente a sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso.

5. Trema

Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estrangeira, como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”)

6. Acento Diferencial

O acento diferencial permanece nas palavras:

pôde (passado), pode (presente): Ex. Ele pôde comparecer à reunião ontem. Mas: Ela pode vir hoje.

pôr (verbo), por (preposição): Ex. Preciso pôr os móveis no lugar. Mas: É preciso lutar por tudo!

Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do verbo está no singular ou plural:

|SINGULAR |PLURAL |

|Ele tem |Eles têm |

|Ele vem |Eles vêm |

Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, como: conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.

7. Monossílabos:

Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em "a", "e", "o", seguidos ou não de “s”:

Ex.: pá – pé – dó –  há – né – cá – tá...

EXERCÍCIOS

1. Acentue se necessário e justifique todas as palavras:

Ex. Antônia: paroxítona terminada em ditongo é acentuada.

aparencia, facil, bone, ureter, insonia, genuino, bebado, rubrica, gratuito, prototipo, bauxita, duplex, omega, ibero, lampada, materia, piloto, palito, paleto, Jacarei, tatu, vandalo, juiz, juizes, Luis, Luiz, o apoio, eu apoio, chapeu, improprio, miudo, refem, ele contribui, eu estagio, o estagio, sovietico, o plagio, eu plagio, moida, eu contribui, hifen, itens, saci, anzol, abencoo, bilingue, ele mantem, intuito, colher, ele obtem, tres, quinquenio.

2. Leia o texto a seguir e acentue as palavras que estão sem o acento gráfico:

Lixo

Luis Fernando Veríssimo

Encontram-se na area de serviço. Cada um com o seu pacote de lixo. E a primeira vez que se falam.

─ Bom dia.

─ Bom dia.

─ A senhora é do 610.

─ E o senhor do 612.

─ Eu ainda não a conhecia pessoalmente...

─ Pois é ...

─ Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo ...

─ O meu que?

─ O seu lixo.

─ Ah...

─ Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena.

─ Na verdade sou so eu.

─ Humm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.

─ É que eu tenho que fazer minha propria comida. E como não sei cozinhar...

─ Entendo.

─ A senhora também...

─ Me chame de voce.

─ Você tambem perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...

─ É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às vezes sobra.

─ A senhora... Você não tem familia?

─ Tenho, mas não aqui.

─ No Espírito Santo.

─ Como é que você sabe?

─ Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espirito Santo.

─ É. Mamãe escreve todas as semanas.

─ Ela é professora?

─ Isso é incrivel! Como você adivinhou?

─ Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

─ O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.

─ Pois é ...

─ No outro dia, tinha um envelope de telegrama amassado.

─ É.

─ Más notícias?

─ Meu pai. Morreu.

─ Sinto muito.

─ Ele já estava bem velhinho. La no Sul. Há tempos não nos viamos.

─ Foi por isso que você recomeçou a fumar?

─ Como é que você sabe?

─ De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.

─ É verdade. Mas consegui parar outra vez.

─ Eu, graças a Deus, nunca fumei.

─ Eu sei, mas tenho visto uns vidrinhos de comprimidos no seu lixo...

─ Tranqüilizantes. Foi uma fase. Ja passou.

─ Você brigou com o namorado, certo?

─ Isso você também descobriu no lixo?

─ Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.

─ É, chorei bastante, mas já passou.

─ Mas hoje ainda tem uns lencinhos.

─ É que estou com um pouco de coriza.

─ Ah.

─ Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.

─ É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.

─ Namorada?

─ Não.

─ Mas ha uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.

─ Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.

─ Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.

─ Você está analisando o meu lixo!

─ Não posso negar que o seu lixo me interessou.

─ Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhece-la . Acho que foi a poesia.

─ Não! Você viu meus poemas?

─ Vi e gostei muito.

─ Mas são muito ruins!

─ Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.

─ Se eu soubesse que você ia ler ...

─ Só não fiquei com ele porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?

─ Acho que não. Lixo é dominio publico.

─ Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Sera isso?

─ Bom, ai você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...

─ Ontem, no seu lixo.

─ O que?

─ Me enganei, ou eram cascas de camarão?

─ Acertou. Comprei uns camarões graudos e descasquei.

─ Eu adoro camarão.

─ Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...

─ Jantar juntos?

─ É.

─ Não quero dar trabalho.

─ Trabalho nenhum.

─ Vai sujar a sua cozinha.

─ Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.

─ No seu lixo ou no meu?

(In: Comédias da vida privada)

GUIA PRÁTICO DA NOVA ORTOGRAFIA

Douglas Tufano

Acordo Ortográfico

O objetivo deste guia é expor ao leitor, de maneira objetiva, as alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995. Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas

Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.

As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo: a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);

Na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kungfu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.

Como era Como fica

agüentar aguentar

argüir arguir

bilíngüe bilíngue

cinqüenta cinquenta

delinqüente delinquente

eloqüente eloquente

ensangüentado ensanguentado

eqüestre equestre

freqüente frequente

lingüeta lingueta

lingüiça linguiça

qüinqüênio quinquênio

sagüi sagui

seqüência sequência

seqüestro sequestro

tranqüilo tranquilo

Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas.

Exemplos: Müller, mülleriano.

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Como era Como fica

alcalóide alcaloide

alcatéia alcateia

andróide androide

apóia (verbo apoiar) apoia

apóio (verbo apoiar) apoio

asteróide asteroide

bóia boia

celulóide celuloide

clarabóia claraboia

colméia colmeia

Coréia Coreia

debilóide debiloide

epopéia epopéia

estóico estoico

estréia estreia

estréio (verbo estrear) estreio

geléia geleia

heróico heroico

idéia ideia

jibóia jiboia

jóia joia

odisséia odisseia

paranóia paranoia

paranóico paranoico

platéia plateia

tramóia tramóia

Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.

Como era Como fica

baiúca baiuca

bocaiúva bocaiuva

cauíla cauila

feiúra feiúra

Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como era Como fica

abençôo abençoo

crêem (verbo crer) creem

dêem (verbo dar) deem

dôo (verbo doar) doo

enjôo enjoo

lêem (verbo ler) leem

magôo (verbo magoar) magoo

perdôo (verbo perdoar) perdoo

povôo (verbo povoar) povoo

vêem (verbo ver) veem

vôos voos

zôo zoo

Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Como era Como fica

Ele pára o carro. Ele para o carro.

Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.

Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.

Esse gato tem pêlos. Esse gato tem pelos.

Comi uma pêra. Comi uma pera.

Atenção:

• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular.

Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular.

Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

• Permanecem os acentos que diferenciamos singular do plural dos verbos

ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos:

Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.

Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.

Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.

Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.

Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.

Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.

• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.

Veja:

a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos:

• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.

• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.

Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):

• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.

• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

Uso do hífen

Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo.

As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como:

aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.

1. Com prefi xos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.

Exemplos:

anti-higiênico

anti-histórico

co-herdeiro

macro-história

mini-hotel

proto-história

sobre-humano

super-homem

ultra-humano

Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.

Exemplos:

aeroespacial

agroindustrial

anteontem

antiaéreo

antieducativo

autoaprendizagem

autoescola

autoestrada

autoinstrução

coautor

coedição

extraescolar

infraestrutura

plurianual

semiaberto

semianalfabeto

semiesférico

semiopaco

Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.

3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s. Exemplos:

anteprojeto

antipedagógico

autopeça

autoproteção

coprodução

geopolítica

microcomputador

pseudoprofessor

semicírculo

semideus

seminovo

ultramoderno

Atenção: com o prefi xo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.

4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos:

antirrábico

antirracismo

antirreligioso

antirrugas

antissocial

biorritmo

contrarregra

contrassenso

cosseno

infrassom

microssistema

minissaia

multissecular

neorrealismo

neossimbolista

semirreta

ultrarresistente.

ultrassom

5. Quando o prefixo termina por vogal,usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.

Exemplos:

anti-ibérico

anti-imperialista

anti-infl acionário

anti-infl amatório

auto-observação

contra-almirante

contra-atacar

contra-ataque

micro-ondas

micro-ônibus

semi-internato

semi-interno

6. Quando o prefixo termina por consoante,usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante.

Exemplos:

hiper-requintado

inter-racial

inter-regional

sub-bibliotecário

super-racista

super-reacionário

super-resistente

super-romântico

Atenção:

• Nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.

• Com o prefi xo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por

r: sub-região, sub-raça etc.

• Com os prefi xos circum e pan, usa se o hífen diante de palavra iniciada

por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

7. Quando o prefi xo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos:

hiperacidez

hiperativo

interescolar

interestadual

interestelar

interestudantil

superamigo

superaquecimento

supereconômico

superexigente

superinteressante

superotimismo

8. Com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen. Exemplos:

além-mar

além-túmulo

aquém-mar

ex-aluno

ex-diretor

ex-hospedeiro

ex-prefeito

ex-presidente

pós-graduação

pré-história

pré-vestibular

pró-europeu

recém-casado

recém-nascido

sem-terra

9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçue mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.

Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos:

girassol

madressilva

mandachuva

paraquedas

paraquedista

pontapé

Resumo

Emprego do hífen com prefixos

Regra básica: Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem.

Outros casos

1. Prefixo terminado em vogal:

• Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.

• Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo.

• Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom.

• Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.

2. Prefixo terminado em consoante:

• Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário.

• Sem hífen diante de consoante diferente:intermunicipal, supersônico.

• Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Observações

1. Com o prefi xo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.

2. Com os prefi xos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

3. O prefi xo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.

4. Com o prefi xo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc.

5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé,paraquedas, paraquedista etc.

6. Com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar,recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.

Leia os quadrinhos abaixo e faça os exercícios:

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Veja abaixo o manifesto e tome uma atitude!

Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunicação moderna: o gerundismo.

Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar enviando pela Internet. O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando.

Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achando necessárias, de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissão oral.

Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo com que esteja caindo a ficha nas pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo.

Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim!, pode estar existindo uma maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito.

Até porque, caso contrário, todos nós vamos estar sendo obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a estar ouvindo frases assim o dia inteirinho.

Sinceramente: nossa paciência está estando a ponto de estar estourando. O próximo "Eu vou estar transferindo a sua ligação" que eu vá estar ouvindo pode estar provocando alguma reação violenta da minha parte. Eu não vou estar me responsabilizando pelos meus atos.

As pessoas precisam estar entendendo a maneira como esse vício maldito conseguiu estar entrando na linguagem do dia-a-dia.

Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou estar traduzindo manuais de atendimento por telemarketing. Daí a estar pensando que "We'll be sending it tomorrow" possa estar tendo o mesmo significado que "Nós vamos estar mandando isso amanhã" acabou por estar sendo só um passo.

Pouco a pouco a coisa deixou de estar acontecendo apenas no âmbito dos atendentes de telemarketing para estar ganhando os escritórios. Todo mundo passou a estar marcando reuniões, a estar considerando pedidos e a estar retornando ligações.

A gravidade da situação só começou a estar se evidenciando quando o diálogo mais coloquial demonstrou estar sendo invadido inapelavelmente pelo gerundismo. A primeira pessoa que inventou de estar falando "Eu vou tá pensando no seu caso" sem querer acabou por estar escancarando uma porta para essa infelicidade lingüística estar se instalando nas ruas e estar entrando em nossas vidas.

Você certamente já deve ter estado estando a estar ouvindo coisas como "O que cê vai tá fazendo domingo?", ou "Quando que cê vai tá viajando pra praia?", ou "Me espera, que eu vou tá te ligando assim que eu chegar em casa".

Deus. O que a gente pode tá fazendo pra que as pessoas tejam entendendo o que esse negócio pode tá provocando no cérebro das novas gerações?

A nível de linguagem, enquanto pessoa, o que você acha de tá insistindo em tá falando desse jeito?

Em tempo: O gerundismo é um erro crasso. Quem pensa que está utilizando-se de uma forma erudita ao "estar falando" dessa forma, saiba que, na verdade, está mesmo é cometendo um crime de lesa idioma... E não me venha dizer que isso é evolução!

Nada que pode empobrecer pode ser considerado evolução. E o gerundismo empobrece nossa língua, nossos ouvidos e nosso cérebro. Por favor, não seja você mais um(a) a cometer esse crime.

Acho que é passada a hora de podermos estar pensando em querermos estar acabando com essa aberração anatômica da nossa língua...

O citado manifesto é de autoria de Ricardo Freire e foi publicado no Jornal da Tarde em 16/02/2001.

Agora responda:

a) Qual é o ponto de vista defendido pelo autor?

b) Quais são os argumentos utilizados por ele para defender seu ponto de vista?

c) Ele inicia o seu texto apresentando uma linguagem muito peculiar que continua por todo o texto. Com que objetivo ele faz isso? Qual é a sua intenção?

d) Você considera o texto convincente e persuasivo? Por quê?

e) Identifique a palavra-chave do texto.

COMO LER TEXTOS

Um dos grandes desafios no estudo da leitura tem sido como interpretar de modo adequado o significado dos textos a que somos diariamente expostos, já que vivemos em uma sociedade letrada.

Esse desafio se acentua quando, em sala de aula, é proposta a análise e a discussão de um texto, prática comum, especialmente no ensino superior. Uma das grandes queixas dos alunos é que suas considerações só estão corretas quando vão ao encontro do que os professores pensam.

Isso não é verdade, os textos trazem idéias reveladas explicitamente, ou de maneira implícita (mas que podem ser depreendidas); fazem referências a verdades externas ao texto ou a outros textos e ainda trazem idéias periféricas cuja função é dar sustentação à idéia central. Esses aspectos são a base da interpretação e compreensão que, portanto, devem ser percebidos e utilizados no processo de leitura e entendimento dos textos.

Até mesmo as questões da área de exatas pedem senso crítico e compreensão de enunciados, muitas vezes erra-se uma questão de física por não entender o que foi pedido. Trata-se então de interpretação de textos, que se torna exigência de todas as disciplinas e também da vida profissional.

Quando você for buscar uma vaga no mercado de trabalho a criticidade, a capacidade de comunicação e de compreensão do mundo serão atributos importantes nessa concorrência. (Russo, 2004:15)

Assim, nossos estudos visam a minimizar esse problema. Para iniciar esse processo é necessário ampliar o conhecimento de mundo, ou seja, ler um pouco de tudo e entrar em contato com algumas técnicas de leitura que, certamente, o auxiliarão em seus estudos.

1. ESTRATÉGIAS DE LEITURA I

Há procedimentos que podem ser utilizadas na leitura de um texto. Observe:

a) o texto deve ser lido na íntegra, ou seja, a leitura se inicia no título e termina na fonte de onde foi retirado o texto. Essas referências, muitas vezes, estão ao final do texto. Recomenda-se uma primeira sem interrupções para que se tome conhecimento do texto como um todo (skimming-leitura superficial)

b) uma segunda leitura deve ser feita com o auxílio do dicionário, a fim de dirimir dúvidas em relação a uma ou outra palavra cujo significado não se pôde apreender pela leitura do todo.

c) observar palavras repetidas ou retomadas, já que elas orientam a identificação do tema abordado no texto.

d) perceber as evidências tipográficas que também nos oferecem informações relevantes à compreensão dos textos como, por exemplo, letras maiúsculas, negrito, itálico, aspas.

e) muitas vezes, lemos com o objetivo de encontrar informações específicas no texto, os procedimentos dos itens anteriores certamente favorecerão a localização dessas informações (scanning-busca por informação específica)

f) a verificação de palavras do mesmo contexto semântico (índices, inflação, taxa de juros, porcentacem, longo prazo), a observação de elementos do contexto não-lingüístico como gravuras, gráficos, tabelas, números e até a própria estrutura do texto ( a divisão de parágrafos e a disposição das imagens) nos auxiliam a inferir o conteúdo do texto - trata-se de acionar nosso conhecimento prévio, nosso conhecimento de mundo (previsibilidade)

EXERCÍCIOS

Vamos colocar em prática essas estratégias.

1. Leia, com atenção, o texto abaixo e tente encontrar palavras adequadas para substituir as palavras “estranhas” que você encontrar. Ao terminar o exercício, seu professor vai pedir para você ler o texto substituindo as palavras “estranhas” pelas que você selecionou. Esteja pronto para justificar suas escolhas.

Uma situação muito charocada

Ontem eu estava na baca de mena zunica quando algo muito charocado me aconteceu. Estávamos em uma boletinha, quando resolvi ir ao tineiro; quando voltei percebi que todas as pessoas sulupiavam para mim e binavam; não me dolotei e continuei laminhando. Já tinha lotuado uns dois cricks e laminhado por toda dara, quando uma zunica se aproximou e tritou que eu havia farenido de telar o cíter da malta quando fui ao tineiro; o pior de tudo é que eu estava felhando uma fubépa xelena!

3. ESTRATÉGIAS DE LEITURA II

VERBOS DE COMANDO – ELABORAÇÃO DE RESPOSTAS

Organização - Professores: Patrícia Quel e Jorge Luís Torresan

Para medir o nível do aproveitamento e o desenvolvimento dos alunos em sala de aula, o professor pode utilizar vários instrumentos de avaliação. Entre esses instrumentos, é muito comum o emprego de provas e/ou testes dissertativos nos quais os alunos têm um espaço para mostrar, sobre algum assunto determinado, a sua capacidade de análise, criação, comparação, identificação, conceituação etc. É muito comum nas discussões entre professores comentários sobre a dificuldade que os alunos têm diante do momento de dissertar numa prova, mesmo que ela seja composta por questões breves. Essa dificuldade pode ocorrer, muitas vezes, porque eles não conseguem compreender exatamente o que é pedido em uma questão. Se observarmos com atenção, todas as questões se iniciam ou se desenvolvem tendo como base um verbo-comando (geralmente na forma do imperativo) que especifica para o aluno a forma como ele deve responder a uma questão. A tabela abaixo demonstra alguns dos verbos-comando mais utilizados.

|Verbos-comando |Definição dos verbos (com base no Moderno Dicionários da Língua |Especificação dos procedimentos |

| |Portuguesa de Michaelis) | |

|Analise |Determinar os componentes ou elementos fundamentais de alguma |Exige a elaboração de um texto como |

| |idéia, teoria, fato etc; determinar por discernimento a |resposta. |

| |natureza, significado, aspectos ou qualidades do que está sendo | |

| |examinado. | |

|Justifique |Explicar ou demonstrar a veracidade ou não de algum fato ou |Exige a elaboração de um texto como |

| |ocorrência por meio de elementos/argumentos plausíveis. |resposta. |

|Transcreva |Reproduzir, extrair, copiar algum trecho de algum texto sem |A resposta não pode ser elaborada e sim |

| |qualquer tipo de modificação. |apenas recortada utilizando-se sinais |

| | |adequados com as aspas |

|Compare |Examinar, simultaneamente, as particularidades de duas ou mais |Exige a elaboração de um texto como |

| |idéias, fatos, ocorrências. |resposta. |

|Diferencie |Estabelecer características que não sejam semelhantes entre dois|Exige a elaboração de um texto como |

| |ou mais fatos, idéias ou ocorrências. |resposta. Diferenciar não é o mesmo que |

| | |definir. |

|Defina |Expor com precisão características ou particularidades de algum |Exige a elaboração de um texto como |

| |fato, idéia ou ocorrência. |resposta. |

|Destaque |Separar, de dentro de um todo (de um texto, por exemplo), uma ou|Pode ser apenas uma transcrição de um trecho|

| |mais informações, idéias ou conceitos mais relevantes ou não. |de um texto ou a exposição de um trecho |

| | |seguido de um texto-comentário. |

|Critique |Examinar com muito critério alguma idéia, noção ou entendimento |Exige a elaboração de um texto como |

| |tentando perceber qualidades e ou defeitos, pontos negativos |resposta. Importante observar que criticar |

| |e/ou positivos etc. |não é somente levantar aspectos negativos do|

| | |que se está observando – a crítica pode ser |

| | |também de caráter positivo. |

Sugestões para responder melhor às questões dissertativas:

Leia atentamente, se necessário, várias vezes os enunciados das questões detectando os verbos-comando que estruturam as questões.

Responda exatamente o que está sendo pedido, não tente “complementar” suas respostas com informações desnecessárias achando que elas irão compensar o que você não souber responder.

Não se esqueça de que uma resposta a uma questão dissertativa, por menor que seja, é sempre um texto, sendo assim, seja claro, coeso, coerente.

Suas respostas deverão ter, como em qualquer outro texto, um início um desenvolvimento e, quando necessário, uma conclusão.

Não responda às questões utilizando frases inteiras de textos, leia atentamente o material que esta sendo analisado e construa a resposta com o seu próprio discurso. Os recortes de frases devem ser feitos apenas quando se tratar de verbos-comando como transcreva, retire etc.

Respeite o número de linhas especificado para as suas respostas. Não seja muito sucinto nem muito prolixo – responda de maneira que você dê conta do que está sendo pedido.

Todo boa resposta geralmente se inicia com traços da questão que a originou.

Ex.: Pergunta: De acordo com o texto, qual o nível financeiro daquela população?

Resposta: De acordo com o texto, o nível financeiro daquela população é muito baixo.

Não use em suas respostas gírias e/ou construções típicas da linguagem coloquial.

ERROS COMUNS NA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

As questões em relação a textos podem ser estruturadas de várias maneiras, entre elas:

a) perguntas que exigem respostas diretas, pois incidem sobre o texto como um todo.

b) questões que incidem sobre trechos específicos do texto, o que exige um volta ao texto.

Entretanto, quando as questões são discursivas, a atenção aos enunciados é de extrema importância para que você responda exatamente o que lhe foi perguntado e não incorra em erros muito comuns como a extrapolação, a redução ou a contradição.

Segundo  Amaral, Severino & Patrocínio (1991) , esses processos podem ser definidos da seguinte maneira:  

Extrapolação

Ocorre extrapolação quando se vai além do texto, fazendo outras associações ou evocando outros elementos, quando se cria a partir do que foi lido, quando se dá asas à imaginação e à memória, abandonando o texto que era o objeto de interpretação.

      A extrapolação é muitas vezes um exercício de criatividade inadequada - porque leva a perder o contexto que está em questão. Geralmente, o processo de extrapolação se realiza por associações evocativas, por relações analógicas: uma idéia lembra outra semelhante e assim o pensamento se encaminha para fora do texto. Outras vezes, a extrapolação acontece pela preocupação de se descobrir pressupostos das idéias do texto, pontos de partida bem anteriores ao pensamento expresso, ou, ainda, pela preocupação de se tirar conclusões decorrentes das idéias do texto, mas já pertencentes a outros contextos, a outros campos de discussão.

Reconhecer os momentos de extrapolação - sejam analógicos ou lógicos - significa conquistar maior lucidez, maior capacidade de compreensão objetiva dos textos, do contexto que está em questão. Essa clareza é necessária e é criadora: significa, inclusive, uma liberdade maior de imaginação e de raciocínio, porque os vôos para fora dos textos tornam-se conscientes, por opção, serão realizados por um projeto intencional, e não mais por incapacidade de reconhecer os limites de um texto colocado em questão, nem por incapacidade de distinguir as próprias idéias das idéias apresentadas por um texto lido.

Redução

      Outro erro exercícios de entendimento de texto, oposto à extrapolação, é o que se chama de redução ou particularização indevida. Neste caso, ao invés de acrescentar outros elementos, faz-se o inverso: aborda-se apenas uma parte, um detalhe, um aspecto do texto, dissociando-o do contexto. Seria privilegiar um elemento (ou uma relação) que é verdadeiro mas não é suficiente diante do conjunto, ou então que se torna falso porque passa ser descontextualizado. Desse modo, o leitor detém-se a um aspecto menos relevante do conjunto, perdendo de vista os elementos e as relações principais. Reconhecer os processos de redução representa também um salto de qualidade em nossa capacidade de ler e entender textos, assim como em nossa capacidade de perceber e compreender conjuntos de qualquer tipo, reconhecendo seus elementos e suas relações.

Contradição

O mais grave de todos, é o da contradição. Por algum motivo - uma leitura desatenta, a não percepção de algumas relações, a incompreensão de um raciocínio, o esquecimento de uma idéia, a perda de uma passagem no desenvolvimento do texto - leva a uma conclusão contrária ao texto. Como esse erro tende a ser mais facilmente reconhecido - por apresentar idéias opostas às idéias expressas pelos textos - os testes de interpretação muitas vezes são organizados com uma espécie de armadilha: uma alternativa apresenta muitas palavras do texto, apresenta até expressões inteiras do texto, mas com um sentido contrário. Um leitor desatento ou/e ansioso provavelmente escolherá essa alternativa, por ser a mais “parecida” com o texto. Por ser a que apresenta mais literalmente, mas “ao pé da letra”, elementos presentes no texto.

EXEMPLO 1

      Leia atentamente o texto que se segue. Faça a primeira leitura, a de entrar em contato, e, depois, faça a segunda leitura, captando as idéias centrais. Procure fazer um pequeno resumo do texto. Em seguida, verifique se você cometeu algum erro de extrapolação, redução ou contradição.

A tradição e o moderno

      A tradição é importante. É democrática quando desempenha a sua função natural de prover a nova geração com conhecimentos das boas e más experiências do passado, isto é, a sua função de capacitá-la a aprender às custas dos erros passados a fim de os não repetir. A tradição torna-se a ruína da democracia quando nega à geração mais nova a possibilidade de escolha; quando tenta ditar o que deve ser encarado como “bom” e como “mau” sob novas condições de vida. Os tradicionalistas fácil e prontamente se esquecem de que perderam a capacidade de decidir o que não é tradição. Por exemplo, o aperfeiçoamento do microscópio não foi conseguido pela destruição do primeiro modelo: o aperfeiçoamento foi realizado com a preservação e o desenvolvimento do modelo primitivo a par com um estágio mais avançado do conhecimento humano. Um microscópio do tempo de Pasteur não capacita o pesquisador moderno a estudar uma virose. Suponha agora que o microscópio de Pasteur tivesse o poder e o descaramento de vetar o microscópio eletrônico.

      Os jovens não sentiriam nenhuma hostilidade para com a tradição, não teriam na verdade senão respeito por ela se, sem se arriscar, pudessem dizer: Isto nós o tomaremos de vocês porque é convincente, é justo, diz respeito também à nossa época e passível de desenvolvimento. Aquilo, entretanto, não podemos aceitar. Era útil e verdadeiro para o seu tempo - seria inútil para nós. E esses jovens deveriam preparar-se para ouvir dos seus filhos as mesmas palavras.       (Wilhelm Reich - A revolução sexual)

      Observe alguns exemplos de extrapolação, redução e contradição

Extrapolação: No texto, trata-se do papel dos cientistas na sociedade e sobre a importância da ciência para a democracia, que é o melhor sistema de governo.

Redução: Trata-se da importância do microscópio, importante instrumento de investigação científica.

Contradição: Afirma-se que a tradição sempre é um empecilho para o desenvolvimento do conhecimento humano.

      Como você vê, no primeiro caso, a afirmativa sai dos limites do texto, volta-se para outro assunto (papel dos cientistas na sociedade, ciência e democracia). No segundo caso, reduz-se o texto à questão do microscópio, que é apenas um exemplo usado. No terceiro caso, conclui-se o oposto do que o texto afirma: a tradição seria sempre um obstáculo.

A compreensão correta do texto apresentaria os seguintes elementos e relações

• A importância da tradição;

• A tradição, quando é democrática fornece elementos sobre as experiências do passado;

• A tradição, quando é antidemocrática e tenta ditar o que é bom ou mau, em diferentes condições de vida;

• O exemplo do microscópio, nos dois casos.

      Ao analisar um texto dissertativo, identifique inicialmente o argumento principal, aquele que fundamenta a opinião exposta. Em seguida, identifique as conseqüências decorrentes do que está sendo afirmado e por fim, a conclusão, que é a reafirmação do argumento principal.

EXEMPLO 2 – Questões dissertativas que apresentam erros de interpretação e conceituais

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2. ESTRATÉGIAS DE LEITURA III - INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS

Segundo Fiorin e Platão (1995), um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.

Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrário, ele pode passar por cima de significados importantes ou decisivos ou – o que é pior – pode concordar com coisas que rejeitaria se as percebesse.

Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e com intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.

Pressupostos são aquelas idéias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase.

Observe:

Fiz faculdade, mas aprendi alguma coisa.

Nessa frase, há duas informações explícitas:

Ele freqüentou um curso superior;

Ele aprendeu algumas coisas.

Porém ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de modo implícito sua crítica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a idéia de que nas faculdades não se aprende nada.

Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os pressupostos, pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados intenção de levar o leitor a aceitar o que está sendo comunicado.

EXERCÍCIOS

1. Encontre os pressupostos (dados que não são colocados em discussão) nos trechos abaixo:

a) É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um ataque soviético.

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b) O caso do contrabando tornou-se público.

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c) Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no povo.

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d) Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não pensam no povo.

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e) Veja as ilustrações e escreva os pressupostos:

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1. Leia o texto abaixo e faça a identificação dos pressupostos e, a seguir, teça um comentário sobre os objetivos do autor, a coerência e estrutura do texto.

A burocracia da terra

O modelo agrário brasileiro, embora com inúmeros defeitos, possui uma característica que merece ser destacada, elogiada e preservada: a produção agropecuária brasileira é a última atividade econômica ainda totalmente nas mãos de brasileiros. Pouco se fala disso, mas o fato é que não encontramos multinacionais responsáveis por qualquer parcela significativa da produção. Também não encontramos, no campo, as famigeradas empresas estatais. Embora existam multinacionais proprietárias de terra, o percentual de produção rural em suas mãos não é significativo. A produção rural, na verdade, é o reduto final da livre iniciativa brasileira. Com a nossa economia cada vez mais estatizada e desnacionalizada, a agropecuária permaneceu uma atividade essencialmente de brasileiros.

Temos certeza de que esta parcela da população, hoje responsável pela produção rural do país, é simpática a medidas que enriqueçam o trabalhador rural e favoreçam a justiça social. Somos todos a favor de medidas que facilitem o acesso à propriedade rural, tornando um maior número de brasileiros proprietários e produtores. Somos todos a favor de medidas que aumentem a produtividade no campo. Somos todos contra, enfim, a especulação com terras, a ociosidade, o desperdício. Não é o produtor rural quem lucra com isso, e sim o especulador, quase sempre alheio à atividade produtiva.

Repudiamos, porém, a planejada reforma agrária da Nova República da maneira como foi apresentada pelo diretor do INCRA, senhor José Gomes da Silva, e por seu superior hierárquico, o ministro Nelson Ribeiro. Autoritária e de critérios arbitrários, fatalmente levará a uma crescente estatização da atividade rural no país - e isso quer dizer que chegarão ao campo a ineficiência, a burocracia e a corrupção, hoje encontradas em quase todas as outras atividades já estatizadas.

(CAMARGO NETO, Pedro de. - Veja, 7 ago. 1985.)

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4 -GRAMÁTICA DE USOS – TESTE I

1. Meus avós saíram do Japão e vieram para o Brasil em 1933. Portanto, aqui no Brasil, eles podem ser considerados ____________.

a) emigrantes b) imigrantes

2. Na __________ de erupção do vulcão Etna, os habitantes da Sicília foram retirados de suas casas pelo governo italiano.

a) eminência b) iminência

3. Com o ajuste no preço da gasolina marcado para a próxima semana, muitos consumidores _____________-se em encher o tanque do seus automóveis.

a) apressaram b) apreçaram

4. Por (I) o limite de velocidade, os guardas rodoviários (II) advertências e multas aos motoristas mais descuidados.

(I) a) infligirem b) infringirem

(II) a) inflingem b) infringem

5. A __________ de Hugo Chávez foi decisiva na libertação dos seqüestrados pelas FARC.

a) intercessão b) interseção

6. Vinte e quatro horas após terem prestado depoimentos, o casal recebeu ____________ de prisão preventiva.

a) mandado b) mandato

7. O novo ministro, ao (I) no Palácio do Planalto, jurou comprometimento e transparência até o fim de seu (II).

(I) a) empossar b) empoçar

(II) a) mandado b) mandato

8. Correndo sem parar debaixo desse sol, as crianças __________ muito e se desidratam.

a) soam b) suam

9. O IGPM e o INPC, assim como outras tantas _________, foram anunciados com moderados aumentos.

a) taxas b) tachas

10. Com o (I) de drogas descendo os morros e invadindo a cidade, o (II) nas principais avenidas tem se intensificado devido às constantes blitze policiais.

(I) a) tráfego b) tráfico

(II) a) tráfego b) tráfico

11. Espera-se que os _____________ mantenham a paz no estádio no clássico de domingo.

a) expectadores b) espectadores

12. Com a (I) de um novo prédio, todas as audiências acontecerão somente na (II) de Audiências e poderão ser realizadas em mais de uma (III).

(I) a) seção b) sessão c) cessão

(II) a) Seção b) Sessão c) Cessão

(III) a) seção b) sessão c) cessão

13. Cumprindo (I) preventivo, a suspeita do crime foi colocada em (II) individual para não sofrer agressões de outras presas.

(I) a) mandado b) mandato

(II) a) sela b) cela

14. Os organizadores das Olimpíadas em Pequim já encerraram as medições dos (I) de todas as pistas de atletismo. Estão todas de acordo com o (II) dos regulamentos.

(I) a) comprimentos b) cumprimentos

(II) a) comprimento b) cumprimento

15. Comprar um carro zero com seus ________ pode ficar até R$ 6.000,00 mais caro.

a) assessórios b) acessórios

16. Apesar de ter passado por um impeachment e seus direitos políticos terem sido __________, o ex-presidente elegeu-se senador na última eleição.

a) cassados b) caçados

17. Embora o pedido tenha sido (I) pelo reitor, os alunos (II) em suas opiniões quanto à (III) de almoço gratuito para estudantes de baixa renda.

(I) a) deferido b) diferido

(II) a) deferem b) diferem

(III) a) seção b) sessão c) cessão

5- GRAMÁTICA DE USO – TESTE II

1. Gostaria de saber _________ libertaram os suspeitos do crime.

a) por que b) por quê c) porque d) porquê

2. (I) libertaram os suspeitos do crime? Todos questionam o (II) dessa ação.

(I) a) por que b) por quê c) porque d) porquê

(II)a) por que b) por quê c) porque d) porquê

3. Libertaram os principais suspeitos do crime. _________ ?!

a) por que b) por quê c) porque d) porquê

4. Libertaram os principais suspeitos do crime _________ a justiça alega que eles não interferem nas investigações.

a) por que b) por quê c) porque d) porquê

5. Os alunos fizeram uma pesquisa prévia sobre o assunto _______ de escreverem seus artigos.

a) a fim b) afim

6. (I) você foi? Eu o procurei ali por (II) você costuma estar, mas não o encontrei.

a) Onde b) Aonde c) a e b são possíveis

a) onde b) aonde c) a e b são possíveis

7. (I) dez anos, não se falava (II) celulares, DVDs, i-pods e MP 3. No entanto, (III) 70% de crianças da classe média possuem um ou mais desses eletrônicos em casa.

(I) a) Há cerca de b) Acerca de c) Cerca de

(II) a) há cerca de b) acerca de c) cerca de

(III) a) há cerca de b) acerca de c) cerca de

8. O prefeito já pensa em instituir um outro tipo de rodízio de veículos, (I) o intenso (II) na capital nos últimos meses.

(I) a) haja visto b) haja vista

(II) a) tráfego b) tráfico

9. Tenho (I) tempo disponível durante a semana que não consigo estudar (II) ler o livro recomendado pela professora.

(I) a) tampouco b) tão pouco

(II) a) tampouco b) tão pouco

10. (I) muitos anos, o homem sonhou em pisar na lua. Hoje (II) aqueles que já podem fazer suas reservas para uma (III) espacial.

(I) a) A b) Há

(II) a) a b) há c) hão

(III) a) viagem b) viajem

11. Já (I) anos que trabalho nesta empresa. (II), vim substituir um funcionário afastado, (III) acabei sendo efetivado.

(I) a) faz b) fazem

(II) a) Em princípio b) A princípio

(III) a) mais b) más c) mas

12. Quando ficou (I) das causas da doença, o governador verificou também que, cada vez mais, (II) pessoas seguem as medidas de prevenção.

(I) a) ao par b) a par

(II) a) menas b) menos

13. Os alunos que foram (I) na prova disseram que seu (II) desempenho deveu-se ao fato de terem perdido muitas aulas.

(I) a) mal b) mau

(II) a) mal b) mau

14. O técnico preferiu realizar uma (I) de condicionamento físico (II) treino com bola.

(I) a) seção b) sessão

(II) a) ao invés de b) em vez de

15. As medidas preventivas instituídas ___________ estadual podem ajudar no combate à dengue.

a) a nível b) em nível

16. Muitas pizzarias devem corrigir suas placas para: “Fazemos entregas ______________.”

a) em domicílio b) a domicílio

17. Nosso escritório situa-se (I) Avenida Nações Unidas, mas residimos (II) Avenida Higienópolis.

(I) a) na b) à

(II) a) na b) à

18. O (I) do paulistano fica cada vez mais curto com o tempo gasto no seu deslocamento pela cidade. (II), este tempo tende a aumentar (III).

(I) a) dia a dia b) dia-a-dia

(II) a) infelizmente b) infelismente

(III) a) dia a dia b) dia-a-dia

19. _________ estiver de acordo com as exigências do cliente, a encomenda poderá ser devolvida e reposta por outro produto.

a) Senão b) Se não

20. O professor contraiu uma virose e está de cama. _____________ a aula de hoje foi cancelada.

a) Porisso b) Por isso

21. Não adianta você querer ir _________________ novos projetos do diretor. Ele já decidiu colocá-los em prática.

a) ao encontro dos b) de encontro aos

22. _____________ o diretor não vai mudar de idéia. Sabemos o quanto ele é irredutível.

a) Com certeza b) Concerteza

23. Hoje em dia, o jovem tem acesso a muita informação devido aos sites de pesquisa na internet, os canais por assinatura e aos aparelhos eletrônicos de alta tecnologia. (I) isso, o jovem atual pode crescer melhor preparado para a vida e para o mercado de trabalho. (II), alguns jovens ainda se negam a estudar.

(I) a) Contudo b) Com tudo

(II) a) Contudo b) Com tudo

24. A noite caía normalmente. Os postes se (I), os maridos voltavam às casas e as portas e portões eram (II) até que, (III), ouviu-se um grito ecoando pela vizinhança.

(I) a) acendiam b) ascendiam

(II) a) serrados b) cerrados

(II) a) derrepente b) de repente

25. – Desculpe, não (I) incomodar você, mas talvez as crianças (II) sair um pouco para passear.

(I) a) quis b) quiz

(II) a) quisessem b) quizessem

26. O (I) da Polícia Federal perguntou se (II) viajava a negócios ou como turistas.

(I) a) a gente b) agente

(II) a) a gente b) agente

27. O (I) tinha a intenção de investigar a (II) da sociedade brasileira (III) da legalização do porte de armas por qualquer indivíduo.

(I) a) plebicito b) plebiscito

(II) a) opnião b) opinião

(III) a) há cerca b) acerca

28. Os eleitores (I) pelo político (II) e se deixaram levar pela sua boa imagem.

(I) a) optaram b) opitaram

(II) a) corrupto b) corrupito

Ortoépia é a correta pronúncia dos grupos fônicos.

A ortoépia está relacionada com: a perfeita emissão das vogais, a correta articulação das consoantes e a ligação de vocábulos dentro de contextos.

Erros cometidos contra a ortoépia são chamados de cacoepia. Alguns exemplos:

     a- pronunciar erradamente vogais quanto ao timbre: 

pronúncia correta, timbre fechado (ê, ô): omelete, alcova, crosta...

pronúncia errada, timbre aberto (é, ó):omelete, alcova,crosta... 

     b- omitir fonemas: cantar/ canta, trabalhar/trabalha, amor/amo, abóbora/abóbra,prostrar/ prostar, reivindicar/revindicar...

     c- acréscimo de  fonemas: pneu/peneu, freada/ freiada,bandeja/ bandeija...

     d- substituição de fonemas: cutia/cotia, cabeçalho/ cabeçário, bueiro/ boeiro

      e- troca de posição de um ou mais fonemas: caderneta/ cardeneta, bicarbonato/ bicabornato, muçulmano/ mulçumano

      f- nasalização de vogais: sobrancelha/ sombrancelha, mendigo/ mendingo, bugiganga/ bungiganga ou buginganga

      g- pronunciar a crase: A aula iria acabar às cinco horas./ A aula iria acabar àas cinco horas

      h- ligar as palavras na frase de forma incorreta:

correta: A aula/ iria acabar/ às cinco horas.

exemplo de ligação incorreta: A/ aula iria/ acabar/ às/ cinco horas

ERRO NA ACENTUAÇÃO DE ALGUMAS PALAVRAS

Em algumas situações, a acentuação altera não só a classe gramatical, mas também o sentido da palavra.

|influência |influencia |

|pronúncia |pronuncia |

|tecnológico |tecnologia |

|maquinaria |maquinária não existe |

|mês |meses |

|vocês |Voces, vocêis, voçês não existem |

|secretária |secretaria |

ERRO NA PRONÚNCIA DE ALGUMAS PALAVRAS

|PRONÚNCIA CORRETA |PRONÚNCIA ERRADA |

|Aeronáutica |Areonáutica |

|Bandeja |Bandeija |

|Emagrecer |Esmagrecer |

|Progresso |Pogresso |

|Coincidência |Conhicidência |

|Advogado |Adevogado |

|Mortadela |Mortandela |

|Bicarbonato |Bicarbornato |

|Problema |Poblema, probrema, ploblema |

|Salsicha |Shalchicha |

|Próprio |Póprio |

|Sobrancelha |Sombrancelha |

|Perturbar |Pertubar |

|Frustrado |Frustado |

|Cabeleireiro |Cabelereiro, cabeleileiro |

|Entretela |Entertela |

|Engajamento |Enganjamento |

|Mendigo |Mendingo |

|Meteorologia |Metereologia |

|Ignorante |Inguinorante |

|Reivindicação |Reinvidicação |

|Privilégio |Previlégio |

|Superstição |Supertição |

|Lagartixa |Largatixa |

|Receoso |Receioso |

|Digladiar |Degladiar |

|Subsídio |Subzidio |

|Rubrica |Rubrica |

|Disenteria |Desinteria |

|Empecilho |Impecilho |

|Estupro |Estrupo |

|Beneficente |Beneficiente |

|Irrequieto |Irriquieto |

|Prazerosamente |Prazeirosamente |

|Misto |Mixto |

|Caderneta |Cardeneta |

|Xifópagos |Xipófagos |

|Dignitário |Dignatário |

|Cinqüenta |Cincoenta |

|Asterisco |Asterístico |

6. DIFERENÇAS ENTRE FALA E ESCRITA

“O pensamento voa e as palavras andam a pé. Aí está o drama de quem escreve”.

Jullien Green

Um aspecto a ser bem esclarecido a quem procura melhorar seu desempenho em redação é perceber a diferença existente entre a comunicação oral e a escrita. É preciso registrar que num país civilizado, ninguém fala como escreve. Tanto a língua oral como a escrita apresenta peculiaridades e variações próprias, ditadas por influências geográficas, sociais e até mesmo ambientais: a linguagem do gaúcho, por exemplo, apresenta aspectos diferentes da linguagem do nordestino; a fala de um médico não é a mesma que a fala de um lixeiro, e assim por diante.

Em vista dessas diferenças não devemos pensar em escrever como se fala, pois trata-se de dois tipos de comunicação bem distintos.

Lembre-se um texto escrito sempre pode ser melhorado e não deve tomar como modelo a língua oral.

Veja exemplo na figura .

O primeiro mito que deve ser desfeito na relação entre fala e escrita é o de que a fala é o lugar da informalidade, da liberdade, do dizer tudo e da forma que quiser, e a escrita, por sua vez, é o lugar da realização formal, controlada e bem elaborada.

“A perspectiva da dicotomia estrita tem o inconveniente de considerar a fala como o lugar do erro e do caos gramatical, tomando a escrita como o lugar da norma e do bom uso da língua. Seguramente, trata-se de uma visão a ser rejeitada”. (Marcuschi, 2001: 28)

Na verdade, fala e escrita são duas realizações possíveis de uma mesma língua que tanto podem ser elaboradas quanto informais. O que determinará o grau maior ou menor de formalidade é o contexto em que o falante ou escritor estará inserido.

O que existe é uma maior valorização da escrita pela sociedade, justamente pelo fato de esta ser aprendida e desenvolvida em uma instituição social que é a escola. Entretanto, assim como a fala não possui uma propriedade negativa, a escrita também não é uma modalidade privilegiada, ou seja, não existe superioridade de uma modalidade em relação à outra.

Sendo assim, fala e escrita são duas práticas sociais que se realizam em um continuum e não de maneira dicotômica.

“Isso equivale a dizer que tanto a fala como a escrita apresentam um continuum de variações, ou seja, a fala varia e a escrita varia. Assim, a comparação deve tomar como critério básico de análise uma relação fundada no continuum dos gêneros textuais para evitar as dicotomias estritas”. (Ibidem: 42).

As diferenças entre língua oral e língua escrita permitem traçar um quadro contrativo dos componentes básicos dessas modalidades.

|Quanto à... |Fala |Escrita |

|Interação |Interação face a face. Mesmo contexto situacional. |Interação à distância (espaço temporal). Contexto |

| | |situacional diverso. |

|Planejamento |Simultâneo ou quase simultâneo à produção. |Anterior à produção. |

|Criação |Coletiva, administrada passo a passo. |Individual. |

|Memória |Impossibilidade de apagamento. |Possibilidade de revisão. |

|Consulta |Sem condições de consulta a outros textos. |Livre consulta. |

|Reformulação |A reformulação pode ser promovida tanto pelo falante como |A reformulação é promovida apenas pelo escritor. |

| |pelo interlocutor. | |

|Acesso |Acesso imediato às reações do interlocutor. |Sem possibilidade de acesso imediato. |

|Processamento |O falante pode processar o texto, redirecionando-o a partir |O escritor pode processar o texto a partir das possíveis |

| |das reações do interlocutor. |reações do leitor. |

|Processo de Criação |O texto mostra todo o seu processo de criação. |O texto tende a esconder o seu processo de criação, |

| | |mostrando apenas o resultado. |

Adaptado de Fávero (2000:74)

EXERCÍCIOS

TEXTO PARA QUESTÃO 1

“Países já chegam ao FMI com todos esses impasses, denotando a incapacidade de suas elites de chegarem a fórmulas consensuais para enfrentar a crise – mesmo porque essas fórmulas implicam prejuízos aos interesses de alguns grupos poderosos. Aí a burocracia do FMI deita e rola. Há, em geral, economistas especializados em determinadas regiões do globo. Mas, na maioria das vezes, as fórmulas aplicadas aos países são homogêneas, burocráticas, de quem está por cima da carne-seca e não quer saber de limitações de ordem social ou política.(...) Sem os recursos adicionais do Fundo, a travessia de 1999 seria um inferno, com as reservas cambiais se esvaindo e o país sendo obrigado ou a fechar sua economia ou a entrar em parafuso. O desafio será produzir um acordo que obrigue, sim, o governo e Congresso a acelerarem as formas essenciais.” ( Ícaro, 170, outubro de 1998 – questão adaptada do vestibular da Unicamp)

1 O articulista Luiz Nassif em seu artigo “O FMI vem aí. Viva o FMI”, publicado na revista Ícaro, fez uso do registro culto típico do jornalismo, mas utilizou também algumas expressões da linguagem técnica dos economistas e outras próprias da linguagem informal. Leia o trecho abaixo e resolva as questões propostas a seguir.

a) Transcreva as expressões que remetem ao universo econômico.

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b) Transcreva as expressões características da linguagem informal.

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c) Substitua essas expressões apresentadas no nível coloquial por outras típicas da linguagem formal.

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REVENDO ALGUNS CASOS QUE DIFICULTAM A FORMALIDADE DA LÍNGUA

1) A tabela abaixo mostra algumas ocorrências muito comuns no nosso cotidiano, algumas foram usadas de forma errada que, inclusive, podem se tornar grosseiras e deselegantes. Nessa atividade você deverá assinalar a forma correta. No decorrer dos exercícios vamos revendo também as regras gramaticais:

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|Assinale a alternativa correta  |

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|Casas germinadas |

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|Casas geminadas |

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|Sou de menor |

|  |

|Sou menor |

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|Sou maior de idade |

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|Sou de maior |

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|Passar o ano (na escola) |

|  |

|Passar de ano (na escola) |

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|Repetir o ano (na escola) |

|  |

|Repetir de ano (na escola) |

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|Ficar de recuperação |

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|Ficar para recuperação  |

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|O feriado caiu num domingo. |

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|O feriado caiu de domingo. |

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|O filho saiu ao pai, cuspido e escarrado. |

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|O filho saiu ao pai, esculpido e encarnado.  |

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|Saíram elas por elas.  |

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|Saiu elas por elas. |

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|Tive subida honra de saudar o presidente. |

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|Tive a súbita honra de saudar o presidente. |

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|De sábado, não trabalho. |

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|Aos sábados, não trabalho. |

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|Faltei pouco para não morrer. |

|  |

|Faltou pouco para não morrer. |

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|Mandado de segurança |

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|Mandato de segurança  |

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|Aguardo notícias. |

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|Estou no aguardo de notícias. |

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|Apêndice estuporado |

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|Apêndice supurado. |

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|Caderno espiral |

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|Caderno aspiral |

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|Estou quites com o Serviço Militar. |

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|Estou quite com o Serviço militar. |

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|Se eu ver, se ela ver, se nós vermos... |

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|Se eu vir, se ela vir, se nós virmos... |

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|Neusa é média.  |

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|Neusa é médium. |

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|A mala está leve. |

|  |

|A mala está leviana. |

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|Fiquei fora de mim. |

|  |

|Fiquei fora de si. |

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|Não saí por causa que estava chovendo. |

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|Não saí porque estava chovendo. |

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|Dessas mulheres, só conheço umas par delas. |

|  |

|Dessas mulheres, só conheço algumas delas.  |

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|Vou vestir-me ou trocar de roupa em dois minutos. |

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|Vou trocar-me em dois minutos. |

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|O paciente sofreu melhoras. |

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|O paciente sentiu melhoras. |

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|Ele já acordou. |

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|Ele já se acordou. |

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|O motorista perdeu a direção do veículo. |

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|O motorista perdeu o controle do veículo. |

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|Se ela não pode comprar isto, que dirá eu. |

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|Se ela não pode comprar isto, que dirá de mim. |

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|Estou com pigarro. |

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|Estou com pigarra. |

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|Tenho menas sorte que você. |

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|Tenho menos sorte que você. |

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|Inimigo figadal |

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|Inimigo fidagal |

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|O rapaz puxava uma perna. |

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|O rapaz puxava de uma perna. |

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|Luís é muito xereta. |

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|Luís é muito xereto.  |

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|O pessoal não gostaram do filme. |

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|O pessoal não gostou do filme. |

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|Prova dos nove |

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|Prova dos noves |

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|Horas extras |

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|Horas extra |

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|Eu procurava um emprego que condizesse com meu nível cultural. |

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|Eu procurava um emprego que condissesse com meu nível cultural. |

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|Não poderia dizer isso perante ela. |

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|Não poderia dizer isso perante a ela. |

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|Não vou lá em hipótese nenhuma. |

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|Não vou lá de hipótese nenhuma. |

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|Baseado no livro "Não Erre Mais!", de Luiz Antônio Sacconi |

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7. TEXTO VERBAL E NÃO-VERBAL

A capacidade humana ligada ao pensamento que se manifesta por meio de palavras (verbum, em latim) de uma determinada língua caracteriza o texto ou linguagem verbal.

Existem, porém, outras formas de linguagem de que o homem lança mão para representar o mundo, expressar-se, comunicar-se: os gestos, a música, a pintura, a mímica, as cores. Trata-se da linguagem ou do texto não-verbal.

É possível apontar semelhanças e diferenças entre os dois tipos de textos. A análise criteriosa (leitura) dos signos utilizados nos textos não-verbais permite que o sentido seja apreendido e que se estabeleça comunicação, mesmo que a correspondência não seja absoluta e um mesmo tipo de mecanismo assuma contornos específicos em cada tipo de linguagem.

A utilização de recursos não-verbais na comunicação é freqüente e exige que o leitor esteja atento a essas formas de interação que, muitas vezes tomam o lugar dos textos verbais -ou a eles se associam -com o objetivo de produzir sentido de maneira mais rápida e eficiente – é o caso das tabelas, dos gráficos, dos sinais de trânsito, charges. Observe a mensagem transmitida com a charge abaixo:

[pic]

EXERCÍCIOS

1. A capa da revista Veja, publicada em 22/06/200, apresentada abaixo, associa a linguagem verbal e a linguagem não-verbal. Analise-a e comente a mensagem transmitida.

[pic]

2. Leia a tira a seguir, de Laerte.

[pic]

A partir da análise da tira, podemos afirmar que:

(a) A informação pode ser transmitida apenas pela linguagem verbal.

(b) A mensagem informativa sempre deve ir ao encontro das expectativas do leitor.

(c) Devemos considerar a possibilidade de transmissão de mensagens por meio de diferentes linguagens.

(d) A vida se resume às palavras.

(e) Ao ser repassada ao leitor, a informação não necessita de clareza, pois basta a leitura atenta do texto.

3. Observe a charge e responda:

[pic]

Após a leitura atenta do texto, assinale a alternativa que melhor traduz os quadrinhos de Glauco:

a) “Não tem nada mais fácil que jogar coisas fora. Um simples movimento e você já está livre daquilo que não queria nem usava mais. “

b) "A questão do lixo deve ser pensada antes de ele ser disposto. É preciso que busquemos a redução do consumo e a reutilização dos materiais",

c) “É o feitiço virando contra o feiticeiro.”

d) “O mundo de hoje exige, o tempo inteiro, que as pessoas consumam e, quanto mais cada um cede a esse apelo, mais e mais resíduos deixa pelo caminho.”

e) O resultado desse processo é desastroso e pouca gente tem noção do tamanho da encrenca: no Brasil, são produzidos 125 mil toneladas de resíduos por dia. (...)Você aí contribui com mais ou menos um quilo de lixo por dia.

4. Observe a ilustração a seguir.

[pic]

Laurence Stephen Lowry. Industrial River Scene

Neste retrato diferenciado de uma região industrial da Inglaterra ― com suas chaminés e fileiras de casas germinadas ―, o pintor inglês Lowry (que só se tornou conhecido em 1939, aos 52 anos) mostra com clareza seu estilo característico, em que a figura humana, apesar de ser pouco mais que um traço sobre a tela, passa uma idéia de movimento e energia surpreendentes, compondo com precisão o clima opressivo de uma cidade fabril. Seu estilo, considerado pelos críticos: cru e totalmente individual, sem influência dos pós-impressionistas do começo do século, nos surpreende pela contemporaneidade.

A representação acima pode se relacionar com a sociedade moderna. Indique a analogia mais adequada à simbologia da imagem.

a) Avenida Paulista;

b) Centro urbano;

c) Favelas e periferia;

d) São Bernardo do Campo;

e) Porto de Santos.

8. Morfologia e Sintaxe

A morfologia é a parte da gramática que dá conta da forma das palavras, enquanto a sintaxe diz respeito às regras de combinação das palavras e orações de uma língua.

“A gramática tradicional distinguia a morfologia da sintaxe, de acordo com o critério das dimensões relativas dos significantes. Assim, caberia à sintaxe estudar as construções superiores à palavra (locuções, frases, etc.), nas quais a palavra fosse a unidade constituinte mínima e caberia à morfologia efetuar o estudo das construções cujos constituintes mínimos fossem palavras, ou partes de palavras (sufixos, raízes, etc.) . Os lingüístas da atualidade (...) apontam as sobreposições freqüentes entre os dois setores e recusam-se a distingui-los; a sintaxe, para eles, começa a partir do encontro de dois morfemas (parecer de Pottier), e seria mais apropriado falar-se nesse caso, em morfossintaxe". (Lopes, 1995, p. 150)

As classes de palavras[1]

Conforme a função que exercem, podemos agrupar as palavras da língua portuguesa em dez classes.

Observe no quadro seguinte a função de cada uma das classes de palavras, bem como se admitem ou não flexão.

|Classe |Definição |Flexão |

|Substantivo |Nomeia os seres em geral. São, portanto, | |

| |substantivos: |Varia em gênero, número e grau. |

| |a) os nomes de coisas, pessoas, animais, | |

| |vegetais e lugares; | |

| |b) os nomes de estados, ações, qualidades, | |

| |tomados como seres. | |

| |Caracteriza o substantivo, indicando | |

|Adjetivo |atributo, estado ou modo de ser. |Varia em gênero, número e grau. |

| |Precede o substantivo, determinando-o de | |

|Artigo |modo vago ou preciso, indicando o gênero e |Varia em gênero e número. |

| |o número. | |

| | | |

|Pronome |Substitui ou acompanha o substantivo, |Varia em gênero, número e pessoa. |

| |relacionando-o a uma das pessoas do | |

| |discurso. | |

|Numeral |Indica a quantidade exata de seres, ou a | Pode variar em gênero e número. |

| |posição que o ser ocupa numa série. | |

| |Exprime um processo situado no tempo. Esse | |

|Verbo |processo pode ser uma ação, um estado, um |Varia em número, tempo, pessoa, modo e voz. |

| |fenômeno ou uma mudança de estado. | |

| |Modifica o verbo, o adjetivo ou outro |A grande maioria não varia. Alguns podem variar em |

|Advérbio |advérbio, exprimindo uma circunstância |grau. |

| |Relaciona dois termos de uma oração, |Não varia. |

|Preposição |subordinando um ao outro. | |

| |Liga duas orações ou dois termos da oração |Não varia. |

|Conjunção |que exerçam a mesma função. | |

| |Exprime sentimentos e emoções instantâneos.|Não varia. |

|Interjeição | | |

A classificação das palavras deverá levar em conta o contexto em que elas aparecem.

A casa é antiga. (artigo)

Convidei-a para sair. (pronome)

Estou disposto a estudar. (preposição)

Ela casa em setembro. (verbo)

Recebi o jornal em casa. (substantivo)

O inglês recebeu o prêmio. (substantivo)

Um avião inglês aterrissou. (adjetivo)

9- PONTUAÇÃO

LEIA: Um homem muito rico faleceu e deixou em testamento a seguinte frase:

“Deixo meus bens a meu irmão não aos ricos nada aos pobres”.

Como todos estavam interessados na herança, cada um pontuou a frase de forma a obtê-la. Veja como ficou:

Irmão: Deixo meus bens a meu irmão, não aos ricos, nada aos pobres.

Ricos: Deixo meus bens: a meu irmão não, aos ricos, nada aos pobres.

Pobres: Deixo meus bens: ao meu irmão não, aos ricos nada, aos pobres.

Pontuação – Algumas Noções Sobre o Emprego da Vírgula.

(por Prof.Jorge Luis Torresan)

A pontuação é uma forma de melhorarmos a organização de nossos textos, deixando as informações mais claras.

Uma primeira observação a ser feita é que geralmente costumamos redigir nossas orações tendo em vista uma ordem de termos que pode ser definida por (S+V+C) em que S= sujeito; V= verbo e C= complementos. Na oração abaixo:

• MARCOS FOI PARA RIBEIRÃO PRETO ONTEM PELA MANHÃ.

Temos: sujeito(S) – Marcos; verbo(V) foi; e os complementos(C) onde Marcos foi e quando ele foi.

Agora repare na mesma oração escrita de outra forma:

• ONTEM PELA MANHÃ, MARCOS FOI PARA RIBEIRÃO PRETO.

Repare que um dos complementos que geralmente ficaria no final da frase foi colocado no início dela – o que não é muito usual – portanto para marcar essa mudança de local do complemento, usamos a vírgula. Vejamos de uma forma bem sintética outros casos em que a vírgula deve aparecer:

|Casos em que ocorre a vírgula no |Exemplos |

|interior da orações. | |

|- isolar o aposto( uma explicação a |Márcia, aluna do terceiro semestre, foi transferida de curso por vontade própria. |

|mais sobre um termo anterior) |Os alunos, filhos de funcionários, terão descontos nas mensalidades. |

|- isolar o vocativo (forma que usamos |Valéria, será que você poderia me emprestar seu carro? |

|para chamar pessoas) |Será que você poderia me emprestar seu carro, Valéria? |

| |Será que você, Valéria, poderia me emprestar seu carro? |

|- isolar as expressões explicativas: |Todas as pessoas, isto é, quase todas foram embora. |

|ou seja, ou melhor, isto é, por |Eu queria, ou melhor, eu quero ver o doutor agora. |

|exemplo, a saber. |No mundo, por exemplo, há muita coisa que eu não gosto. |

|- separar local e data |Santa Bárbara d’Oeste, 16 de dezembro de 1970. |

|- separar elementos seqüenciais quando|Fomos à loja e lá compramos: duas camisas, uma calça, um sapato e um par de meias. |

|não acompanhados por e, nem. |Fomos à loja e não compramos calças nem camisas nem meias nem sapatos. |

|- com as conjunções mas, portanto, |Perdemos a hora do vôo, mas tudo terminou bem. |

|todavia, contudo, pois, porque, etc. |Estude mais, pois os exames serão difíceis. |

|- indicar a ausência do verbo. |Eu fui para Campinas. Meu irmão, não. |

| |Estudamos muito. Marcos, pouco. |

Exercícios

01. (Operador de Computação/ Tribunal Regional do Trabalho) “... acaba de inaugurar em Boston, EUA, um avançado laboratório...”; o emprego das vírgulas nesse segmento se justifica por:

a) Necessidade de destacar o termo mais importante.

b) Obrigatoriedade de separar as siglas.

c) Mostrar uma explicitação do termo anterior.

d) Destacar o vocativo.

e) Indicar um termo intercalado.

02. (Assistente Social/ Tribunal Regional Federal) Indique a alternativa em que a pontuação da frase obedece à norma culta.

a) Nos últimos anos empresários, pegaram, firme, na questão da responsabilidade social.

b) Associaram-se em fundações que, captam recursos, e orientam trabalhos.

c) Outros, como era de se esperar, foram estimulados, pelos empregados, a olhar, para os desfavorecidos.

d) O Brasil tem, segundo critérios do IBGE 20 milhões de pessoas, vivendo abaixo da linha da pobreza.

e) Para os que recebem ajuda, essa multiplicação é bem-vinda, mas está longe de representar uma solução.

03. (Magistério/ Ensino Fundamental) Assinale a alternativa que apresenta a pontuação correta.

a) Dos entrevistados europeus, alguns, já buscam notícias on-line.

b) Alguns entrevistados já buscam celular; outros, computadores.

c) No Afeganistão, o conflito, leva a um grande esforço de guerra.

d) Os governos têm um objetivo: informar em várias, linguagens.

e) Para melhorar sua reputação o Brasil, precisa, mudar estratégias.

04. (Fiscal de Tributos Estaduais/ Pará) Assinale a opção em que o trecho foi transcrito com erro de pontuação.

a) A Independência Brasileira não foi uma revolução: ressalvadas a mudança no relacionamento externo e a reorganização administrativa no topo, a estrutura econômica-social criada pela exploração colonial continuava intacta, agora em benefício das classes dominantes locais.

b) Diante dessa persistência, era inevitável que as formas modernas de civilização, vindas na esteira da emancipação política e implicando liberdade e cidadania, parecessem estrangeiras – ou postiças, antinacionais, emprestadas, despropositadas etc., conforme as preferências dos diferentes críticos.

c) A violência da adjetivação indica as contorções do amor-próprio brasileiro (de elite), obrigado a desmerecer em nome do progresso, os fundamentos de sua preeminência social, ou vice-versa, opção deprimente nos dois casos.

d) De um lado, tráfico negreiro, latifúndio, escravidão e mandonismo, um complexo de relações com regra própria, firmado durante a Colônia e ao qual o universalismo da civilização burguesa não chegava.

e) De outro lado, sendo posto em xeque pelo primeiro, mas pondo-o em xeque também, a Lei (igual para todos), a separação entre o público e o privado, as liberdades civis, o parlamento, o patriotismo romântico.

(SCHWARZ, Roberto. Cultura e política, p. 127-128)

05. (Agente da Fazenda do Município do Rio de Janeiro) Marque o item em que o emprego da vírgula está correto.

a) Os anunciantes procuram ser cada vez mais criativos, e o público é persuadido pelas frases de impacto.

b) A primeira coisa que você tem a fazer é botar um Gold Smoke na boca, e acendê-lo com um gesto másculo.

c) É claro, que a pressão exercida pela publicidade pode chegar a níveis assustadores.

d) Cada vez mais a sedução da publicidade tem provocado, polêmica atualmente.

e) A verdade é que a redação de texto publicitário, tornou-se hoje em dia uma atividade especializada.

06. (Auditor-fiscal da Receita Federal) Analise as propostas e assinale a opção que indica alterações corretas para o trecho abaixo.

É importante mencionar que em 99,99% dos casos em que as autoridades fiscais têm acesso às movimentações bancárias dos contribuintes, e lhes é permitida a tão referenciada quebra do sigilo bancário, são apuradas irregularidades. Entretanto, somente surge a lide tributária que exige o contraditório e ampla defesa quando após a formalização do lançamento o contribuinte, inconformado, tempestivamente apresenta impugnação ou defesa contra o ato administrativo por meio do qual se exterioriza a exigência do crédito tributário (...).

Mary Elbe G. Q. Maia, “A inexistência de sigilo bancário frente ao poder-dever de investigação das autoridades fiscais”, Tributação em Revista, julho/setembro de 1999 (sinais de pontuação suprimidos).

Propostas:

1) Colocar uma vírgula após o verbo mencionar.

2) Colocar aspas na expressão quebra do sigilo bancário.

3) Separar com duplo travessão a oração que exige o contraditório e ampla defesa.

4) Manter separada por dupla vírgula a expressão após a formalização do lançamento.

5) Colocar entre parêntese o segmento ou defesa contra o ato administrativo.

Estão corretas as propostas:

a) 1, 2 e 4

b) 1, 3 e 4

c) 1, 4 e 5

d) 2, 3 e 5

e) 2, 3 e 4

(Luiz Gonzaga Belluzo, com adaptações)

10- CRASE

1. (Oficial de Justiça/ Tribunal Judiciário/ Estado de São Paulo) Encontre a frase onde o sinal da crase é facultativo:

a) Fui à Holanda o ano passado.

b) Eles riam às bandeiras despregadas.

c) Estivemos aqui à uma hora da madrugada.

d) Prefiro esta àquela.

e) Ele fiz uma crônica à Rubem Braga.

2. (Oficial de Justiça/ Tribunal Judiciário/ Estado de são Paulo) Onde é facultativo o uso do sinal da crase?

a) Estiveram na minha casa às duas horas da madrugada.

b) Meu amor aumenta à medida que o tempo passa.

c) Eles foram até à cidade comprar mantimentos.

d) Fiz uma redação à Machado de Assis.

e) Na próxima semana irei à Olinda dos saudosos carnavais.

3.(Escrevente Judiciário/ Tribunal Judiciário/ Estado de São Paulo) Mostre onde o sinal indicador da crase foi usado indevidamente.

a) Ela nunca foi à gafieiras mas adora dançar.

b) O líder assistia a tudo à distância de cem metros.

c) Retornou à casa paterna.

d) Encontrei-o à beira da falência.

e) Fomos até à rua.

4.(Escrevente Judiciário/ Tribunal Judiciário/ Estado de São Paulo) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase:

Foi obrigado _________ embarcar no trem que saía _________ onze horas, mas mostrou ________ seu descontentamento.

a) a – as – à.

b) à – as – à.

c) a – às – a.

d) à – às – a.

e) a – às – à.

5. (Técnico Judiciário / Tribunal Regional Federal) O sinal indicador da CRASE foi corretamente empregado na frase “Que estivesse bem cedo junto ao edifício Brasília para assistir à coleta de lixo”. Dentre as opções abaixo, porém, este sinal foi INCORRETAMENTE utilizado em:

a) O bom repórter não poupa elogios à higiene dos lixeiros.

b) Na adolescência o motorista teria sucumbido à previsão de uma velhice pobre.

c) A esperança sobrevive até mesmo à uma ou outra mutilações.

d) O motorista parece dizer às pessoas da cidade: “o lixo é vosso”.

e) Os metais do caminhão esplendiam à luz da manhã.

11- DICAS PARA ESCREVER BEM

Organizado pela Profª Nanci Pietro

1- Escreva sem medo.

2- Use vocabulário conhecido.

3- Construa frases curtas.

4- Evite repetir palavras e idéias.

5- Evite lugares-comuns.

6- Em textos formais, seja impessoal.

7- Elabore roteiros e planejamento.

8- Não escreva para o professor, escreva para o seu leitor.

9- Releia o texto antes de terminar.

10- Consulte dicionários e gramáticas.

11- Leia, leia muito. Comece lendo textos que te dêem prazer.

12- TIPOS DE TEXTO E A ESTRUTURA BÁSICA

“Bem aventurados os homens de boa redação.

Deles será o reino das diretorias”

Dentro de uma grande empresa, as melhores chances de promoção pertencem aos que sabem como escrever um bom relatório, como produzir cartas e planos claros e precisos.

No entanto, são muito poucas as pessoas que se expressam corretamente por escrito. Isto é surpreendente porque escrever bem não depende de nenhum talento especial. É simplesmente o resultado de um treinamento, como qualquer outro. Este é o momento de treinar!

Leia o artigo abaixo:

Hermetismo jurídico

Tecnicidade da linguagem pode afastar sociedade da Justiça (por Vivianne Rodrigues de Melo)

Estudos atuais da lingüística, da filosofia da linguagem e de diversos ramos do Direito apontam a existência de uma linguagem jurídica dotada de características que a investem de juridicidade, diferenciando-a de outras linguagens técnicas.

O Direito nos é dado a conhecer por meio de palavras, manifestadas em todos os sentidos: nas leis, nos atos judiciais e em outras formas diversas que não dispensam a ferramenta da linguagem para o conhecimento da matéria jurídica.

Resta evidente, pois, que o Direito é ciência dotada de linguagem técnica e específica, com espaço de sentido e espaço estrutural autônomos (gramática e dicionário jurídicos próprios).

Seguramente observa-se que tantas outras ciências possuem vocabulário próprio, tais como a medicina, a informática e a economia, não diferentemente do Direito. Entretanto, o tecnicismo deste último tem sido alvo de antigas preocupações, no que diz respeito à própria razão de existir do Direito, em função da garantira do bem-estar da coletividade: o Direito possui um léxico e um campo semântico peculiares e a cientifização descontrolada da linguagem jurídica pode ser fator de distanciamento, inclusive ideológico, daqueles que do Direito precisam se servir.

Miguel Reale, em antiga e prudente preocupação com a introdução dos iniciantes na linguagem do Direito, já estabelecia recomendações propedêuticas ao estudo do Direito, pois, “às vezes, expressões correntes, de uso comum do povo, adquirem, no mundo jurídico, um sentido técnico especial”.

O hermetismo da linguagem jurídica é sintomático pois o Direito, por ser uma ciência, é investido de um método próprio que requer a configuração de um vocabulário técnico, não facilmente apreendido pelo homem comum.

Em acertada crítica, o lingüista Adalberto J. Kaspary estabelece abordagem categórica a respeito da questão do hermetismo da linguagem jurídica:

“O desenvolvimento da técnica jurídica fez com que surgissem termos não-usuais para os leigos. A linguagem jurídica, no entanto, não é mais hermética para o leigo que qualquer outra linguagem científica ou técnica. Aí estão, apenas para exemplificar, a medicina, a matemática e a informática com seus termos tão peculiares e tão esotéricos quanto os do Direito. Ocorre que o desenvolvimento da ciência jurídica se cristalizou em instrumentos e instituições cujo uso reiterado e cuja precisão exigiam termos próprios: servidão, novação, sub-rogação, enfiteuse, fideicomisso, retrovenda, evicção, distrato, curatela, concussão, litispendência, aqüestros (esta a forma oficial), etc. são termos sintéticos que traduzem um amplo conteúdo jurídico, de emprego forçado para um entendimento rápido e uniforme. O que se critica, e com razão, é o rebuscamento gratuito, oco, balofo, expediente muitas vezes providencial para disfarçar a pobreza das idéias e a inconsistência dos argumentos. O Direito deve sempre ser expresso num idioma bem-feito; conceitualmente preciso, formalmente elegante, discreto e funcional. A arte do jurista é declarar cristalinamente o Direito”. (grifo nosso)

Tem-se observado que a linguagem jurídica recorrentemente praticada com excessivo preciosismo, arcaísmo, latinismo e polissemia contribui para o afastamento da própria sociedade em relação ao Direito, sendo que do fundamento ontológico deste ramo do conhecimento, infere se que a linguagem jurídica deveria apresentar-se mais diáfana aos olhos dos cidadãos, como verdadeiro instrumento a serviço da sociedade e de busca pela excelência da prestação jurisdicional. Relevante é a ressalva de que o acesso ao conhecimento do Direito constitui uma das modalidades de acesso à Justiça, na lição clássica de Cappelletti.

A propalada indissociabiliade entre linguagem e Direito nos indica que os aplicadores do Direito devem investir em uma melhor comunicação jurídica e primar pela depuração da linguagem jurídica e pelo controle do rigor técnico formal excessivo, por vezes frutos de egoística afeição ao vernáculo, todavia tão prejudicial aos jurisdicionados e à sociedade de forma geral, que quedam alijados de conhecimentos sequer rudimentares do Direito.

Observa-se muitas vezes sentenças cujo teor não é possível que as partes conheçam sem a interferência de seu advogado, porque a leitura da peça é de total incompreensão, haja vista o abuso de termos jurídicos obsoletos, em manifesta exacerbação estilística. Assim sendo, a liberdade das partes litigarem em sede de Juizado Especial sem constituir advogado, respeitando o limite legal do valor da causa, pode restar frustrada no campo da efetividade, diante do alheamento dos cidadãos em relação às especificidades da linguagem jurídica.

Variegadas e insurgentes são as possíveis soluções práticas para a maior afinidade da população com informações basilares sobre cidadania e direito, dentre as quais a realização de cursos de capacitação promovidos pelos tribunais e pelos diversos órgãos públicos, no sentido de qualificar os integrantes de seus quadros a destinarem tratamento condigno aos cidadãos. Por exemplo, em prol de melhor atendimento sobre os direitos e informação nos Juizados Especiais, Procons, etc., todos quantos atestadores do primado da ética e da igualdade material nas atribuições do serviço público.

Também de premente importância é o exercício do direito social da educação, com a confecção de cartilhas a serem elaboradas pelos tribunais e órgãos públicos, inclusive em parcerias com a pesquisa e a extensão das universidades, e depois distribuídas à população, juntamente com a realização de campanhas com o apoio da mídia bem como a implantação obrigatória de disciplina de noções elementares de cidadania e direito nos currículos escolares, para fomentar a educação cidadã. Trata-se, ao que se depreende, de modestos exemplos de iniciativas simples a serem tomadas para a inclusão dos cidadãos ao conhecimento do Direito a partir da integração com a linguagem jurídica.

Os aplicadores do Direito, em seu múnus, enfim, devem dignificar a humanização das leis, tornando-as socialmente mais úteis e apreensíveis, ao conhecimento primário da população como um todo.

A educação se apresenta como direito social da cidadania ou direito público subjetivo que, incorporado nas cartas políticas atuais, revela o caminhar dos direitos humanos para a necessidade natural de evolução do ser humano e de sua integração à instrução e ao conhecimento, devendo o Estado equiparar-se com políticas públicas adequadas para a institucionalização e desenvolvimento da educação como forma de inclusão às vicissitudes do Direito por meio da linguagem jurídica, mitigando o seu hermetismo sem fronteiras.

Nalini, na esteira de tantos outros juristas, manifesta oportunamente sobre o dever ético do juiz na divulgação do Direito e na facilitação do discurso jurídico veiculado na linguagem jurídica:

“Além dessa divulgação operacional, as entidades promoveriam a divulgação institucional, propiciadora de informações sobre o funcionamento do Judiciário no Brasil. Não se pode nutrir afeição por aquilo que não se conhece. Isso explica os índices de comprometimento afetivo demonstrado pela população brasileira a seu Judiciário, em qualquer pesquisa realizada nesta década (...) a assessoria de mídia, anexa a cada organismo, deve desempenhar sua parte e fazer a aproximação entre mediática e Justiça, decodificando o hermetismo da linguagem e o distanciamento que o Judiciário só nutrir em relação aos mass media”.

Em tempo, mais producente seria se os juristas se aliassem ao poeta Manuel Bandeira (in Azevedo, 1996: 86)2, cuja maturidade e inspiração compreendeu a importância social de se evitar o hermetismo no fazer versos: com maior simplicidade e clareza das palavras deverá ser o fazer justiça, para a segurança dos cidadãos e sua real participação no modus vivendi do Estado Democrático de Direito.

Ante o exposto, sem a pretensão de exaurir o rico tema posto em discussão, forçoso concluir que o hermetismo da linguagem jurídica justifica-se pela tecnicismo desta, sendo necessário um engajamento dos aplicadores do Direito para em diversas e criativas medidas tornar mais acessível a linguagem jurídica ao conhecimento da sociedade, tendo em vista o conhecimento do Direito como acesso à Justiça e direito fundamental dos cidadãos.

À luz das reflexões sobre a linguagem jurídica elaboradas por Vivianne Rodrigues de Melo, analise os textos jurídicos que seguem:

1. V. Exª., data máxima vênia, não adentrou às entranhas meritórias doutrinárias e jurisprudenciais acopladas na inicial, que caracterizam, hialinamente, o dano sofrido.

2.

Com espia no referido precedente, plenamente afincado, de modo consuetudinário, por entendimento turmário iterativo e remansoso, e com amplo supedâneo na Carta Política, que não preceitua garantia ao contencioso nem absoluta nem ilimitada, padecendo ao revés dos temperamentos constritores limados pela dicção do legislador infraconstitucional, resulta de meridiana clareza, tornando despicienda maior peroração, que o apelo a este Pretório se compadece do imperioso prequestionamento da matéria abojada na insurgência, tal entendido como expressamente abordada no Acórdão guerreado, sem o que estéril se mostrará a irresignação, inviablizada ab ovo por carecer de pressuposto essencial ao desabrochar da operação cognitiva.

.

3) Responda:

Qual é a finalidade da Linguagem jurídica? Justifique.

Antes de começar a responder, faça sempre o seguinte:

a) Formule um pressuposto e veja se ele permite uma boa argumentação. Faça a pergunta por quê? Ou como?;

b) Liste seus argumentos;

c) Retire dos textos lidos informações, dados, exemplos que possam ilustrar seu trabalho.

d) Quando terminar de escrever o texto, dê-lhe um título. Faça, depois, uma revisão rigorosa.

No plano das idéias, veja se:

a) logo no primeiro parágrafo ficou claro o que você quis discutir;

b) seus argumentos respondem ao pressuposto inicial;

c) seus argumentos vão numa mesma direção;

d) o último parágrafo tem estreita relação com o primeiro, fechando assim o texto.

No plano da forma, observe se:

a) há coesão entre as frases e entre os parágrafos;

b) as frases estão bem ajustadas do ponto de vista da ênfase e dos paralelismos;

c) as frases têm boa extensão (um ponto a cada duas ou três linhas);

d) não há lugares-comuns, assonâncias, palavras repetidas gratuitamente.

OS PRINCIPAIS TIPOS TEXTUAIS

|TIPO |PRINCIPAL OBJETIVO |CARACTERÍSTICAS LINGÜÍSTICAS |EXEMPLOS |

|DESCRIÇÃO |LEVANTAMENTO DE |EMPREGA VERBOS DE ESTADO, MUITA |BULA DE REMÉDIO |

| |CARCTERÍSTICAS DE ORDEM |ADJETIVAÇÃO |RECEITA CULINÁRIA |

| |FÍSICA OU PSICOLÓGICA | |MEMORIAL DESCRITIVO DE LUGARES EM DOCUMENTOS |

| | | |TÉCNICOS, ETC. |

|NARRAÇÃO |CONTA-SE UM FATO REAL OU |EMPREGA MUITO MAIS VERBOS DE AÇÃO|NOTÍCIAS DE JORNAIS |

| |FICTÍCIO, PREOCUPANDO-NOS |E A ADJETIVAÇÃO PODE SER UM BOM |HISTÓRIAS EM QUADRINHOS. |

| |COMO AS QUESTÕES: O QUÊ?, |ARTIFÍCIO PARA CARCTERIZAR |ALGUNS DOCUMENTOS COMO B.Os EM QUE NARRAMOS UM |

| |QUEM?, ONDE?, QUANDO?, |PERSONAGENS, LUGARES, SITUAÇÕES |ASSALTO ETC. |

| |COMO? POR QUÊ? |ETC. | |

|DISSERTAÇÃO |DEFENDER UM PONTO DE VISTA|EMPREGA MUITO MAIS VERBOS DE |TRABALHOS ESCOLARES EM GERAL. |

|(Expositiva |ACERCA DE UM FATO, TEORIA,|AÇÃO. AQUI A ARGUMENTAÇÃO É UM |EDITORIAIS DE JORNAL, ETC. |

|/argumentativa) |IDÉIA ETC. |RECURSO MUITO IMPORTANTE. | |

.................................................................................................................................................

Estrutura do Parágrafo – Parágrafo Padrão:

Introdução:

Também denominada tópico frasal, é constituída de uma ou de duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a idéia principal do parágrafo, definindo seu objetivo;

Desenvolvimento:

Corresponde a uma ampliação do tópico frasal, com apresentação de idéias secundárias que o fundamentam ou esclarecem (exemplos, detalhes,Demonstração e fatos, comparações, referências históricas ou científicas);

Conclusão:

Nem sempre presente, especialmente nos parágrafos mais curtos e simples, a conclusão retoma a idéia central, levando em consideração os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento.

Texto Argumentativo

Pesquisa diz que letras agressivas estimulam a violência

Jovens que escutam música com letras agressivas passam a ter, logo que a música acaba, pensamentos e sensações violentos. Essa reação é diretamente proporcional à agressividade das letras. Quanto mais barra-pesada elas forem, mais o cara fica “doidão”.

Quem está dizendo não sou só eu, ou sua mãe, que reclama de você escutar Sepultura no volume 12. A conclusão é de um grupo de cientistas da Universidade do Texas (EUA). O trabalho foi publicado na revista científica Journal of Perasonality and Social Psycology.

O estudo é interessante por diversas razões. Uma delas é que contraria a noção popular de que as letras agressivas funcionariam como uma espécie de catarse, de válvula de escape para a molecada. Na verdade, se os cientistas estiverem corretos, a agressividade das letras só provoca uma coisa: agressividade em quem está ouvindo.

Basicamente, os pesquisadores botaram um grupo de mais de 500 universitários para ouvir sete músicas violentas de sete artistas e também músicas não violentas dos mesmos artistas. E usaram uma série de testes psicológicos para ver se o pessoal ficava com pensamentos agressivos na cabeça depois de escutar as letras violentas.

Ainda bem que aqui no Brasil a maioria dos jovens não sabe inglês suficiente para entender o que os gringos estão cantando.

(Álvaro Pereira Júnior - Colunista da Folha.)

Exercitando:

- Identifique a estrutura do parágrafo no texto acima.

- Agora responda:

- De acordo com o texto: Qual a tese do artigo?

- O autor do texto se refere a alguma tese oposta?

- Qual delas é defendida por meio de argumentos baseados em dados científicos?

- Qual expressão aponta que a outra tese não foi comprovada cientificamente?

Para lembrar: Alguns argumentos são baseados em dados objetivos: trabalhos científicos, resultados estatísticos, pesquisas de opinião, etc. Outros argumentos expressam apenas impressões ou vivências pessoais: são argumentos subjetivos. Os argumentos e contra-argumentos podem ser baseados em dados objetivos ou em impressões subjetivas.

|Trabalhando o Texto III – Formas de Introdução do Parágrafo; A articulação entre os parágrafos do texto. |

O Parágrafo-Chave - 18 formas para você começar um texto

Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: hoje em dia, atualmente, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade.

Listamos aqui dezoito formas de começar um texto. Elas vão das mais simples às mais complexas.

* Uma declaração (tema: liberação da maconha)

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.

Alberto Corazza, Istoé, 20 dez. 1995.

A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

* Definição (tema: o mito)

O mito, entre os primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão também, as formas da ação humana.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. São Paulo, Moderna, 1992. p. 62.

A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo em texto dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.

* Divisão (tema: exclusão social)

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla participação da iniciativa privada.

Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996.

Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-las na frase seguinte.

* Oposição (tema: a educação no Brasil)

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que estabelecerá o rumo da argumentação.

Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo:

Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento: raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a cultura ainda é vista como algo supérfluo em nossa terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa história, e quase sempre como forma de resistência e/ou transformação. (...)

FEIJÓ, Martin César. O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985. p. 7.

O autor estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a compõem.

* Alusão histórica (tema: globalização)

Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.

O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

* Uma pergunta (tema: saúde no Brasil)

Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar.

A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação.

* Uma frase nominal seguida de explicação (tema: a educação no Brasil)

Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3o ano do 2o grau submetidos ao Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4a série e da 8a série do 1o grau em todas as regiões do território nacional.

Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996.

A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por essa é a conclusão.

* Adjetivação (tema a educação no Brasil)

Equivoca e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo.

Anderson Sanches, Infocus, n. 5, ano 1, out. 1966. p. 2.

A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, nos parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governo equivocada e pouco racional.

* Citação (tema: política demográfica)

“As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora.” O comentário, do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.

DI FRANCO, Carlos Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995. p. 73.

A criação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra comentário da segunda frase.

* Citação de forma indireta (tema: consumismo)

Para Marx a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estudos Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.

Cláudio de Moura e Castro, Veja, 13 nov. 1996.

Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É melhor citar de forma indireta que de forma errada.

* Exposição de ponto de vista oposto (tema: o provão)

O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade de ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal o dinheiro que deveria ser investido na educação.

Orlando Silva Júnior e Eder Roberto Silva, Folha se S. Paulo, 5 nov. 1996.

Ao começar o texto com a opinião contrária, delineia-se, de imediato, qual a posição dos autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do opositor, numa espécie de contra-argumentação.

* Comparação (tema: reforma agrária)

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática, 1991. p. 101.

Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de comportamento entre elas.

* Retomada de um provérbio (tema: mídia e tecnologia)

O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição na análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos jornais é simplesmente impossível.

Jayme Sirotsky, Folha de S. Paulo, 5 dez. 1995.

Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. Faça um comentário sobre ele para quebrar a idéia de lugar-comum que todos eles trazem. No exemplo acima, o autor diz “o corriqueiro adágio” e assim demonstra que está consciente de que está partindo de algo por demais conhecido.

* Ilustração (tema: aborto)

O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um anúncio em que uma jovem de dezoito anos, já é mãe de duas filhas, dizia estar grávida mas não queria a criança. Ela entregaria a quem se dispusesse a pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o filho a ter que fazer um aborto.

O tema é tabu no Brasil. (...)

Antonio Carlos Viana, O Quê, edição de 16 a 22 jul. 1994.

Você pode começar narrando um fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão do parágrafo seguinte se faz de forma fácil: a palavra tema retoma a questão que vai ser discutida.

* Uma seqüência de frases nominais (frases sem verbos)

(tema: a impunidade no Brasil)

Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás.

Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.

O que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que dão equilíbrio às diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante.

* Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme

(tema: a intolerância religiosa)

Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle Adjani, ainda deve ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, as tropas do rei da França, sob as ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe e verdadeira governante, desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da História. (...)

Desse horror a História do Brasil está praticamente livre. (...)

Veja, 25 out. 1995.

O resumo do filme A rainha de Margot serve de introdução para desenvolver o tema da intolerância religiosa. A coesão com o segundo parágrafo dá-se através da palavra horror, que sintetiza o enredo do filme contado no parágrafo inicial.

* Descrição de um fato de forma cinematográfica

(tema: violência urbana)

Madrugada de 11 de agosto. Moema, bairro paulistano de classe média. Choperia Bodega – um bar da moda, freqüentado por jovens bem-nascidos.

Um assalto. Cinco ladrões. Todos truculentos. Duas pessoas mortas: Adriana Ciola, 23, e José Renato Tahan, 25. Ela, estudante. Ele, dentista.

Josias de Souza, Folha de S.Paulo, 30 set. 1996.

O parágrafo é desenvolvido por flashes, o que dá agilidade ao texto e prende a atenção do leitor. Depois desses dois parágrafos, o autor fala da origem do movimento “Reage São Paulo”.

* Omissão de dados identificadores

(tema: ética)

Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? Com certeza não é algo que se refira somente à política ou às grandes decisões do Brasil e do mundo. Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humanas cujos valores provêm da própria natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da sociedade.

O Globo, 13 set. 1992.

As duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relação ao tema que se mantém em suspenso até a terceira frase. Pode-se também construir todo o primeiro parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo seguinte.

EXERCÍCIOS

1. Dada a idéia central, desenvolva o parágrafo abaixo tentando, inclusive, concluir tal idéia.

a) Dois são os principais motivos que contribuem para o empobrecimento acelerado da sociedade: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Dadas as conclusões, escreva o início do parágrafo expondo a idéia principal a ser tratada e o seu desenvolvimento. Indique a técnica usada para iniciar os parágrafos.

a)_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ por isso o Brasil está nestas condições!

b)______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ É justamente diante de tudo isso que precisamos urgentemente reorganizar toda a estrutura da educação.

13. COESÃO TEXTUAL

Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento, pelo sentido, pelas relações entre as idéias que criam uma trama de significados a que damos o nome de textualidade. Esse encadeamento é a coesão textual.

Uma das maneiras de se alcançar a coesão textual se dá pela recuperação de elementos de uma oração em orações posteriores. Observe:

“Pegue três maçãs e coloque-as sobre a mesa.”. Se perguntarmos a um falante de língua portuguesa se as duas sentenças formam um texto, sua resposta será afirmativa. Se lhe perguntarmos o motivo, dirá que ambas tratam da mesma coisa. Se lhe perguntarmos ainda se existe algo na segunda sentença que a possa ligar à primeira, ele nos apontará o pronome as. De fato, o pronome as recupera o termo três maçãs. Eis aí um exemplo de coesão textual. (Abreu, 2001:12)

è importante ainda ressaltar que há inúmeras formas de se estabelecer coesão entre as sentenças de um texto diferentes do desagradável procedimento que é o uso de expressões como: o mesmo, a repetição de artigos e o uso abusivo do pronome qual. Observe:

Pegue as três maçãs. Coloque as mesmas sobre a mesa.

Prefira:

Pegue três maçãs e coloque-as sobre a mesa.

Pedi uma cerveja. Uma cerveja veio sem gelo. / Pedi uma cerveja a qual veio sem gelo.

Prefira:

Pedi uma cerveja que veio sem gelo. / Pedi uma cerveja. Ela veio sem gelo.

COESÃO SEMÂNTICA

A língua dispõe de amplos recursos para a construção da textualidade. Um deles é a recuperação semântica de termos do texto. A remissão pode ser feita para trás e para a frente, constituindo-se uma anáfora ( retomada de termos anteriores) ou catáfora ( quando se faz referência a um termo que será citado adiante)

O homenzinho subiu correndo os três lances de escadas. Lá em cima, ele parou diante de uma porta e bateu furiosamente. (anáfora)

Ele era tão bom, o meu marido, (catáfora)

Esse processo ocorre através do emprego de:

1. Pronomes -ele, ela, nós, meu, seu, este, aquele, etc.

Pegue os copos e coloque-os sobre a mesa.

2. Advérbios de lugar - lá, aqui, etc.

João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá ele disse que a Igreja continua a favor do celibato.

3. Palavras ou expressões sinônimas:

Acabamos de receber dez termômetros clínicos. Esses instrumentos serão utilizados pelo setor de pediatria.

4. Ausência ou elipse:

João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. lá, * disse que a Igreja continua a favor do celibato.

5. Substituição:

O presidente pretende anunciar as novas medidas que mudarão o imposto de renda, mas não deverá fazer isso nesta semana. (não deverá anunciá-las esta semana)

3-O texto a seguir é trecho de uma carta mal-escrita. Ela apresenta uma série de problemas em relação ao vocabulário e à construção das frases. Depois de lê-la, confira com a reescrita.

- Emissor: uma empresa de grande porte.

Destinatário: uma clínica credenciada que prestou um mau atendimento ao empregado da empresa.

“Reiteramos compartilhar e respeitar o juízo e a ética profissional desta Instituição, mas temos um papel a cumprir: zelar para que o quadro de credenciados que disponibilizamos aos nossos empregados prime pela qualidade técnica, no atendimento, cordialidade e higiene.

Contactamos pessoalmente o empregado para obter mais informações e nortear nossas ações, e podemos afiançar que suas colocações não foram baseadas na emoção, dentro das possibilidades, foi muito racional e equilibrado em seu relato.”

Carta reescrita:

“Reiteramos respeitar o juízo e a ética profissional desta Instituição, mas temos um papel a cumprir: zelar para que o quadro de credenciados prime pela qualidade, tanto na ética quanto no atendimento aos nossos empregados.

A fim de nortear nossas ações, contactamos o empregado e podemos afiançar que suas críticas não foram baseadas na emoção do momento doloroso, mas, muito pelo contrário, foram racionais e equilibradas.”

1- Veja outros exemplos:

a) texto incoerente:

“ Na verdade, a televisão é um passatempo mortificante, pois, além de proporcionar às famílias alguns momentos de distração, reduz-lhes o tempo que poderiam dedicar à conversa.”

- Observe como a idéia sublinhada não está adequada à mensagem principal, pois a partícula de ligação – além – não confere o significado correto à relação de sentido.

b) texto coerente:

“ Na verdade, a televisão é um passatempo mortificante, pois, embora proporcione às famílias alguns momentos de distração, reduz-lhes o tempo que poderiam dedicar à conversa.”

Exercícios:

1-Escreva diante de cada texto, adaptado de Hélio Maranhão, o número do partir de operadores lógicos abaixo que preenchem corretamente as lacunas.

a- A divisão do Direito conhecida sob o título de Direito do Trabalho tem por objeto a exposição de princípios e normas de direito que regem as relações de trabalho subordinado, ____________, do trabalho prestado por uma pessoa a outra sob a dependência desta. Exclui-se, ___________, o trabalho autônomo ou independente.

b- O trabalho subordinado não engendra, apenas, as relações fundamentais que vinculam as suas partes individualmente, ______________origina, também, relações entre os assalariados no seio da empresa onde trabalham, ___________ nas associações profissionais e sindicatos.

14- CLAREZA (Mirian Gold)

“Clareza - qualidade do que é claro, inteligível: a clareza de uma frase.

Exemplo de fragmento de texto sem clareza de expressão:

“ Atualmente, o saldo credor em poder da Administradora não sofre correções em favor do condomínio, assim, entende que a previsão mensal deverá se manter o mais próximo possível do real.”

- Falta de clareza entre a 1ª idéia: (o saldo credor não sofre correções em favor do condomínio) e a 2ª( a previsão deverá se manter mais próximo possível do real)

Veja uma sugestão de reescrita para o fragmento de texto acima:

“Atualmente, o saldo credor em poder da Administradora não sofre correções em favor do condomínio, pois entendemos que a previsão mensal deverá se manter o mais próximo possível do real.”

Veja outro exemplo de texto sem clareza:

“Visando ajudar os órgãos no entendimento da circular 4522/95, esclarecemos que no âmbito interno, vamos entender que há uma delegação subentendida da direção da Companhia aos superintendentes de órgãos e chefes de serviço, via tabela de limite de competência, para definirem que contratos devem ter prosseguimento nas bases pactuadas e quais os que deverão ser objeto de reavaliação.”

Sugestão de reescrita para o fragmento de texto acima:

“Visando ajudar os órgãos no entendimento da circular 4522/95, esclarecemos que na própria Tabela de Limite de Competência já fica estabelecido quem define sobre os contratos que devem prosseguir nas bases pactuadas e sobre os que devem ser reavaliados.”

USO DOS OPERADORES ARGUMENTATIVOS.

Vejamos abaixo os principais conectivos com os seus respectivos sentidos:

|Relações lógicas |Palavras e expressões articuladoras que podem ser usadas |

|Adição, seqüência de informações |E, nem, não só mas também, não só como também, bem como etc. |

|Oposição de idéias |Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não etc. |

|Alternativas, escolhas |Ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, seja...seja |

|Conclusão |Logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim, para concluir, finalmente, em resumo |

|Causa, justificativa ou explicação de um |Que, porque, pois, porquanto, como, pois que, uma vez que, visto que, já que etc. |

|fato | |

|Contradição e concessão |Ainda que, apesar de que, embora, mesmo que, conquanto que, se bem que, por mais que, posto que |

| |etc. |

|Condição ou hipótese necessária para que se|Se, contanto que, salvo se, desde que, a menos que, a não ser que, caso etc. |

|realize um fato | |

|Conformidade de um pensamento com outro |Conforme, segundo, consoante |

|Finalidade ou objetivo do fato |Para que, a fim de que, |

|Proporcionalidade |À medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto mais, quanto menos |

|Tempo |Quando, enquanto, assim que, logo que, todas as vezes que, desde que, depois que, sempre que, |

| |assim que, previamente, subseqüentemente, simultaneamente, recentemente |

|Comparação |Como, assim como, tal como |

|Conseqüência |De sorte que, de modo que, de forma que, sem que, tanto que etc. |

|Verossimilhança |Na verdade |

|Similaridade |Igualmente, também da mesma forma, assim como |

|Exemplo |Por exemplo, para ilustrar |

|Evidências adicionais |Ademais, além disso, igualmente importante, adicionalmente, também |

EXERCÍCIOS

1. Reúnas as frases em um só período, observando as relações sugeridas entre parentes. Escreva duas possibilidades para cada item.

a) causa

Não consegui tirar meu passaporte essa semana.

A Polícia Federal estava sem os formulários e sem os impressos.

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b) conclusão

Aquele que sobe por favor deixa sempre rastro de humilhação.

Devemos ter sempre coragem e confiança em nosso próprio esforço.

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c) fim

Os salários precisam subir.

Haver recuperação do mercado consumidor.

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d) concessão

Computadores e robôs já convivem com seres humanos nas fábricas, nas instituições financeiras, nas escolas e até nos supermercados.

Seis décadas depois que surgiram os primeiros computadores, lá pelos idos da Segunda Guerra Mundial, um punhado de questões se colocam, entre elas: será que eles vão competir com os seres humanos?

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e) causa

Os fundadores do YouTube, Steve Chen e Chad Hurley inovaram com a possibilidade das pessoas poderem colocar vídeos em um site compartilhado.

Receberam o Webby Pessoa do Ano pelo sucesso da página.."

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2. Abaixo temos alguns fragmentos de textos que apresentam algum tipo de incoerência. Aponte-os e discuta a razão dessas incoerências.

a) Conheci Sheng no primeiro colegial e aí começou um namoro apaixonado que dura até hoje e talvez para sempre. Mas não gosto da sua família: repressora, preconceituosa, preocupada em manter as milenares tradições chinesas. O pior é que sou brasileira, detesto comida chinesa e não sei comer com pauzinhos. Em casa, só falam chinês e de chinês eu só sei o nome do Sheing. No dia do seu aniversário, já fazia dois anos de namoro, ele ganhou coragem e me convidou para jantar em sua casa. Eu não podia recusar e fui. Fiquei conhecendo os velhos, conversei com eles, ouvi muitas histórias da família e da China, comi tantas coisas diferentes que nem sei. Depois fomos ao cinema eu e o Sheing.

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b) O quarto espelha características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de um poeta inglês.

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c) Era meia-noite. Oswald preparou o despertador para acordar às seis da manhã e encarar mais um dia de trabalho. Ouvindo o rádio, deu conta de que fizera sozinho a quina da loto. Fora de si, acordou toda a sua família e bebeu durante a noite inteira. Às quinze para as seis, sem forças sequer para erguer-se da cadeira, o filho mais velho teve de carregá-lo para a cama. Não tinhas mais força nem para erguer o braço. Quando o despertador tocou, Oswald, esquecido da loteria, pôs-se imediatamente de pé e ia preparar-se para ir trabalhar. Mas o filho, rindo, disse: pai, você não precisa trabalhar nunca mais na vida.

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15- Análise de tipologia textual

O CAMPEÃO DA DESIGUALDADE

Trazendo de seu processo histórico contradições profundas e alimentando, atualmente, os grandes desníveis sociais, o Brasil tem recebido, em primeiro lugar, o prêmio da desigualdade.

Violência urbana, analfabetismo, exploração de crianças, miséria, falência da saúde pública e do ensino compõem um triste quadro. Um lamentável quadro presente em todos os discursos políticos. Alguns com propostas mirabolantes para a salvação da pátria: outros, tímidos. Mas sobre todos pairam dúvidas quanto ao pragmatismo das soluções ou quanto à sinceridade dos proponentes.

Enquanto as soluções não saem do papel ou da fala mansa dos políticos, o monstro da desigualdade vai se agigantando: o Brasil tem um parque industrial que vem se modernizando, mas possui mais de 10 milhões de analfabetos funcionais: está entre as 10 primeiras economias mundiais, mas 32 milhões de brasileiros vivem em estado de miséria absoluta.

O país viável que almeja um futuro brilhante deve, com urgência urgentíssima, estancar esse processo de desníveis gritantes e criar soluções eficazes para combater a crise generalizada, pois a uma nação doente, miserável e semi-analfabeta não compete a tão sonhada modernidade.

Exercícios:

O autor, ao produzir o texto, fez abordagens que, muitas vezes, estão implícitas na idéia, ou seja, estão no discurso e não na superfície textual.

Releia o texto e responda:

1- Qual tema do texto?___________________________________________________________________

2- Como seria a delimitação desse tema?_____________________________________________________

3- Esse texto pertence a qual tipologia?_______________________________________

4- Analise o texto pela estrutura _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Sabendo que o parágrafo padrão apresenta uma estrutura semelhante à do texto dissertativo, analise o segundo parágrafo do texto sob esse aspecto.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6- Qual é a tipologia do texto abaixo? Justifique.

“Se havia ainda alguma dúvida de que a economia americana passa pelo melhor momento de sua história, ela acabou na semana passada. Na quarta-feira, foi divulgado o índice de confiança do consumidor, considerando um indicador quase infalível da avaliação que os americanos fazem da solidez do seu emprego e da evolução do ambiente econômico do país. O resultado é o melhor dos últimos trinta anos. Ele vem se somar a outros números excelentes. A inflação praticamente desapareceu, o desemprego é o mais baixo em décadas, a bolsa de valores atingiu o índice 7.300, que só se esperava para daqui a alguns anos, e o país lidera a grande revolução tecnológica mundial. Este é o melhor momento econômico dos Estados Unidos e muito provavelmente de toda a história do capitalismo.”

(Revista Veja, 4 de junho 1997)

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7 – Faça um planejamento de um texto dissertativo, tomando por base o fragmento de texto abaixo:

“A proliferação nuclear é a maior ameaça à sobrevida da espécie humana e ultrapassa todos os perigos potenciais a que estamos expostos. (...) A humanidade adquiriu um novo potencial de autodestruição.”

(Revistas Fatos, jun. 1986.)

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16- Tipos de argumentos propostos em textos jurídicos

• Argumento de autoridade

É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Nesse caso, é necessário uso de aspas (ou itálico) se a citação for direta.

Exemplo: ...como assevera o teórico Brotero (2002:12) “Nunca se pode concluir um fato sem que, antes, haja refletido e analisado dos argumentos e provas...”

Outra forma de citação é a indireta:

Exemplo: ...de acordo com o teórico Brotero (2002:12), nunca se pode concluir um fato sem que, antes, haja refletido e analisado dos argumentos e provas...

• Argumento analógico

É a apresentação de casos apresentados em Acórdãos, Súmulas, etc, que sejam semelhantes ao caso a ser defendido, que auxilie na composição da defesa do advogado

A jurisprudência é muito utilizada em peças processuais como matéria de defesa, pois ubi eadem ratio, ibi eadem juris dispositio (onde existe a mesma razão, deve haver a mesma disposição de direito).

• Argumento teleológico

É a apresentação e comentário de lei que ampare e justifique o que se pede.

É aquele que “...busca a ‘finalidade e o espírito da lei’”(Viana, 2005:133). Significa que o profissional do Direito deve conhecer e compreender o texto legal para saber qual é o objetivo da lei, entendendo a intenção do legislador ao redigir a norma jurídica.

Veja os fragmentos de sentenças.

a) “ (...) Apesar de ter perdido a qualidade de segurado antes de completar 60 anos de idade, a Lei nº 10.666/2003, em seu artigo 3º, §1º, é clara ao estabelecer que “na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício.(...)”

(grifo nosso)

Qual foi o tipo de argumento utilizado no texto?_________________________________________

b) “(...) A autora busca em Juízo a concessão de aposentadoria por idade. ‘O benefício é devido ao segurado que completar 65 anos de idade, e à segurada que completar 60 anos de idade, reduzidos em cinco anos para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, após o cumprimento da carência que a lei prevê. Diz-se que o risco coberto, a saber, o atingimento da idade legal, é causa primária qualificadora da necessidade social que acarreta a perda ou diminuição, ou redução da capacidade laboral. A proteção se justifica não como um direito ao descanso, mas tem por base uma situação de necessidade social provocada pela redução da capacidade laboral em decorrência do processo biológico de envelhecimento que acarreta lentidão de raciocínio, reações mais lentas, dificuldade de aprendizado, diminuição auditiva, etc.’(Direito Previdenciário, Miguel Horvath Júnior, Editora Quartier Latin, 2ª edição, SP, 2002, p. 134).

Assim sendo, que a idade é a causa geradora desse tipo de aposentadoria, a carência ou o número de contribuições necessárias à aposentação deve corresponder ao ano em que o segurado implementou o requisito da idade. (...)”

Qual foi o tipo de argumento utilizado no texto?_________________________________________

c) “(...) Assim, os empregados públicos têm seus direitos e deveres ditados, não sendo redundante, pela Consolidação das Leis do Trabalho. O que não implica em imunidade às regras aplicáveis aos estatutários, ao contrário, como já dito acima, o empregador é ente estatal, sendo assim, alguns preceitos de direito público são e devem ser aplicados aos empregados e empregadores públicos, como exemplo, a obediência aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37, “caput”, da CF). (...)”

Qual foi o tipo de argumento utilizado no texto?_________________________________________

d) "Para o preenchimento da carência prevista no art. 47 da CLPS de 84, não é necessário que as 12 contribuições efetuadas pelo de cujus sejam obrigatoriamente as últimas anteriores à sua morte". (Repertório IOB de Jurisprudência nº. 23/96 - 1ª. Dezembro - 2/11870).

 3.2) Já contemporaneamente, o entendimento das nossas Cortes é no rumo de que:

            "A pensão por morte, benefício cuja concessão independe de carência, e que pode ser concedido mesmo após a perda da qualidade de segurado, não exige prova do exercício de atividade laborativa nos últimos três anos". (Revista Síntese Trabalhista, nº 86, agosto de 1996, p. 96 - destacou-se).

Qual foi o tipo de argumento utilizado no texto?_________________________________________

III- PETIÇÃO INICIAL

“DA MIHI FACTUM DABO TIBI JUS”

“Dá-me os fatos e te darei o direito”, diz este brocardo.

Ao formular a petição inicial, o autor não está obrigado a indicar os dispositivos legais que disciplinam a matéria, pois o juiz deve conhecer a lei.

A exposição dos fatos correta e sem lacunas é o suficiente para embasar o pedido e, mesmo a invocação equivocada de algum dispositivo legal, não impede a prestação da tutela jurisdicional do Estado. (Dicionário Jurídico- Bevilaqua – 1991, p.431)

1.Conceito

A petição inicial é um requerimento dirigido ao Juiz de Direito para que se inicie a ação judicial. Nela, o autor indicará o fato e os fundamentos jurídicos, a fim de formular seu pedido sobre o qual incidirá a tutela jurisdicional. Nada impede que o autor formule mais de um pedido, desde que eles sejam conexos entre si. Depois de redigida a petição inicial, ela é apresentada ao juiz de Direito, iniciando-se a ação judicial.

O vocábulo ação significa a faculdade que assiste ao titular de um direito em vir pleiteá-lo em juízo. Infere-se desse raciocínio que há dois sujeitos na relação processual: o sujeito ativo e o sujeito passivo. O sujeito ativo é o autor da ação judicial e o sujeito passivo é o réu da ação judicial, isto é, trata-se daquele contra quem se ajuíza a ação judicial.

2. Requisitos Formais da Petição Inicial

Todo requerimento tem requisitos formais. A petição inicial é um requerimento, logo ela possui requisitos formais que devem ser seguidos.

O art. 282 do CPC indica quais são os requisitos essenciais da petição inicial.

Dos requisitos da petição inicial

Art.282. A petição inicial indicará:

I - o juiz ou tribunal a que é dirigida;

II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido com suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - o requerimento para a citação do réu.

A petição inicial é dirigida a um Juiz de Direito (primeiro grau) ou a um Tribunal (segundo grau) que, segundo a lei, deve ser competente para conhecer e julgar a ação judicial. Indica-se o Juiz de Direito ou o Tribunal por meio do cabeçalho ou endereçamento da petição inicial que contém e pronome de tratamento adequado e a indicação do fórum, onde será protocolada a petição inicial. As partes são o autor e o réu.

A petição inicial indicará os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu. Nessa qualificação, deve-se indicar o número da cédula de identidade e o Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda. O número desses documentos vem depois da profissão e antes da residência das partes.

O fato e os fundamentos jurídicos do pedido são requisitos relacionados com o mérito da causa. Trata-se, na verdade, da exposição dos motivos que justificaram o ajuizamento da ação judicial pelo autor contra o réu.

Por isso, o fato e os fundamentos jurídicos do pedido devem ser apresentados com clareza e precisão de modo que o réu possa entender a pretensão jurídica do autor.

A palavra fato tem sentido técnico de fato constitutivo de direito que justifica o ajuizamento da ação. Vale dizer que o autor deve expor o fato que gerou seu direito e que resultará no dever de o réu cumprir determinada obrigação.

Fundamentos jurídicos do pedido não são normas de direito em que se apóiam os pedidos formulados pelo autor. Fundamento jurídico é a lesão do direito do autor. Assim, o fato e o fundamento jurídico do pedido são a narração e a descrição dos acontecimentos que fizeram nascer a demanda entre o autor e o réu.

Por sua vez, o fundamento legal é a indicação da lei em que se apóia a pretensão do autor. Deixar de indicar o fundamento legal não enseja o indeferimento da ação, ao contrário, ausência do fundamento jurídico implica na extinção do processo.

A exposição do fato e do fundamento jurídico deve resultar no pedido com suas especificações. Ora, o pedido deve estar de acordo com a exposição do fato e dos fundamentos jurídicos para justificar a formulação do pedido.

Na petição inicial, devem ser indicadas as provas que serão produzidas pelo autor, a fim de que ele demonstre a verdade dos fatos alegados. O autor possui o chamado ônus da prova. Ao descrever os fatos e o fundamento jurídico do pedido, o autor precisa prová-los.

Deve constar, também, na petição inicial, o requerimento para a citação do réu. A citação é um comunicado ao réu sobre a existência de uma ação judicial contra ele. A citação serve para chamar, o réu, a juízo, possibilitando-lhe defesa. A citação do réu constitui, definitivamente, a relação processual. O valor da causa tem por objetivo fixar a competência do juízo ou do tribunal, o procedimento da ação judicial, o recolhimento das taxas judiciárias, o pagamento de sucumbência, etc. A sucumbência é destinada ao pagamento do advogado da parte vencedora. Não se trata de honorários advocatícios, mas é uma porcentagem sobre o valor dado à causa que será destinada ao advogado vencedor da demanda.

3. Aspectos Formais da Petição Inicial

Os aspectos formais da petição inicial obedecem àqueles indicados na redação comercial. Como a petição inicial é um requerimento, guardadas as devidas proporções, deve ser redigida de acordo com as normas da redação comercial.

3.1 O Endereçamento

A petição inicial é endereçada ao Juiz de Direito ou Tribunal competentes. Deve-se indicar o pronome de tratamento e o fórum. Não se endereça nominalmente ao Juiz de Direito. O endereçamento deve ser redigido com letras maiúsculas sem abreviaturas.

Exemplo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA____ VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE SÃO PAULO

Deve-se deixar um espaço no cabeçalho. Como a petição inicial será distribuída, não se sabe qual vara cível ficará responsável pelo andamento da ação judicial.

2. Das Partes

Entre o cabeçalho e a qualificação das partes, deve-se deixar 10 (dez) centímetros. Esse espaço serve para o Juiz de Direito despachar.

As partes da relação processual são o autor e o réu. O autor é aquele que propõe a ação e o réu é aquele contra quem se propõe a ação. Ambos devem estar devidamente qualificados. Se o réu não tiver qualificação completa, não há problema, desde que ele possa ser individualizado e encontrado em algum lugar para receber a citação. Na qualificação das partes, deve constar: nome completo, nacionalidade, estado civil, profissão, número dos documentos ou do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) se for o caso de pessoa jurídica e endereço completo.

3.3 Dos Fatos e do Fundamento Jurídico do Pedido

O advogado deverá expor com a máxima clareza e precisão os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido. Deve-se indicar o direito do autor, e o ato ilícito praticado pelo réu que prejudicou o direito do autor.

Não esqueça de que não se deve confundir fundamento jurídico com fundamento legal. O fundamento jurídico é a lesão ao direito do autor e o fundamento legal é o dispositivo legal que apóia a pretensão jurídica do autor. São as leis, os artigos, etc.

3.4 Do Pedido

O pedido formulado pelo autor depende da espécie de ação judicial ajuizada no fórum e mantém relação com o fato e fundamento jurídicos apresentados pelo autor. Por isso, algumas ações judiciais comportam mais de um pedido.

Entre outros exemplos, o pedido pode ser de indenização por danos morais e materiais, de declaração da existência ou inexistência de uma relação jurídica, de cobrança, etc.

Se o pedido tiver em mira o recebimento de quantia, é necessário pedir a incidência dos juros, despesas das custas processuais e dos honorários advocatícios que, nesse caso, entende-se por sucumbência.

3.5 Da Citação

O autor deve requerer a citação do réu para que este venha defender-se em juízo. Se houver esquecimento em requerer a citação do réu, o Juiz de Direito indeferirá a petição inicial.

3.6 Das Provas

As provas são os meios utilizados pelo autor para que ele convença o Juiz de Direito de que os fatos e o fundamento jurídico alegados na petição inicial são verdadeiros. Para isso, o autor pode lançar mão de testemunhas, documentos, perícias, etc.

3.7 Do Valor da Causa

Toda ação judicial tem um valor. Esse valor deve constar da petição inicial. O valor da causa mantém relação com o pedido. Se o autor ajuizou uma ação de cobrança, o valor da causa é o valor do débito, acrescido de juros, correção monetária, despesas, custas processuais e honorários advocatícios. Recolhe-se 1% (um por cento) sobre o valor da causa a favor do Estado. O recolhimento por meio de GARE.

3.8 Do Encerramento

Deve-se indicar o local, a data e a assinatura do advogado, com o número de sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. Não se esqueça de que o número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil deve ser indicado logo abaixo do nome do advogado. Serve para indicar que o advogado está legalmente habilitado para exercer a profissão.

Em caso de dúvida, pode-se consultar a Ordem dos Advogados do Brasil para se certificar da veracidade do número da inscrição do advogado, bem como verificar se o advogado está habilitado para exercer a profissão naquele período.

4. Aspectos Formais e Gramaticais da Petição Inicial

Certos erros formais e gramaticais são freqüentes nas petições iniciais. Com o intuito de evitá-los, seguem algumas dicas importantes.

4.1- O cabeçalho da petição inicial deve ser escrito sem abreviatura. Apesar de alguns manuais abreviarem o endereçamento, recomenda-se escrevê-lo sem abreviatura. Aliás, é o que dispõe o artigo 169, parágrafo único, do Código de Processo Civil.

4.2 - Não é necessário enumerar os parágrafos iniciais da petição inicial. Requer-se, na verdade, que entre um parágrafo jurídico e outro haja um espaço maior. Se houver numeração dos parágrafos jurídicos, use ponto depois do número. Não é recomendado usar hífen ou parênteses.

4.3 - Os nomes de vias e lugares públicos devem ser escritos com letras maiúsculas. Exemplos: Rua do Ouvidor, Avenida Paulista etc.

4.4 - Os nomes que designam atos das autoridades da República, quando empregados em petições iniciais, correspondências ou documentos oficiais devem ser escritos com letra maiúscula. Exemplos: A Lei de 13 de maio de 1964, o Decreto-Lei n. 292, a Portaria de 15 de junho de 1999, o Acórdão de 13 de agosto etc.

4.5 - Deixe sempre um espaço de 10 cm entre o cabeçalho e a qualificação das partes. Esse espaço serve para o Juiz de Direito registrar algum despacho ou decisão interlocutória. Deve-se deixar um espaço de 4,0 cm no lado esquerdo da folha e 1,5 cm do lado direito.

4.6 - A ação judicial é proposta ou ajuizada, por isso use os verbos propor ou ajuizar. Escreva: “vem, respeitosamente, propor/ajuizar a presente ação ordinária. Usa-se o verbo interpor para os recursos. Os verbos residir e domiciliar são regidos pela preposição em. Por isso, escreve-se: ... residente e domiciliado na Rua... “. É erro gramatical escrever: “...residente e domiciliado à Rua...”.

4.7- Quando os dois pontos abrem enumeração, esta se inicia com letra minúscula. Por isso, depois da expressão “pelos motivos de fato e de direito abaixo expostos” deve-se usar ponto final e não dois pontos. Pontue corretamente: “pelos motivos de fato e de direito abaixo expostos.”

4.8- Cuidado com o uso do pronome de tratamento Vossa Excelência. Os pronomes de tratamento sempre devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Vossa Excelência. Se for abreviá-lo, a forma correta é V.Exa.

O pronome de tratamento Vossa Excelência pertence à terceira pessoa. Os pronomes possessivos correspondentes a ele é seu, sua, seus, suas. Não escreva: “O autor vem, respeitosamente, à presença para requerer a procedência da ação. “Corrija para:

“O autor vem, respeitosamente, à sua presença para requerer a procedência da ação.”

Observe os pronomes

Eu - Meu,minha Nós - Nosso, nossa

Tu- - Teu, tua Vós - Vosso, vossa

Ele - Seu, sua Eles - Seus , suas

Dois pontos gramaticais importantes são:

a) o acento indicativo de crase na frente do pronome possessivo feminino sua é facultativo. Poder-se-ia redigir “vem, respeitosamente, a sua presença ou “vem, respeitosamente, à sua presença...” ;

b) não deve ser usado o acento indicativo de crase diante dos pronomes de tratamento. Não redija: “O autor enviou os documentos à Vossa Excelência”. Corrija para:

“O autor enviou os documentos a Vossa Excelência”. Os únicos pronomes de tratamento . que aceitam o acento indicativo de crase são estes: senhora, senhoria e dona.

4.9- Não use as expressões Suplicante e Suplicado. São nomenclaturas ultrapassadas na linguagem forense. Use apenas autor/réu e requerente/ requerido.

4.10 - No final da peça, costuma-se escrever “Nestes termos, Pede e espera deferimento”. Duas observações devem ser feitas: o verbo “pede” deve ser escrito com letra minúscula. Não use o verbo “espera”, porque quem pede, espera. Corrija para: “Nestes termos, pede deferimento”. Para padronizar, escreva:

Neste termos,

pede deferimento.

5. Modelo de Petição Inicial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA CAPITAL

(10 cm)

Ulpiano de Sousa, brasileiro, casado, comerciante, portador da Cédula de Identidade RG/SP no. ________, inscrito no CPF/MF no. ________, residente e domiciliado na Rua _____________ no.___, no bairro de __________, CEP ________, nesta Capital, por meio de seu advogado e bastante procurador infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos Arts. 282 e seguintes do Código de Processo Civil, propor AÇAO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS em face de Tício Vieira, brasileiro, casado, bancário, portador da Cédula de Identidade RG/SP no._______, inscrito no CPF/MF no.. _____, residente e domiciliado na Rua ___________ no..___ no bairro de _________, CEP _______, nesta Capital, pelos motivos de fato e de direito, abaixo, expostos.

O autor comemorava com seus amigos a sua aprovação no vestibular do curso de Direito. A alegria e o entusiasmo eram a tônica daquela reunião quase familiar. Todos cumprimentavam calorosamente o autor, na porta da faculdade, desejando-lhe sucesso na vida acadêmica.

O réu, que também estava na porta da faculdade, viu o autor e foi em direção a ele. Sem explicação plausível, o réu começou a dizer que o autor era um verdadeiro exibicionista e que sua aprovação deu-se mediante fraude. Disse, ainda, o réu que o autor era canalha, ladrão e sem vergonha.

Todos ficaram atônitos com a atitude do réu. Ele esbravejava e achincalhava em voz altissonante a dignidade e a moral do autor sem nenhum escrúpulo. As pessoas que passavam por ali pararam para ver aquela cena lastimável e, acima de tudo, profundamente humilhante para o autor.

Humilhado e muito triste, o autor deixou a faculdade, tentando entender o que acontecera, pois não se recorda a de nenhum problema pessoal entre ele e o réu.

Esse acontecimento gerou um forte empecilho para o autor, impedindo-o de cursar a universidade em virtude dos comentários negativos sobre a humilhação que ele passara na faculdade no dia de sua aprovação no vestibular.

O réu causou profundo dano à moral e à dignidade do autor. Dessa forma, deve indenizá-lo, pois o art. 50, inciso X, da Constituição Federal dispõe que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

Cometeu o réu ato ilícito, por isso deve indenizar o autor. Nesse sentido, preleciona o art. 186 do Código Civil: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Entende o autor que a indenização deve ter o objetivo de servir de instrumento sancionador ao réu em virtude do ato ilícito que ele praticou. Dessa forma, o réu deverá ser compelido a pagar ao autor a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a título de indenização por danos morais.

Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de condenar o réu ao pagamento de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a favor do autor a título de danos morais, acrescido de juros, correção monetária, despesas, custas processuais e honorários advocatícios.

Requer, ainda, a citação do réu para contestar a presente, sob pena de revelia, bem como acompanhá-la até a decisão final que julgará procedente o pedido do autor.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.

Dá-se à causa o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais) .

Nesses termos,

pede deferimento.

São Paulo, ___ de ______ de 200__

______________________________

NOME DO ADVOGADO

OAB/SP n.

ROL DE TESTEMUNHAS

1.Fulano________________________________, RG/SP/SSP _______________________

CPF____________________________________

Endereço: _____________________________________________________________________

2. Sicrano de Tal

RG/SP/SSP_________________________________________

CPF/MF___________________________________________

Endereço: ____________________________________________

3. Beltrano de Tal

RG/SP/SSP _________________________________________

CPF ___________________________________________

Endereço: _______________________________________

EXERCÍCIOS

1- Releia o primeiro modelo de Petição Inicial e indique:

a) Os elementos da narrativa

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Os elementos da Comunicação

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) Elementos coesivos

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

d) Nível de linguagem_________________________________________________________

e) Localização dos aspectos formais do gênero textual Petição, comparados ao Artigo 282 do CPC.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1) Escreva um parágrafo narrativo obedecendo às seguintes instruções:

Protagonista: um menino de rua

Antagonista: um segurança

Fato: a expulsão do menino

Cenário: uma bonita loja de brinquedos em um shopping center

Tempo: ontem à tarde

Causa: (o porquê): caracterização livre

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Leia o texto e observe o fato e o(s) argumento(s) proposto(s).

Notícias - 17/05/2007

Justiça condena empregado que trabalhava "24 h por dia, sem intervalo"

[pic]

Juiz Marcos Neves Fava - 89ª Vara do Trabalho/SP

Um ex-empregado da Wide Productions Ltda. entrou com ação trabalhista reclamando o pagamento de R$ 283 mil em horas extras, sob a alegação de que, entre 2001 e 2005, trabalhara das 0:00h às 24:00h, sem intervalo de refeição e sem qualquer folga.

Durante a audiência na 89ª Vara do Trabalho de São Paulo, ele reafirmou a alegação, cedendo, após ponderação do juiz Marcos Neves Fava, apenas, para dizer que entre 12 e 13 horas, dormia um cochilo de 60 minutos.

Apesar de comunicada da existência do processo pela vara, a Wide Productions não compareceu à audiência, nem se defendeu da acusação, tornando-se revel.

“Em que pese a revelia da reclamada, pondero que a sentença judicial tem caráter e função públicos, não se prestando a ratificar absurdos. Mentirosa a alegação da inicial e mentir em Juízo é deslealdade processual”, considerou o juiz Marcos Fava.

Para o juiz, "ainda que laborasse, por exemplo, 20 horas por dia – carga já elevadíssima – mister que se alimentasse, no mínimo, uma vez por dia. Negar sono – uma hora por dia, nos mais de 4 anos da avença – e negar parada para qualquer intervalo – nunca gozou de folgas – é mentir, deslavadamente, em Juízo”.

Ele julgou improcedente a reclamação e condenou o ex-empregado a pagar R$ 2.830,00 por litigância de má-fé. O empregado ainda pode recorrer da decisão.

Processo nº 04454200608902008

Leia a íntegra da sentença:

1.  S E N T E N Ç A

"Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cômodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória. Por isso Swift diz: «Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte». Em seguida, porque, em circunstâncias simples, é vantajoso dizer diretamente: quero isto, fiz aquilo, e outras coisas parecidas; portanto, porque a via da obrigação e da autoridade é mais segura que a do ardil. Se uma criança, porém, tiver sido educada em circunstâncias domésticas complicadas, então maneja a mentira com a mesma naturalidade e diz, involuntariamente, sempre aquilo que corresponde ao seu interesse; um sentido da verdade, uma repugnância ante a mentira em si, são-lhe completamente estranhos e inacessíveis, e, portanto, ela mente com toda a inocência".(Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano' )

A. Relatório

José Neto da Silva, qualificado na inicial, alegando ter sido empregado da ré, sustenta que não viu corretamente quitados e pretende receber, lançando mão de seu direito constitucional de ação, os valores que decorrem de horas extras e reflexos.

À causa atribuiu o valor de R$ 283000,00.

Citada, a ré não compareceu a Juízo, tornando-se revel.

Foi ouvido o reclamante.

Encerrada a instrução processual, dadas por infrutíferas as tentativas de conciliação.

Assim relato, para decidir.

B. Fundamentos

I- Justiça gratuita.

Concedo ao postulante os benefícios da justiça gratuita, nos termos do artigo 790, parágrafo terceiro, da C.L.T. (f. 14).

II- Horas extraordinárias.

Alega o reclamante que laborava das 0:00 às 24:00 horas, sem intervalo de refeição e sem qualquer folga, entre 2001 e 2005.

Alertado por mim, em instrução, de que, à vista da experiência deste Juiz de mais de 11 anos de magistratura na área do trabalho, era pouco plausível, para dizer o mínimo, o trabalho continuado, sem dormir, nem comer, por mais de quatro anos, insistiu em reafirmar a jornada. Cedeu, apenas, para dizer que entre 12 e 13 horas, dormia um cochilo de 60 minutos.

Em que pese a revelia da reclamada, pondero que a sentença judicial tem caráter e função públicos, não se prestando a ratificar absurdos.

Mentirosa a alegação da inicial.

Com efeito, ainda que laborasse, por exemplo, 20 horas por dia – carga já elevadíssima – mister que se alimentasse, no mínimo, uma vez por dia.

Negar sono – uma hora por dia, nos mais de 4 anos da avença – e negar parada para qualquer intervalo – nunca gozou de folgas – é mentir, deslavadamente, em Juízo.

E quem mente acintosamente, não tem limites para continuar inventado.

A revelia não confirmaria que o reclamante trabalhava voando por sobre o telhado da empresa, como também não confirmaria que ele recepcionava extraterrestres, quando das visitas regulares dos marcianos à Terra.

Não obstante a confissão da reclamada, por sua revelia, não vejo possibilidade de concessão dos títulos postulados.

O processo não é um jogo de pega-pega, é instrumento de distribuição da justiça e de fixação dos parâmetros da cidadania e isto está acima do interesse privado de defesa do reclamado.

Não pode o Judiciário reconhecer o impossível, sob pena de desrespeito à sociedade.

Por estas razões, julgo improcedente a pretensão exordial.

Mentir em Juízo é deslealdade processual, razão pela qual, com fundamento no artigo 18 do Código de Processo Civil, fixo pena de 1% do valor da causa, em favor da parte oposta.

III

C. Dispositivo

Do exposto, julgo improcedente a pretensão de José Neto da Silva contra Wide productions ltda, para absolver da instância o réu e condenar o reclamante por litigante de má-fé, na forma da fundamentação que este dispositivo integra sob todos os aspectos de direito, observando-se ainda:

Custas.

Serão suportadas, no importe de R$ 5.560,00 calculadas sobre o valor de R$ 283.000,00, de cujo recolhimento fica dispensada, na forma da lei..

Providências finais.

Junte-se aos autos.

Registre-se.

Cumpra-se.

Ciente, o autor, na forma da súmula 197 do Tribunal Superior do Trabalho. Intime-se o réu.

Nada mais.

 Marcos Neves Fava

JUIZ DO TRABALHO

TITULAR DA 89ª VARA DE SÃO PAULO

| |Leia o texto abaixo – PARA REFLEXÃO |

| | |

Steve Jobs, fundador da Apple, paraninfo dos alunos da universidade norte-americana de Stanford em 2005, no Vale do Silício, fala aos formandos sobre a vida e o trabalho, num texto cheio de sensibilidade que correu o mundo pela internet.

Estou honrado de estar com vocês em sua formatura, numa das melhores universidades do mundo.

Não me formei. No dia de hoje me encontro o mais perto que já cheguei de uma formatura universitária. Quero contar três histórias da minha vida. É isso. Nada mais que isso. Apenas três histórias.

A primeira é sobre saber juntar os pontos.

Desisti do Reed College depois de seis meses, mas continuei por ali mais 18 meses antes de realmente largar os cursos. Por que caí fora?

Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária, solteira. Ela decidiu que eu seria adotado por gente formada na universidade. Assim, tudo estava certo para que eu fosse adotado por um advogado e sua mulher. Só que, quando cheguei, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Meus pais, que estavam numa lista de espera, receberam um telefonema no meio da noite, indagando: "Temos um menino, querem ficar com ele?". "Claro que sim", responderam. Minha mãe biológica descobriu mais tarde que minha mãe adotiva nunca se formou e que meu pai nem tinha completado o segundo grau. Ela se recusou a assinar os documentos finais da adoção. Só cedeu quando meus pais prometeram que, um dia, eu iria para a universidade.

Dezessete anos depois, fui para a universidade. Ingenuamente, escolhi uma escola quase tão cara quanto Stanford, e todas as economias do trabalho dos meus pais estavam sendo consumidas para pagar meu curso. Após seis meses, achei que aquilo não valia a pena. Não tinha idéia do que desejava fazer nem como a universidade me ajudaria a descobrir meu caminho. Decidi abandonar a escola e confiar que tudo ficaria OK. Na época, tive muito medo. Olhando para trás, foi uma das melhores decisões que já tomei. No minuto em que desisti, pude parar com as aulas programadas, que não me interessavam, e comecei a freqüentar como ouvinte as que me pareciam interessantes.

Não era nada romântico. Não tinha nem um quarto, dormia no chão do alojamento de amigos. Recolhia e vendia latas de Coca-Cola a 5 centavos cada, para comprar comida. Nas noites de domingo, caminhava 7 milhas para conseguir uma boa refeição em um templo hare krishna. Eu amava isso. Seguindo minha curiosidade e intuição, descobri algumas coisas que se mostraram valiosas mais tarde. Um exemplo: o melhor curso de caligrafia era na Reed School. Como não precisava mais freqüentar as aulas regulares, fiz o curso, aprendi sobre serifas, espaçamentos, combinações de letras, tipografia. Era lindo, histórico, artisticamente sutil, de um jeito que a ciência não consegue capturar. Achei fascinante.

Não imaginava nenhuma aplicação prática disso, mas dez anos depois, quando projetava o primeiro Macintosh, tudo voltou à minha mente. Foi o primeiro computador com uma linda tipografia. E como o Windows copiou o Mac, é possível que nenhum computador tivesse essa tipografia. Se eu não tivesse largado o curso regular, o Mac não teria múltiplos tipos e fontes com espaços tão bem proporcionados. Não era possível antever essa aplicação quando eu estava na escola, mas em dez anos tudo parecia claro. Vocês nunca conseguem unir os pontos para o futuro, só olhando para trás. Portanto, é preciso acreditar que os pontos ligados vão conectar você com o futuro, que a sua intuição vá dar em algo no futuro. É preciso confiar em alguma coisa: coragem, destino, vida, carma, qualquer coisa.

Minha segunda história diz respeito a amor e perda.

Tive sorte, descobri cedo o que queria fazer. Meu sócio Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais, quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos firme e, em dez anos, tínhamos uma empresa de 2 bilhões de dólares e 4 mil empregados. Havíamos lançado a nossa melhor criação, o Macintosh, um ano antes, e eu acabara de completar 30 anos. Então fui despedido. Como você pode ser despedido de uma empresa que você mesmo criou? Com o crescimento da Apple, nós contratamos alguém que acreditei ser talentoso para tocar a empresa comigo, e no primeiro ano tudo correu bem. Mas as nossas visões de futuro começaram a divergir e nós rompemos. O conselho diretor ficou com ele. Eu tinha 30 anos e estava fora, com toda a imprensa divulgando o fato. O que tinha sido o foco de toda a minha vida de adulto acabara. Foi devastador. Por alguns meses, não sabia o que fazer. Mas ainda amava o que fazia. Tinha sido rejeitado, mas ainda tinha amor. Decidi começar de novo.

Ser despedido da Apple foi a melhor coisa que me aconteceu, embora eu não soubesse disso na época. O peso de ser bem-sucedido foi substituído pela leveza de ser um principiante de novo. Fiquei livre para entrar num dos períodos mais criativos da minha vida.

Nos cinco anos seguintes, comecei a NeXT, a Pixar e me apaixonei pela minha mulher, Laurene, com quem me casaria e constituiria uma linda família. A Pixar criou o primeiro desenho animado por computador, Toy Story. É o estúdio de animação de maior sucesso no mundo.

A Apple comprou a NeXT, e eu voltei para lá. A NeXT é responsável pelo atual renascimento da Apple, que não teria acontecido se eu não tivesse sido despedido.

O gosto do remédio foi horrível, mas o paciente precisava dele. Às vezes, a vida dá uma tijolada na cabeça da gente. Não percam a fé. O que me fez prosseguir foi amar o que eu fazia. Se vocês não descobriram ainda qual o trabalho que amam fazer, procurem. Não relaxem. Vocês vão saber quando o encontrarem, como acontece com as coisas do coração.

A terceira história é sobre a morte.

Quando tinha 17 anos, li uma frase assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia você estará certo". Nos últimos 33 anos, olhava para o espelho toda manhã, perguntando a mim mesmo: "Se hoje fosse o último dia de minha vida, gostaria de fazer o que farei hoje?". Sempre que a resposta era "não" por alguns dias seguidos, sabia que precisava mudar algo. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo do fracasso - desaparece em face da morte, ficando apenas o que é realmente importante.

Lembrar da morte é o melhor meio de evitar a armadilha de que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.

Um ano atrás, fui diagnosticado com câncer.

Tinha um exame às 7 e meia da manhã, que revelou um tumor no pâncreas. E eu nem sabia o que era o pâncreas. Os doutores me disseram ser quase certo que se tratava de um tipo de câncer incurável e que eu só viveria de três a seis meses mais. O médico disse para eu ir para casa e pôr minhas coisas em ordem, ou seja, preparar-me para morrer. Isso significava que eu teria de conversar com as crianças, em poucos meses, tudo o que eu pretendia dizer nos dez anos seguintes. Vivi o dia inteiro com esse diagnóstico. No fim da tarde, fiz uma biópsia, que acabou por indicar um tipo raro e curável de tumor. Fiz uma cirurgia que deu certo e agora estou bem.

Ninguém quer morrer. Mesmo quem quer ir para o céu não quer morrer para chegar lá. No entanto, a morte é o destino comum a todos nós. Ninguém escapa dela. Assim deve ser, já que a Morte é a melhor invenção da Vida. É o agente de mudança da Vida. Elimina o velho para abrir caminho ao novo. Hoje o novo são vocês, mas, num dia não muito distante. vocês vão se tornar gradualmente velhos e também serão eliminados. Desculpe a dramaticidade, mas é verdade.

Seu tempo é limitado, portanto não o desperdicem vivendo a vida de outra pessoa. Não deixem o ruído da opinião de outras pessoas sufocar sua voz interior. E. mais importante. tenham a coragem de seguir sua intuição e seu coração.

Quando eu era jovem, havia uma publicação interessante chamada O Catálogo de Toda a Terra, uma das bíblias da minha geração.

Na última capa da sua edição final, em meados de 1970, havia a fotografia de uma estrada do interior, tirada de manhã cedo. Sob a foto, as palavras:

"Não deixem de ter fome. Não deixem de ser tolos".

Sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês, agora formados, começam uma vida nova, é o que lhes desejo: "Não deixem de ter fome. Não deixem de ser tolos."

18. ORGANIZAÇÃO DE RESUMOS

RESUMO

Resumo é uma condensação fiel das idéias ou dos fatos contidos no texto. Resumir um texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três elementos:

a) cada uma das partes essenciais do texto;

b) a progressão em que elas se sucedem;

c) a correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes.

O resumo é, pois, uma redução do texto original, procurando captar suas idéias essenciais, na progressão e no encadeamento em que aparecem no texto.

Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os elementos essenciais do texto. Por isso não cabem, num resumo, comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado.

Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo uma espécie de "colagem". Essa "colagem " de fragmentos do texto original não é um resumo. Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um texto. A reprodução de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi compreendido.

Para elaborar um bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo global do texto. Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira leitura.

É evidente que o grau de dificuldade para resumir um texto depende basicamente de dois fatores:

a) da complexidade do próprio texto (seu vocabulário, sua estruturação sintático-semântica, suas relações lógicas, o tipo de assunto tratado, etc.);

b) da competência do leitor (seu grau de amadurecimento intelectual, o repertório de informações que possui, a familiaridade com os temas explorados).

O uso de um procedimento apropriado pode diminuir as dificuldades de elaboração do resumo.

Aconselhamos as seguintes passadas:

1. Ler uma vez o texto ininterruptamente, do começo ao fim. Já vimos que um texto não é um aglomerado de frases: sem ter noção do conjunto, é mais difícil entender o significado preciso de cada uma das partes.

Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder genericamente à seguinte pergunta: do que trata o texto?

2. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o lápis na mão, para compreender melhor o significado de palavras difíceis (se preciso, recorra ao dicionário) e para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inversões, com elementos ocultos). Nessa leitura, deve-se ter a preocupação sobretudo de compreender bem o sentido das palavras relacionais, responsáveis pelo estabelecimento das conexões (assim, isto, isso, aquilo, aqui, lá, daí, seu, sua, ele, ela, etc.).

3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de idéias que tenham alguma unidade de significação.

Ao resumir um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro critério de segmentação a divisão em parágrafos. Pode ser que se encontre uma segmentação mais ajustada que a dos parágrafos, mas como início de trabalho, o parágrafo pode ser um bom indicador.

Quando se trata de um texto maior (o capítulo de um livro, por exemplo) é conveniente adotar um critério de segmentação mais funcional, o que vai depender de cada texto (as oposições entre os personagens, as oposições de espaço, de tempo).

Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes, tenta-se resumir a idéia ou as idéias centrais de cada fragmento.

4. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só condensar os segmentos mas encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles.

Observe o resumo do texto abaixo

Na verdade, por que desejamos, quase todos nós, aumentar nossa renda? À primeira vista, pode parecer que desejamos bens materiais. Mas, na verdade, os desejamos principalmente para impressionar o próximo. Quando um homem muda-se para uma casa maior num bairro melhor, reflete que gente de “mais classe" visitará sua esposa, e que alguns pobretões deixarão de freqüentar seu lar. Quando manda o filho a um bom colégio ou a uma universidade cara, consola-se das pesadas mensalidades e taxas pensando nas distinções sociais que tais escolas conferem a pais e filhos. Em toda cidade grande. seja na América ou na Europa, casas iguaizinhas a outras são mais caras num bairro que noutro, simplesmente porque o bairro é mais chique. Uma das nossas paixões mais potentes o desejo de ser admirado e respeitado. No pé em que estão as coisas, a admiração e o respeito são conferidos aos que parecem ricos. Esta é a razão principal de as pessoas quererem ser ricas. Efetivamente, os bens adquiridos pelo dinheiro desempenham papel secundário. Vejamos, por exemplo, um milionário, que não consegue distinguir um quadro de outro, mas adquiriu uma galeria de antigos mestres com auxílio de peritos. O único prazer que lhe dão os quadros é pensar que se sabe quanto pagou por eles; pessoalmente, ele gozaria mais, pelo sentimento, se comprasse cromos de Natal, dos mais piegas, que, porém, não lhe satisfazem tanto a vaidade.

Tudo isso pode ser diferente, e o tem sido em muitas sociedades. Em épocas aristocráticas, os homens eram admirados pelo nascimento. Em alguns círculos de Paris, os homens são admirados pelo seu talento artístico ou literário, por estranho que pareça. Numa universidade teuta é possível que um homem seja admirado pelo seu saber. Na índia, os santos são admirados; na China, os sábios. O estudo dessas sociedades divergentes demonstra a correção de nossa análise, pois em todas encontramos grande percentagem de homens indiferentes ao dinheiro, contanto que tenham o suficiente para se sustentar, mas que desejam ardentemente a posse dos méritos pelos quais, no seu meio, se conquista o mérito.

(RUSSELL, Bertrand. Ensaios céticos. 2. ed. São Paulo, Nacional, 1957. p. 67-8. In: FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. (1995). Para entender o texto: leitura e redação. 11. ed. São Paulo: Ática.)

Resumo do texto

I - Idéia geral do texto

Busca da admiração e do respeito, uma das fortes paixões do homem

II - Segmentação do texto

Critério: tipo de objeto a ser adquirido

1º parágrafo: aquisição dos bens materiais;

2º parágrafo: aquisição daquilo que é valorizado em cada época ou em cada sociedade.

III – Resumo das idéias de cada parte

a) busca da riqueza em nossa sociedade é busca do respeito e da admiração dos outros, porque isso é conferido a quem parece rico;

b)busca do que cada sociedade valoriza é busca da admiração e do respeito dos outros.

IV – Redação final

O homem cobiça a riqueza não para usufruir dos bens materiais que ela possibilita, mas para alcançar admiração e prestígio, uma das mais fortes paixões do homem.

Assim como nossa sociedade persegue a riqueza porque ele confere prestígio, outras perseguem outros indicadores de prestígio: o nascimento, o talento artístico, o saber, a santidade.

19- DIFICULDADES COM A LINGUAGEM ESCRITA

|EMIGRANTE |O que sai de um país |

|IMIGRANTE |O que entra em um país |

|EMINÊNCIA |Figura ilustre |

|IMINÊNCIA |Proximidade |

|APRESSAR |Acelerar |

|APREÇAR |Perguntar ao ajustar o preço de |

|INFLIGIR |Aplicar pena |

|INFRINGIR |Transgredir, violar |

|INTERCESSÃO |Ato de interceder, intervenção |

|INTERSEÇÃO |Ato de cortar |

|MANDADO |Ordem escrita que emana de autoridade judicial |

|MANDATO |Delegação, procuração |

|EMPOSSAR |Tomar posse |

|EMPOÇAR |Formar poça |

|SOAR |Produzir som |

|SUAR |Transpirar |

|TAXA |Imposto |

|TACHA |Prego |

|TRÁFEGO |Relativo a trânsito |

|TRÁFICO |Negócios fraudulentos |

|EXPECTADOR |Aquele que tem expectativa |

|ESPECTADOR |Aquele que vê um espetáculo |

|SEÇÃO |Divisão, repartição |

|SESSÃO |Tempo de uma reunião ou espetáculo |

|CESSÃO |Ato de ceder |

|CELA |Pequeno quarto |

|SELA |Arreio |

|SELA |Verbo selar |

|COMPRIMENTO |Extensão |

|CUMPRIMENTO |Saudação |

|EMINENTE |Alto, elevado |

|IMINENTE |Prestes a ocorrer |

|ASSESSÓRIO |Relativo a assessor |

|ACESSÓRIO |Supérfluo |

|CASSAR |Tirar os direitos de alguém |

|CAÇAR |Perseguir a caça |

|DEFERIR |Conceder, concordar |

|DIFERIR |Discordar, ser diferente |

|DESCRIÇÃO |Ato de descrever |

|DISCRIÇÃO |Qualidade de quem é discreto |

|DESTRATAR |Insultar |

|DISTRATAR |Desfazer contrato |

|RATIFICAR |Confirmar, corroborar |

|RETIFICAR |Corrigir |

|POR QUE, POR QUÊ, PORQUE OU PORQUÊ? |

POR QUE – Utilizado no início de frases interrogativas. Com sentido de razão / motivo pelo(a) qual.

Por que você não foi à festa?

Gostaria de saber por que você não foi à festa.

POR QUÊ – Utilizado no final de frases interrogativas ou quando estiver isolado.

Você não foi à festa, por quê?

PORQUE – Utilizado em respostas, na introdução de causa ou explicação.

Não fui à festa porque estava doente.

PORQUÊ – Com valor substantivo, precedido de determinante. Pode ser substituído por motivo.

Quero saber o porquê de tanta gritaria.

|A FIM DE ou AFIM? |

A FIM DE – Com intuito - Nós procuramos a fim de estabelecermos relações comerciais.

AFIM – Com afinidade - São pessoas afins.

|ONDE ou AONDE? |

ONDE – Usado quando o verbo indica permanência (em que lugar).

Onde está o meu carro?

AONDE – Usado quando o verbo indica movimento (a que lugar).

Aonde você vai agora?

|HÁ CERCA DE, ACERCA DE ou CERCA DE? |

HÁ CERCA DE – Indica tempo decorrido.

A peça teatral está sendo apresentada há cerca de dois anos.

ACERCA DE – a respeito de.

Falávamos acerca de sua demissão.

CERCA DE – Indica arredondamento (perto de, coisa de, por volta de, em torno de, aproximadamente)

Cerca de 10 mil pessoas compareceram à manifestação.

Obs: Não usar para números exatos. Ex.: “Cerca de 543 pessoas...”

|HAJA VISTO ou HAJA VISTA? |

A expressão correta é HAJA VISTA, mesmo antes de palavras masculinas.

Vamos repetir a demonstração. Haja vista o interesse dos participantes.

|TAMPOUCO ou TÃO POUCO? |

TAMPOUCO – Também não.

Não compareci a festa tampouco ao almoço.

TÃO POUCO – Muito pouco.

Tenho tão pouco tempo disponível para essa tarefa.

|A ou HÁ? |

A – Preposição, indica tempo futuro, idéia de distância e na expressão a tempo.

Ele chegará daqui a duas semanas.

A cidade fica a 20 km daqui.

Não chegaremos a tempo de ver o espetáculo.

HÁ – Indica tempo decorrido, passado.

Há tempo que não trabalho tanto quanto agora.

Saiu há pouco do Rio de Janeiro.

|A PAR ou AO PAR? |

A PAR – Estar ciente de, sabedor.

Estou a par do ocorrido.

AO PAR – Termo usado em Operadores de Mercado Financeiro (indica paridade ou igualdade).

O lançamento de ações foi feito ao par (com base no valor nominal).

|MENOS ou MENAS? |

Forma correta é : “Há menos pessoas aqui do que lá”.

Não esqueça que NÃO existe a forma MENAS.

|MÁS, MAS ou MAIS? |

MÁS – Ruins.

Essas pessoas são muito más.

MAS – Conjunção coordenativa adversativa: entretanto, porém.

A virtude é comunicável. Mas o vício é contagioso.

MAIS – Antônimo de menos.

O jornal de hoje publicou mais fotos da vencedora do festival.

|MAL ou MAU? |

MAL – Antônimo de bem.

A criança estava passando mal desde ontem.

MAU – Antônimo de bom.

Houve mau uso dos equipamentos eletrônicos.

|AO INVÉS DE ou EM VEZ DE? |

AO INVÉS DE – Significa ao contrário de.

Maura, ao invés de Alice, resolveu se dedicar à música.

EM VEZ DE – É o mesmo que em lugar de.

Em vez de José, Carlos esteve presente.

|A NÍVEL DE ou EM NÍVEL DE? |

A forma A NÍVEL DE dita com tanta propriedade não existe, portanto deve ser eliminada ou substituída por EM RELAÇÃO A, NO QUE DIZ RESPEITO A.

A nível de presidente, eu acredito que...(INCORRETO)

No que diz respeito ao presidente, eu acredito que...(CORRETO)

A expressão EM NÍVEL DE pode ser usada quando for possível estabelecer níveis /patamares em relação ao que se fala.

As decisões tomadas em nível federal (estadual, municipal) poderão ser definitivas.

Obs: Em relação ao mar, aceita-se ao nível do mar ou no nível do mar.

|A PRINCÍPIO ou EM PRINCÍPIO? |

A PRINCÍPIO – Significa inicialmente, no começo, num primeiro momento.

A princípio havia um homem e uma mulher.

EM PRINCÍPIO – Quer dizer em tese, por princípios, teoricamente.

Em princípio, sou contra a pena de morte.

Ou use simplesmente:

Em tese, sou contra a pena de morte.

|EM CORES |

O pronunciamento do presidente foi filmado em cores ontem.

Conserta-se TV em cores.

|NA RUA |

Roberto residia na rua Augusta.

|EM DOMICÍLIO ou A DOMICÍLIO? |

O correto é entregas em domicílio. É o mesmo que fazer entregas em casa, no escritório.

Fazemos entregas em domicílio.

Obs.: Só usamos a domicílio com verbos de movimento.

Conduziram o doente a domicílio (melhor: ...ao seu domicílio).

|SITO A ou SITO EM? |

Nosso escritório situa-se na Avenida Brasil.

|DIA-A-DIA ou DIA A DIA? |

DIA-A-DIA – Cotidiano.

Isso é freqüente no nosso dia-a-dia.

DIA A DIA – Diariamente.

Suas chances de vitória aumentam dia a dia.

|SE NÃO ou SENÃO? |

SE NÃO – Pode ser substituído por caso não.

Devolva o relatório se não estiver de acordo.

SENÃO – Pode ser substituído por somente, apenas.

Não vejo outra alternativa senão concordar.

SENÃO – Substantivo, significando contratempo.

O show não teve nenhum senão.

|PORISSO ou POR ISSO? |

NÃO existe a forma PORISSO.

A forma correta é POR ISSO.

É por isso que você não vai mais errar.

|AO ENCONTRO DE ou DE ENCONTRO A? |

AO ENCONTRO DE – Designa uma situação favorável.

Nossas propostas vão ao encontro das atuais tendências do mercado.

DE ENCONTRO A – Dá a idéia de oposição, contrariedade, choque.

Temos pontos de vista diferentes: minhas idéias vão de encontro às suas.

|COM CERTEZA OU CONCERTEZA? |

Com certeza, é com certeza, separado!

|CONTUDO OU COM TUDO? |

COM TUDO – Faz referência a algo mencionado anteriormente, invariavelmente acompanhado do pronome ISSO.

Com tudo isso é possível perceber que estudar é essencial!

CONTUDO – Introduz uma idéia oposta ao que foi mencionado anteriormente, pode ser substituído por entretanto, porém, todavia, mas.

Contudo não é possível afirmar que todas as pessoas são felizes.

|DERREPENTE OU DE REPENTE? |

Só existe a forma DE REPENTE.

|INFELIZMENTE OU INFELISMENTE? |

Grafa-se infeliz com Z, portanto o advérbio INFELIZMENTE, derivado de infeliz, deve também ser grafado com Z.

|OQUE OU O QUE? |

Trata-se de uma expressão formada por duas palavras, portanto O QUE.

A falta de desenvolvimento sustentável é O QUE acarreta tantos problemas ao meio ambiente.

|QUIS OU QUIS? |

O verbo querer deve ser grafado com S, assim:

Eu não QUIS incomodar você. Ele também não QUIS. Talvez os outros QUISESSEM...

|AGENTE OU A GENTE? |

AGENTE – é substantivo.

Este é o AGENTE 007.

Ele é um AGENTE da Polícia Federal.

A GENTE – forma oral que na linguagem coloquial substitui o pronome NÓS.

- Vocês preferem ir ao cinema ou ao teatro?

- É claro que A GENTE preferi ir ao cinema.

|OPNIÃO OU OPINIÃO? / OPITAR OU OPTAR? CORRUPTO OU CORRUPITO? |

As formas corretas são OPTAR, OPINIÃO E CORRUPTO.

Leia com atenção!

[pic] 01/08/2007 - 19h14

Veja como evitar gafes e mal-entendidos nas mensagens eletrônicas da Folha Online

Etiqueta na rede

O e-mail é um meio de comunicação diferente dos demais. Ao redigir suas mensagens, observe as instruções a seguir e crie uma impressão de eficiência e profissionalismo.

Cuidados na redação

A facilidade para escrever e enviar uma mensagem estimula a informalidade. Aproveite esse benefício sem cair no desleixo: dedique tempo para redigir e-mails com clareza e objetividade se não quiser confundir (ou aborrecer) o destinatário.

Tente ser objetivo e separar os assuntos com clareza

Sem excessos

Além de irritantes, mensagens longas e repetitivas dificilmente conseguem transmitir as informações desejadas com eficiência e rapidez.

Moderação no texto

Na hora de escrever um e-mail, pode ser tentador incluir todas as pessoas conhecidas na lista de destinatários. Lembre-se de que sua mensagem é apenas mais uma na caixa de entrada e, se quiser que seja lida com atenção, ela terá de ser bem elaborada. Além disso, se você envia para 25 pessoas uma mensagem que precisa de cinco minutos para ser lida, irá consumir mais de duas horas do tempo alheio. Tenha em mente que na tela a leitura torna-se mais fácil se o texto vier em parágrafos curtos.

Em nome da clareza

Se você quer que seu e-mail seja lido, dedique tenção para a identificação do assunto. Em vez de tentar resumir o conteúdo no título, escreva a mensagem primeiro, leia-a e depois elabore a identificação. Prefira usar poucas palavras, pois frases longas demais não aparecem inteiras na caixa de identificação de diversos programas de gestão de e-mail.

Identifique o assunto com até 50 caracteres

Escrita objetiva

Aprenda a escrever mensagens de leitura fácil e a transmitir o que é importante sem desperdiçar o tempo das pessoas

Como responder

Mantenha a mesma identificação do assunto (em uma resposta, ela virá precedida da sigla "Re:"), pois a medida facilita a organização por tema na hora de arquivar os assuntos. Para redigir a resposta, acrescente seus comentários no início do texto, insira algumas observações ao longo da mensagem e delete o que não tiver importância. Se cada pessoa que ler e devolver a mensagem adicionar um bloco de texto no início, o e-mail corre o risco de ficar imenso.

Passo a passo

1. Para enviar e-mails apenas informativos, use PSC (para seu conhecimento).

2. Nesse tipo de e-mail, você pode usar também a sigla PSI (para sua informação).

Clareza ao comunicar

Ao contrário do que ocorre com cartas, os e-mails são informais e em geral têm um tom coloquial. No entanto, alguns destinatários podem interpretar de maneira errada. Ao escrever, pense em quem vai ler e reserve a intimidade para os amigos.

Seja objetivo e aumente as chances de ser compreendido

Abreviações

Como cada vez mais pessoas compõem suas mensagens em movimento, às vezes usando o celular como teclado, aumenta a tendência ao uso de abreviações. A necessidade de facilitar o processo deu origem a uma linguagem rica em siglas e palavras de fácil identificação, como "msg" em vez de "mensagem" e "vc" no lugar de "você". Não se sinta obrigado a utilizar esse "idioma" e reserve a linguagem codificada para mensagens enviadas para quem compreende e para mensagens informais.

Só abrevie palavras se tiver certeza de que o leitor da mensagem as entende

Símbolos com significado

No início da era do e-mail, foram desenvolvidos sinais gráficos destinados a transmitir uma mensagem de humor, chamados de smileys ou emoticons. Em geral, apontam o tom do texto, como indiferença ou preocupação, por exemplo. Existe uma grande variedade desses símbolos, mas os mais usados estão descritos no quadro ao lado. Vale lembrar que nem todas as pessoas conhecem o significado dos emoticons e há quem os considere infantis. Evite usá-los em e-mails profissionais.

Significado

:-) Tradicional sorriso. Costuma indicar satisfação.

;-) Piscada. Em geral, acompanha uma piada ou brincadeira.

:-( Preocupação. Costuma indicar tristeza ou desencanto.

:-I Indiferença. Revela apatia ou falta de interesse.

:-> Sarcasmo. Usado para identificar cinismo ou ironia.

Tom correto

Ao escrever um e-mail para uma pessoa pela primeira vez, pode ser difícil saber qual tratamento dar e como encerrar a mensagem. Aposte na neutralidade: use "Caro (fulano)" e termine com "Um abraço". Reserve formas mais próximas (como "querido" ou "um beijo") para destinatários que você conhece bem.

Tente solucionar questões difíceis por telefone ou pessoalmente

O perigo das emoções

Quando estiver nervoso ou alterado, preste o dobro de atenção nas mensagens que pretende enviar, pois algumas vezes um e-mail que você julga inofensivo pode conter emoções que não precisam ser transmitidas. Escrever com neutralidade em momentos de agitação não é fácil, e a leitura feita pelo destinatário pode agravar ainda mais a situação. Se tiver dúvidas, elabore uma mensagem "difícil" mas não envie: faça uma leitura atenta depois de um intervalo.

Nos e-mails profissionais, evite ironias

Em busca de ajuda

Se você se sente cansado ou sob pressão, pode ser útil pedir a opinião de um colega antes de mandar uma mensagem. Mostre o e-mail para uma pessoa não envolvida e peça seu parecer sincero.

Adaptado de 07/08/2007

A importância da boa comunicação interna

De: Diretor Presidente

Para: Gerente

Na próxima sexta-feira, aproximadamente às 17h, o Cometa Halley estará nesta área. Trata-se de um evento que ocorre a cada 78 anos. Assim, por favor, reúnam os funcionários no pátio da fábrica, usando capacete de segurança, ocasião em que eu, pessoalmente, explicarei o fenômeno a eles. Se estiver chovendo, não poderemos ver o raro espetáculo a olho nu, sendo assim, todos deverão se dirigir ao refeitório, onde será exibido o filme Documentário sobre o Cometa Halley.

De: Gerente

Para: Supervisor

Por ordem do Diretor-Presidente, na sexta-feira às 17h, o Cometa Halley vai aparecer sobre a fábrica, a olho nu. Se chover, por favor, reúnam os funcionários, todos com capacete de segurança e os encaminhem ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que acontece a cada 78 anos.

De: Supervisor

Para: Chefe de Produção

A convite de nosso querido Diretor, o cientista Halley, 78 anos, vai aparecer nu às 17h no refeitório da fábrica, usando capacete, pois vai ser apresentado um filme sobre o raro problema da chuva na segurança. O Diretor levará a demonstração para o pátio da fábrica.

De: Chefe de Produção

Para: Mestre

Na sexta-feira às 17h, O Diretor, pela primeira vez em 78 anos, vai aparecer nu no refeitório da fábrica para filmar o Halley, o cientista famoso e sua equipe. Todo mundo deve estar lá de capacete, pois vai ser apresentado um show sobre a segurança na chuva. O Diretor levará a banda para o pátio da fábrica.

De: Mestre

Para: Funcionários

Todo mundo nu, sem exceção, deve estar com os seguranças no pátio da fábrica na próxima sexta-feira, às 17h, pois o Diretor e o Sr. Halley, guitarrista famoso, estarão lá para mostrar o raro filme Dançando na Chuva. Caso comece a chover mesmo, é para ir ao refeitório de capacete na mesma hora. O show ocorre a cada 78 anos.

Aviso Geral

Nesta sexta-feira, o Chefe da Diretoria vai fazer 78 anos e liberou geral para festa às 17h no refeitório. Vão estar lá, pago pelo manda-chuva, Bill Halley e seus cometas. Todo mundo vai estar nu e de capacete, porque a banda é muito louca e o rock vai rolar até o pátio, mesmo com chuva.

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BIBLIOGRAFIA;

ABREU, Antonio Suarez. Curso de Redação. Ática, São Paulo, 2003.

––––––––––––––––––––. Gramática Mínima Para o Domínio da Língua Padrão. Ateliê Editorial. São Paulo, 2003.

ANDRADE, Margarida. Guia Prático de Redação. São Paulo, Ed.Atlas, 2000.

ANDRADE, Maria Margarida de; HENRIQUES, Antônio. Língua Portguesa: noções básicas para cursos superiores. Ed.Atlas. São Paulo, 1999.

CASTRO, Maria da Conceição. Redação Básica. São Paulo, Saraiva,1997.

CEREJA, Wiliam Roberto. Texto e Interação: uma porposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000.

CHAMADOIRA, João Batista Neto.RAMADAN, Maria Ivoneti Busnardo. Língua Portuguesa: pensando e escrevendo. São Paulo: Atlas, 1998.

FARACO, Carlos Alberto: TEZZA, Cristóvão. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis, RJ:Vozes, 1992.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 14 ed.RJ.Ed.Atlas, 1988.

GOLD, Miriam. Redação Empresarial. Escrevendo com Sucesso na Era da Globalização. 3ed. Pearson Education. São Paulo, 2003.

GONZALES, Lucilene. Linguagem Publicitária: análise e produção. São Paulo, Arte e CiIencia, 2003.

INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação. São Paulo; Scipione, 1998..

PLATÃO & FIORIN, Para entender o texto, Ática, 1990.

TERRA, Ernani. Redação para o 2.grau: pensando,lendo e escrevendo. São Paulo, Scipione,1996.

TEZZA, Cristóvão e FARACO, Carlos Alberto. Oficina de texto. Petrópolis, RJ:Vozes, 2003.

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[1] Material elaborado tendo como referência a obra : TERRA, Ernani; NICOLA, José. Curso Prático de Língua, Literatura e Redação. 4.ed. São Paulo: Scipione, 1999.

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