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O Impacto dos Eventos Musicais no Turismo da Cidade do PortoAna Cláudia SilvaM20163548380-50802? CICLO DE ESTUDOSMESTRADO EM TURISMOAna Cláudia Pinto da SilvaO Impacto dos Eventos Musicais no Turismo da Cidade do PortoDisserta??o realizada no ?mbito do Mestrado em Turismo, orientada pelo Professor Doutor Jo?o Paulo FaustinoFaculdade de Letras da Universidade do Portosetembro de 2016O impacto dos eventos musicais no turismo da cidade do PortoAna Cláudia Pinto da SilvaDisserta??o realizada no ?mbito do Mestrado em Turismo, orientada pelo Professor Doutor Jo?o Paulo FaustinoMembros do JúriProfessor Doutor Jo?o Paulo FaustinoFaculdade de Letras da Universidade do PortoProfessor Doutor Luís Paulo MartinsFaculdade de Letras da Universidade do PortoProfessor Doutor Manuel Pinto TeixeiraInstituto Superior de Línguas e Administra??oClassifica??o obtida: 14 valoresSumárioTOC \f \o "1-9" \o "1-9" \hAgradecimentos7Resumo…………………………………………………………………………………………………………….8Abstract…………………………………………………………………………………………………………….9?ndice de tabelas……….........................................................................................10Introdu??o…………………………………………………………………………………………...............11Capítulo I – Enquadramento Teórico.......................................................................131.1. Turismo.......................................................... ......................................................131.2.Ciclo de Vida de um Destino Turístico..............................................................171.3 Diferentes impactos do turismo...........................................................................191.4. Turismo em Portugal............................................................................................242. - Eventos...................................................................................................................262.1. Eventos Culturais e sua contribui??o para a imagem de um destino………322.2. Festivais de Música..............................................................................................342.2.1. Festivais de Música em Portugal.....................................................................362.3. No??o de “experiência autêntica” .....................................................................383. - Turismo Cultural..................................................................................................403.1. Política Cultural e Eventos..................................................................................443.2. Turismo Criativo..................................................................................................463.2.1. Tipologias de experiências do turismo criativo.............................................473.2.2. Perfil do turista criativo...................................................................................483.2.3. Rela??o entre Turismo Cultural e Turismo Criativo…………………….493.2.4. Mudan?as Políticas: da Cultura à Criatividade.............................................504. - Turismo Musical...................................................................................................515. - Impacto da internacionaliza??o das cidades no turismo..................................545.1. Internacionaliza??o do Turismo Português.......................................................566. - Cidade do Porto.....................................................................................................576.1. Eventos Culturais no Porto..................................................................................606.2. Turismo e Arquitetura..........................................................................................64Capítulo II. - Metodologia……………………………………………………...691. Estudo de Caso ...............................................................................................691.1. Festivais de Música na Cidade...................................................................691.1.1. O caso do Nos Primavera Sound............................................................691.1.2. O caso do Nos D Bandada.......................................................................731.1.3. O caso do Caixa Ribeira..........................................................................741.2. Entrevista à Porto Lazer..............................................................................742. Resultados.......................................................... .............................................77Considera??es finais...........................................................................................79Referências bibliográficas..................................................................................82AgradecimentosDesde já, os meus agradecimentos come?ar?o por mencionar que este foi, sem dúvida, o maior desafio da minha vida académica. N?o só pelo crescimento e aprendizagem que me trouxe na área em quest?o, mas acima de tudo pelos bastantes entraves que superei neste percurso. Inúmeras foram as vezes que me ocorreram desistir, contudo houve sempre uma for?a interior a impulsionar-me para dar-lhe continuidade. E, neste momento, estou grata a essa for?a, pois todo o sacrifício investido surtiu numa sensa??o maravilhosa de dever cumprido.Quero direcionar um agradecimento especial à minha amiga Catarina Organista, pelo companheirismo, lealdade, e palavra de motiva??o sempre pronta nos momentos mais complicados. A continuidade nesta luta deveu-se muito ao facto de te ter como suporte e apoio para tudo.? minha amiga Inês Brito, pela ajuda preciosa na reta final.Ao meu orientador, prof. Jo?o Paulo Faustino, por me direcionar e orientar pelos melhores rumos que a disserta??o deveria tomar.Aos meus pais, pelo amor e apoio incondicional, seja neste ou noutro qualquer desafio. E, em geral, aos meus amigos, que sempre me ajudaram a ver mais além neste percurso.ResumoO turismo na atualidade mostra-se cada vez mais abrangente, apoiando-se nas mais diversas áreas de conhecimento. Para além disso, o perfil do turista tem vindo a sofrer altera??es com o decorrer do tempo, sendo que este se tem tornado bastante exigente, na busca por experiências que se diferenciem do habitual e padronizado turismo de massas.Por isso mesmo os eventos culturais, nomeadamente os festivais de música, revelam uma crescente import?ncia como atividade que acrescenta valor à experiência que o turista procura, já que s?o capazes de criar liga??es significativas entre o visitante e o território em quest?o. Estas liga??es s?o veículos de comunica??o e divulga??o dos territórios, com impacto na imagem dos mesmos.Esta investiga??o centrar-se-á no impacto que os eventos musicais poder?o ou n?o ter num destino turístico, designadamente o Porto. Procurar-se-á avaliar o papel que estes desempenham no turismo, e o que este papel lhe acrescenta.Avaliado esse impacto, tentar-se-á perceber se existe espa?o para o crescimento dos eventos e festivais de música no futuro da cidade.Palavras-chave: Turismo; Eventos Culturais; Festivais de Música; Porto.AbstractThe tourism at the present time is more and more inclusive, leaning on in the most several knowledge areas. Besides, the tourist's profile has been suffering alterations with elapsing of the time, and it has revealed itself quite demanding, in the search for experiences that differ of the habitual and standardized tourism of masses.For that reason, the cultural events, namely the music festivals, have been growing in importance as an activity that increases value to the experience that the tourist seeks, since they are capable of create significant connections between the visitor and the territory in subject. These connections are communication vehicles and promotion of the territories, with impact in the image of the same ones.This investigation will be centered in the impact that the musical events eventually have or not in a tourist destination, more specifically in Porto. There will be a try concerning the evaluation of the paper that these carry out in the tourism, and what does this paper adds to it.Appraised that impact, there will be a verification if space exists for the growth of the events and music festivals in the future of the city.Keywords: Tourism; Cultural Events; Music Festivals; Porto.?ndice de tabelas Figura 1 – Total de chegadas de turistas internacionais entre 2010-2014Figura 2 – Reparti??o das viagens, segundo os principais motivos, 2014Figura 3 – Ranking dos principais indicadores de turismo internacional, 2014Figura 4 – Ciclo de Evolu??o do Turismo, por Butler (1980)Figura 5 – Impactos de diferentes dimens?es no turismoFigura 6 – Tipologias de eventosFigura 7 – Par?metros da experiência no turismoFigura 8 – Tipos e subtipos de atra??es culturaisFigura 9 – Políticas CulturaisFigura 10 – Surgimento do turismo criativoFigura 11 – Bases de atividade e tipos de experiênciaFigura 12 – Turista criativoFigura 13 – Políticas Culturais tradicionais e Novas Políticas CulturaisFigura 14 – Entrada de turistas no Porto entre 2010-2015Figura 15 – Análise do mercadoFigura 16 – Vis?o do destino, apelo e impactos esperadosIntrodu??oA disserta??o que agora se apresenta, intitulada “O impacto dos eventos musicais no turismo da cidade do Porto”, foi elaborada no ?mbito do Mestrado em Turismo, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.Para a sua elabora??o, tomou-se como objeto de estudo os eventos musicais realizados na cidade em quest?o, e a sua contribui??o para o desenvolvimento e acelera??o turística da mesma. Assim sendo, as principais quest?es levantadas na abordagem desta temática foram: quais os impactos gerados pelos eventos musicais no turismo da cidade do Porto? Qual o nível de atra??o que estes eventos causam no espa?o em quest?o? Haverá lugar para o aumento do número destes eventos?De forma a dar corpo a esta investiga??o, iniciou-se uma revis?o de literatura, recorrendo a artigos científicos, bem como a disserta??es já realizadas, no ?mbito do turismo e da sua rela??o com a cultura e os eventos. Recorreu-se ainda a dados estatísticos fornecidos pelo INE, de forma a comprovar a evolu??o do turismo em Portugal, e o contributo de áreas como a cultura e a música para a diversifica??o da sua oferta, sendo este um importante suporte para de seguida explorar a hipótese dos eventos musicais contribuírem favoravelmente para o turismo da cidade do Porto. Sobre a evolu??o do turismo, analisou-se o Ciclo de Vida do Destino Turístico, elaborado por Butler, de forma a entender a necessidade de sustentabilidade de um local em rela??o ao turismo. Foi também abordado Hall, e os impactos que diferentes áreas causam na atividade turística, para percecionar as diferentes rela??es que o turismo tem necessidade de desenvolver ao longo do tempo.No fundo, esta disserta??o aborda no seu enquadramento teórico a contribui??o de Donald Getz para a rela??o entre turismo e eventos, passando ainda pelo turismo cultural e criativo, pois estes dois setores do turismo mostram-se cada vez mais dinamizadores da atividade em si e atraem o público crescentemente exigente e informado. Sobre estes dois temas, os nomes de Richards e Florida mostraram-se importantes bases. Quanto ao turismo musical e festivais de música, o estudo do trabalho de Gibson e Connell. A abordagem à arquitetura mostra-se pertinente na medida em que esta é uma importante parte da cultura e um grande atrativo para todos aqueles que procuram arte e música, inseridos num contexto turístico paisagístico. Assim, é referido o trabalho de Lobo, que relaciona o turismo e a arquitetura. Termina assim o enquadramento teórico com uma reflex?o sobre a internacionaliza??o do turismo português, como forma de promovê-lo aos públicos de países exteriores, o que se mostra crucial no caso da divulga??o de eventos musicais no estrangeiro.De seguida, procedeu-se a uma investiga??o de base qualitativa que passou pela análise e recolha de notícias online focadas no turismo da cidade do Porto e nos seus eventos musicais, bem como pela realiza??o de uma entrevista à Porto Lazer, entidade municipal que trata da realiza??o de todos os eventos da cidade. O intuito era averiguar se os eventos musicais ou festivais de música s?o capazes de atrair um público mais alargado, que procure conhecer a oferta turística da cidade do Porto.A partir da investiga??o realizada, é proposta a hipótese de aumentar o número de eventos deste género na cidade, pois conclui-se que estes, apesar de n?o serem totalmente influenciadores na atividade turística, geram uma din?mica interessante. Diferenciam a oferta turística da cidade e atraem um público específico que procura música e um bom ambiente, para além de uma cidade histórica e rica culturalmente, com um custo de vida bastante acessível. ? proposto ainda que as institui??es responsáveis, como as municipais, promovam e apoiem um pouco mais estes eventos, que s?o realizados maioritariamente por órg?os privados ou através de patrocínios. Por fim, entende-se a necessidade de criar uma maior divulga??o, através de campanhas de marketing e publicidade com forte incidência nos países europeus que mais contribuem para o turismo do Porto.Capítulo I – Enquadramento TeóricoTurismoO turismo é uma área multidisciplinar de import?ncia crescente a nível mundial. Tal como Licínio Cunha (2010) refere na sua investiga??o intitulada “A defini??o e o ?mbito do Turismo: um aprofundamento necessário.” o turismo é uma área de difícil defini??o, pois abarca em si a colabora??o e liga??o com diferentes áreas: “os autores e investigadores procuraram definir turismo, n?o já com preocupa??o de elaborar estatísticas, mas na tentativa de caracterizar uma atividade complexa que, emergindo no princípio do século, se viria a transformar numa das maiores atividades económicas mundiais. Contudo, também destas defini??es n?o resulta a clara compreens?o do fenómeno turístico nem abarcam toda a sua realidade”. Esta complexidade com a qual nos deparamos deve-se ent?o à abrangência de tantas e t?o diferentes áreas, que v?o desde a economia à tecnologia, passando pela cultura e tantas outras mais que possam no seu ?mbito envolver o turismo na sua atividade.Para se referir à multidisciplinaridade do turismo, Getz (2004,2006, p.5) apoia-se em John Tribe, para defender que o turismo “n?o é uma disciplina, mas sim um campo de estudo delineado por várias disciplinas”. Cunha (2010) alerta para esta multiplicidade de áreas implícitas no turismo, que “n?o devem ser desprezadas porque podem contribuir para encontrar um conceito ‘para fornecer arcaboi?o teórico para identificar as caraterísticas essenciais do turismo” (Theobald, apud Cunha, 2010 p.3).O autor prop?e a sua própria defini??o de turismo, na tentativa de completar algumas lacunas no seu campo teórico t?o vasto e diversificado: “Turismo é o conjunto das atividades lícitas desenvolvidas por visitantes em raz?o das suas desloca??es, as atra??es e os meios que as originam, as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades e os fenómenos e rela??es resultantes de umas e de outras”. Esta vis?o de Cunha (2010) é claramente voltada para a Sociologia, tal como a sua forma??o académica, apontando o foco para as rela??es interpessoais geradas através da conjuga??o das várias atividades no turismo.A Organiza??o Mundial de Turismo (OMT,2014) apresenta uma proposta de defini??o de turismo que reúne talvez uma maior concord?ncia dentro da área: “conjunto de atividades desenvolvidas por pessoas durante as viagens em locais situados fora do seu ambiente habitual por um período consecutivo que n?o ultrapasse um ano, por motivos de lazer, negócios e outros”. Esta é a defini??o que parece ser mais frequentemente utilizada e geralmente aceite pela comunidade de investigadores quando se referem à atividade turística, provavelmente por se referir de uma forma mais geral e abstrata aos deslocamentos gerados pelo turismo, abarcando em si qualquer ramo associado ao turismo. Tal como vimos acontecer com Cunha (2010), cada investigador que prop?e uma defini??o teórica de turismo tenta enquadrá-la com a sua base académica.Barreto (1995, p. 9), por exemplo, avan?a com uma defini??o voltada para o caráter económico do campo em análise: “turismo é o conceito que compreende todos os processos, especialmente os económicos, que se manifestam na chegada, permanência e na saída dos turistas de uma determinada cidade, país ou estado”.Por sua vez, Beni (1998, p.153) mostra-se mais interessado em salientar a vertente sociocultural do turismo, alegando que este corresponde a “um conjunto de recursos naturais e culturais que, em sua essência, constituem a matéria-prima da atividade turística porque, na realidade, s?o esses recursos que provocam a afluência de turistas. A esse conjunto agrega-se os servi?os produzidos para dar consistência ao seu consumo, os quais comp?em os elementos que integram a oferta no seu sentido amplo, num estrutura de mercado”. (Pires, 2004).Reportando-nos um pouco à origem histórica do turismo, e apesar de este já conhecer algum, porém escasso, desenvolvimento desde a Antiguidade Clássica, será de maior interesse analisar a sua evolu??o a partir da Revolu??o Industrial, com o surgimento do excursionismo mais fortemente encarrilado por Thomas Cook. Tal como refere Barreto (1999), assim surgiu o “turismo coletivo” em 1841, com a organiza??o do primeiro tour devidamente organizado e com todo o pacote de facilidades incluído. Foi assim que no século XIX, Cook fez nascer a primeira agência de viagens, incluindo nos seus tours excurs?es de barco e comboio.Magalh?es (2008) realiza uma análise histórica da atividade turística simples e abrangente, refletindo que, para chegar ao turismo tal como o conhecemos hoje, contribuíram as conquistas dos trabalhadores desde o início do século XX (redu??o dos horários laborais e aumento dos salários), capazes de criar as condi??es necessárias para a consolida??o e massifica??o da área. Este fenómeno conheceu maior express?o na Europa do pós-guerra. O autor refere ainda que a flexibiliza??o do tempo de trabalho e a valoriza??o do tempo de ócio, características do capitalismo, abriram importantes portas para agilizar a atividade até à atualidade.Segundo o INE (2014), baseando-se em dados da OMT, a chegada de turistas internacionais a Portugal ascendeu aos 1 134,7 milh?es, o que representa um aumento de 4,4% ao verificado em anteriores estudos.0386080 Figura 1 – Total de chegadas de turistas internacionais entre 2010-2014No mesmo ano de 2014, a Europa recebeu “mais de metade dos turistas internacionais (51,4%)” a nível mundial.Também com base em dados da OMT, o INE (2014) analisou os principais motivos de viagem a nível mundial.0386715Figura 2 – Reparti??o das viagens, segundo os principais motivos, 2014Através do gráfico, denota-se uma clara vantagem para a “Visita a familiares ou amigos” (46,0%), seguindo-se o “Lazer, recreio ou férias” (40,6%) e os motivos “Profissionais ou de negócios (8,7%).Quanto aos principais mercados emissores de turismo para Portugal, destaca-se em primeiro lugar o Reino Unido (24,2%), seguindo-se a Alemanha (13,5%) e a Espanha 11,1%).126365295910 Figura 3 – Ranking dos principais indicadores de turismo internacional, 2014A nível internacional, localizamos no quadro (INE, 2014) acima Portugal quanto a entradas de turistas internacionais, receitas de turismo internacional e despesas em turismo internacional. Tendo em conta a dimens?o do nosso país face à dimens?o dos primeiros países do ranking, podemos considerar que se encontra favoravelmente posicionado, possuindo ainda margem para evoluir nos próximos anos.Em rela??o a Portugal, esta evolu??o que se tem vindo a fazer sentir foi importante para o Plano Nacional Estratégico (PENT, 2015) definir o destino como sendo: “1. Um destino sustentável e de qualidade, onde crescimento turístico é compatível com a produ??o de benefícios para o território e as comunidades e onde o Estado, na preserva??o do território, deve saber cumprir o seu papel; 2. Um destino de empresas competitivas, onde um ambiente saudável para a iniciativa privada promove a concorrência e inova??o na atividade turística; 3. Um destino empreendedor, munido de todas as competências e conhecimento que lhe permita ser o país campe?o do empreendedorismo turístico; 4. Um destino ligado ao Mundo, onde a conectividade e a mobilidade dos turistas s?o ferramentas importantes na ativa??o da procura; 5. Um destino gerido de forma eficaz, onde a defini??o clara das competências de cada agente n?o deve ser um entrave à iniciativa privada, à explora??o de sinergias e intensifica??o da transversalidade do turismo;6. Um destino que marca, cujas estratégias de promo??o e comercializa??o devem resultar de vis?es técnicas e n?o políticas no sentido de almejar a eficiência.”O objetivo será, ent?o, abrir portas para mostrar o País ao mundo, tornando-se mais consolidado, competitivo e inovador em rela??o aos seus principais concorrentesAtravés destes dados apresentados, é possível concluir que as tendências futuras apontam para que o turismo se imponha cada vez mais no mercado mundial: “O relatório da OMT, que prevê os números do turismo internacional em 2020, aponta que o turismo alcan?ará o lugar de primeira atividade económica no mundo com um total de 1600 milh?es de turistas e gerador de receitas na ordem dos 2 bili?es de dólares (Carv?o, 2009). Desses 1600 milh?es, 1200 corresponder?o a chegadas intrarregionais e 378 milh?es a viajantes de longo curso.” (Gomes, 2012, p. 20).1.2. Ciclo de Vida de um Destino TurísticoSendo que um destino turístico é din?mico, e está sujeito a inúmeras mudan?as causadas pelo tempo, pelo seu espa?o, pelos setores envolventes, e até pelos visitantes e as suas preferências, Butler (1980) desenvolveu um modelo que explica por que estados passa determinado destino ao longo do tempo, desde o seu surgimento até à sua matura??o. Este modelo é pertinente na medida em que exp?e a import?ncia de um planeamento adequado para a manuten??o de um local como sendo turisticamente atrativo ao longo do tempo.4381540640Figura 4 – Ciclo da Evolu??o do Turismo, por Butler (1980)Tal como demonstra o gráfico, este ciclo descreve as diferentes fases vividas por um destino: a fase inicial, de explora??o, designa o momento em que surge um pequeno número de turistas, por iniciativa própria geralmente, e sem padr?es de viagem formalmente definidos; o contacto com residentes e alojamentos locais é frequente, pois ainda n?o existem infra estruturas voltadas para a atividade turística. Com este pequeno movimento, surge a fase de envolvimento, na qual o número de visitantes cresce, e por isso faz sentido a cria??o de algumas infraestruturas exclusivas para estes mesmos. S?o gerados alguns mecanismos de organiza??o e promo??o do local, assim como algumas áreas de comércio para turistas. O forte contacto com a popula??o local prevalece ainda. Já na fase de desenvolvimento, é esperado que se defina um mercado turístico mais concreto, tendo por base uma forte promo??o estratégica. Assiste-se a um decréscimo do envolvimento da popula??o local na atividade turística. As infraestruturas locais s?o rapidamente substituídas por outras de grandes investidores e de maior dimens?o. ? valorizado o papel das atra??es culturais, e podem ocorrer transforma??es na imagem física do local. O número de turistas cresce de tal forma que chega a igualar ou ultrapassar a quantidade de popula??o do local.? aqui que entra a fase de consolida??o do destino, que se depara com uma quebra no aumento de turistas a chegar. A economia do local está muito centrada na atividade turística, e há uma tentativa de diminuir a sazonalidade do turismo. Algumas infraestruturas perdem o seu valor e reconhecimento inicial, e as atra??es culturais podem ser substituídas por outras mais “artificializadas” e massificadas. ? esperado um desenvolvimento das áreas envolventes do destino.Na fase de declínio, o destino perde o seu nível de competitividade, as suas infraestruturas turísticas come?am a ser substituídas por outras de outros setores, à medida que os potenciais visitantes demonstram desinteresse em rela??o ao mesmo. Os pre?os baixam, pois o mercado é cada vez menos procurado.Após esta fase, podemos assistir a diferentes situa??es: como evidencia o gráfico, no ponto A, o destino consegue um rejuvenescimento e expans?o; no ponto B, é possível uma manuten??o e um pequeno crescimento contínuo; no ponto C, torna-se difícil manter os níveis de estabilidade do destino; no ponto D, a satura??o causada pelo uso continuado dos recursos leva a um declínio visível do mercado; e, finalmente, no ponto E, em caso de algum evento catastrófico ocorrer no destino, tornar-se-á bastante improvável que um dia este retorne como turisticamente viável.Após esta análise, torna-se clara a necessidade de um destino ser devidamente planeado e organizado previamente, para que consiga manter o seu mercado estável ao longo do tempo e a sua competitividade alta em rela??o a outros locais que lhe sejam concorrentes.Diferentes impactos do turismoSendo o turismo uma área multidisciplinar, como já foi constatado, será pertinente perceber que tipo de efeitos as diferentes disciplinas causam no seu mecanismo de funcionamento. Mason refere em “Tourism impacts, planning and management”, “O ambiente humano compreende fatores e processos económicos, sociais e culturais” (2011, p.36), e ser?o estes os fatores analisados de seguida. Estes impactos podem sofrer altera??es ao longo do tempo, conforme as mudan?as que ocorram na área de destino.Hall (1999) elabora um quadro sobre os impactos que diferentes dimens?es têm no turismo, mencionando os seus pontos positivos e negativos. Este quadro será apresentado, acompanhado de uma análise, de seguida, devido ao seu conteúdo completo ilustrar devidamente a temática agora abordada. Tipo de impactoPositivoNegativoDimens?o económicaAumento do consumoCria??o de empregoAumento na procura laboralAumento do valor imobiliárioAumento do nível de vidaMaior investimento em infraestruturas e servi?osAumento do comércio livreAumento de investimento exteriorDiversifica??o da economiaInfla??o e subida de pre?osSubstitui??o do trabalho local pelo trabalho do exteriorEmprego sazonalEspecula??o imobiliáriaMaiores lacunas entre ricos e pobresMenor apoio e investimento em outros servi?osConsidera??o inadequada de investimentos alternativosEstimativa inadequada dos custos do desenvolvimento da atividadeAumento do comércio livrePerda de poder localDependência excessiva em rela??o ao turismo para emprego e desenvolvimento económico Indústria e EmpresasAumento da consciência do destinoAumento do conhecimento do investidor em rela??o ao potencial investimento e atividade comercial do destinoDesenvolvimento de novas infraestruturas e servi?os, incluindo alojamento e atra??es Aumento das acessibilidadesMelhoria da imagem do destinoAquisi??o de fraca reputa??o resultante de equipamentos inadequados, práticas impróprias ou pre?os inflacionadosRea??es negativas das empresas devido à possibilidade de maior competitividade por recursos humanos e apoios estataisUso de imagens inadequadas de marcas e destinos Dimens?es dos recursos naturais e ambientaisMudan?as nos processos naturais que valorizam o ambiente Manuten??o da biodiversidadeConserva??o arquitetónicaPreserva??o do património natural e edificadoManuten??o e recria??o de habitats e ecossistemas Mudan?as nos processos ambientais naturais Perda de biodiversidadePolui??o arquitetónicaDestrui??o do patrimónioDestrui??o de habitats e ecossistemasExcesso na capacidade de transporte físicoDimens?o socioculturalAumento da participa??o local em atividades e eventosReuni?o da comunidadeFortalecimentos dos valores e tradi??es da comunidadeExposi??o a novas ideias gra?as à globaliza??oCria??o de um novo espa?o para a comunidadeMaior presen?a de seguran?aTurismo como promotor de pazRenascimento de tradi??esAumento do orgulho local e espírito de comunidadeMaior entendimento interculturalMaior consciência dos valores e perce??es exterioresComercializa??o e modifica??o de atividades, eventos e objetos de natureza pessoal Mudan?as na estrutura da comunidadeEnfraquecimento ou perda de valores e tradi??es da comunidade Aumento da atividade criminalPerda de espa?o da comunidadeIsolamento socialExcesso da capacidade de alojamentoPerda de autenticidadeTendência para atitudes defensivas em rela??o às regi?es anfitri?sAumento da possibilidade de desentendimentos entre popula??o local e turistasMaior aliena??o resultante das mudan?as em rela??o ao que era familiarIntegradoPolitica/administra??oAquisi??o de reconhecimento internacional da regi?o de destinoMaior abertura políticaDesenvolvimento de novas institui??es administrativasExplora??o económica da popula??o local para satisfazer ambi??es da elite políticaUso do turismo para fundamentar e legitimar decis?es impopulares ou regimesPerda de poder local e de capacidade de tomada de decis?esFigura 5: Impactos de diferentes dimens?es no Turismo Fontes: Hall (1999, pp.29,30).Através deste quadro é possível perceber as implica??es positivas e negativas do turismo. Na economia, pelo lado positivo, parece importante destacar os novos investimentos económicos e a diversifica??o da economia, capazes de dinamizar e incentivar a troca numa dada comunidade, assim como a constru??o de novas infraestruturas aptas para criar novos postos de trabalho e atrair público que estimule a atividade comercial. Pelo lado negativo, a intensifica??o da atividade turística pode trazer à economia um aumento de pre?os, o que afetará principalmente os residentes da comunidade, pois o turista terá maior predisposi??o para despender valores mais elevados em tempo de férias. A sazonalidade de alguns postos de trabalho é também preocupante para os residentes, que ter?o de procurar diferentes ocupa??es nas épocas em que a atividade turística se revele menos intensa. Ao verificar-se esta situa??o, a dependência excessiva em rela??o ao turismo é um fator negativo.No que concerne ao ambiente e recursos naturais, há que destacar pelo lado positivo a conserva??o da arquitetura e património, capaz de atrair visitantes que buscam belos edifícios e monumentos, tanto pela sua história e simbolismo como pela sua autenticidade. N?o obstante, quando estes n?o s?o devidamente mantidos, a falta de sustentabilidade leva à degrada??o e ao abandono como espa?o turístico.Ao nível sociocultural, os impactos positivos s?o diversos, principalmente porque o turismo é capaz de incentivar a participa??o de toda a comunidade em atividades e eventos que visem a atra??o e dinamiza??o turística. Esta maior intera??o da comunidade leva ao reconhecimento da import?ncia das suas próprias tradi??es, n?o só de revivê-las, mas também de reproduzi-las para que os visitantes aprendam sobre elas. Como contrapartida, pode surgir a perda de autenticidade, através da banaliza??o destas mesmas tradi??es. Assim, parece que o ideal é mantê-las dentro da comunidade e protegê-las como sendo o “tesouro” de cada comunidade.Por último, a nível político/administrativo, reconhece-se positivamente o impacto internacional para qualquer destino, o que pelo lado negativo pode levar a um favorecimento das for?as de poder.Turismo em Portugal Com base no estudo realizado por Mateus e Associados, em 2013, é percetível que o turismo como atividade económica se destaca das demais, devido ao seu movimento e consumo no tempo e no espa?o, e à sua transversalidade entre os mais variados setores. Assim sendo, n?o se lhe conhece um di?metro formalmente desenhado, pois este agrupamento de diversas áreas, aliado ao património material e imaterial, e às próprias preferências dos consumidores, n?o o permite. Atualmente, é claro o peso do turismo na balan?a económica portuguesa, e a din?mica que os servi?os movimentados em torno do turismo geram nesta balan?a, n?o só em termos de receitas, mas também em termos de empregabilidade. Neste mesmo estudo, estimou-se que as atividades que rodeiam as viagens e o turismo em Portugal s?o o principal núcleo de exporta??o da economia e com maior solidez face a concorrência das economias que emergem. Já em 2013, aquando a realiza??o deste estudo, as atividades ligadas às viagens e turismo indicavam “um quinto do esfor?o global de exporta??o da economia portuguesa com cerca de 255 mil empregos, com 6,4 mil milh?es de euros de valor acrescentado e com 15,2 mil milh?es de euros de valor bruto de produ??o.”Segundo uma notícia do Jornal Expresso (Mateus, 2016), baseada em dados do INE, neste mesmo ano Portugal atingiu novos números máximos no que toca ao turismo. A título de exemplo, “em fevereiro de 2016, a hotelaria registou cerca de 990 mil hóspedes, mais 122 mil do que em fevereiro de 2015 e mais 307 mil do que em fevereiro de 2006”, um aumento bastante significativo e indiciante de uma época próspera para o setor. Nesta mesma notícia, s?o indicadas algumas raz?es avan?adas pelo INE para a ocorrência deste fenómeno: “a situa??o de instabilidade verificada em destinos concorrentes, a par da implementa??o de estratégias comerciais específicas em fevereiro, nomeadamente pacotes especiais do Dia dos Namorados e do Carnaval (em 2016 com toler?ncia na Administra??o Pública)”. Gra?as a estes fatores, Portugal tem vindo a obter condi??es para alcan?ar vantagens comparativas em rela??o aos seus principais destinos competitivos, sendo exemplo disso a Espanha. Espera-se que nos próximos anos, estes números e fatores venham a consolidar-se cada vez mais no território português.Também o Económico publicou uma notícia sobre a mesma temática (Lopes, 2016), onde destaca a evolu??o dos números do turismo e hotelaria em Portugal até níveis nunca antes atingidos. Porém, é de real?ar a declara??o do presidente da Confedera??o do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros: “entrar neste despique de compara??o de números faz desviar a aten??o daquilo que é essencial e dos problemas estruturais que ainda se tem de resolver no turismo”, o que revela a necessidade de n?o cair num otimismo excessivo, mas sim continuar a batalhar para reparar as fragilidades do setor. Nesta mesma notícia, Bernardo Trindade, administrador do grupo PortoBay, destaca algumas novas tendências que têm contribuído para o este recente crescimento do setor: “Os números dos A?ores [cresceu 19,6% em dormidas] refletem a entrada em rota da Ryanair e Easyjet”, identifica, a par do crescimento de Lisboa que resulta da “continuada afirma??o desta importante capital europeia”. Bernardo Trindade argumenta ainda “a atenua??o da sazonalidade algarvia, nomeadamente nos meses de Abril e Novembro” e “a interessante a evolu??o da atividade no Porto e Norte, Centro, Alentejo e Madeira”. Desta forma, é demonstrada a import?ncia que as novas rotas low cost têm para o setor, abrindo portas a um maior número de visitantes, bem como a redu??o da sazonalidade, e o alargamento da atividade a regi?es até ent?o menos exploradas.Tal como já foi avan?ado acima, quando foram discutidos alguns dados sobre o turismo Mundial e em Portugal, esta atividade tem sofrido uma evolu??o positiva no nosso país, que se faz sentir principalmente na economia.De facto, o turismo é uma excelente alternativa para o desenvolvimento do país, n?o só a nível interno com a cria??o de emprego, como também a nível internacional, o que o impulsiona de forma a ser reconhecido externamente, a expandir a economia e a dinamizá-la.EventosJá no domínio dos eventos, o nome de Donald Getz é incontornável. Este professor universitário centra os seus estudos e investiga??es nos domínios do turismo e dos eventos, sendo que s?o utilizados em grande parte dos trabalhos realizados nestas áreas, e por isso se torna t?o interessante referi-lo neste trabalho.A sua defini??o de “evento” é aquela que trará maior concord?ncia dentro deste campo de estudos, e aquela na qual um maior número de autores se apoiam. Getz afirma que um evento é “ uma ocorrência num dado local e período de tempo; um especial conjunto de circunst?ncias; uma ocorrência pertinente” (2008, p.18). Este acontecimento deve ser devidamente planeado para um local em particular, e para atingir um objetivo em específico (2008, p.21), seja ele ligado à “economia, cultura, sociedade e ambiente”.Marujo (2014 a.) desenvolveu um trabalho designado “Os eventos turísticos como campo de estudo académico”, no qual cita Marujo para descrever o mercado de eventos: “Para a OMT (2003), o mercado de eventos tem-se tornado um segmento altamente especializado e relevante para o setor turístico. Os eventos, seja qual for a sua tipologia, criam oportunidades para a viagem, aumentam o consumo e promovem o desenvolvimento, justificando a luta constante por parte das entidades governamentais na capta??o de eventos nacionais e internacionais. Em muitas sociedades, o turismo de eventos destaca-se, cada vez mais, como uma tendência promissora que gera movimento económico e social para o lugar onde se insere. ‘Eles surgem como uma arma para identificar um destino, melhorar a imagem do lugar ou combater a sazonalidade” (Marujo apud Marujo 2014 a., p.73). Através desta cita??o, discute-se a crescente preponder?ncia dos eventos, nomeadamente para o setor em estudo, o turismo, mostrando-se como uma espécie de motor dinamizador e inovador capaz de atrair um público mais alargado.“? um fato que muitos tipos de eventos realizados em países, regi?es ou localidades (com ?mbito regional, nacional e internacional) podem promover a atividade turística e gerar desenvolvimento. Daí, que muitas organiza??es de marketing e comunidade estejam cada vez mais envolvidas no planeamento, organiza??o e promo??o de eventos como atra??es turísticas. Trata-se do chamado ‘evento turístico em marcha’ que pode ser visto como mais sustentável do que outras formas de desenvolvimento de turismo” (Getz apud Marujo 2014 a.). Esta cita??o vem dar for?a à realiza??o de eventos associados ao turismo, como forma de desenvolver atividades furtuitas e experiências realmente significativas aos visitantes de cada destino. Para certas empresas ligadas ao ramo do turismo, os eventos s?o uma importante chave para diversificar a oferta e captar novos públicos.Marujo (2014 a., p. 6, 7) defende ainda que “Há muitos estilos de eventos planeados e organizados com diferentes propósitos, mas em todos eles existe uma inten??o de criar, partilhar experiências individuais e coletivas, de promover através da intera??o entre turistas e anfitri?es diversas experiências”.Tendo em conta esta última cita??o de Marujo (2014 a.), onde refere a existência de “muitos estilos de eventos planeados”, e sendo que os eventos possuem objetivos ou propósitos diferentes, apresenta-se de seguida as diferentes tipologias agrupadas por Getz (2002, p.30). Essas tipologias ser?o abaixo mencionadas através de um quadro de elabora??o própria.TipologiaDefini??oCelebra??es culturais “Eventos solenes que têm significado cultural (...) Consistem em festivais, carnvais, comemora??es patrimoniais, paradas ou ritos religiosos e rituais...”Festivais“Um evento cultural que consiste numa série de performances de trabalhos de belas artes, frequentemente dedicados a um só artista ou género” (Falassi 1987: 2) Carnaval“...é uma celebra??o que precede a Quaresma e é associada a festejos, tradi??es e paradas”Comemora??es patrimoniais“S?o servi?os de homenagem, cerimónias específicas ou eventos amplos (incluindo festivais) elaborados para honrar a memória de algo ou alguém”Paradas ou Prociss?es“...geralmente s?o organizadas, prociss?o celebratória de pessoas, e as mais populares s?o espetáculos móveis, entretenimento, ou outro objeto de capta??o do espetador, passando pela audiência numa progress?o din?mica”Eventos Religiosos“...ritos e rituais solenes encorporados, e s?o considerados sagrados no contextos de religi?es específicas”Eventos Políticos e Estatais“Qualquer evento produzido por e para governos e partidos políticos recai nesta categoria” Artes e Entretenimento“Quase toda a atividade, desporto, mostra artística ou evento pode ser visto como “entretenimento”. (...) Para ser preciso, tem de ser enfatizado que o entretenimento é passivo, algo que alguém experiencia por prazer sem ter que pensar sobre o seu significado cultural/histórico e sobre os valores que se expressam”Artes Performativas“...tradicionalmente envolvem pessoas a atuarem, como músicos, cantores, bailarinos ou atores, e audiências.”Feiras“Um agrupamento num tempo específico e local para a compra ou venda de bens (...) uma exibi??o com a inten??o de informar as pessoas sobre um produto ou oportunidade de negócio (...) um evento, normalmente para o benefício da caridade ou institui??o público, que inclui entretenimento e a venda de bens”Feiras Mundiais“...tem um significado muito específico, que deriva de um acordo internacional de 1928 e é regulado pelo Bureau International des Expositions (BIE) em Paris. BIE estabelece as políticas para comandar as feiras mundiais, que s?o habitualmente conhecidas como Expos.”Literatura“Festivais ou outros eventos planeados onde poesia e trabalhos escritos s?o comuns, e estes podem incluir “leituras” que s?o de fato performances”Artes Visuais“Pintura, escultura e artesanato s?o as artes visuais mais comuns e espetáculos ou exibi??es de artes visuais s?o eventos planeados”Eventos de Negócios“O objetivo fundamental deste tipo de evento é promover, vender ou comercializar, ou ent?o conhecer objetivos corporativos. Mercados de agricultura, feiras e exibi??es (espetáculos de troca e consumo) s?o claramente baseados em vendas e marketing” Encontros e Conven??es“...s?o assembleias para conferenciar e discutir (...) s?o geralmente grandes assembleias de associa??es, partidos políticos, clubes ou grupos religiosos (...) Corpora??es e associa??es implicam gerentes de encontro e conven??o para tratar dos seus negócios”Exibi??es“...s?o abertas ao público, frequentemente com uma taxa de admiss?o, e os seus temas mais populares est?o ligados a automóveis, viagens, recrea??o, animais de estima??o, eletrónica, jardinagem, artes e outros passatempos”Eventos Privados“Desde casamentos até aniversários, bar mitzvahs, funerais, festas temáticas, festas de igrejas, podem requerer profissionais ou ser organizadas pelos participantes. A experiência é tanto pessoal como social, com múltiplos significados possíveis”Flash Mobs, Encontro de Guerrilha e Lutas de Almofada “Estes eventos s?o de certa forma anti estabelecidos, até anarquistas na sua origem ou inten??o. Eles dependem de redes sociais para uma entens?o alargada (...) S?o um fenómeno social recente e emergente com um propósito, local e curta dura??o, mas sem um programa real – apenas atividade”Eventos Educativos e Científicos“Frequentemente considerados um sub setor dos Eventos de Negócios, s?o contudo diferentes pelo seu ênfase na cria??o e troca de conhecimentos”Eventos Desportivos“O jogo, corrida ou competi??o regular e calendarizado (...) compeonatos e torneios calendarizados (...) Eventos multi desportivos (ex: Olímpiadas)”Eventos de Recrea??o“...s?o geralmente produzidos por parques e agências de recrea??o, organiza?es sem fins lucrativos e grupos de afinidade (como igrejas, escolas e clubes) por raz?es n?o competitivas, e têm natureza lúdica”Protesto ou Manifesta??o“Protestos s?o vistos como a forma mais eficaz de mostrar apoio e arrastar as pessoas para uma causa, ou pelo menos atrair aten??o dos que se encontram no poder”Figura 6 – Tipologias de eventos Fonte: Elabora??o própria (adaptada de Getz, 2002)Posto esta lista de tipologias de eventos, compreende-se que s?o inúmeras as atividades suportadas por estes, e que estes est?o cada vez mais presentes na atividade turística, de forma a suportá-la e a diversificá-la. Ao reportarmo-nos para a temática em estudo, o turismo, é evidente a sua forte liga??o com a atividade dos eventos, que lhes concedem uma importante dinamiza??o ao setor. Por isso a contínua referência a Getz permanece essencial, sendo ele um importante estudioso das duas áreas.No artigo “Country as a free sample: the ability of tourism events to generate repeat visits. Case study with mobile positioning data in Estonia”, da autoria de Kuusik, et al. (2014), os autores referem como ponto de partida: “Quando uma pessoa atende a um evento, também experiencia a área no qual este atua. Se esta experiência for positiva, a probabilidade de repetirem mais tarde para explorar a área mais especificamente aumenta”. Através desta afirma??o é possível perceber a import?ncia que os autores atribuem aos eventos, e é esta import?ncia que se pretende comprovar com este trabalho. Este ponto de vista p?e em evidência os eventos como sendo em parte catalisadores do turismo, capazes de providenciar a quem os visita uma pequena parte do destino de visita escolhido. Os mesmos autores defendem que os eventos podem gerar a repeti??o de visitas ao destino e de movimentar outras atividades do local, como a económica (p.263). Assim, os mesmos apontam que os benefícios da realiza??o de eventos numa comunidade estendem-se para além dos visitantes, sendo que geram importantes lucros para os seus investidores e entretenimento para os seus residentes (p.264). Hall (1989) aborda um tipo de evento bastante relacionado com turismo, os eventos Hallmark. Esta designa??o refere-se a todos os eventos de caráter turístico, que podem ser desde feiras a exposi??es, de tipo cultural ou até desportivo, que adquirem uma dimens?o internacional e podem realizar-se regularmente ou apenas uma única vez. Estes eventos surgem como uma oportunidade para o mercado turístico da regi?o na qual ocorrem. Por vezes s?o mencionados como sendo mega eventos ou eventos especiais. S?o considerados uma poderosa estratégia de marketing no destino que os acolhe, atuando tanto a nível local como internacional no combate à sazonalidade que caracteriza muitas regi?es. S?o criadores de diversos impactos, tanto a nível económico e social como cultural. Quanto maior a sua dimens?o, é claro que a economia conseguirá extrair-lhe mais benefícios e receitas. Os eventos Hallmark implicam que haja um trabalho e envolvimento conjunto entre os órg?os governamentais e a popula??o local, para que esta última consiga tirar um melhor partido das vantagens económicas e sociais da sua realiza??o, diminuindo o prejuízo de eventuais impactos que causem algum tipo de distúrbios. Estes impactos ainda n?o s?o muito conhecidos, e é necessário um estudo mais aprofundado, de forma a minimizá-los.Eventos Culturais e sua contribui??o para a imagem de um destinoAo analisar especificamente o “nicho” do turismo de eventos, Getz (2007) enfatiza a a??o dos eventos como atra??o, anima??o, objeto de marketing, e criadores de imagem.Mais profundamente, o autor chega ao turismo cultural, já que muitos dos “turistas de eventos s?o turistas culturais”. Desta forma, recorre a McKercher e du Cros e às suas quatro perspetivas que ajudam a entender de que forma se desenvolve o mecanismo que desencadeia o turismo cultural: “’tourism derived’ (uma forma de viagem de especial interesse; um produto); ‘motivational’ (o que os turistas procuram, incluindo visitas a exposi??es, monumentos e festivais); ‘experimental’ (um ênfase na aprendizagem cultural; a procura por entendimento e satisfa??o individual) and ‘operational’ (relacionado com o propósito de estudo, como examinar festivais como formas de turismo cultural). Os autores consideram ainda que existe uma categoria de turistas culturais que buscam eventos de forma intencional, tentando obter através deles uma “experiência cultural profunda” e dados os estudos sobre o assunto a previs?o é que este setor venha a conhecer um crescimento contínuo. (Getz, 2007)? importante ainda perceber os impactos que os eventos de turismo podem ter, e este é outro tema abordado por Getz (2007) O autor reconhece que os eventos s?o uma fonte de motiva??o para a prática de turismo, contudo é comedido no que toca a considerar que os eventos possam ter impacto a nível económico, já que n?o existe referências a este item em relatórios realizados. ? salientado o facto de os eventos terem impacto positivo no turismo em geral, pois s?o uma forma de entretenimento e socializa??o, mas s?o sobretudo importantes quando realizados para mercados de nicho, já que atraem público com motiva??es e inten??es específicas.Os eventos, quando aliados ao turismo, podem acrescentar um caráter diferenciador aos destinos turísticos, que os demarquem dos demais concorrentes diretos. Esta situa??o é claramente benéfica para a atividade económica do setor, pois a diferencia??o será procurada por um público que esteja a par das últimas inova??es e com maior poder de compra. Estes conceitos ser?o devidamente abordados aquando a abordagem da no??o de “experiência autêntica”. Mateus e Associados salientam a diferencia??o, tomando como referência Porter: “a diferencia??o traz uma posi??o de concorrência monopolística a um destino, oferecendo uma experiência turística que n?o é suscetível de ser oferecida noutro lugar. A oferta de uma experiência diferenciada permite atingir segmentos de mercado com maior poder aquisitivo, oferecer bens e servi?os de maior valor acrescentado e reduzir os impactos da massifica??o a que uma estratégia de lideran?a de custos tende a conduzir”.Este estudo vê ainda a cultura (e todos os projetos que lhe est?o associados, como os eventos culturais) como veículo para a internacionaliza??o de si própria e do destino em que se insere. Segundo os números avan?ados neste estudo de Mateus, que provêm de um inquérito promovido pela Comiss?o Europeia, “a cultura é relevante na decis?o do destino de férias”. Este inquérito, ao analisar os principais motivos de férias de 2012 dos 27000 europeus inquiridos, encontrou 40% atribuídos ao sol e praia, a visita a familiares e amigos com 36%, a natureza com 26% e a cultura com 22%, sendo que este último setor é mais procurado por “inquiridos do sexo feminino (23%), acima dos 55 anos (25%) e com maiores qualifica??es (25%)”. Este perfil, apesar das diferen?as, mantém-se no panorama feminino relativamente àqueles que alegam a repeti??o de visita a um destino por motivos culturais: “inquiridos do sexo feminino (27%), mais novos (29%) e com maiores qualifica??es (32%) ou a estudar (33%)”. Os principais países emissores de visitantes por motivos culturais s?o Dinamarca, Espanha, ?ustria, Finl?ndia ou Suécia. (Mateus e Associados, 2013)Mateus (2013) refere ainda, no estudo realizado, a capacidade que os eventos culturais detêm de gerar atra??o no turismo (referindo especialmente os festivais de música de ver?o em Portugal). Estes eventos, aliados ao clima e à paisagem, s?o polos de atra??o de um público jovem, porém com rendimentos reduzidos, que procuram a experiência pelo que ela é em si, com grandes probabilidades de repeti??o da mesma no futuro. Acrescenta ainda que “quando uma determinada forma musical é internacionalmente reconhecida, estes espetáculos contribuem para motivar a visita e s?o procurados pelos turistas”. Mesmo no caso de pequenos eventos focados em estilos de músicas mais tradicionais, estes podem criar um interessante e estreito la?o entre residentes locais e turistas (como é exemplo disso o fado).Em Portugal, o número de eventos culturais realizados tem vindo a aumentar nos últimos anos, principalmente os de maior impacto: “Do lado da cultura, há a destacar a Capital Europeia da Cultura (CEC) Porto 2001 e a Expo 98 em Lisboa. Foram dois eventos particularmente relevantes devido aos objetivos de regenera??o socioeconómica e de requalifica??o urbana que se sobrepuseram ao setor da cultura stricto senso. E serviram-se largamente na prossecu??o de uma estratégia concertada de promo??o de uma imagem cosmopolita para o exterior” (Ramalho, 2013, p.61). Sobre o Porto como Capital Europeia da Cultura há ainda a referir: “um grande evento cultural que incluiu um extenso projeto de requalifica??o urbana e ambiental da cidade e a constru??o e renova??o de múltiplas infraestruturas culturais, na tentativa e corresponder ao slogan e lan?ar ‘pontes para o futuro’”.Já mais atualmente: “Na cultura salientemos em 2012 a Capital Europeia da Juventude (CEJ) em Braga e a CEC em Guimar?es” (Ramalho, 2013, p.61), eventos que se mostraram capazes de projetar a imagem destas cidades no exterior, principalmente pela riqueza da sua história e cultura.Ramalho (2013, p.61) exp?e ainda uma importante nota sobre a realiza??o de eventos culturais em Portugal: “a necessidade, premente em tempos de crise, de repensar os investimentos realizados na área do turismo e dos grandes eventos. Mas essa reflex?o manter-se-á dificultada enquanto for frágil a avalia??o dos impactos dos mesmos, seja na proje??o de uma imagem do país para o exterior, na atra??o de capital financeiro ou humano ou na sua voca??o mais social e estritamente cultural”, alertando assim para a necessidade de analisar a forma de como estes eventos se têm vindo a desenrolar, e qual o peso que têm tido no turismo, cultura, economia e sociedade. Festivais de MúsicaSobre a defini??o de festivais de música em concreto, Sarmento (2007) apoia-se em Abreu: “Concentram-se num espa?o de tempo curto, num local geralmente delimitado e têm uma intensa programa??o musical”.Gibson e Connell (2005) forneceram um importante contributo para a investiga??o e análise dos festivais de música, tendo como objeto de estudo eventos ocorridos na Austrália. Estes investigadores distinguem os festivais realizados direcionados quase exclusivamente para a comunidade local, e de menor dimens?o, daqueles com características mais comerciais, que envolvem atua??es ao ar livre, com maior investimento de promotores e abertos a um público mais alargado, inclusivamente turistas. Apesar de serem bastante diferentes, em ambos os casos têm influência direta no desenvolvimento local.Pegg e Patterson (2010) fazem uma análise sobre a necessidade dos eventos musicais buscarem constantemente elementos diferenciadores, pois no ponto de vista dos autores será essa a chave para lhes agregar valor e atrair um maior público. Sobre as motiva??es deste público, referem que ainda é complicado identificá-las, existindo poucos estudos sobre o efeito, a maior parte deles pautados pelas variáveis socio demográficas e pelos níveis de satisfa??o.O estudo levado a cabo por Pegg e Patterson (2010) sobre o evento Country Music Award revelou que as motiva??es dos seus visitantes se focavam principalmente no gosto pelo género musical em si, mas sobretudo no variável leque de atividades desenvolvidas no mesmo, assim como no ambiente vivido no local (“casual, relaxada, familiar atmosfera”). A hospitalidade por parte dos residentes locais foi outro dos fatores mencionados. Também Gelder e Robinson (2011) estudaram a rela??o dos eventos, nomeadamente dos festivais, com o turismo, e também estes autores consideram esta alian?a importante para canalizar uma considerável dimens?o de público, tanto local como estrangeiro. E os eventos, incluindo os festivais, têm assim conhecido uma grande expans?o nas últimas décadas, tanto na área de turismo de negócios como nas áreas de turismo de lazer, abrindo portas para serem o “centro da cultura” e uma importante fonte de receitas para as economias locais. Pegg e Patterson (2010) refor?am o papel dos eventos e festivais como catalisadores de momentos de recrea??o, que motivam o público a participar pela sua multiplicidade de atividades, tal como pelo ambiente e paisagem em que se encontram inseridos.Abreu (2004) apresenta a sua defini??o de festivais de música voltada para a sua vertente cultural e de lazer, bem como para a capacidade que estes têm de projetar um determinado local e potenciar o turismo: “...s?o eventos com uma temporalidade inversa à que observámos para as agendas regulares, iniciando uma atividade mais intensa com a Primavera e estendendo-se até aos meses de Outono. (…) O pico da ocorrência dos festivais acontece no Ver?o, nos meses de Julho e Agosto, revelando a forma como estes eventos musicais, embora orientados por objetivos artísticos, têm vindo a ser associados a estratégias políticas locais, que procuram promover atividades lúdico-culturais capazes de atrair e fixar turistas e de projetar no exterior (no ?mbito regional, nacional ou mesmo internacional) a imagem das cidades ou dos concelhos”.Os festivais de música s?o espetáculos ao ar livre, com características e condi??es específicas, que podem variar entre si, devido à dimens?o, temática e até mesmo tipo de público envolvido. Em alguns casos, podem inclusive abarcar na sua programa??o exibi??es de artes performativas.Dias (2012) indica que muitos autores dividem os festivais em: “Festivais “boutique”, que permitem uma maior proximidade entre público e festival, com capacidade máxima de até 10 mil pessoas, segundo Anderton (apud Dias, 2012), ou até 35 mil pessoas, segundo Haslam (apud Dias, 2012); Festivais de dimens?o média, com audiências entre 10 mil e 50 mil pessoas; Festivais de larga escala, com mais de 50 mil pessoas de audiência.”De destacar ainda a cria??o de espa?os com bares e restaurantes para satisfazer a generalidade do público, assim como de feiras de artesanato e de espa?os de divers?o para crian?as e adultos. Todos estes par?metros variam em caso de ser um festival mais genérico ou ent?o mais específico, devido ao seu cartaz voltada para um nicho de público especializado.Dada a sua ocorrência em espa?o aberto, normalmente é escolhida a altura do Ver?o para a realiza??o, até porque será o momento em que o clima se encontra mais propício a tal e a maioria do público se encontra com mais tempo livre para atividades de férias e lazer.Segundo o Jornal de Negócios (Ledo, 2014), a cobertura mediática dos festivais de música é cada vez maior, o que pode gerar um retorno que ronda os 18 milh?es de euros. O festival com maior cobertura é, sem dúvida, o Rock in Rio Lisboa, seguindo-se o NOS Alive e o NOS Primavera Sound. O número de notícias que antecedem cada festival ronda uma média de 400 a 800, e “Quando se analisa a cobertura mediática no mês de realiza??o do evento, esse número pode escalar para um intervalo entre 2.000 e 3.000 notícias por festival.” Festivais de Música em Portugal No que concerne aos festivais de música realizados em Portugal, e que cada vez se apresentam em maior número e com massiva participa??o do público, é importante referir o nome de ?lvaro Cov?es. Dono e fundador da Everything is New, empresa do ramo musical, é um dos grandes impulsionadores dos festivais em Portugal e da import?ncia que estes têm na promo??o externa do país, principalmente do NOS Alive, criado em 2007 e considerado um dos maiores eventos musicais urbanos do país. Destaca-se este nome pois foi capaz de reconhecer a import?ncia de captar público internacional para que um festival se expanda, tal como referiu numa entrevista à revista Vis?o em 2013: “…Investimos bastante em marketing, publicidade, redes sociais, trazer jornalistas estrangeiros. (…) Somos uma empresa de eventos, criamos conceitos, procuramos oportunidades... N?o vamos ter um franchising da marca, isso nem pensar. Mas estamos atentos às oportunidades. Hoje, em Portugal, temos um excelente know how da organiza??o de grandes eventos. E há mercados que n?o sabem fazer como nós... Por isso, é natural que surjam oportunidades. Faz todo o sentido, até pela nossa capacidade de adapta??o.” (Vis?o, 2013)?lvaro Cov?es mostra-se imperativamente um apoiante dos eventos culturais como impulsionadores de diversos setores do país, como o económico e o turístico, e para que estes se solidifiquem como dinamizadores do território, apela às autoridades governativas por maior apoio na divulga??o e promo??o: "As regi?es [de turismo] têm a obriga??o de mostrar o melhor que temos, de uma forma organizada", afirmou aos jornalistas à margem de um encontro com empresários do sector hoteleiro, em Lisboa. Para o gestor da empresa que organiza o festival NOS Alive, falta ainda coordena??o entre as diferentes identidades para que se consiga "vender" o destino Portugal de uma forma integrada. "Devíamos organizar-nos fora da política partidária", refor?ou.” (Ledo, 2014)Para que os números em termos de participantes do NOS Alive subissem, confessa que “...percebemos desde a primeira hora que para ter 50 mil pessoas por dia tínhamos que conquistar público estrangeiro porque em Portugal n?o há nesta altura grande poder de compra. A realidade é que muitos milhares de jovens em Portugal n?o têm a mínima hipótese de comprar um bilhete que custa 55 euros.” (Belanciano, 2015)Este facto comprova na prática a import?ncia da capta??o de público estrangeiro para a economia e turismo, pois a estratégia utilizada tem resultado em edi??es do festival completamente esgotadas nos últimos anos.O fundador da Everything is New considera que a rela??o entre eventos culturais e turismo é mútua: “as pessoas come?aram a valorizar a ocupa??o dos tempos livres, esse tipo de mercado é inevitável. Isso aliado às viagens de avi?o mais baratas fez com que se criasse um turismo de curta-dura??o que tradicionalmente funcionava em Paris, Roma ou Londres e que se tem deslocado. Vejo aí uma oportunidade. Porque é que as pessoas vêm a Lisboa? Para conhecer a cidade e pelos conteúdos associados. Porque vamos a Madrid? Por causa do Prado, do Rainha D. Sofia, da Arco ou do Real Madrid. Há sempre um conteúdo associado. E aqui também temos essa hipótese de criar conteúdos.” (Belanciano, 2015)Mais recentemente, já em 2016, num dos debates do Talkfest, discutiu-se a rela??o entre o turismo e os festivais de música, onde ficou assente a necessidade de criar fortes alian?as entre os dois. Duarte Cordeiro destacou os 43 milh?es de euros de receita de bilheteira conseguidos em 2014, e a import?ncia de “…demonstrar que fazemos bem e que trabalhamos em conjunto. ? preciso ser competitivo”. (Carmo, 2016)Foi destacada ainda a organiza??o do Boom Festival em Idanha-a-Nova, que detém em si 90% de público estrangeiro no total de espetadores, o que permite dar visibilidade ao interior do país.Neste debate ficou a saber-se que os números quanto a bilhetes do NOS Alive vendidos no estrangeiro têm conhecido uma significativa evolu??o, e passaram dos 15.000 bilhetes 2015 para os 18.000 bilhetes de 2016 (números relativos a Mar?o de 2016, sendo que o festival apenas se realizaria no mês de Julho deste ano), com incidência no público do “…Reino Unido, em Espanha e em Fran?a.”O diretor-geral das Artes conclui o debate alertando: “… falta a cria??o de uma estratégia”, que evidencie o “potencial turístico” dos festivais de música. (Lusa, 2016)No??o de “experiência autêntica”Falar do conceito de experiência é algo inerente à área dos eventos, e este é também tomado em considera??o por Getz (2005). Para ele, aqui contribuem as dimens?es cognitiva (perce??o, memória, compreens?o) e afetiva (sentimentos, emo??es, preferências e valores. Referindo-se à experiência de lazer, a mais pertinente para este trabalho, cita Mannell e Kleiber, que refletem sobre o sentido de liberdade de escolha, a intensidade e dura??o da experiência, assim como as emo??es, sentimentos e envolvimento.Sobre a experiência turística propriamente dita, cita Ooi que sugere que esta é “enriquecida ou moldada por mediadores”, sendo eles os próprios guias ou a informa??o que é disponibilizada ao turista. Há ainda uma referência a Pine e Gilmore, que em The Experience Economy eferem que a concretiza??o de uma experiência depende do tipo de intera??o que o turista desenvolve com o “produto” ou objeto de consumo em causa (p.175).No que concerne à experiência desenvolvida nos eventos, Getz recorre à obra Experience Marketing: Strategies for the New Millenium, de O’Sullivan e Spangler Para os autores, a experiência envolve cinco par?metros: Etapas: Eventos ou sentimento que ocorre antes, durante e depois.A experiência real: Fatores ou variáveis que influenciam a participa??o e forma exteriores.Necessidades a ter em conta. Papéis do participante e de outras pessoas envolvidas (personalidade, expetativas, comportamento).Rela??o com quem providencia a experiência (capacidade e vontade para organizar a experiência, controlá-la).Figura 7 – Par?metros da experiência no turismo (Elabora??o própria)Ao analisar estes princípios, denota-se que a experiência em eventos n?o depende apenas daquele que a vivencia, já que este é influenciado pelo meio envolvente e por quem a proporciona ou realiza. Cunha (2011) faz referência a MacCannell, e esta referência é essencial na medida em que este último é responsável por introduzir o conceito de autenticidade no turismo, pois a seu ver a “consciência turística é motivada pelo desejo de viver experiências autênticas embora frequentemente seja muito difícil saber com seguran?a se a experiência é, de facto, autêntica”.A autenticidade, ainda mais quando aplicada ao turismo, é um conceito t?o subjetivo e abstrato, que se torna difícil obter uma concord?ncia sobre a mesma. Existem inúmeras variáveis das quais depende: decis?es dos visitantes, opini?es sobre os destinos e a sua oferta turística, níveis de inova??o, etc.Cunha faz também referência a Wang para obter uma classifica??o sobre a autenticidade, através da qual é ainda mais evidenciado o caráter subjetivo do conceito, fortemente ligado a par?metros culturais e sociais. Este segundo autor dividiu-a em objetiva, construtiva e existencial: “A autenticidade objetivista refere-se à autenticidade dos originais (objetos expostos nos museus, monumentos) e, neste caso, as experiências autênticas s?o causadas pelo reconhecimento dos objetos visitados como autênticos mas, mesmo que o n?o sejam, os turistas podem ter experiências autênticas quando lhes s?o apresentados como tais. A autenticidade construtivista significa o resultado de uma constru??o social (…) As coisas surgem como autênticas n?o porque inerentemente o sejam mas porque s?o construídas como tais em termos de pontos de vista, cren?as, perspetivas ou poderes. (…) Neste sentido o que o turista procura é uma autenticidade simbólica. A autenticidade existencial envolve os sentimentos pessoais ativados pelas atividades turísticas. Nas experiências turísticas as pessoas sentem que elas próprias s?o muito mais autênticas e livres do que no dia-a-dia das suas vidas, n?o porque descobrem objetos autênticos mas por que est?o ocupadas em atividades livres dos constrangimentos diários.” Por fim, Gomes (2012, p.45) alerta para o seguinte facto: “O turismo é uma atividade que, segundo alguns estudiosos, constitui uma amea?a ao estado natural das coisas, à sua autenticidade. A maioria dos autores apresenta o turismo de massas e a mercantiliza??o das atra??es como amea?as para a singularidade e autenticidade do património e da cultura.” Isto representa a necessidade de constantemente preservar os objetos ou atividades designados como autênticos.Turismo Cultural O turismo cultural é uma das vertentes que mais se tem desenvolvido na área turística, tanto pelo vasto número de pontos de interesse em todo o Mundo, como pelo aumento da sua procura nos últimos anos. Richards (1996) indica que “N?o só as atra??es culturais como museus e monumentos constituem o maior setor do mercado de atra??es da Europa, mas também têm vindo de forma ascendente a ser colocadas no centro do desenvolvimento urbano e rural através de estratégias e programas de valoriza??o da imagem dos locais”, sendo assim possível reconhecer a import?ncia que o turismo cultural tem na Europa, sendo a atividade turística que provavelmente se mostra com maior expans?o em todas as áreas do território europeu. Segundo o relatório City Tourism & Culture (ETC/UNTWTO/ECT, 2005, 2007), citado por Moreira e Henriques (Moreira e Henriques, 2007, p.134), o turismo cultural informa??o e experiências para satisfazer as suas necessidades culturais”.define-se como o “movimento de pessoas para atra??es culturais fora do seu local normal de residência, com a inten??o de obter mais Estas “atra??es culturais” referidas pelas autoras fazem parte da identidade de cada cidade ou regi?o, s?o o seu património. E assim prosseguem afirmando e import?ncia do património para a cultura: “O património como história, ou ‘história materializada’ (Hernandez e Tresseras, 2001:14), perceciona-se enquanto ‘coisa de valor’ (valor patrimonial, económico, simbólico, semiológico), a qual contribui ‘para Moreia e Henriques, 2007, p.135).Carvalho (2011, p. 6), em “Os eventos culturais e criativos poder?o ou n?o contribuir para uma imagem diferenciadora do destino turístico maduro?” destaca que “A discuss?o à volta do turismo cultural engloba áreas distintas de estudo como os efeitos do turismo na comunidade local, a apropria??o do património pelo turismo, a rela??o dos gestores do património e os profissionais de turismo, a autenticidade de certos eventos culturais, a cultura material e imaterial entre outras”, baseando-se nos trabalhos de McKercher e du Cros e de Smith e Forest. Este argumento vem frisar novamente a multidisciplinariedade do turismo, em qualquer que seja a sua vertente - neste caso, o turismo cultural - , e a necessidade colaborar em conjunto com todos os intervenientes para obter uma coerência capaz de tornar este conceito um pouco mais sólido.Silderberg (1994) define turismo cultural “como visitas de pessoas do exterior da comunidade local motivadas por inteiro ou em parte pelo interesse histórico, artístico, científico ou patrimonial de uma comunidade, regi?o, grupo ou institui??o”, e refere ainda que o produto cultural se refere a “institui??es, oportunidades patrimoniais e a eventos” (p.2). Assim sendo, percebe-se que o turismo cultural está ligado a todas as desloca??es realizadas com o intuito de conhecer/visitar monumentos, tradi??es e todo o património cultural de uma dada regi?o.Por sua parte, Richards (2001, p. 5) refere que o turismo cultural “n?o se baseia apenas em visitar locais e monumentos, o que está associado à tradicional vis?o sobre o turismo cultural, mas também envolve o consumo do estilo de vida da área visitada. Ambas as atividades envolvem a cole??o de novos conhecimentos e experiências. O turismo cultural agrega n?o só o consumo cultural de produtos do passado, mas também uma cultura contempor?nea ou o estilo de vida da popula??o ou de uma regi?o”. Esta vis?o de turismo cultural mostra-se mais din?mica que a de Silderberg, já que pressup?e a participa??o ativa do visitante no conhecimento e assimila??o da cultura da regi?o em causaSilderberg categoriza o mercado do turismo cultural segundo a motiva??o do turista, e este pode sentir-se “greatly motivated” quando viaja com o interesse específico pela cultural. Existem aqueles que se sentem “in part” motivados pela procura por cultura, já que evidenciam outros propósitos para além deste, aqueles para os quais o turismo cultural “is an ‘adjunct’”, ou seja é um complemento a outras principais motiva??es de viagem, e outros ainda que o autor refere como “accidental cultural tourist”, aqueles que por casualidade participam em qualquer experiência cultural. (1994, p. 4, 5)? importante, para além do mercado do turismo cultural, ter em conta qual o perfil do turista em si, para conseguir corresponder às suas expectativas quanto ao destino escolhido. Sobre isso, Silderberg aponta algumas características gerais, que o próprio constatou nos mercados do Canadá e dos EUA (1994, p. 6, 7):“Ganha mais dinheiro e gasta mais dinheiro durante as férias;Passa mais tempo num local durante as férias;Tem maior probabilidade de se alojar em hóteis e móteis;Tem grande probabilidade de fazer compras;Possui mais habilita??es académicas que o público geral;Inclui mais mulheres que homens;Tem tendência a abranger faixas etárias mais velhas”.Estas características evidenciam que o turista cultural é no geral mais exigente, devido ao seu mais alto nível de conhecimento e de poder de compra, e é capaz de investir mais capital em produtos culturais.Devido a esta exigência, deve considerar-se que o turista busca muito mais para além do património edificado. Carvalho (2011, p. 10) cita Palma: “O turismo cultural deve ser n?o apenas a explora??o e valoriza??o da cultura da “pedra” como edifícios, sítios e monumentos históricos mas também produtos e servi?os que incluam a gastronomia, folclore, atra??es populares, artesanato, etc.”Carvalho (2011, p. 11) adotou o modelo apresentado por Ignarra de forma a agrupar os tipos e subtipos de atra??es culturais existentes, a evidenciar que realmente estas n?o se baseiam apenas em monumentos e museus, podendo abarcar tipos t?o diferentes desde edifícios até congressos, feiras ou eventos. Estes ser?o apresentados no quadro seguinte.TiposSubtiposMonumentosArquitetura civil, Religiosa/Funerária, Industrial, Militar, Ruínas, Esculturas, PinturasSítiosSítios históricos, arqueológicos e científicosInstitui??es e Estabelecimentos de pesquisa e lazerMuseus, bibliotecas, Institutos históricos e geográficos, Centros de Ciência Viva, Planetários e OceanáriosTradi??es e Manifesta??es CulturaisFestas, Comemora??es, Atividades Religiosas, Culturais, Populares e Folclóricas, Comemora??es Cívicas, Gastronomia típica, Feiras e MercadosRealiza??es técnicas e Científicas Contempor?neasBarragens, Jardins Zoológicos, Edifícios para Arqueologia IndustrialAcontecimentos Programados (Eventos)Congressos e Conven??es, Feiras, Certames, Eventos Desportivos, Artísticos, Culturais, Sociais, Religiosos, Gastronómicos, MusicaisFigura 8 – Tipos e subtipos de atra??es culturais Fonte: Carvalho (2011)Quanto à procura por atra??es culturais, que tem vindo a crescer ao longo dos tempos, Richards (2001, p. 6) afirma que n?o há liga??o direta entre esta crescente procura e o facto das pessoas em geral se mostrarem mais interessadas em cultura. Para o autor, o que acontece é que, com o aumento do número de viagens em termos globais, isto tem como consequência um maior número de visitantes nos locais de atra??o cultural. Fundamentalmente, o aumento do turismo global tem um peso significativo no aumento do turismo cultural.Outro fator interessante levantado por Richards (2001), é que o aumento do número de visitas às atra??es culturais deve-se ao maior número de atra??es culturais existentes atualmente. O autor cita a Comiss?o Europeia para apoiar este facto (1998, p.8): “A procura por cultura é distribuída dentro dos Estados membros e de um estado membro para o outro. ? concentrada maioritariamente em áreas urbanas e cidades capital.” Existe de facto uma crescente competitividade entre as cidades europeias, que encaram as atra??es culturais como fontes de investimento e obten??o de receitas e desenvolvimento urbano e turístico.E n?o é apenas o número de atra??es culturais que tem aumentado, mas também a sua variedade, fazendo com que os seus visitantes possam disfrutar de experiências artísticas dos mais diversos géneros (Hall, 2001. p.16).O apoio da World Tourism Organisation e da UNESCO tem sido preponderante para o turismo cultural, já que estas organiza??es o têm considerado como “good tourism”, por estimular o orgulho nas tradi??es das comunidades e ser um fator de moderniza??o das mesmas (Hall, 2001, p.18).Para além disso, ao citar Picard, Hall frisa a a??o do turismo cultural como fator de uni?o entre o espa?o interior e o exterior, e de preserva??o e desenvolvimento das comunidades: “A doutrina de turismo cultural funciona resolvendo a fundamental oposi??o entre “exterior” e “interior”, e entre valores culturais e valores económicos. Ao qualificar turismo como cultural, este é revestido com atributos culturais, negando a amea?a de destrui??o e legitimando o seu desenvolvimento.” (apud Hall, 2001)Apesar de todos os fatores favoráveis que o turismo cultural proporciona, e que foram apresentados, existem alguns aspetos que se podem tornar desagradáveis e que merecem aten??o. Gon?alves (2016), no seu trabalho “Como podem os equipamentos culturais tornar-se importantes atra??es turísticas regionais?”, aponta: “As comunidades desejam desenvolver o turismo, mas também proteger a sua privacidade, e preocupam-se com os efeitos que o turismo pode trazer, pelo que apontam como fundamental que se: estabele?am as necessidades, os interesses e as aspira??es da comunidade local na fase de pré planeamento; tenham em considera??o as sensibilidades culturais ou religiosas associadas ao uso e apresenta??o do local patrimonial; identifiquem e consultem os líderes da comunidade local; apresente a perspetivada comunidade local; analisem formas da popula??o local ter um papel ativo na gest?o e opera??o da atra??o turística (“os amigos do património; a??es de voluntariado; “story telling”; visitas guiadas; entre outros); procurem maximizar os benefícios para a comunidade local e reduzir ou evitar os impactes negativos (AHC, 2004)”. Acima de tudo, é importante assegurar que o bem estar da comunidade em quest?o se encontra protegido e devidamente estabelecido, de forma a conseguir tirar um melhor proveito da partilha efetuada com o turista que a procura.Política Cultural e EventosAzevedo (2003) aponta para a forma de planeamento da cultura, de integrar a política no seu campo de desenvolvimento, para assim perceber a sua estratégia de atua??o, principalmente no que concerne a modelos de projeto e financiamento: “A política cultural autárquica, de cariz público, define-se por um conjunto de princípios e de objetivos estruturantes, de prioridades e de critérios de atua??o, quer quanto à natureza e às modalidades dos projetos, quer quanto aos modos de financiamento, quer ainda quanto à natureza da rela??o a estabelecer com os diversos atores do campo cultural. Exige sistematicidade e coerência; planifica??o, concerta??o e parcerias entre os atores diretamente envolvidos, sejam os políticos e os culturais, seja a própria sociedade civil. Exige diagnósticos de situa??es sociais e culturais e de públicos. Exige avalia??o de atividades e de resultados.” Em rela??o à ?rea Metropolitana do Porto, a aten??o prestada à cultura por parte das autarquias tem conhecido um caminho ascendente : “O aumento progressivo dos investimentos financeiros e logísticos na área da cultura tem sido uma outra componente mais ou menos comum à atua??o política autárquica. As parcelas do or?amento global das autarquias previstas para a área da cultura cresceram nos últimos anos.” (Azevedo, 2003, p. 206).Para isso, é necessário um trabalho conjunto e coerente entre autarquias, para que se crie uma rede de infraestruturas culturais harmoniosa: “ (…) parece-nos fazer todo o sentido que ao pensar-se culturalmente o concelho se tenha em aten??o, entre muitos outros aspetos, a coerência do espa?o metropolitano ao nível dos equipamentos culturais em rede; a concerta??o das políticas culturais e a organiza??o sistémica dos equipamentos, de modo a produzir efeitos de escala que potenciem novos públicos e novas din?micas culturais; e, por fim, a constru??o de um projeto cultural metropolitano. (…) A diversidade das din?micas culturais decorre também de um esfor?o metropolitano de coordena??o e de coopera??o políticas.”. (Azevedo, 2003, p. 209).Também Getz (2007) aborda as políticas culturais. O autor apresenta um quadro que reflete alguma import?ncia para este trabalho, pois faz bastantes referências aos eventos culturais como catalisadores deste tipo de turismo, e que será apresentado de seguida.Possíveis objetivosIniciativas Políticas relacionadasMedidas de atua??oAnima??o e desenvolvimento cultural através de investimento em eventos Eventos potenciadores para o desenvolvimento geral e tradicional da culturaUtiliza??o dos eventos para maximizar a eficiência localEventos turísticos de anima??o sustentáveis Integra??o dos eventos nas políticas culturais e estratégias de desenvolvimento das artes Desenvolvimento de um evento específico programadoDesenvolvimento de temáticas culturais e programa??o para todos os eventos Avalia??o da eficiência geral do desenvolvimento das artes e cultura na comunidade Desenvolvimento e aplica??o de medidas específicas relativas ao sucesso dos eventos culturais e aos seus benefíciosFigura 9 – Políticas Culturais Fonte: Getz (2007, p. 337)Com este quadro, o autor apresenta a sua posi??o de apoio à realiza??o de políticas culturais, que fomentem a realiza??o de eventos e a cria??o de uma programa??o cultural para as comunidades, com vista à preserva??o das tradi??es próprias de cada uma.Turismo CriativoGomes (2012, p. 37) exibe um quadro ilustrativo de como ocorreu o surgimento do turismo criativo, e que será apresentado de seguida: Figura 10 – Surgimento do turismo criativo Fonte: Gomes (2012).Gomes (2012, p. 38) explica esta nova tendência de turismo, com fortes liga??es ao turismo cultural, contudo já contendo uma vis?o mais din?mica da participa??o do turista, aproximando-o da experiência e fazendo com que este seja parte dela: “Com uma índole mais ativa que passiva, este tipo de turismo privilegia a aprendizagem ao invés da mera observa??o. (…) o mesmo consiste em oferecer aos turistas uma oportunidade de desenvolvimento do seu potencial criativo perante a participa??o ativa nas experiências de aprendizagem que caracterizam o destino para onde se deslocam. O turismo criativo tem a capacidade de real?ar o conhecimento específico e as tradi??es locais das áreas visitadas em diversas áreas como as artes e objetos artesanais, o desenho, a gastronomia (comida e vinhos), a saúde, os idiomas, a espiritualidade, a natureza e paisagem e os desportos e passatempos.”Em suma, a criatividade surge no seguimento do desenvolvimento do turismo cultural, de forma a dar-lhe um novo impulso e como resposta às demandas de um público cada vez mais informado e exigente.Tipologia das experiências do turismo criativoMoreira e Henriques (2007, p.138) abordam o conceito de autenticidade no contexto da experiência turística, nomeadamente da experiência cultural e criativa. Para isso, fazem referência a alguns autores: “Breman (1970) sugere que as experiências turísticas autênticas est?o associadas à identidade, autonomia, individualidade, desenvolvimento pessoal, auto-realiza??o e auto-desenvolvimento (…). Ryan (2000) diz-nos que as experiências turísticas s?o individualizadas enquanto Arsenault (2003) refere que s?o inerentemente pessoais. McIntosh e Prentice (1999) acreditam que os turistas podem experienciar a cria??o e reafirma??o da identidade através de incurs?es em culturas diferentes para entender o seu próprio lugar no tempo e espa?o. Essas descri??es capturam a dimens?o da identidade pessoal da autenticidade que carateriza o trabalho de Heidegger (Steiner e Reisinger, 2005: 330). Cada indivíduo tem uma perspetiva única da sua vis?o individual do mundo e as possibilidades únicas que fluem dessa perspetiva est?o na base da autenticidade”.Através destas diferentes perspetivas é possível perceber que alguns autores defendem que a autenticidade da experiência turística é algo completamente individual, enquanto outros apoiam a teoria de que a cultura e comunidade na qual se vivencia a dita experiência influencia-a de certa forma. Esta parece ser uma vis?o mais realista da experiência, já que por muito que esta seja individual e cada um retire dela uma vis?o pessoal, o ambiente envolvente (local, comunidade e cultura) é o seu contexto e n?o deve ser posto de parte nesta constru??o.O turismo criativo, por si só, apela ao lado mais sensorial de quem nele participa, e a melhor forma de responder a este apelo é a realiza??o de eventos/atividades capazes de criar estímulo no participante, e corresponder às suas expetativas de uma experiência realmente significante.Bases da atividadeTipos de experiênciaAprenderWorkshops, ateliês, mini cursos, oficinasProvarExperiências, ateliês abertosObservarItinerários, rotas, circuitosComprarGalerias e LojasFigura 11 – Bases de atividade e tipos de experiência Fonte: Carvalho 2011, p.29Perfil do turista criativoEste quadro apresentado por Carvalho (2011), adaptado de vários autores, merece aten??o, sobretudo na compara??o do quadro já apresentado neste trabalho com as características mais evidentes do perfil do turista cultural.Turista CriativoS?o instruídosRendimento acima da média, Classe MédiaS?o impacientes (precisa de respostas rápidas aos seus requerimentos de informa??o ou de presta??o de servi?os), exigem qualidadeQuerem experienciar (além de querer aprender e aumentar o seu conhecimentos pessoal, o turista fá-lo de forma ativa participando em workshops, ateliês, etc.)S?o fortemente motivados pela vontade em participar ativamente na cultura, caraterística do destino de escolhaPoder?o estar afetos ao setor da Cultura, Artes, Ciência, Engenharia, Educa??o, Programa??o, Informática, Investiga??o, Artes, Design e os Media.Procuram contextos diferentes de forma a experiencia-los ativamente a fim de aumentar a sua autorrealiza??oPossuem valores culturais (tangíveis e intangíveis, busca experiências únicas, muitas vezes baseadas em elementos intangíveis)Figura 12 – Turista criativo Adaptado de: Carvalho, 2011, p. 31.? possível, através deste quadro, perceber que há uma passagem do perfil de turista cultural, que quer conhecer e estar informado, para o perfil do turista criativo, que quer ir mais além do conhecimento, que quer experienciar e participar em todas as etapas do conhecimento cultural. Apesar disso, o perfil de turista criativo mantém um estatuto económico social elevado, com conhecimentos vastos em diversas áreas, e com uma gosto especial por tudo o que tenha a ver com o processo cultural.Rela??o entre Turismo Cultural e Turismo CriativoA criatividade tem sido um setor que tem suscitado bastante aten??o por parte dos investigadores, pois cada vez mais se recorre à inova??o e imagina??o para se corresponder às novas exigências do mercado turístico (Carvalho, 2011, p. 18). Sobre a criatividade, é obrigatória a referência a Richard Florida, que refere que esta “nos coloca perante uma nova classe socioeconómica, identificada como o fator-chave do desenvolvimento económico das cidades pós-industriais no Estados Unidos (apud Carvalho, 2011). Florida destacou ainda três fatores essenciais associados a esta classe criativa – os três T’s – Talento, Toler?ncia e Tecnologia (Carvalho, 2011, p. 19): “A valoriza??o da diversidade social e cultural, sustentada numa atitude de toler?ncia, determina essa capacidade de atra??o de talento e empreendedorismo de uma cidade criativa”.O estímulo ao uso da criatividade torna-se bastante importante na medida em que é capaz de transformar qualquer experiência, neste caso a experiência turística, em algo único para cada indivíduo, já que exige da capacidade de cria??o e de originalidade dele mesmo, e também do espa?o que visita e que o envolve: “A literatura sobre a criatividade revela uma liga??o entre criatividade e espa?o urbano porque: a ideia de diversidade como recurso importante para a criatividade refor?ou os elos entre a criatividade e as grandes cidades; muitos estudos incidem sobre aspetos da criatividade em ambientes urbanos; a tendência para a necessidade de grandes audiências tendem a favorecer a localiza??o urbana da criatividade; as cidades s?o sítios estratégicos para a pesquisa porque concentram fluxos globais de capital, informa??o, imagens e pessoas” (Carvalho, 2011, p.63). Aqui é evidente o papel das cidades criativas, que tanto est?o em voga, como impulsionadoras da envolvência da cultura e criatividade com o público.Carvalho (2011, p. 20) refere-se às cidades criativas como “o local din?mico de experimenta??o e inova??o, onde as ideias florescem. Pessoas de todas as origens juntam-se para transformar as suas comunidades em locais para viver, trabalhar, aprender e interagir melhor”. Este é portanto um conceito bastante pertinente para o turismo, pois a criatividade, aliada às cidades, é capaz de reinventar a vis?o que se detém de um destino ou de um espa?o, tornando-o mais aliciante à participa??o do turista no mesmo.Tal como é referido por Carvalho (2011, p. 24), o turismo criativo foi concetualizado primeiramente por Richards e Raymond, “como sendo o ‘(…) turismo que oferece aos visitantes a oportunidade de desenvolverem o seu potencial criativo através da participa??o ativa em cursos e experiências de aprendizagem sendo estas caraterísticas do destino de férias onde s?o realizadas”.Carvalho (2011, p.26) dá ênfase à “economia de experiência, à “mudan?a da produ??o de bens e servi?os para a produ??o de experiências onde o turista tem papel ativo na produ??o de experiência”. Há portanto aqui uma transi??o entre o “assistir” à experiência e o “ser parte” da experiência, que faz com que o significado para o turista seja muito mais valoroso e fa?a parte da sua memória futura.Mudan?as Políticas: da Cultura à CriatividadeAssociadas ao uso da criatividade e da inova??o, s?o necessárias algumas mudan?as nas políticas culturais. Estas potenciais mudan?as foram também analisadas por Carvalho (2011, p. 20) no seguinte quadro.Políticas Culturais TradicionaisNovas Políticas CulturaisApoio à cria??o de infra-estruturas físicasApoio às empresas culturais e criativas, articulando subsídios e incentivos de co-financiamento (setores público e privado)Subsidia??o da produ??o artísticaPromo??o da igualdade de oportunidadesEstímulo à utiliza??o da cultura como elemento de identidade regional e fator de diferencia??o de base regional (produto-regi?o)Figura 13 – Políticas Culturais tradicionais e Novas Políticas Culturais Fonte: Carvalho, 2011Neste quadro torna-se evidente que esta passagem da políticas tradicionais para as novas políticas, ao ser adaptada à realidade, tem em conta o incentivo ao desenvolvimento empresarial, e passa de uma valoriza??o unicamente do espa?o físico e produ??o para a valoriza??o do que é autêntico e distintivo de uma regi?o culturalmente.Moreira e Henriques (2007) referem-se ao documento da European Travel Comission (ETC) para abordar a crescente import?ncia da criatividade no turismo, principalmente no turismo cultural “à medida que as pessoas viajam mais, também se v?o tornando cada vez mais conscientes da cultura e meio-ambiente associados aos lugares para onde viajam, e aí também refletem cada vez mais a sua própria experiência e estilos de vida”.Além disso, as investigadoras refletem sobre a necessidade de implementar políticas que regulem o funcionamento das atividades turísticas, e que sejam capazes de gerar movimentos culturais que dinamizem um certo destino: “O desenvolvimento deste tipo de turismo tem requerido o fortalecimento da rela??o entre a política de turismo e a política cultural, a qual assenta de forma crescente na forma??o, conserva??o do património, cria??o de novos projetos, dissemina??o das artes e cultura, assim como na dinamiza??o do papel dos artistas (locais) e do setor criativo, aos quais se atribui a capacidade de estimular uma nova vida cultural, produzindo novos símbolos e novas perspetivas da realidade indutoras de transforma??es. Ao setor público e/ou indústria cultural caberá, pela for?a e poder daquilo que aparece, “integrar” estas novas tendências culturais e estruturar produtos turísticos heterogéneos e diversificados”.Turismo MusicalNuma perspetiva global da música, Gibson e Connell (2005) exploram o conceito de “World music”: “...como uma categoria discursiva através de constru??es de geografia e diferen?a cultural, mas também através de uma série de tendências sociais e económicas: migra??o, esporádicas desloca??es de pessoas, e produ??o internacional e comercializa??o de música por empresas de entretenimento, que est?o cada vez mais dependentes de tecnologias de comunica??es transnacionais e flexível e reflexiva modos de acumula??o”. Os autores vêm assim a música como um fenómeno global afetado pelas trocas de um mundo em que a comunica??o é cada vez mais célere e mais variada. Nesse processo de muito têm valido as redes sociais, capazes de propagar a música um pouco por todo o mundo.Acrescentam ainda: “A música tem sido sempre uma express?o cultural móvel e neste sentido as redes de world music têm provavelmente sido sempre "globais", de uma forma ou de outra, quer através da propaga??o transnacional de instrumentos, escalas e estilos através de rotas comerciais ou impostas através de coloniza??o” (Gibson e Connell, 2005). Assim sendo, consideram que esta partilha global da música n?o será recente, referindo o período de “coloniza??o”. O que tem sucedido será uma intensifica??o desta comunica??o e transa??o.Encarando o turismo como um veículo de troca de valores culturais, incluindo neles os musicais, haverá rela??es entre estas duas atividades. Revilla Pacheco e Ramírez Fernández (2015) citam Gibson e Connell para referir esta liga??o: “… o turismo relacionado com a música está dirigido a um nicho de mercado, composto por turistas mais exigentes e experientes, que procuram produtos culturais que satisfa?am os seus interesses e necessidades individuais, já que o turismo de massas n?o é capaz de os satisfazer. Este turismo de nicho procura qualidade, novidade, autenticidade e experiências mais significativas que as do turismo de massas”. Os autores defendem ent?o que esta rela??o entre o turismo e a música, resultando num nicho de turismo musical, é procurado por um público que se demarca pela exigência e busca por experiências diferenciadoras, possivelmente pioneiras, que assim completem as suas necessidades culturais mais apuradas. As autoras mencionadas referem o Gran Tour como impulsionador dos primeiros movimentos de turismo musical, realizados pela elite da sociedade para assistir a espetáculos de música clássica. Os mesmos afirmam que esta atividade conheceu verdadeiro crescimento a partir de 1970, com melhorias a nível económico, social e laboral das popula??es. Quanto à atualidade, os autores vêm os festivais musicais como potencializadores de turismo musical em destinos turísticos, principalmente naqueles que já têm um grau de bastante maturidade na atividade turística. (cf Revilla Pacheco e Ramírez Fernández, 2015)Chierichetti (2012) define a música como sendo a parte do património cultural que mais motiva??es turísticas causa. Estas movimenta??es s?o geradas por um tipo de “turista de elevado nível social e cultural, sensível ao património que contempla e altamente predisposto a deixar uma elevada quantia de dinheiro nos locais que visita. A autora refere ainda que esta é uma das formas de consumo cultural mais vulgares das sociedades avan?adas, sendo bastante curta na sua dura??o (“short break”). “As raz?es mais significativas para assistir e voltar a um festival podem sintetizar-se nas emo??es vividas, o hedonismo – um benefício que coincide com o prazer e a alegria, que s?o elementos fundamentais num evento intangível, experiencial e carregado emocionalmente – e a identifica??o social, entendida como o nível em que o consumidor identifica um sentimento de conex?o com outros consumidores, e o significado emocional desta perce??o no contexto de um festival” (Chierichetti, 2012). Através desta afirma??o é possível estabelecer uma liga??o com o conceito de “experiência autêntica” referido anteriormente. O turista que busca uma experiência musical parece buscar igualmente algo que se demarque do que viveu até ao momento, algo único que o fa?a sentir emo??es e liga??es a um determinado contexto.Também Dias (2012) atribui à música um papel essencial na sociedade, e ainda na economia: “A música é algo importante na nossa vida, sendo transversal a toda a popula??o, pelo que n?o é de espantar que seja um importante sector de atividade, gerador de milh?es de euros anuais e um forte empregador”. Por seu lugar, dá ênfase às “novas tecnologias” e à “democratiza??o” que estas geraram no setor, através da simples acessibilidade. Recorre a Horner & Swarbrooke para salientar que o consumidor n?o se fica pela audi??o de música, procurando cada vez mais concertos e festivais. Por isso o setor tem de música ao vivo tem vindo a crescer exponencialmente, aumentando a frequência de espetáculos em Portugal, e consequentemente as receitas geradas por estes.Dias (2012) destaca, tal como Chierichetti (2012), a procura de autenticidade por parte do público que atende a estes eventos: “Daí o sucesso que estes têm tido: a atua??o explosiva de certa banda dá nome ao festival, atraindo mais pessoas à procura de momentos únicos”. Apesar do desenvolvimento que a rela??o entre a música e o turismo tem conhecido, principalmente nos últimos anos, Dias (2012) apresenta o lamento da UK Music, representante do setor musical no Reino Unido, quanto ao facto do turismo musical n?o ser reconhecido como um setor definido: “Ao contrário de outros nichos turísticos, é difícil obter uma defini??o universal de music tourist, na medida em que o music tourism é já de si um nicho. N?o existe um music tourist típico.” Como possível solu??o para esta indefini??o, cita Gibson e Connell, que alegam que o music tourism agrega um “cluster de possíveis turistas, actividades, locais, atrac??es, trabalhadores e eventos que utilizam recursos musicais para fins turísticos”.Ainda assim, Dias (2012) apresenta uma proposta bastante interessante, que identifica este music tourism com o tipo de turismo city-break, ou seja, “uma viagem turística cujo principal motivo é conhecer uma cidade e as suas principais atra??es (monumentos, património cultural, gastronomia e outros)”, atra??es essas que podem muito bem ser eventos musicais. De forma a dar corpo ao conceito de music tourism, o autor acrescenta que dentro dele se pode “sub categorizar o que alguns apelidam de festival tourism, isto é, a desloca??o turística cuja principal motiva??o é participar num festival de música, no país de origem ou no estrangeiro”.Este music tourism, está, obviamente, intrinsecamente ligado à realiza??o de festivais ou eventos musicais. Maciel (2011) reflete sobre estes recorrendo a um estudo realizado nos EUA sobre festivais ao ar livre, que caracteriza os locais onde estes se realizam como sendo “ambientes naturais e arquitetónicos únicos”, constituído por uma envolvente “informal” e um programa de atividades bastante heterogéneo e interativo. Implicam a participa??o da comunidade local, de órg?os governamentais e de investidores privados, que reconhecem aqui uma oportunidade de apoio à cultura e de expans?o económica.Impacto da internacionaliza??o das cidades no turismoNum mundo em que existe cada vez mais competitividade entre destinos turísticos, causado pelo aumento do fluxo turístico, mostra-se necessária uma aposta forte na internacionaliza??o destes destinos.Bessa et al. refletem sobre a a??o para o desenvolvimento internacional, recorrendo a Carreras: “A possibilidade de atrair o turismo de negócios, de eventos e cultural, como forma de desenvolvimento económico, tem levado determinadas localidades a adotar uma variada gama de políticas, a??es e estratégias. (…) ‘As cidades investem crescentemente na fixa??o de uma imagem competitiva no mercado internacional com o fim de atrair todo tipo de investimentos produtivos, imobiliários, turísticos ou de qualquer tipo’” (apud Bessa et al. 2007, p.1).Inicia-se assim um processo de competitividade que principalmente a nível das atividades económicas, e que se mostra bastante pertinente para este trabalho, na medida em que o turismo tem uma forte participa??o neste processo: “…ao conhecer as estratégias e as a??es adotadas pelas destina??es com potencial no setor de servi?os e/ou paisagístico, outras localidades tendam a iniciar um processo de competi??o em rela??o à atividade turística mundial” (Bessa et al., 2007, p. 2).Os autores d?o o exemplo de cidades como “Barcelona, Paris, Londres, Berlim, Bilbao e Xangai” que utilizaram a realiza??o de um grande evento internacional (neste caso, os Jogos Olímpicos) “para realizar um amplo projeto de transforma??o urbana (…) como estratégia de desenvolvimento turístico” (Bessa et al., 2007, p.3).Este processo de competitividade e internacionaliza??o das cidades tem levado a mudan?as significativas no desenho e din?mica das mesmas: “O processo de competi??o entre as cidades, com vistas à internacionaliza??o, tem levado ao emprego de estratégias de interven??es sobre a paisagem para aumentar o potencial competitivo das localidades no sentido de responder às demandas globais e atrair recursos humanos e financeiros internacionais. As modifica??es processadas na paisagem urbana contribuem para alterar a imagem das cidades, principalmente naquelas possuidoras de atrativos culturais expressivos, seja por interven??es no património, seja pela revitaliza??o de áreas degradadas ou abandonadas ou até mesmo pela inser??o de novos artefactos culturais e grandes equipamentos”. (Bessa et al., 2007, p.4).De forma a auxiliar os destinos neste processo de competitividade, surge o marketing urbano: “No marketing turístico urbano, antes de divulgar uma imagem, tem que se criar condi??es para que o destino turístico consiga atender às expetativas dos seus moradores e visitantes”. (Bessa et al., 2007, p.4).O investimento é um passo necessário para criar desenvolvimento e competitividade internacional: “Para financiar ou realizar o seu projeto de design urbano, a localidade estabelece parcerias, que podem ser entre entidades públicas, empresas e organiza??es n?o-governamentais. Os grandes projetos de interven??o urbana, via de regra, foram financiados através das parcerias estratégicas. Desta forma, as parcerias determinam a qualidade do modelo de desenho urbano implantado pela localidade”; No caso do turismo, que é capaz de potencializar bastante o setor económico das cidades, este investimento é de grande import?ncia: “Neste sentido, as autoridades públicas devem envolver vários setores da economia e da sociedade para atrair financiamentos e recursos para o desenvolvimento turístico” (Bessa et al., 2007, p.5). Obviamente é essencial um trabalho conjunto de coopera??o, entre economia, comunidade e turismo.Um dos fatores mais importantes na competitividade internacional das cidades é o património que possuem, que atua de forma simbólica na atividade turística: “…a utiliza??o do património como estratégia de recupera??o económica, principalmente de lugares que tinham na industrializa??o a sua principal base de gera??o de renda e empregos. Portadoras que s?o de extenso e rico património cultural, principalmente o arquitetónico, estas cidades passaram a utilizá-lo como alternativa de recupera??o económica.” (Bessa et al., 2007, p.9) Internacionaliza??o do turismo portuguêsNo caso de Portugal, Ramalho (2013) refere que “O Turismo de Portugal tem vindo a centrar a sua atua??o precisamente no objetivo de projetar uma imagem de notoriedade para o exterior. Tem concentrado esfor?os na realiza??o de grandes eventos – desportivos, culturais, socioprofissionais -, na participa??o em feiras internacionais, e na divulga??o de materiais promocionais. Para isso, tem-se feito valer do marketing turístico como ferramenta principal: “A tendência do marketing turístico é cada vez mais promover (e vender) experiências e n?o destinos. (…) Trata-se de um processo de constru??o de narrativas visualmente baseadas no potencial dos lugares de criarem metáforas promotoras da mudan?a/consolida??o de sensibilidades públicas (Ramalho, 2013, p. 60). A esta estratégia acrescentam-se os objetivos do PENT até 2015: “Os grandes eventos internacionais s?o uma das prioridades do Plano Estratégico Nacional do Turismo até 2015. Para além do TP, várias entidades públicas, nomeadamente órg?os dos governos locais e central, têm vindo a investir nestes eventos.” (Ramalho, 2013, p.60). Perante isto, os eventos de cariz turístico parecem ser uma importante estratégia de internacionaliza??o do país, já que geram importantes receitas económicas e s?o capazes de atrair a aten??o de milhares de visitantes.A título de exemplo, um dos eventos que foi capaz de dar destaque ao nosso país lá fora, ocorreu em 2012: “Em 2012 o governo promoveu uma experiência inédita de interc?mbio entre Portugal e Brasil. Com forte participa??o de empresas privadas e com a promo??o de iniciativas como exposi??es e espetáculos, o Ano do Brasil em Portugal e o Ano de Portugal no Brasil – que se prolongam em 2013 – têm objetivos de partilha e proje??o cultural, mas sobretudo de desenvolvimento económico, empresarial e tecnológico” (Ramalho, 2013, p. 13).N?o só a cultura no geral tem sido capaz de promover o país, mas também particularmente a arquitetura: “Em 2012 a arquitetura portuguesa esteve representada na 13? Bienal através de uma exposi??o que reuniu vários nomes, entre os quais ?lvaro de Siza, cuja carreira foi premiada com o Le?o de Ouro” (Ramalho, 2013, p.61). Estes eventos vêm dar indícios de que s?o uma importante via de comunica??o e divulga??o da nossa cultura e arte, mas também do nosso património e do que temos de melhor a oferecer aos nossos visitantes.Cidade do PortoA cidade do Porto, devido à sua antiguidade e diversidade histórica e cultural, é difícil de caracterizar: “Tra?ar o perfil cultural da cidade do Porto é uma tarefa que se apresenta minuciosa e extensa dada a sua riqueza histórica, patrimonial e urbanística e pela multiplicidade de acontecimentos no ?mbito político-económico e de índole social que marcaram e marcam a cidade.” (Ramos, 2010, p.33)Moreira e Henriques (2007) enumeram os principais monumentos turísticos da cidade do Porto, presentes no site Portugal Virtual: “Sé, Torre dos Clérigos, Igreja do Carmo, Igreja de Cedofeita, Igreja da Lapa, Igreja de Santo Ildefonso, Igreja de S?o Francisco, Esta??o de S. Bento, Palácio da Bolsa, Ponte D. Luís I, Ribeira e Museu do Vinho do Porto”.Para além da sua história e monumentos, a cidade do Porto conta com o mundialmente apreciado vinho do Porto como ex-libris, símbolo de destaque n?o só na cidade, mas também por todas as comunidades que se estendem sobre a encosta do Rio Douro: “A marca Vinho do Porto impulsionou a cidade e o país para o conhecimento global fazendo com que a Regi?o Demarcada do Alto Douro Vinhateiro conservasse uma paisagem cultural digna da sua classifica??o e as suas gentes fiéis à tradi??o. O Alto Douro Vinhateiro foi acrescentado em Dezembro de 2001 à LPM da UNESCO, tendo sido classificado como paisagem cultural evolutiva viva.” (Ramos, 2010, p. 58, 59).O turismo na cidade tem vindo a conhecer um aumento progressivo ao longo dos últimos anos, como se pode comprovar através dos dados fornecidos pela C?mara Municipal do Porto expostos no quadro abaixo, relativos à entrada de turistas na cidade entre os anos de 2010-2015.1082675147955Fonte: CMPFigura 14 – Evolu??o de turistas no Porto entre 2010-2015? possível ent?o comprovar com este quadro que desde 2010 até 2015 o número de turistas a chegar à cidade aumentou consideravelmente.Para a evolu??o do número de visitantes na cidade do Porto, contribuiu significativamente a chegada de companhias aéreas low cost ao Aeroporto Sá Carneiro, principalmente a consolida??o da companhia Ryanair neste destino. Esta hipótese, assim como o surgimento de alojamentos monetariamente mais acessíveis como os hostels, abriu as portas a um público estrangeiro jovem e com baixo poder económico. Para além disso, possibilitou que o Porto se tornasse um destino de curta dura??o (short break) de elevado interesse. (Abrantes, 2013).0260350Figura 15 - Análise do mercado (Fonte: INE, Perfil do Turista no Aeroporto Sá Carneiro, 2014)No Plano Estratégico do Turismo do Porto e Norte de Portugal, que consta do Horizonte 2015-2020 planeado pela Entidade Regional (Porto e Norte, 2015), constam os gráficos acima indicados, que mostram a evolu??o bastante positiva que o destino em quest?o sofreu desde 2011 até 2014, com uma subida de quase 1 milh?o em termos de dormidas. S?o revelados também os principais mercados emissores de turistas (Brasil, Espanha, Inglaterra, Itália, e de destacar também a posi??o da Fran?a, que detém um total de 7,8% das dormidas). Quanto a motivos de visita, prevalecem no pódio a visita a familiares e amigos (39%), lazer/férias (35,4%) e visitas de negócios (19,8%).Neste Plano Estratégico, destaca-se um quadro que organiza a mensagem que se quer passar sobre o Porto, de um destino urbano, contudo histórico, paisagístico e patrimonial, com valências gastronómicas e culturais variadas e capazes de o diferenciar dos potenciais concorrentes. Para isso é promovida toda uma riqueza eclética, para atingir metas como a consolida??o da imagem do destino e da sua oferta, o trabalho integrado entre os diversos agentes públicos e privados envolvidos, assim como o “bem-estar social, económico e ambiental” que envolve toda a cidade.-241935264795Figura 16 – Vis?o do destino, apelo e impactos esperadosProva do crescente sucesso da cidade do Porto no turismo s?o as distin??es internacionais que esta tem recebido. Para além da distin??o de melhor destino europeu em 2012 concedido pela European Consumers Choice, sendo que em 2014 repetiu a fa?anha.Já em 2015, “ A cidade do Porto lidera o ranking de?Melhor Destino Emergente da Europa?e está em terceiro lugar a nível mundial. Os prémios Travellers' Choice Destinos Emergentes 2015, promovidos pelo TripAdvisor, destacaram 52 destinos em todo o mundo, que obtiveram o feedback mais positivo dos utilizadores do portal de viagens.”, segundo o site da CMP. (Porto., 2015 b.)Segundo uma notícia online do site Hiper Super (Gon?alves, 2016) foi realizado um estudo para avaliar “O Perfil do Turista que visita o Porto e o Norte de Portugal”, no qual se conclui que o montante gasto pelos turistas na sua estadia na cidade aumentou, e as recomenda??es e express?o de desejo de voltar também se multiplicaram: “…os visitantes da cidade do Porto ficaram bastante satisfeitos com a visita à cidade, já que numa escala de 1 a 7 pontos, foi obtida uma média global de 6,29 pontos, o que n?o deixa de ser um valor admirável.”Para além destes dados favoráveis, é considerado que os atributos que a cidade tem de melhor s?o: “o alojamento, a hospitalidade, o “value for money”, a limpeza, a gastronomia, os parques naturais e o comércio”.Como reflex?o de futuro para a cidade, e com todo este fluxo e dinamismo turístico e económico, juntamente com as valências culturais, paisagísticas e humanas que detém, espera-se que o seu prestígio continue a alargar horizontes e consolide fortemente a sua imagem como destino obrigatório na Europa e no Mundo.Eventos Culturais no PortoEm termos de eventos culturais realizados na cidade, é incontornável mencionar as festas de S. Jo?o no mês de junho, que levam para a rua toda a comunidade portuense - e n?o só - e que atrai cada vez mais a aten??o dos turistas: “As festividades s?o-joaneiras s?o a causa pela qual os mais incríveis esfor?os s?o mobilizados. Numerosos dias de entrega antecedem a festa que culmina com o cada vez mais sofisticado espetáculo de fogo-de-artifício que une as duas margens do Rio Douro numa pacífica e partilhada motiva??o: festejar. O desconhecido passa rapidamente a amigo num ambiente de partilha e de aceita??o, onde cada casa e cada janela surgem enfeitadas a rigor. Na semana do S. Jo?o tudo é pensado ao pormenor, sendo nesta altura que assistimos às verdadeiras institui??es sanjoaneiras – as cascatas.” (Ramos, 2010, p. 61).Mas n?o só de eventos culturais a cidade vive, visto que também grandes eventos internacionais têm sido organizados, em prol do turismo de negócios. Segundo uma notícia do IVDP, “No ranking de referência da Meeting Industry que a International Congress and Convention Association (ICCA) acaba de divulgar, o Porto ocupa a 46? posi??o, uma subida de sete lugares relativamente a 2012, ficando acima de cidades europeias como Atenas, Floren?a, Zurique, Mil?o, e mesmo de grandes metrópoles mundiais como Nova Iorque ou Moscovo.” ? bom de referir ainda que no ano de 2013 aconteceram 51 eventos internacionais na cidade, alguns destes conferindo um novo impulso dos vinhos do Douro e do Porto. (IVDP, 2014)Contudo, nos últimos anos, despoletado pela consagra??o da cidade como Capital Europeia da Cultura em 2001, tem-se assistido a um movimento intenso em volta da cultura e dos eventos culturais na cidade: “(…)despontou para um mundo mais agitado: o das indústrias criativas, da programa??o cultural, dos eventos e da liberdade experimental que v?o construindo um Porto cosmopolita, que marca a imagem da cidade, esta “cada vez mais ilegível, num momento em que alguns interpretam positivamente como a explos?o de uma estética da diversidade” (Lopes, 2001, p.181) Muito tem contribuído a dinamiza??o da oferta cultural da cidade: “Diversidade é o que encontramos quando analisamos a produ??o cultural da cidade e os agentes que nela participam, influenciando a pluralidade da sua imagem cultural e o seu potencial enquanto espa?o aberto ao experimentalismo e à vanguarda”. (Ramos, 2010, p. 64, 65).Desde ent?o, têm-se reproduzido um pouco por toda a cidade eventos realizados em bares e galerias de arte, de maior ou menor dimens?o, caracterizados por diversas tendências culturais dinamizadoras e capazes de atrair os mais diversos públicos: “Estas mudan?as e progressos encontram-se n?o só em eventos de maior envergadura mas também em produ??es alternativas que encontram espa?o de afirma??o, em pequenos nichos, junto de uma nova gera??o da cidade que alimenta o “rasgo” da inova??o e da diferen?a. (…) Num papel de import?ncia extrema para a din?mica cultural da cidade, encontram-se as Indústrias Criativas que se traduzem nas “atividades que têm a sua origem na criatividade individual, habilidade e talento e com potencial de cria??o de emprego e riqueza, através da gera??o e explora??o da propriedade intelectual” (Ramos, 2010, p. 65, 66).Também as várias institui??es culturais têm vindo a contribuir para uma maior “agita??o” cultural da cidade, como é exemplo a Casa da Música e a Funda??o Serralves: “O Porto oferece através das suas institui??es culturais uma programa??o diversificada, de qualidade, umas mais elitistas que outras, mas todas procuram dar respostas aos seus públicos-alvo. Vejamos o exemplo da Casa da Música, marcante pela arquitetura e pelo seu carácter inovador, símbolo da CEC 2001, que se instala como um ícone cultural da cidade, acolhendo espetáculos onde a diversidade de géneros e estilos aliada à qualidade s?o as principais características da sua programa??o cultural. Pólo incontornável da divulga??o cultural no País assume-se como espa?o de afirma??o de produ??es nacionais e estrangeiras que encontram na gest?o artística da institui??o a ambi??o da internacionaliza??o. (…) Fazendo uma breve referência a outro agente dinamizador cultural na cidade, a Funda??o Serralves é fulcral para a imagem de um Porto Cosmopolita que extravasa os contornos do CH. Esta institui??o que vem alargando o seu campo de atua??o e captando uma maior diversidade de públicos, por exemplo através da iniciativa “Serralves em Festa”, apresenta uma programa??o cultural irrepreensivelmente din?mica, multidisciplinar e de grande qualidade, sensibilizando o público n?o só para a sua área de excelência – Arte Contempor?nea – mas também para as quest?es ambientais através das actividades que se promovem no Parque, de carácter regular, funcionando como uma oferta complementar maioritariamente direccionada para os Servi?os Educativos. O Turismo Cultural é outra oferta da Funda??o que programa viagens cujos destinos s?o altamente apelativos para quem se interessa pelas quest?es do património e da cultura.” (Ramos, 2010, p. 68, 69).Com todas estas movimenta??es culturais, o enfoque sobre o turismo tem sido mais forte, de forma a cativar cada vez mais visitantes internacionais e expandir a divulga??o das tradi??es e cultura da cidade pelo mundo: “Quanto às a??es/programas estruturantes previstas para a promo??o turística, é reconhecido que para a afirma??o do Porto como centro económico, atrativo e din?mico a estratégia passa por um esfor?o de investimento em a??es de apoio, promo??o, divulga??o e organiza??o turística, n?o necessariamente confinadas à cidade. (…) Para a autarquia os eventos mediáticos representam a verdadeira aposta ficando outras iniciativas sob a responsabilidade da Porto Lazer E.M., nomeadamente as de cariz desportivo e de anima??o.” (Ramos, 2010, p. 102, 103).Ramos (2010, p. 106, 107) apoia a inten??o de investir em atividades e eventos turísticos que gerem nos visitantes a vontade de experienciar novas vivências na cidade, e que sejam capazes de unir o que é tradicional àquilo que é inovador: “Pensamos que, se a cria??o contempor?nea for estrategicamente aliada à componente tradicional seria possível captar novos fluxos turísticos, agu?ar interesses mais específicos, cativar nichos minoritários mas igualmente importantes e, por consequência, conferir as t?o desejadas experiências únicas, profundas e diversificadas de confrontos estéticos e de estímulos sensoriais de um Porto de Identidades e n?o apenas da marca “Porto”. O sucesso das cidades a nível turístico já n?o depende apenas do crescente interesse pelo património e do significativo consumo cultural mais recente. A chave do sucesso está do lado da oferta, na cidade, na sua capacidade de compreender os fluxos turísticos e na sua resiliência.”Para isso, e de forma a dar também resposta à crescente competitividade entre cidades, os horizontes do Porto alargam-se cada vez mais em dire??o à realiza??o de eventos culturais, e à utiliza??o de tecnologias para captar um público mais jovem e alargado: “A sofistica??o da oferta pode passar pelo aderir a eventos de proje??o mediática, a novas propostas de anima??o e com servi?os bem estruturados. Estando constituídos os produtos e uma calendariza??o da anima??o cultural é importante para a capta??o de visitantes e nas lógicas de concorrência entre cidades que haja uma estratégia de comunica??o e divulga??o com uma mensagem clara, objetiva e de fácil perce??o. Por outro lado, há que recorrer às novas tecnologias e fazer da internet um aliado, permitindo ao potencial visitante que se informe e tome consciência das vantagens em escolher determinada cidade para a sua viagem.” (Ramos, 2010, p. 115).A cidade tem-se mostrado bastante din?mica igualmente devido a iniciativas privadas, ao desenvolvimento de indústrias criativas e inovadoras, principalmente no meio das artes. O empreendedorismo tornou-se palavra de ordem de muitos jovens portuenses, que se lan?am sucessivamente na abertura de galerias de arte, principalmente na Rua Miguel Bombarda, que serve de palco a muita arte urbana que agora floresce. Este movimento é capaz de atrair um público jovem de turistas que procura uma oferta cultural diferenciadora.Voltada igualmente para um público jovem e cada vez mais internacional, encontra-se a vida noturna da cidade. Multiplicam-se os bares e discotecas para todos os gostos, que ocupam edifícios até ent?o devolutos. A cidade nunca conheceu uma época t?o áurea em anima??o, e até os restaurantes se aglomeram, consolidando a qualidade que sempre marcou a gastronomia portuense, e agradando a todas as esferas económicas e sociais. (Porto y norte, s.d., b).Numa entrevista dada à Revista Marketeer (Lima, 2015), Rui Moreira, atual Presidente da C?mara Municipal do Porto, revela a sua opini?o positiva em rela??o ao impacto que se sente no turismo causado pelos eventos culturais realizados na cidade, principalmente sobre os eventos musicais: ?Estes eventos, ao contrário daquilo que vem sendo afirmado pelos responsáveis governamentais, têm um enorme impacto no aumento da permanência dos turistas na nossa cidade.?Além disso, Rui Moreira afirma que este tipo de eventos servem como estratégia ótima ao nível do posicionamento do Porto como marca, tanto na própria cidade como no exterior: “A afirma??o da marca Porto passa por isto, uma afirma??o cosmopolita da cidade, mostrarmos aquilo que temos de melhor. Neste caso é a associa??o do melhor que há na música (…)Acho que isso marca muito esta imagem que a cidade quer ter: uma cidade aberta às novas tendências, aberta ao mundo.”A nível turístico, em 2014 o retorno rondou os 15 milh?es de euros, para além de ter causado “um enorme impacto no aumento da permanência dos turistas na nossa cidade”. Contudo, n?o só o turismo ganhou vantagem com a situa??o, já que a popula??o da cidade aderiu em for?a aos eventos culturais: “A cultura, e isto faz parte da nossa política de cultura e de lazer, tem a ver com isso, com o sentimento das pessoas se sentirem confortáveis e ao mesmo tempo terem alguma vaidade e algum orgulho daquilo que se faz na cidade e poderem mostrar”.Turismo e ArquiteturaEm rela??o à import?ncia da arquitetura para o turismo, Lobo (2013) refere que “o turismo se baseia na explora??o do valor dos lugares como produtos e, por isso, depende da atratividade e da singularidade dos mesmos, os urbanistas e os arquitetos s?o, como princípio, intervenientes fundamentais, se n?o, mesmo, centrais na produ??o do território do turismo” (p.33). Este argumento demonstra a capacidade da arquitetura de criar locais valiosos para a atividade turística. Lobo (2013, p. 34) estuda a evolu??o que a arquitetura tem sofrido ao longo do tempo, de forma a melhor servir os propósitos turísticos: “Interven??es à grande escala, e a longo prazo, que v?o implicar uma crítica às formas tradicionais de organiza??o da cidade, pensando-a, agora, a partir da perspetiva mono funcionalista do lazer e o reequacionar do papel do arquiteto no processo de produ??o de arquitetura. (…) Uma evolu??o tipológica e metodológica a que, como dissemos, iria corresponder também uma evolu??o no carácter dos investimentos envolvidos na promo??o de uma “arquitetura do turismo”.Ainda sobre esta rela??o entre o turismo e a arquitetura, Lobo (2013, p.36) introduz o conceito de “Cidades do Turismo”: “estruturas urbanas inteiras idealizadas de raiz, dedicadas exclusivamente ao lazer, cuja organiza??o é determinada pela articula??o espacial de núcleos funcionalmente autónomos, mas interdependentes, cada um deles normalmente associados a um equipamento central, ou conjunto de equipamentos, que lhes conferem caraterísticas tipológicas e morfológicas próprias e garantem a variedade dos ambientes dentro do todo urbanizado – marina, golf, pinhal, parque de campismo, centro comercial, etc.” Este conceito remete-se ent?o para as infraestruturas necessárias para suportar o funcionamento das atividades turísticas, infraestruturas essas que normalmente trabalham em conjunto.Por sua vez, Moreira (2008, p.1) dá ênfase no seu trabalho à necessidade de “cria??o ou a amplia??o da atratividade/notoriedade dos lugares turísticos a partir de uma arquitetura singular, única, com qualidade”. A autenticidade dos seus lugares parece ser um fator capaz de impulsionar a atratividade dos territórios. A autora come?a por apontar algumas críticas à reprodu??o em massa, passando de seguida a referir Butler quanto ao ciclo de vida turístico que este teorizou. Passemos ent?o a apresentar a vis?o de Moreira da no??o de ciclo de vida “do funcionamento do espa?o turístico” de Butler, pois este é um dos esquemas mais utilizados nas referências ao local turístico:“primeiro, o lugar é descoberto, porque ele faz parte de uma margem espacial. ? o período “pré-turístico” em que chegam os primeiros turistas. Butler denominou-o de fase de explora??o. Do ponto de vista do lugar descoberto, esta fase é caraterizada pelo pouco c?mbio;Depois vem um período durante o qual o lugar se integra ao sistema. O desenvolvimento corresponde ao aumento sensível do volume de turistas, que está ligado ao aumento da acessibilidade. Para responder às expetativas dessa popula??o, o volume da oferta de alojamentos aumenta e se diversifica. A economia turística fica mais complexa;Quando o espa?o regional está totalmente absorvido pela atividade turística, assiste-se a uma multiplica??o dos lugares destinados a esta atividade, depois à sua especializa??o e hierarquiza??o. O desenvolvimento corresponde a um período de importantes transforma??es físicas do lugar (nem todas aprovadas pela popula??o local);Finalmente, a chegada do turismo intenso seria concomitante a certa crise do lugar turístico, até mesmo seu declínio, pois este tipo de turismo modifica consideravelmente o lugar, degradando-o. Surgem ent?o, os problemas ligados ao meio ambiente, a degrada??o da qualidade dos servi?os ou fatores mais sociológicos e, em particular, os conflitos com a popula??o local. A atratividade do lugar declina, o número de turistas também. O lugar n?o interessa mais aos turistas, que preferem destina??es turísticas reconhecidas e facilmente acessíveis”. (Moreira, 2013, p.2)? possível portanto constatar que este ciclo é composto por quatro fases, sendo uma primeira fase de introdu??o/surgimento do local, uma segunda fase de crescimento/expans?o e aumento da afluência ao local, uma terceira fase de matura??o do local, na qual este já é um local turístico de pilares sólidos, e uma quarta e última fase na qual pode ocorrer um declínio dado pela satura??o que a atividade turística pode causar, e que pode levar mesmo ao fim de toda e qualquer atividade. ? de salientar que pode acontecer uma situa??o contrária, e esta “crise” pode ser aproveitada pelas entidades responsáveis como fator de renova??o do local.Moreira (2013) apresenta, ainda no ?mbito da import?ncia da arquitetura para o turismo, o conceito de património territorial. Para isso, recorre a Choay: “Trata-se de mostrar como a desterritorializa??o tende a eliminar o conjunto das riquezas patrimoniais que est?o em jogo durante a longa dura??o do processo de antropiza??o (paisagens rurais e urbanas, como atividades e práticas sociais). (…) N?o se trata nem de ecologia defensiva nem de conserva??o patrimonial, nem de procurar um equilíbrio entre global e local (conceito de glocal), pois este equilíbrio sup?e uma subordina??o do local aos imperativos do global. O desenvolvimento local e a reterritorializa??o devem ser considerados como uma alternativa estratégica ao desenvolvimento global” (p.2). Perante isto, o conceito de Choay parece tratar da valoriza??o do património local, n?o só como parte do global, mas sobretudo como algo que marca pela sua autenticidade e unicidade, seja ele “o património natural e o património cultural”. Moreira (2013) defende ainda que segundo este conceito “n?o existe preserva??o (nem requalifica??o ou revitaliza??o) do património natural e do construído local sem as práticas sociais que s?o a eles agregadas e que correspondem às diferentes escalas e aos diferentes tipos de heran?a que ali existem, sem a economia local que associe a micro agricultura e/ou a micro indústria, o artesanato, o trabalho autónomo e os servi?os diversos acompanhados de atividades n?o mercantis” (p.2,3). Ou seja, toda a valoriza??o do património territorial tem que surgir em conjunto com o pleno funcionamento de todas as atividades envolventes, que lhe servem como suporte.De seguida, Moreira apresenta o conceito de requalifica??o, de acordo com Cabrita, Aguiar e Appleton: “Toda a série de a??es empreendidas com vista à recupera??o e à beneficia??o de um edifício, tornando-o apto para o seu uso atual. Seu objetivo consiste em resolver as deficiências físicas e as anomalias construtivas, ambientais e funcionais acumuladas ao longo dos anos, procurando ao mesmo tempo uma moderniza??o e uma beneficia??o geral do imóvel sobre o qual incide – atualizando as suas instala??es, equipamentos e a organiza??o dos espa?os existentes, melhorando o seu desempenho funcional e tornando esses edifícios aptos para a sua mais completa e atualizada reutiliza??o” (p.4). Portanto, a requalifica??o consiste na renova??o de um edifício ou local, tornando-o de novo útil à comunidade no qual se encontra.Outro conceito pertinente abordado por Moreira (2013) é o de “valor (para fins turísticos)”, principalmente quando se refere ao “valor cultural” e ao “valor económico” (p.5): “O valor cultural. Trata-se de saber qual é o lugar que ocupa(m) o(s) elemento(s) da paisagem na tradi??o cultural através da observa??o de fotos (antigas e recentes), de cart?es postais, de obras picturais, de contos e lendas, e mesmo da história oral das pessoas que ali vivem, ou seja, da elabora??o de um conhecimento profundo e constante acerca do lugar”; “O valor económico. N?o se pode confundir valor económico com recurso económico. Um elemento geomorfológico tem um valor económico, se ele é utilizável ou explorável. Como exemplo disso, uma parede rochosa é usada como via de escaladas, mas n?o é um recurso económico direto porque ela n?o tem incidências sobre a produ??o e o emprego. Uma forma pode apresentar um valor económico sem ser um recurso económico. ? uma no??o de valor, que está ligada ao meio ambiente (natural e/ou construído), que vai permitir proteger os elementos que o comp?em, incentivando assim um desenvolvimento a longo prazo para o território e sua regi?o.” (p.5).Sobre a arquitetura da cidade do Porto, Fernandes (2010) escreve no Jornal de Notícias: “Significa, isto, que o Porto foi, e ainda é, uma cidade que muitos causticam como provinciana nos comportamentos mas que, na realidade, se afirma tranquilamente cosmopolita nos seus atos, aberta ao Mundo e capaz de lidar com outras formas de pensar e de se pensar a si própria. Em muitos casos, as obras que realizou atingiram mesmo o sublime e foram já elevadas à rara categoria de "ícones" da cidade como acontece com a torre de Nasoni e a ponte de Eiffel”. Assim, a arquitetura do Porto torna-se uma mais valia para o turismo da cidade, e tem vindo a impor-se através do tempo. Come?ando como uma cidade de menor dimens?o reconhecida, tem conseguido adquirir prestígio pelas suas constru??es arquitetónicas, tanto históricas como contempor?neas.Em 2012, a sec??o regional do Norte da Ordem dos arquitetos elegeu hotéis, cafés, restaurantes, ateliers e lojas que a seu ver possuem valor arquitetónico, para a elabora??o de um roteiro original da cidade. “Esta primeira sele??o, segundo a Ordem dos Arquitetos, apostou em promover e divulgar um conjunto de projetos que de algum modo est?o relacionados com a oferta turística da cidade, nomeadamente no domínio da hospitalidade, da restaura??o e do comércio. A maior parte s?o equipamentos hoteleiros do género?hostel?ou?guest-house, como o?bed & breakfast?The Four Rooms, que o Prizker Eduardo Souto de Moura desenhou na acanhada Rua do Padre Luís Cabral, na Foz velha, ou a Casa do Conto, da Rua da Boavista.”. (Marmelo, 2012) E, na realidade, a escolha destes locais teve em conta o valor turístico e patrimonial da cidade: “Trata-se, considerou o júri, de "projetos exemplares" na cria??o de um ambiente urbano de qualidade e de uma oferta turística diferenciada, preservando os valores culturais intrínsecos do lugar. (…) ‘Também tivemos em conta o impacte que estes projetos tiveram na cidade, bem como a regenera??o urbana que a iniciativa privada está a induzir’, acrescenta a comissária, segundo a qual o enorme potencial turístico do Porto tem que passar pela preserva??o de ‘um certo sabor que a cidade tem’”.? destacar a realiza??o de eventos que aliam a arquitetura à música, como é o caso do Festival In Spiritum, decorrendo a sua segunda edi??o em 2015: “Festival In Spiritum prop?e a concretiza??o deste objectivo através da realiza??o de concertos em espa?os emblemáticos da cidade, proporcionando ao público um encontro simult?neo com a música erudita e com os espa?os arquitectónicos.” Espera-se que esta iniciativa seja a alavanca para que mais do género aconte?am, de forma a diversificar a oferta cultural da cidade. (Santos, 2015)Capítulo II - MetodologiaEstudo de casoPara a realiza??o da investiga??o do presente projeto, recorri ao método da entrevista, designadamente um método qualitativo. A Porto Lazer foi a entidade entrevistada e o objetivo principal era compreender a influência do Festival NOS Primavera Sound no turismo da cidade do Porto. Houve um esfor?o para tentar realizar uma entrevista junto da Pic Nic, empresa organizadora do festival em causa, contudo n?o foi possibilitada essa oportunidade por parte dos contactados. Para complementar esta investiga??o, recolhi notícias online de diversos canais de comunica??o social, de forma a sustentar a hipótese de o festival NOS Primavera Sound, e outros de menor dimens?o, como o NOS D’Bandada e o Caixa Ribeira, serem influentes no aumento do turismo da cidade. De seguida, será feita uma análise a estes festivais, com base nessas mesmas notícias.Festivais de Música na CidadeO Caso do NOS Primavera SoundO Festival NOS Primavera Sound tem vindo, desde a sua primeira edi??o, a crescer em público, receitas e prestígio. Cada edi??o tem ultrapassado os números da anterior, o que augura um futuro cada vez mais auspicioso.Já em 2012, aquando a primeira edi??o do festival, Rui Rio (presidente da C?mara Municipal do Porto à época) afirmava “…que a autarquia “procura n?o fazer as coisas por acaso, mas com uma certa lógica”, apostando nos “eventos grandes e de qualidade” à semelhan?a do Circuito da Boavista e das corridas de avi?es.” Real?ava a import?ncia do Parque da Cidade como cenário natural adequado a grandes eventos. ?Estima-se que economicamente as suas receitas ultrapassem os 18 milh?es de euros (números relativos a 2014), o que num curto espa?o de tempo vem criar um interessante impulso para a cidade. Estes números s?o avan?ados por um estudo realizado pelo ISAG (Instituto Superior de Administra??o e Gest?o), pelo qual é responsável Ana Borges, que visa com o mesmo “caracterizar o perfil sociodemográfico do visitante do festival, avaliar o impacto económico direto para a cidade do Porto, a satisfa??o do visitante no evento e a possibilidade de retorno para a próxima edi??o”. (Núcleo de Investiga??o do ISAG, 2015). E assim se chegou à conclus?o que em 2014 “83,6% revelaram estar globalmente satisfeitos ou muito satisfeitos com o evento, um aumento de 7,3 pontos percentuais comparando com 2013”.O festival tem realmente um impacto interessante no turismo, nomeadamente a nível cultural, de alojamento e restaura??o, tal como revela o estudo, pois “aumentou o número de visitantes que pernoitaram quatro ou mais noites em hotéis, e a localiza??o revelou-se o principal fator para determinar a escolha do alojamento, seguida do pre?o.” (Neves, 2015)Um dado igualmente interessante é o facto de a segunda língua mais falada no festival ser o espanhol, o provavelmente advém da proximidade do nosso país vizinho, ou até mesmo do facto do NOS Primavera Sound ser parceiro do Barcelona Primavera Sound, e assim atrair público espanhol pela curiosidade. E na verdade, dos 23% de estrangeiros que se estima que visitaram a cidade do Porto para assistir ao festival, a maioria será realmente espanhola. Em média, cada visitante estrangeiro gastará 70,97 euros na cidade por dia. (“Os dados s?o de um estudo feito em parceria entre a NOS Primavera Sound e o ISAG – European Business School, sobre o evento de 2015.”). 77% do público encontra-se na faixa etária dos 18 aos 35 anos, o que indica um público bastante jovem, talvez aliciado pelo espírito alternativo e diferenciador do evento. Outro dado que vem beneficiar o turismo no Porto é o facto de “...a maioria dos visitantes aproveite para conhecer melhor a cidade.”, o que serve de importante alavanca para acelerar o motor da atividade turística. (Barbosa, 2016)No atual ano de 2016, na quinta edi??o do festival, e segundo uma entrevista dada por José Barreiro (diretor do NOS Primavera Sound) ao site Noite Música Magazine (Caria, 2016), os passes gerais que davam acesso a todos os dias do festival esgotaram, o que denota um crescimento de ano para ano. Afirma ainda que este é realmente um festival diferenciador, acompanhado de perto por Jo?o Paulo Feliciano, artista plástico reconhecido que segue “todas as fases de montagem”: “apesar de sabermos perfeitamente que há festivais que têm bandas maiores, sabermos perfeitamente que há festivais com outros or?amentos maiores do que nós temos, nós conseguimos levar a nossa avante e conseguimos que, ao fim de cinco edi??es, o festival esteja esgotado e, isso é sinal que o trabalho está a ser bem feito e está a ser correspondido pelo público.”Com quatro palcos, três deles funcionando simultaneamente com escolhas internacionais, n?o existe uma hierarquia vincada entre bandas principais e secundárias (“Qualquer banda que toca num dos palcos chamados de secundários, podia perfeitamente estar no principal.”).Quanto a compara??es com o festival de Barcelona, do qual o NPS é parceiro, apesar deste primeiro contar já com 15 edi??es e uma dimens?o consideravelmente maior, José Barreiro considera que “…aquilo que nós tentamos fazer aqui no NOS Primavera Sound é uma edi??o gourmet da edi??o de Barcelona e, portanto, selecionamos sempre bandas que também tocam em Barcelona, obviamente, mas que mostrem ao público português, apesar de mais de 50% dos passes gerais terem sido vendido no estrangeiro, que há uma diferencia??o de programa??o.”Em termos turísticos, o diretor do NPS salienta os 90% de ocupa??o hoteleira aquando a realiza??o deste evento, bem como a subida de pre?os por quarto nesta época, o que reflete o valor que o festival confere à cidade: “O festival mexe mesmo com a cidade. N?o só com a cidade do Porto mas também aqui com a vizinha Matosinhos, onde há imensa gente a almo?ar e a jantar nos restaurantes. Este é um público com um alto poder de compra, que fica em hotéis, janta e almo?a em restaurantes da cidade e, portanto, n?o é um público que está a contar dinheiro, é um público que vem usufruir n?o só da boa música mas também da cidade.”Um dos aspetos capazes de diferenciar o NPS é a realiza??o de “eventos de ativa??o da marca”, pequenos concertos (Mini NOS Primavera Sound e Primavera nas Virtudes) de entrada gratuita, capazes de criar um convívio entre aqueles que v?o ao festival e aqueles que n?o têm possibilidade de o fazer, antes que este aconte?a.Ao finalizar a entrevista, José Barreiro destaca que “…o NOS Primavera Sound proporciona uma experiência diferente que tem que ser experienciada, que tem que ser vivida”.Outro atributo importante do NPS é a consciência ambiental que este detém. Por isso mesmo, na edi??o de 2016, foram distribuídos gratuitamente pelo público copos de plástico reutilizáveis. O resultado foi um recinto limpo no final. Esta foi a primeira vez que um festival de maior dimens?o optou por esta iniciativa em Portugal, e foi agradavelmente bem recebida pelo público em geral.Todas estas características diferenciadoras têm vindo a conotar o NPS como um festival diferenciador, equilibrado e criador de grande empatia com o público: “Essas medidas têm vindo a afirmar a preocupa??o do festival com a sustentabilidade e isto vem refor?ar o nosso posicionamento, de um festival que se preocupa com a música (que tem um cartaz suficientemente cuidado para que possamos ter este objetivo permanente), com as pessoas (que cheguem rapidamente ao recinto, que tenham uma alimenta??o cuidada, pelo que procuramos ter um parque de alimenta??o muito diversificado, muito cuidado, com limpeza permanente, e que traga também para o festival aquilo que de melhor a gastronomia do Porto tem) e com o ambiente. E acho que temos conseguido fazer isso.” (Leite, 2016) A revista Time Out de Londres destaca as dez principais raz?es que dever?o levar as pessoas a ir ao NPS e a visitar a cidade do Porto. Este artigo define o festival como sendo “íntimo”, com um alinhamento musical a ter em conta, e localizado numa cidade “histórica deslumbrante”. O Porto é caracterizado como um cruzamento entre o urbano e o tradicional, detendo a sua identidade no belo rio Douro. A revista refere que o facto do festival se realizar ao fim da tarde proporciona a oportunidade para os seus visitantes de descobrir os encantos da cidade durante o dia. E acrescenta: “ O NOS Primavera Sound é a desculpa perfeita para uma escapadela única num dos mais brilhantes cantos da Europa.” Para fundamentar esta cita??o, o artigo destaca a beleza dos monumentos históricos, as paisagens dos Jardins do Palácio de Cristal e das pontes sobre o Douro, as casas pequenas e empilhadas, assim como a Casa da Música, criando todo um ambiente “eclético”. A localiza??o do festival no Parque da Cidade é também um dos seus pontos fortes, tendo o mar como cenário.Ao longo do tempo, e como já foi referido, tem-se assistido a um aumento do público estrangeiro no NPS, sendo que já 58 nacionalidades estiveram representadas nele na edi??o mais recente, 2016.Outros pontos fortes da cidade que também é mencionado s?o a sua deliciosa gastronomia, tanto a tradicional como a contempor?nea, bem como os pre?os baixos tanto na restaura??o, como no alojamento e nos transportes. Por estas raz?es, o Porto tem vindo a atrair turistas cada vez mais jovens e informados. E se estes turistas procuram um local com anima??o noturna, aqui ir?o encontrar inúmeros bares, onde podem tanto degustar o intemporal vinho do Porto, como experimentar vinhos mais recentes, também da área do Douro.No NPS o estilo musical que reina é o Indie, e os nomes que se apresentam no cartaz s?o bastante conceituados, como por exemplo, PJ Harvey ou Sigur Rós, e até mesmo a lenda dos Beach Boys, Bryan Wilson. Contando ainda com diversos Dj’s, há garantia de anima??o até às 6h da manh?. E na cidade, a anima??o vivida nos bares e ruas só come?ará a partir da meia-noite.O artigo n?o deixa de fora uma possível visita às paisagens do rio Douro de barco, para assim apreciar as magníficas paisagens, vales e montanhas, únicos no Mundo.A Time Out alerta por fim para o sentimento de saudade, palavra portuguesa sem possível tradu??o para outra língua, e que será a sensa??o sentida após esta partici??o no NPS e animada viagem ao Porto. Refere ainda aos seus leitores que a próxima edi??o decorrerá ente 8 e 10 de junho de 2017. (Manning, 2016)Caso do NOS D’BandadaO NOS D’Bandada é um evento patrocinado igualmente pela NOS, que se realiza em setembro em diversos pontos da cidade do Porto na mesma noite. Em 2015 realizou-se a quinta e maior edi??o de sempre, com anima??o um pouco por todo o centro histórico, com palcos ao ar livre, em bares e em cafés emblemáticos, e com uma oferta musical que abarca desde o fado até ao hip hop. (Paulo, 2015)De forma a conferir a este evento uma maior visibilidade internacional, em 2015 foi convidada imprensa de diversas nacionalidades, incluindo da Itália e do Reino Unido: “A Associa??o de Turismo do Porto (ATP) pretende com esta a??o divulgar experiências diferenciadoras que o destino oferece aos seus visitantes e aumentar a sua notoriedade. A Associa??o de Turismo do Porto (ATP), agência responsável pela promo??o e comercializa??o turísticas do Porto e Norte junto dos mercados externos, continua a apostar na vinda de jornalistas internacionais do sector a este destino em datas coincidentes com a realiza??o de grandes eventos na regi?o.”Esta participa??o é importante na medida em que este acontecimento tem vindo a atrair cada vez mais público estrangeiro, que visita a cidade por motivos de lazer, para além do crescente número de residentes a participar.Para a ATP, o objetivo é “…contribuir para posicionar o Porto e Norte como um destino diferenciador e potenciador de experiências únicas junto dos seus visitantes.” (Porto., 2015 a.).Dado o sucesso do NOS D’Bandada, em 2015 este foi galardoado com o prémio na categoria de “Melhor Contribui??o para a Divulga??o da Música Portuguesa”, pelo Portugal Festival Awards.O caso Caixa RibeiraEste é um festival de fado recentemente realizado no cora??o do centro histórico da cidade, a Ribeira, que celebra este estilo musical tipicamente português e Património da Humanidade. Por se realizar no início de junho, está muito associado à celebra??o do dia de S. Jo?o, a 24 de junho, fazendo parte do calendário de festividades da cidade nesse mês.O Caixa Ribeira é mais um contribuidor para a diversifica??o e riqueza da oferta cultural e turística da cidade, e Rui Moreira, atual presidente da C?mara Municipal do Porto afirma: "Nessa altura [do S. Jo?o] somos muito atraentes para o turismo, mas precisamos que as pessoas fiquem mais tempo na cidade. Gostaríamos que ficassem o mais tempo possível porque isso aumenta o consumo, é muito importante para a hotelaria e a restaura??o".A organiza??o distribuiu, na edi??o de 2015, 40 artistas pelos 11 palcos disponíveis. (Diário de Notícias, 2015)1.2. Entrevista à Porto LazerA entrevista realizada no ?mbito desta investiga??o foi feita junto da Porto Lazer, institui??o pertencente à C?mara Municipal do Porto, e que organiza e apoia os mais diversos eventos na cidade. O entrevistado foi Tiago Andrade, responsável pela área de Anima??o e Eventos.De seguida, será transcrito todo o conteúdo da entrevista.A Porto Lazer tem no??o do impacto que os eventos musicais causam na cidade do Porto?“Essa é uma pergunta de difícil resposta, pois n?o existe nenhum estudo objetivo. O conhecimento que temos é meramente de senso comum. Posso come?ar por distinguir dois tipos de eventos neste contexto: eventos musicais que podem eventualmente potenciar gente na cidade (exemplo do NOS Primavera Sound), alavancando o turismo numa rela??o direta; e numa rela??o indireta (passagem de ano; S. Jo?o) existem eventos que têm como complemento a componente musical, e que acabam por transformar essa rela??o numa rela??o direta, juntando o útil ao agradável: as pessoas geram as suas férias por causa do evento em si e n?o da música. O caso do NOS Primavera Sound é totalmente diferente, é um caso mais paradigmático.”Tem sentido uma evolu??o em termos de eventos musicais, ou seja, intensificou-se a realiza??o de eventos musicais na cidade?“Estou na Porto Lazer há cerca de um ano e meio, e penso que n?o tenha havido altera??es significativas em termos de quantidade de eventos musicais; este ano até temos menos concertos que nos anos anteriores. Contudo, é algo meramente conjuntural, n?o tem nenhuma rela??o direta, nem financeiramente, nem estrategicamente. Por exemplo, o ano passado fizemos cinco dias de concertos da Avenida porque o S. Jo?o calhou a uma ter?a-feira; este ano vamos fazer três concertos da Avenida. O ano passado, por exemplo, com o Fórmula 1 Motonáutica surgiu no seu ?mbito um concerto. Este ano, o grande evento da cidade foi o Rali de Portugal, no qual n?o se realizou nenhum evento musical, simplesmente por acaso. Portanto, depende de ano para ano, é uma quest?o de programa??o. Acho que n?o tem havido estrategicamente uma tentativa de fazer crescer o número de concertos; n?o existe a lógica de investir mais na música; o que tem acontecido é manter a regularidade, a diversidade. Obviamente, a música é universal e por isso continuamos a apostar nela, mas n?o há aqui uma intensifica??o.”Em termos de programa??o destes eventos musicais, esta é realizada exclusivamente a nível internacional ou a promo??o que é feita é igual a nível nacional e a nível internacional?“Temos que dividir novamente os eventos. Se estivermos a falar dos eventos da Porto Lazer (S. Jo?o, Passagem de ano, Dia Nacional dos Centros Históricos, Dia Mundial da Crian?a), que também têm concertos musicais, esse trabalho é feito sobretudo em prol da cidade, para as gentes da cidade e para quem nos rodeia. Há efetivamente um trabalho a ser feito pelo Turismo do Porto e Norte em prol da cidade, mas n?o com o fim de trazer gente. O NOS Primavera Sound sim, que é uma estrutura que n?o tem nada que ver com a Porto Lazer, pois é o seu promotor que faz esse trabalho, faz investimento em mercados internacionais, sobretudo nos mercados emissores de turismo para Portugal e para o Porto e Norte, e tem feito um trabalho junto desses mercados. Nós, particularmente, diretamente e internacionalmente, n?o fazemos nada que n?o seja o que conste nas redes sociais (principal meio de comunica??o hoje em dia), pois trabalhamos sobretudo para o Porto e para as regi?es limítrofes.”E relativamente ao NOS Primavera Sound, qual é a participa??o da Porto Lazer na sua organiza??o?“Nós fazemos parte da organiza??o do Nos Primavera Sound, embora tenhamos apenas uma responsabilidade de acolhimento, ou seja, a cidade acolhe o festival. Toda a organiza??o, promo??o e implementa??o do projeto é da responsabilidade da Pic Nic, que é a empresa que gere o festival. A Porto Lazer e outros departamentos do município apoiam financeiramente em algumas circunst?ncias e cedência do espa?o onde se realiza. Ajudamos ainda em tudo o que podemos (licenciamento, apoio logístico na utiliza??o do Parque da Cidade), para minimizar o investimento do produtor, o que faz com que haja aqui uma situa??o de win-win: é bom para eles ter o festival cá, é bom para nós manter o festival cá também. Criamos aqui uma situa??o interessante porque minimizamos o investimento que a Pic Nic faz no festival.”Existe alguma meta a atingir nos próximos tempos a nível de eventos musicais?“N?o temos dados objetivos pensados em concreto, na lógica de aumentar o número em percentagem de concertos por ano. Nós queremos manter aquilo que temos feito, que nos parece que é mais ou menos a forma correta, temos alguns desafios pensados na área da música que gostaríamos de abra?ar, mas precisamos de apoio financeiro, e esse apoio poderá vir de muitas partes. Está a ser estudado, n?o está fechado e obviamente que nunca estamos satisfeitos, mas n?o temos uma meta estipulada. Temos vontades que para acontecer precisam de certos contextos, e se houver vontade se concretizar?o, passando do papel para a realidade. Neste momento, numa cidade com a dimens?o do Porto, com as características do Porto, chega perfeitamente. Estamos contentes com aquilo que temos, temos uma programa??o regular muito diversificada, que vai desde concertos muito pequenos e intimistas, e estou a falar só da Porto Lazer, porque depois temos o Pelouro da Cultura. Mas limitando-me só à anima??o da cidade, consideramos já ter uma panóplia de concertos que vai de encontro a todas as necessidades. Tanto tocamos no bairro, como na casa, como na pra?a. Temos aquilo que todas as cidades gostariam de ter, um grande festival com proje??o internacional, que dá uma contextualiza??o como cidade da música, o que é importante. Há aqui muitas outras coisas que têm a ver com a conjuntura que o Porto e o Norte apresentam, que também é muito interessante: uma série de editoras sediadas no Porto, independentes, que têm feito muito pela música da cidade, e que possibilitam o equilíbrio entre o que é investido financeiramente e aquilo que o Porto possibilita. As empresas têm que gerar receitas, sustentabilidade, que n?o se consegue só apoiando. A C?mara Municipal do Porto, pelo trabalho que tem feito, e também por sorte, tem conseguido encontrar aqui uma série de agentes (editoras, músicos, bandas, labels) que est?o interessados em mostrar o seu produto, e portanto tocam em bares, desafiam-se para projetos na rua, para ocupar edifícios antigos, criando uma din?mica à volta da música, que ajuda o município a desinvestir para poder apostar noutras áreas. O objetivo é criar uma simbiose que cote o Porto também pela sua música. O Porto é demasiado grande para ter só um chav?o. Reconhecer o Porto pela música, ser melhor, para que as pessoas o associem a isso. Isto n?o precisa de ser redutor. N?o há nenhuma tentativa em concreto: existe apenas vontade de encontrar eventos que sirvam de alavanca a ele próprio sustentavelmente. N?o interessa a existência de um evento único, mas sim diversos eventos que vieram para ficar.”2. ResultadosApós a análise conjunta de todas as notícias e entrevistas recolhidas, e ainda da entrevista realizada à Porto Lazer, foi possível denotar a influência considerável que os eventos musicais, em especial o NPS, têm vindo a conquistar no turismo da cidade do Porto.O facto de acrescentarem algo de novo e diferente à din?mica da cidade faz com que num determinado espa?o de tempo a cidade se mostre mais atraente ao olhar do turista. Isso é claramente demonstrado quando é abordado o estudo realizado pelo ISAG: “O festival tem realmente um impacto interessante no turismo, nomeadamente a nível cultural, de alojamento e restaura??o, tal como revela o estudo, pois “aumentou o número de visitantes que pernoitaram quatro ou mais noites em hotéis, e a localiza??o revelou-se o principal fator para determinar a escolha do alojamento, seguida do pre?o.” (Núcleo de Investiga??o do ISAG, 2015)A proximidade com Espanha também se mostrou um fator fulcral, sendo que a língua deste país é a segunda mais falada por altura do festival. Para além disso, tendo o Barcelona Primavera Sound como pioneiro, é lógico que o NPS se torne mais atrativo e gerador de curiosidade a este povo.A sua import?ncia para o turismo do Porto é verificável através da capacidade hoteleira, como foi referida, com uma ocupa??o a rondar em todas as edi??es os 90%. E nem o facto de existirem cada vez mais estabelecimentos hoteleiros na cidade desceu esta média, o que pode denotar que realmente a procura tem vindo a ser crescente. Um dos pontos fortes do festival reside na sua diversidade musical, e na realiza??o do Mini NOS Primavera Sound, bem como o warm up que ocorre no Passeio das Virtudes, potenciadores da imagem do festival a um público mais alargado, e capazes de agu?ar a curiosidade em vésperas deste se iniciar.O artigo da Time Out de Londres é a prova de que a imprensa internacional está cada vez mais atenta a este evento, e o considera relevante para os amantes de música e de viagens.Quanto aos festivais NOS D’Bandada e Caixa Ribeira, apesar da sua dimens?o e reconhecimento ainda n?o ser t?o substantiva, mostram-se boas alternativas na diversifica??o da oferta musical da cidade. O facto de apresentarem nomes musicais nacionais faz com que a música portuguesa seja mais reconhecida e procurada pelo público estrangeiro que neles participa.Quanto à entrevista realizada na Porto Lazer, apesar da institui??o reconhecer a import?ncia do festival NOS Primavera Sound e de outros eventos musicais para a cidade, n?o se denotou um especial interesse em fazer com que estes evoluam um pouco mais na cidade.Esta institui??o realmente apoia todos os eventos musicais no Porto, e faz um esfor?o para que estes sejam bem-sucedidos. Claramente o objetivo é consolidá-los, sem que para isso seja necessário o aumento da oferta neste setor. A sua import?ncia para o turismo e outras atividades como o comércio e hotelaria é reconhecida, contudo o interesse reside em tornar o Porto uma cidade de oferta cultural e histórica diversificada, sem voltar interesses específicos apenas para uma área. O intuito será criar uma imagem de uma cidade polivalente, onde eventos de diversas índoles ocorrem, para assim atrair públicos de todos os géneros. E n?o só agradar aos turistas que vêm, mas principalmente aos seus residentes. Exemplo disso é o facto de n?o haver uma promo??o específica dos eventos musicais para o público estrangeiro e, no caso desta, existir poderia apelar a uma maior afluência vinda do exterior.Em suma, com esta investiga??o conclui-se que os eventos musicais, e o NOS Primavera Sound mais em específico, s?o realmente importantes e influentes no turismo da cidade num dado espa?o de tempo, contudo n?o ser?o completamente decisivos e fulcrais para o turismo da cidade no seu todo. S?o apenas elementos que vêm enriquecê-la num dado momento, e acabam por se mostrar diferenciadores ao atrair um público específico, que acaba por visitar e conhecer a cidade. Haverá espa?o para o crescimento destes, contudo n?o será essa a grande prioridade para o Porto neste momento. A prioridade será, como foi referido com a entrevista analisada de Rui Moreira, fazer com que as estadias na cidade por parte dos turistas, se prolongue por um maior período de tempo.Considera??es Finais Ao longo da realiza??o desta disserta??o, foi possível constatar o crescimento exponencial do turismo, n?o só nacional, como também mundial. A curto prazo, esta evolu??o manter-se-á, apesar de n?o se mostrar t?o expressiva como até agora.O turismo cultural e criativo vem adquirindo uma posi??o bastante confortável, pois s?o capazes de diferenciar a oferta e combater o turismo de massas, que se encontra saturado. O turista já n?o procura apenas a visita a museus e outros lugares emblemáticos, mas sim viver experiências completamente diferentes que o fa?am “escapar” do dia-a-dia frenético das sociedades atuais.Assim, a música, através de eventos e festivais musicais, mostra-se uma aposta completamente válida e segura, que atribui aos destinos turísticos uma conota??o atrativa e de valor cultural. Com a ajuda da música, o turista é capaz de viver boas experiências e satisfazer os seus desejos e necessidades culturais e sociais.Apesar dos entraves em rela??o ao contacto para posterior entrevista com a Pic Nic, produtora do festival NOS Primavera Sound, e da mesma n?o se ter realizado, a pesquisa de notícias online mostrou-se bastante furtuita e capaz de colmatar as dificuldades encontradas, pois a informa??o disponível sobre o impacto deste e dos outros festivais musicais realizados na cidade é bastante abundante. Contudo, se esta mesma entrevista e outras realizadas a alojamentos locais ou restaura??o acontecessem, iria criar-se espa?o para que no futuro a investiga??o se tornasse mais completa, tanto a nível qualitativo sobre as impress?es recolhidas, como a nível quantitativo, com dados específicos sobre entradas de turistas, valor despendido durante a estadia, entre outros. Assim, esta investiga??o vem contribuir para uma análise sobre a principal oferta a nível de eventos musicais na cidade do Porto, assim como sobre como estes têm evoluído e obtido espa?o na sua rela??o com a crescente atividade turística. Percebeu-se que, ao conjugar-se estes eventos com a oferta cultural já existente, a cidade mostra-se mais rica em conteúdo e atrativa ao olhar do turista. Além de que a música é um importante veículo para a maior diversifica??o de um local já de si bastante polivalente, como é o caso do Porto. Desta forma, a sua atra??o em rela??o a um público mais exigente e informado, como aquele que encontramos atualmente, se torna um fenómeno o perspetivas e desafios de futuro seria interessante uma maior aposta na divulga??o através da Internet, pois este mostra-se o meio mais eficaz de propaga??o dos eventos a acontecer num dado local. A informa??o chega mais rapidamente a um maior número de pessoas desta forma. Talvez havendo um maior interesse e empenho nesta divulga??o por parte das entidades organizadoras os eventos comecem a ser mais largamente reconhecidos. Outro ponto importante seria a constante inova??o em termos de atividades associadas aos festivais e eventos musicais. A conjuga??o de atividades artísticas, literárias e até infantis aquando a sua realiza??o será interessante, ainda mais se estas envolverem a participa??o dos turistas e da comunidade. A articula??o de comunica??o entre os responsáveis pela organiza??o dos eventos e os setores hoteleiros, de restaura??o e de transportes poderá também ser uma chave para um maior sucesso dos mesmos. A cria??o de packs promocionais que conjuguem diferentes servi?os ser?o vantajosos tanto para turistas como para quem os comercializa, na medida em que facilitar?o o acesso aos mesmos a pre?os mais em conta. Além disso, a realiza??o de eventos musicais ao longo do ano, de menor dimens?o e que estivessem associados ao espírito do festival original pode ser uma op??o válida para que a imagem destes cres?a e atraia o mesmo público em diferentes ocasi?es, além de que poderá evidenciar um pouco mais a cultura musical da cidade.No que concerne às principais quest?es levantadas inicialmente nesta disserta??o, pode concluir-se que: quanto aos impactos gerados pelos eventos musicais no turismo da cidade do Porto, denota-se que aquando a realiza??o dos mesmos, num curto espa?o de tempo, existe realmente uma maior movimenta??o de pessoas, no comércio, na restaura??o e na hotelaria. O nível de atra??o ao local é maior, bem como aos pontos de interesse turístico da cidade. Contudo, n?o existe o plano de voltar o foco de interesse da cidade para essa época em particular, mas sim para todo o ano em conjunto. Por isso mesmo, n?o existe o intuito de aumentar o número de eventos musicais na cidade, mas sim de manter em conjunto com atividades de diferente carácter. Em suma, no futuro será interessante um estudo mais profundo sobre estes eventos musicais, que mostre a sustentabilidade dos mesmos na sua rela??o com o turismo, e que rumo tomará a continuidade desta alian?a. A sua liga??o com a cidade é bastante positiva, por isso a perspetiva de continuidade só beneficiará um local t?o singular e versátil como o Porto.Referências BibliográficasAbreu, P. (2004). “Músicas em movimento. Dos contextos, tempos e geografias de performance musical em Portugal”. In Revista Crítica de Ciências Sociais, n?70. Abreu-Novais, M. & Arcodia (2013). “Music festival motivators for attendance: developing an agenda for research”. In International Journal of Event Management Research, vol. 8, n? 1. Acedido em 16 de janeiro de 2016 em: , A. A. 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